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DUPLICATA

A duplicata é um título genuinamente brasileiro.


A sua origem remonta ao artigo 219 do Código Comercial,
durante o século XIX permaneceu como letra morta. Era na
verdade a fatura ou conta de um contrato de compra e
venda de mercadorias entre comerciantes.
Eram emitidas duas vias da conta, uma ficava com o
comprador e a outra com o comerciante. Se uma das vias
fosse assinada pela outra parte a fatura equiparava-se aos
títulos de crédito.
Com a lei 187/1936 a duplicata passou a ser mais usada
todavia com um caráter eminentemente fiscal. O objetivo
era controlar o pagamento de tributos.
Finalmente foi regulamentada pela lei 5474/68.
vendedor ao comprador por duplicado, no ato da entrega das mercadorias,
a
DUPLICATA

Nas vendas à prazo, o vendedor entrega à coisa, mas só


receberá o preço posteriormente, baseado na confiança.
Todavia, nem sempre o comprador pagava o preço,
gerando inúmeros problemas para o vendedor para a
cobrança do valor da venda.
Em virtude de tais problemas surge a duplicata.
No sentido etimológico, duplicata significa cópia, traslado,
reprodução
A duplicata é um título de crédito
emitido pelo credor originário, com base
em uma fatura, para documentar o
crédito originado de uma compra e
venda de mercadoria ou de uma
prestação de serviços.
Aceita pelo comprador, é em geral
descontado num banco, que efetua sua
cobrança.
DUPLICATA

A lei 5.474/68 estabelece que em toda compra e venda


mercantil com prazo não inferior a 30 dias, contados da
entrega das mercadorias, será emitida uma fatura. Tal
documento "consiste numa nota em que são detalhadas
as mercadorias vendidas, com as necessárias
identificações, sendo mencionados, inclusive, o valor
unitário dessas mercadorias e o seu valor total“.
A fatura representa não só a compra e venda a prazo,
mas também a entrega das mercadorias, devendo por
isso ser apresentada ao comprador.

No ato da emissão da fatura, pode


(trata-se de faculdade) ser extraída
uma duplicata para representar o
crédito do vendedor em relação ao
comprador.
DUPLICATA

A duplicata é um título de crédito, representativo do direito


ao pagamento do preço na compra e venda a prazo, ou da
prestação de serviços.
Trata-se de título causal, que só pode ser emitido para
documentar crédito nascido da compra e venda mercantil,
ou da prestação de serviços.

O aceite e o endosso da duplicata são capazes de afastar


essa causalidade?
FATURA

A fatura não é título de crédito, é prova da compra e


venda.
Uma duplicata não pode corresponder a mais de uma
fatura.
A nota fiscal pode servir de fatura se feita a inclusão dos
elementos necessários, passando a denominar-se de nota
fiscal fatura (não tem caráter executivo).

No caso de venda para pagamento parcelado poderá ser


emitida uma duplicata ou uma série de duplicatas (mesmo
número, mas acrescida de letra do alfabeto).
LIVRO DE REGISTROS

Um requisito obrigatório aos comerciantes que se utilizam


de duplicatas é o livro de registros de duplicatas.

Somente na hipótese de utilização de duplicatas é que o


empresário deverá, obrigatoriamente, possuir o Livro de
Registros (art.19, Lei das Duplicatas).

Sobre a forma do registro das duplicatas, o art.1183 do


Código Civil de 2002 expõe da seguinte maneira: “A
escrituração será feita em idioma e moeda corrente
nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de
dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem
entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para
as margens”.
PARTES

São partes da duplicata: sacado, sacador e tomador. O


aceite é compulsório.

SACADOR SACADO
(vendedor) (comprador)

TOMADOR
MODELO 1
FORMAS DE PAGAMENTO DA DUPLICATA

Quais são as formas de pagamento da duplicata?


Os vencimentos serão:

1. à vista, o pagamento passa a ser devido no momento


em que o tomador apresenta o título ao subscritor para
recebimento.

