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A CATEQUESE DA

CARIDADE
COMO EDUCAR PARA O COMPROMISSO DO AMOR AO PRÓXIMO
Caridade e catequese são inseparáveis.

A Catequese é educação da fé comprometida com a


realidade. Isso significa que ela é também educação da
fé para o serviço, para o amor ao próximo e para a
caridade.

Para isso, queremos olhar para dois grandes exemplos


inspiradores: São Francisco de Assis e Madre Teresa
de Calcutá.

A fé cresce e amadurece quando se tornar exercício


de caridade.
COMPROMISSO A PARTIR DO
NOVO MANDAMENTO DO AMOR
(Jo 13, 34-35)
Muitas paróquias enfeitam os tapetes da procissão
eucarística de Corpus Christi com roupas, cobertores e
até mesmo alimentos.
Em uma dessas paróquias, uma criança perguntou para
a catequista porque estavam usando roupas no tapete
daquele ano. A resposta estava na ponta da língua: “Nós
vamos distribuir depois para os pobres, pelo serviço da
caridade!”.
Mesmo que não saiba o significado da palavra caridade,
certamente aquela criança entendeu que aquelas
roupas seriam dadas para quem mais precisa. A
experiência já lhe proporcionou uma noção do que é
caridade.
O QUE É CARIDADE?
No linguajar popular, caridade é o mesmo que “fazer algo de bom
para alguém”, dar esmolas ou assistência. É verdade que essas coisas
têm a ver com a prática da caridade, mas não definem tudo o que
essa palavra significa, ela é mais do que isso.

 Caridade é o mesmo que amor ágape, isto é, o amor que se doa.


A caridade está radicada em um ponto central da fé cristã, o Novo
Mandamento de Jesus “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”
(cf. Jo 13, 34-35; 15, 12-17).
Então, é certo dizer que caridade e amor são sinônimos? Mais ou
menos...
A palavra amor é outra que anda desgastada e mal compreendida.
O cardeal Robert Sarah, presidente do Conselho
Pontifício Cor Unum, órgão da Cúria Romana
responsável pelas obras de caridade, assim explica a
diferença: "Amor não é o mesmo que caridade. O
termo 'amor' já existia antes de Cristo, mas Ele nos
ensinou o ápice do amor, que é precisamente
a caridade, ou seja, entregar-se pelo outro".

Existem outros tipos de amor, como o amor entre um


homem e uma mulher, ou seja, o amor entre os amantes
(eros) e o amor entre os amigos (philia). O amor
gratuito, desinteressado, o “amor sem olhar a quem”, é
o amor ágape, o amor-caridade. Dessa forma, muitas
vezes, as palavras amor e caridade são entendidas
como sinônimos.
O amor é a força com que nos entregamos a Deus, que nos amou primeiro,
para nos unirmos a Ele e assim acolhermos os outros como a nós mesmos,
por amor a Deus, sem reservas e com o coração. (Youcat, n. 309)

A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as


coisas, por si mesmo, e a nosso próximo como a nós mesmos, por amor de
Deus. Jesus fez da caridade o novo mandamento (cf. Jo 13,34). Amando
os seus “até o fim” (Jo 13,1), manifesta o amor do Pai que Ele recebe.
Amando-se uns aos outros, os discípulos imitam o amor de Jesus que eles
também recebem. (Catecismo n. 1822-1823).  
Caridade é...
                                     ...amar
gratuitamente e sem distinção ao próximo pelo
amor a Deus

A prática da caridade é...                 ...