2. a dia certo, a data do vencimento é determinada no


próprio título. Exemplo: 1 de setembro de 2011.
REQUISITOS

REQUISITOS ESSENCIAIS: Art. 2°, parágrafo 1° da


lei 5474/68.
Dado o formalismo dos títulos de crédito em geral, a
duplicata para gozar das peculiaridades dos títulos de
crédito, deve conter os seguintes requisitos:
1- A denominação duplicata;
2- A data de sua emissão;
3- O número de ordem;
4- O número da fatura;
5- A data certa do vencimento ou a declaração de ser a
duplica à vista;
6- Nome e domicílio do vendedor e do comprador;
7- A importância a pagar em algarismo e por extenso;
8- A praça do pagamento;
9- A cláusula à ordem;
10 -A declaração do reconhecimento de sua exatidão e da
obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador,
como aceite cambial;
11- Assinatura do emitente.
Hoje existe uma padronização da duplicata na resolução n°
102/68 do CMN.
ACEITE DA DUPLICATA

Na criação da duplicata é necessária a indicação do


credor e do devedor do contrato de compra e venda ou de
prestação de serviços, cujo crédito é documentado.
Todavia, para o nascimento do título é suficiente a
assinatura do credor do referido contrato que é o emitente
da duplicata.
Ora, a mera assinatura do credor do contrato não
pode tornar o devedor do contrato obrigado pelo
cumprimento da obrigação constante do título, uma vez
que vige o princípio de que a assunção de obrigações nos
títulos de crédito só pode decorrer de um ato pessoal e
formal do próprio obrigado.
Embora não seja a princípio
obrigado, o devedor do contrato
(sacado na duplicata) pode assumir
a obrigação de pagar os valores
constantes do título, como devedor
principal, por meio do aceite.
ACEITE DA DUPLICATA

A saída nesses casos, seria a princípio uma demanda com


base no próprio contrato. Ora, a utilização do contrato
para a discussão do pagamento da obrigação, é algo mais
lento, que dificulta a circulação rápida das riquezas.

Em função disso, é que surgiram os títulos de crédito,


para agilizar essa circulação de riquezas. Atento a tal fato,
nosso legislador reconheceu na duplicata a figura do
aceite presumido, isto é, reconheceu a existência do
aceite, como ato de vinculação do sacado,
independentemente da assinatura deste no corpo do
título, excepcionando os princípios gerais dos títulos de
crédito.
ACEITE DA DUPLICATA

Na compra e venda, a obrigação principal do devedor


é a entrega da coisa, e do comprador o pagamento do
preço. Assim sendo, para se resguardar em face de
eventuais alegações, é costume que o vendedor das
mercadorias exija um reconhecimento da entrega das
mesmas, vale dizer, é normal a exigência de uma
espécie de quitação em relação à obrigação principal
do vendedor (entrega).
ACEITE DA DUPLICATA

A fim de obter o aceite, deve ser feita a remessa da


duplicata, diretamente, no prazo de 30 dias da sua
emissão, ou no prazo de 10 dias, contados do seu
recebimento por intermediários (art. 6º).
Retenção do título – Devolução sob pena de apreensão
judicial (Lei 5474/68 – art. 7°)
Aceite ordinário  Recebido o título, o sacado pode
assiná-lo, reconhecendo a obrigação, é o chamado aceite
ordinário. Com a assinatura no próprio título, isto é, uma
vez dado o aceite, não subsiste qualquer dúvida quanto à
obrigação documentada na duplicata, a qual, torna-se
líquida.
Aceite presumido  Em vários casos, o sacado, por
quaisquer motivos que não nos interessam no momento,
não obstante ao cumprimento regular do contrato,
recusa-se a por seu aceite assinando a duplicata. Nesses
casos, nada poderia ser feito contra o mesmo, pois se o
sacado não aceitou nenhum direito cambiário nasce
contra ele.
ACEITE DA DUPLICATA

Com esse comprovante da entrega das mercadorias o


vendedor possui em suas mãos, a prova do próprio
contrato de compra e venda e do cumprimento de suas
obrigações, e por conseguinte, a própria da existência
da obrigação do comprador reconhecida pelo mesmo.
Exige-se o instrumento do protesto, para assegurar ao
sacado o direito de se manifestar sobre qualquer
irregularidade no contrato, e manifestar validamente a
recusa do aceite, nos termos dos artigos 8º e 21 da Lei
5.474/68.

A união desses dois documentos


produz os mesmos efeitos do
aceite, daí falar-se em aceite
presumido.
Aceite presumido= comprovante
de entrega + protesto
ACEITE DA DUPLICATA

Aceite por comunicação Tal hipótese somente


poderá ocorrer no caso de retenção do título pelo
sacado. Há na nossa legislação uma única hipótese
de retenção legítima da duplicata, a qual pressupõe
que o título tenha sido remetido por um
intermediário, que seja uma instituição financeira.
Deverá haver uma comunicação escrita do aceite e
da retenção, que substituíra o título para fins de
protesto ou de ação executiva (Lei 5474/68 – art.
7°, parágrafo primeiro). Produz essa comunicação
fora do título os mesmos efeitos de aceite.
RECUSA DO ACEITE