a expressão do amor cristão ao próximo
A CATEQUESE POSSUI UMA
DIMENSÃO CARITATIVA
Há uma relação indispensável entre a educação da fé e o testemunho da caridade . A separação entre
catequese e a prática da caridade resulta em uma catequese fria e distante da vida. “A
catequese assume especial valor educativo quando é ligada ao exercício da caridade, que oferece um
fomento válido para que se acolha e se traduza em prática a visão cristã das realidades sociais,
econômicas, políticas e culturais” (proposta 4 do Sínodo de 1977 sobre a Catequese).
Dessa forma, torna-se importante uma saudável integração entre movimentos e pastorais “sociais” e
as outras pastorais da comunidade. O testemunho da caridade não é tarefa de alguns membros de
pastorais específicas, mas é tarefa de toda a comunidade eclesial. Os que fazem esses trabalhos
precisam encontrar apoio em toda a comunidade. Os catequistas estabelecem pontes entre essas
pastorais para engajar e envolver os iniciandos na prática caritativa que a comunidade realiza. Essas
experiências não são somente catequéticas, como também indispensáveis para a iniciação à vida
cristã. Com efeito, “a Igreja não aceita circunscrever a própria missão exclusivamente ao campo
religioso, desinteressando-se dos problemas temporais do homem” (Paulo VI, Evangelii Nuntiandi n.
34). Mais. A autenticidade da adesão à mensagem de Jesus e a centralidade do mandamento do amor
ao próximo se verifica na prática da caridade.
Na verdade, não basta falar e ensinar a doutrina, é preciso
vivê-la, ou seja, iniciar à prática dos valores aprendidos!
Diz Bento XVI: “Só a minha disponibilidade para ir ao
encontro do próximo e demonstrar-lhe amor é que me torna
sensível também diante de Deus. Só o serviço ao próximo é
que abre os meus olhos para aquilo que Deus faz por mim e
para o modo como Ele me ama. Os Santos — pensemos, por
exemplo, na Beata Teresa de Calcutá — hauriram a sua
capacidade de amar o próximo, de modo sempre renovado, do
seu encontro com o Senhor eucarístico e, vice-versa, este
encontro ganhou o seu realismo e profundidade precisamente
no serviço deles aos outros. Amor a Deus e amor ao próximo
são inseparáveis, constituem um único mandamento” (Deus
caritas est – Deus é amor n.18). 
“Não adianta ir à Igreja e fazer tudo errado!”, dirá o
trecho de uma música de Fernando Mendes.
Ninguém é obrigado a ter fé ou aderir à proposta de
Jesus Cristo. Mas uma vez feito isso, a cristã e o
cristão precisam revisar e adequar suas vidas,
sempre mais, aos princípios e ao estilo de vida de
Jesus. As palavras de ordem
são coerência e testemunho de vida, ainda mais
indispensáveis se propõem-se a iniciar outros no
caminho de Jesus, como catequistas.
De fato, o catequista é sensível aos problemas
sociais e políticos. Quando algo de comoção
acontece no bairro, na cidade, no país ou mesmo
em nível mundial, ele interrompe o cronograma
Veja no quadro comparativo a seguir
como é, e como não deve ser o
estilo de vida do catequista:
É bem verdade que a Igreja existe para evangelizar, no
entanto, o cristão não é um alienado da realidade em
que está inserido.
O amor a Deus não é verdadeiro se não é traduzido no
amor aos irmãos. No entanto, o outro extremo também
é perigoso: transformar a catequese somente em um
grupo ativista de causas sociais.
Uma atitude equilibrada é a melhor maneira de
conduzir as coisas.
A catequese é sobretudo educação da fé, mas isso não
deve excluir a vivência e a promoção da prática da
caridade.
“De tudo isto resulta a importância na catequese,
das exigências morais e pessoais em
correspondência com o Evangelho, e das atitudes
cristãs frente à vida e frente ao mundo, quer sejam
heroicas quer sejam muito simples (...). Daqui
também o cuidado que se há de ter na catequese
em não omitir, mas sim esclarecer como convém,
no constante esforço de educação da fé, realidades
como a ação do homem para sua libertação
integral, o empenho na busca de uma sociedade
mais solidária e mais fraternal e as lutas pela
justiça e pela construção da paz” (São João Paulo
II, Catechesi Tradendae n. 29)
FRANCISCO DE ASSIS E
TERESA DE CALCUTÁ: MODELOS
DE SERVIÇO E AMOR AO PRÓXIMO
Mais de 700 anos separam as vidas de São Francisco
de Assis e da Beata Teresa de Calcutá.
O primeiro viveu entre os pobres e indigentes na Itália
medieval. Madre Teresa atuou a maior parte de sua
vida nas periferias de Calcutá, cidade da Índia. Ambos,
Teresa e Francisco, têm algo de muito especial em
comum: demostraram de forma sublime seu amor a
Deus amando o próximo, especialmente os mais
pobres.
Eles entenderam que a caridade não é simples
assistencialismo. Não é o exercício de somente
responder as necessidades reais e imediatas das
pessoas, sem pensar nas causas estruturais e sociais
das situações de indigência.
Conta-se que, certa vez, Francisco estava rezando em
uma pequena capela dedicada a São Damião,
semidestruída pelo abandono. Estava ajoelhado em
oração aos pés de um crucifixo, em profunda
meditação, quando uma voz, saída do crucifixo, lhe
falou: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que
está em ruínas”. Francisco, então, foi e reformou toda
a capelinha. Mas, aos poucos, compreendeu que a
reforma a que era chamado, era algo muito
maior...tratava-se de reconduzir as estruturas da
Igreja aos valores evangélicos, corrigindo as
incoerências de muitos clérigos e fiéis de seu tempo
que eram indiferentes ao sofrimento dos mais pobres
e doentes.
Francisco decidiu tornar-se um pregador itinerante,
percorrendo as localidades vizinhas e pregando, em
palavras simples, o Evangelho de Cristo. Não demorou
muito e juntaram-se a ele vários seguidores, tocados
pelo seu jeito simples, desapegado, pobre e livre de
viver. Acredita-se que ele não tinha a mínima intenção
de fundar uma comunidade. Mas, assim como nos Atos
dos Apóstolos, os seguidores de Francisco tinham
tudo em comum (cf. At 2, 43-47) e a comunidade
cresceu ao ponto de tornar-se uma ordem religiosa
que até hoje inspira novos carismas à Igreja.
Pensando nisso, qual mensagem o papa Bergoglio quis
nos transmitir quando escolheu para si o nome de
Francisco? 
serviço para o mundo, para todas as pessoas, “sem discriminações raciais,
sociais ou religiosas” (Ad gentes n. 12). Madre Teresa entendia bem disso. Nas
periferias de Calcutá, ela atendia hindus, mulçumanos, cristãos...sem
distinção!
Um dia, um jornalista estrangeiro visitou Madre Teresa em Calcutá e lhe pediu
permissão para acompanha-la por uma jornada em sua andança e ação pela
cidade. Madre Teresa aceitou e juntos começaram a percorrer as ruas. Num
dado momento, encontraram um homem esfarrapado e sujo, deitado no meio
de um monte de lixo. Madre Teresa e o jornalista se aproximaram. O pobre
jogado ali parecia muito doente, de todo desnutrido, pele e osso, misturado
aos detritos. Madre Teresa tomou-o nos braços e conseguiu erguê-lo, de tão
magro que estava o pobre. O jornalista, perplexo, não sabia o que fazer. Madre
Teresa simplesmente começou a caminhar, carregando o homem. Chegando a
casa, deitou-o numa cama limpa. O jornalista, que registrou o fato, disse,
depois, que o homem olhava com imensa gratidão para a Madre. Talvez ele
nunca tivesse tido uma cama para se deitar. Sem dizer uma palavra, o pobre
deu um grande sorriso para Madre Teresa e morreu ali. Atordoado com a
rapidez com que tudo ocorrera e diante da ação da Madre, o jornalista disse-
lhe: “Madre, por nenhum ouro deste mundo eu teria feito o que a senhora fez”.
Mesmo diante da grande correria dos afazeres do dia-a-dia, os
momentos de oração diários não ficavam em segundo plano.
Madre Teresa nunca descuidou de sua vida de oração e alertava
sua comunidade para fazer o mesmo.