A princípio o aceite da duplicata é obrigatório, podendo,


todavia, ser legitimamente recusado, caso haja um vício
no contrato.
Na duplicata mercantil, que se fundamenta em um
contrato de compra e venda, são motivos que autorizam
validamente a recusa do aceite, nos termos do artigo 8º
da Lei 5474/68:

- Avarias nas mercadorias ou não


recebimento das mesmas, quando
não expedidas ou não entregues
por conta e risco do sacador;

- Diferenças de quantidade e
qualidade das mercadorias;

- Divergência nos prazos ou nos


preços ajustados.
RECUSA DO ACEITE

Na duplicata de prestação de serviços, há tão somente


uma adaptação ao objeto do contrato, autorizando a
recusa do aceite, os mesmos motivos, nos termos do
artigo 21 da Lei 5.474/68:

- Não correspondência entre o serviço


prestado, e o serviço contratado.
- Vícios ou defeitos na qualidade do
serviço prestado.
- Divergências nos prazos ou preços
ajustados.
AÇÃO DE COBRANÇA

Para a execução das obrigações constantes de um título


de crédito é suficiente a apresentação do título.
Entretanto, nas duplicatas, de acordo com a
natureza da obrigação assumida, poderemos ter
algumas situações diferenciadas.
Para a execução do devedor principal, e seus avalistas,
é sempre necessário que o mesmo tenha assumido
obrigação de pagar a duplicata por meio do aceite, seja
ordinário, seja presumido.
No caso do aceite ordinário, é suficiente a
apresentação do título aceito, para a execução. De outro
lado, no caso do aceite presumido há que se apresentar o
comprovante de entrega das mercadorias ou da
prestação de serviços, o protesto, e eventualmente o
próprio título.
AÇÃO DE COBRANÇA

Há que se ressaltar que no caso do aceite


presumido, pode não existir o título, sendo realizado
o protesto com base numa triplicata (art. 23 da Lei
5474/68).ou em indicações, inclusive em meio
magnético, sendo, por isso, dispensada a
apresentação do título.
Para a execução dos devedores
indiretos, e dos seus avalistas é
suficiente a apresentação do
instrumento do protesto, e
eventualmente do título. Mais uma
vez, é oportuno ressaltar que pode
ser que o título não exista, sendo
lavrado o protesto com base na
triplicata, ou nas indicações do
credor, inclusive em meio
magnético. Para a execução desses
devedores, não é necessária a
comprovação da entrega das
mercadorias, ou da prestação de
serviços.
PRESCRIÇÃO

No que tange às duplicatas, os prazos são:


- 3 anos contados do vencimento do título, contra o
devedor principal e seus avalistas (ação direta).
- 1 ano contado do protesto ou do vencimento se houver a
cláusula sem protesto, contra os demais codevedores;
- 1 ano contado do pagamento, para a ação regressiva
movida por aquele que pagou contra os demais
codevedores.
DUPLICATA VIRTUAL

Nos dias atuais, pouco a pouco desaparece a duplicata


materializada em papel, substituindo-a, assim, a
duplicata virtual. Pela Lei das Duplicatas e com o art.
889 do atual Código Civil é possível a sua execução.

Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da


emissão, a indicação precisa dos direitos que
confere, e a assinatura do emitente.
§ 3o O título poderá ser emitido a partir dos
caracteres criados em computador ou meio
técnico equivalente e que constem da
escrituração do emitente, observados os
requisitos mínimos previstos neste artigo.
DUPLICATA VIRTUAL

O procedimento da duplicata virtual se dá da seguinte


forma: o vendedor fornece uma mercadoria ao
comprador, que se torna seu devedor. O vendedor, ou
credor, saca uma duplicata virtual contra o devedor e
registra isso no computador e no livro de registro de
duplicatas, assinando com sua chave provada, que é
parte da assinatura virtual que fica com o usuário.

Essa assinatura, então, é criptografada. O credor envia,


então, a informação através da Internet para a
instituição financeira, que credita o valor da dívida na
sua conta.
DUPLICATA VIRTUAL

Se o devedor também tiver seu computador interligado


ao sistema, a informação é enviada para ele também
pela internet e ele deverá pôr seu aceite e efetuar o
pagamento através de transferência eletrônica.
Se não tiver, a guia de compensação bancária é
enviada para ele pelos correios e ele poderá pagar em
qualquer agência de qualquer banco do país.

Convém ressaltar que é possível,


ainda, que o devedor endosse ou
avalize a duplicata virtual.

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