Com efeito, “quem reza não desperdiça o seu tempo, mesmo


quando a situação apresenta todas as características duma
emergência e parece impelir unicamente para a ação. A piedade
não afrouxa a luta contra a pobreza ou mesmo contra a miséria do
próximo. A Beata Teresa de Calcutá é um exemplo evidentíssimo
do fato que o tempo dedicado a Deus na oração não só não lesa a
eficácia nem a operosidade do amor ao próximo, mas é realmente
a sua fonte inexaurível. Na sua carta para a Quaresma de 1996,
esta Beata escrevia aos seus colaboradores leigos: « Nós
precisamos desta união íntima com Deus na nossa vida quotidiana.
E como poderemos obtê-la? Através da oração »” (Bento XVI, Deus
caritas est – Deus é amor n. 36). 
Caridade entre os mais pobres dos pobres... esse é o carisma
de Teresa de Calcutá e de sua congregação. Estamos falando de
algo que, sobretudo aqui na América Latina, chamamos de opção
ou amor preferencial pelos pobres. Quem explica é São João
Paulo II: “Trata-se de uma opção, ou de uma forma especial de
primado na prática da caridade cristã, testemunhada por toda a
Tradição da Igreja. (...) Mais ainda: hoje, dada a dimensão
mundial que a questão social assumiu, este amor preferencial,
com as decisões que ele nos inspira, não pode deixar de abranger
as imensas multidões de famintos, de mendigos, sem-teto, sem
assistência médica e, sobretudo, sem esperança de um futuro
melhor: não se pode deixar de ter em conta a existência destas
realidades. Ignorá-las significaria tornar-nos como o «rico
epulão», que fingia não conhecer o pobre Lázaro, que jazia ao seu
portão (Lc 16, 19-31)” (Sollicitudo Rei Socialis, n. 42). 
É fato que acordamos de manhã, olhamos para o espelho e
podemos dizer a nós mesmos que somos pessoas boas porque
fazemos o bem. Talvez não cometamos grandes erros ou pecados
graves, vamos à Igreja e até somos catequistas na comunidade.
Gente boa. Mas isso tudo afirmamos a partir do nosso próprio
referencial, isto é, olhamos para nós mesmos. No entanto, quando
nos deparamos com figuras como São Francisco de Assis e Madre
Teresa de Calcutá, a coisa muda. Percebemos que a proposta de
seguimento de Jesus é muito mais comprometedora e exigente.
Daí, ao invés de nos perguntarmos “Eu sou bom? ”, podemos
substituir a pergunta por “Faço todo o bem que poderia fazer? ” E
para quem é catequista ainda pode-se acrescentar: “Inspiro meus
iniciandos à prática do bem, da caridade, por amor ao próximo? ”.
É impossível conhecer o Evangelho e o estilo de vida de Teresa de
Calcutá e Francisco de Assis e não perceber que há algo de errado
e de muito grave com a sociedade de hoje e mesmo com algumas de
nossas práticas catequéticas. Urge uma conversão, a começar por
nós mesmos, que gere um autêntico compromisso na transformação
em nível familiar, social, cultural, político, internacional, ecológico,
etc. “Figuras de Santos como Francisco de Assis, Inácio de Loyola,
João de Deus, Camilo de Léllis, Vicente de Paulo, Luísa de Marillac,
José B. Cottolengo, João Bosco, Luís Orione, Teresa de Calcutá —
para citar apenas alguns nomes — permanecem modelos insignes de
caridade social para todos os homens de boa vontade. Os Santos
são os verdadeiros portadores de luz dentro da história, porque
são homens e mulheres de fé, esperança e caridade” (Bento
XVI, Deus caritas est – Deus é amor n. 40) 
A CATEQUESE DA CARIDADE
A única forma de aprendermos sobre a caridade é praticando atos
de bondade para com as pessoas a nossa volta. Portanto, a única
forma de ensinar a prática da caridade a nossos iniciandos é lhes
dar a oportunidade de experimentar a alegria que decorre do
serviço ao próximo. Para educar a fé para a prática da caridade é
preciso: 

1)      Informar e envolver: O Catequista será intermediário no processo de educação


à prática da caridade. Ele traz informações e sugestões de meios, lugares e métodos
de iniciativas caritativas, procurando engajar os iniciandos nessas propostas;
2)      Dar motivações: O seu testemunho e o testemunho de outros membros da
comunidade, além da fundamental inspiração evangélica do seguimento de Jesus,
serão durante os encontros de catequese aspectos motivacionais para a prática da
caridade.  Nesse vídeo, a atitude insistente e determinada de um garoto foi capaz de
motivar todos a lhe ajudarem:
3)      Desenvolver o senso crítico: Trata-se de um olhar
crítico, capaz de entrever as estruturas que perpetuam as
injustiças sociais. A seguinte metáfora ilustra essa ideia: Por
vezes, a caridade da Igreja era exercida somente pela doação
de alimentos, remédios, roupas, etc. Tudo isso é como “dar o
peixe”. Com o tempo, percebeu-se a necessidade de também
“ensinar a pescar”. Daí a Igreja promoveu cursos,
oportunidades de empregos, criou ONGs, apoiou
manifestações e grupos de iniciativas populares, etc. No
entanto, uma visão mais crítica da desigualdade levou a Igreja
a concluir que o problema estava no “próprio rio” que está
poluído e não é aberto a todos. Por isso, faz-se necessário o
empenho de todos os cristãos na promoção dos valores de
justiça e igualdade para todos. (Inspirado em Dom Cláudio
HummesDiálogo com a cidade, pág. 47); 
4)      Orientar a ação: Seja uma proposta de um gesto
simples ou seja um projeto comunitário, o catequista e
outros membros da comunidade orientam, participam
e acompanham a ação caridade desempenhada pelos
iniciandos;
5)      Promover vocações específicas no âmbito do
serviço aos irmãos: Quando o catequista e a
comunidade são testemunhas alegres de doação e
amor ao próximo pela prática da caridade, essa alegria
é capaz de contagiar os iniciandos que, pouco a pouco,
manifestam o seu desejo de também protagonizar as
iniciativas caritativas da comunidade. Outros, ainda,
serão despertados para tarefas específicas de serviço
aos mais pobres, dentro e fora da Igreja.
A Catequese e também as outras pastorais da
comunidade precisam descobrir e dar atenção
aos “novos pobres”, os marginalizados dos
dias de hoje. Muitos deles são imigrantes,
nômades, presos, doentes crônicos ou em fase
terminal, dependentes químicos... Para isso, a
catequese exige pessoas corajosos e capazes
de revisar a sua própria vida e a prática
pessoal da caridade; Revisar os conteúdos
catequéticos para que estejam em sintonia
com a realidade; E revisar os métodos
catequéticos, de modo a proporcionar
experiências de educação à caridade.
Educando para a caridade no encontro de
catequese...

Como vimos, a Catequese enquanto educação da fé, também possui uma dimensão
caritativa, isto é, ela também tem como tarefa iniciar à prática da caridade e do amor ao
próximo. De forma concreta, isso significa propor momentos para que crianças, jovens e
adultos tenham a oportunidade de se colocar a serviço dos outros de forma gratuita.
Uma catequista me contou que um dos adolescentes iniciandos da sua turma de
Catequese de Confirmação não levava os encontros a sério. “Ele parece impermeável”,
dizia ela. Considerava tudo aquilo um blábláblá furado da catequista e participava dos
encontros para não ter que ouvir sua avó em casa reclamando depois. Tudo mudou
quando a turma foi visitar um asilo, levando presentes que compraram com a
arrecadação que fizeram durante os encontros e com a ajuda de familiares. Aquele
jovem emocionou-se profundamente. A alegria dos idosos ao vê-los, o carinho da
acolhida calorosa, os abraços afetuosos e a felicidade porque alguém lembrara deles e
até trouxera presentes, foi uma experiência que o marcou para sempre. Dalí para frente,
tudo que a catequista dizia nos encontros “passou a fazer sentido”. Não era só
palavreado, era algo possível de ser vivido e era bom.
Confira algumas sugestões de como
desenvolver a dimensão da caridade no
encontro de catequese:
·         Criançaspequenas tem dificuldade em dividir ou partilhar as
coisas. Ajude-as a compreender que quando ela compartilha suas
coisas, faz outras pessoas felizes. Diga que Deus gosta quando ela faz
o bem e expresse sua satisfação com sorrisos e elogios toda vez que
ela compartilhar algo com alguém;
·         Organize uma campanha para arrecadar agasalhos ou alimentos
que serão doados para pessoas assistidas pela comunidade ou para
uma instituição de caridade – ou vocês podem aderir a alguma
campanha já existente. Se possível, envolva os iniciandos em todas as
etapas da campanha: divulgação com cartazes, arrecadação,
separação das roupas ou alimentos doados e a entrega do material
arrecadado;
Organize uma visita a um asilo, orfanato, ONG ou instituição de caridade. Converse antes
     

com a administração da instituição para acertar todos os detalhes. Se possível, levem um


bolo ou lanchinho e envolva os iniciandos em todas as etapas da preparação ou ainda
presentes arrecadados por eles;
·         Aproveite datas comemorativas e confeccione cartões com belas mensagens – que
podem ser espontâneas! -  e incentive os iniciandos a dar os cartões para as pessoas da
família, amigos, vizinhos ou mesmo desconhecidos;
·         Promova com os jovens manifestações de afeto e amor gratuito com iniciativas
criativas, como o “Free hugs - Abraços gratuitos” ;
·         Engaje os iniciandos em atividades de pastorais e movimentos sociais da comunidade
ou do bairro, como os vicentinos. Em algumas paróquias a catequese de crisma é feita com
um encontro de catequese “tradicional” do grupo a cada 15 dias, intercalado com a
interação dos jovens em alguma dessas outras pastorais e movimentos sociais;
No Brasil as experiências da Campanha da Fraternidade (CF) na
·         

Quaresma são emblemáticas e pioneiras na prática caritativa à luz do


Evangelho. Informe-se e procure desenvolver o tema e atingir os gestos
concretos sugeridos pelos materiais produzidos para cada campanha – há
inclusive materiais específicos para a catequese.
Para nunca esquecer...
“Pregue o Evangelho. Se necessário, use as palavras”. São
Francisco de Assis 

“Onde houver tristeza, que eu leve a alegria”. São Francisco de


Assis 

“A todos os que sofrem e estão sós, dê sempre um sorriso de


alegria. Não lhes proporcione apenas seus cuidados, mas
também seu coração” Madre Teresa de Calcutá

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