Você está na página 1de 14

Primeiro relato de surto de

Trypanosoma vivax em rebanho


leiteiro no estado de São Paulo - Brasil

Arthur Ulhoa
Bárbara Nailê
Carolina Menezes
Clarissa Lustosa
Juliana Cavalcanti
Juliana Rodrigues
Rafael Consenza.
Introdução
 Hemoprotozoário Trypanosoma vivax;

 Infecta grande variedade de animais domésticos e selvagens;

 Inserção no Brasil com primeiro registro no estado do Pará, através de


transporte de animais (Búfalos).
▪ Tripanossomose bovina.

 Distribuição:
• África e Ásia, Américas e Brasil  mais importante Trypanosoma;

 Pantanal Brasileiro (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul):


▪ Grandes perdas econômicas em vacas leiteiras  17% do rebanho total
dessas regiões
Trypanosoma vivax
 Hemoflagelados pertencentes à família Trypanosomatidae;

 Seção “Salivaria”  são transmitidos através das glândulas salivares


(inoculativa);

 MORFOLOGIA:
- Forma tripomastigota (infectante): lancetadas, corpo alongado e
achatado. Presente na corrente sanguínea;
- Tamanhos variados (8-50 um);
- Principais organelas: núcleo, cinetoplasto e flagelo.

 HOSPEDEIROS
- Bovinos, ovinos, caprinos e bubalinos.
Fonte: Embrapa.
Trypanosoma vivax
 VETOR
- Insetos hematófagos;
- Vetor biológico = Glossina palpalis (mosca tsé-tsé);
* Áreas sem mosca tsé-tsé = transmissão mecânica por insetos hematófagos.

 TRANSMISSÃO:
- Mecânica: moscas hematófagas (tabanídeos, Stomoxys, Haematobia irritans) – forma
tripomastigota;
- Iatrogênica: agulhas contaminadas;
* Vetor biológico: transmite a forma infectante (metacíclica) por inoculação ou forma passiva
(barbeiro).
(coloca o marcador verde aqui) Sinais Clínicos:

Fase aguda: alta parasitemia  ocasionando febre, apatia e baixa taxa de


hematócrito.
Fase crônica: - aumento dos linfonodos;
- anemia progressiva;
- emagrecimento progressivo (alta mortalidade >50%);
- distúrbios neurológicos.

 Pode haver animais ASSINTOMÁTICOS.

 Outros sinais clínicos: alta mortalidade e abortos. (perdas econômicas).


Materiais e Métodos

Junho de 2008 -
SP estado Importação
Primeiro surto
livre de de vacas
de T. vivax em
infecção MT  SP
fazenda em SP

• Fazenda de Gado Leiteiro acometida:


– Município de Lins, Estado de São Paulo;
- 1080 animais (Girolando e Holstein)  sendo surto relatado em oito
vacas.
- Sistema de produção semi-intensivo.
I. Caracterização do surto e sinais clínicos

Junho de 2008  foi reportado por veterinários da fazenda, vacas com sinais de:
anemia, aumento no número de abortos, perda de peso progressiva, diarreia e
redução na produção de leite.

• Primeira visita à fazenda (setembro 2008):


• Avaliação dos fatores que possam ter contribuído para disseminação do T.vivax;
• Entrevista Veterinário + Produtor, para obter informações do rebanho, entre elas:
- instalações;
- trânsito dos animais dentro e fora da propriedade;
- medidas sanitárias.
• Achados:
- 12 vacas com sinais clínicos característicos – realizada a coleta de amostras de sangue para
realização do esfregaço sanguíneo
II. Detecção do Parasita

 Observação direta: Amostras de sangue coletadas em tubo de EDTA;


 Esfregaço sanguíneo corados com May-Grunwald-Giemsa para análise
morfológica do parasita;
 Prova Biológica  inoculação da amostra em camundongos, buscando formas
tripomastigotas, analisando diariamente utilizando a técnica de micro centrifugação
de Técnica de Woo.
 Parasitemia média dos bovinos era: 2,0 x 106 parasitas para cada 2,5mL de
sangue.
 Hemograma
- Foram coletadas amostras de sangue das 12 vacas que demonstravam sinais
clínicos: Proteínas Totais e Fibrinogênio (métodos: refratômetro e desnaturação
térmica);
 Teste Sorológico
- Teste sorológico realizado em 609 animais;
- 58,05% do rebanho;
- Coleta realizada em diferentes seguimentos de produção.
- 20 amostras de soro de vacas adultas da fazenda Invinhema - MS foram
obtidas para teste;
- ELISA  preparação de antígeno com sangue de ovelhas infectadas com
t.vivax;

 Técnica de PCR
- Amostras de sangue total foram coletadas de animais clinicamente infectados
durante a 1ª e 2ª visita;
- Visando distinguir as diferentes espécies possíveis de Trypanosoma vivax.
Discussão
 Primeiros casos (junho - 2008)
- Duas vacas criadas na Fazenda Ivinhema MS, além de mais 19 vacas da mesma fazenda foram
transferidas para a fazenda em Lins no mesmo período  Descritas como aparentemente
saudáveis;
- Nenhum teste sorológico ou hematológico foi realizado antes do transporte;

 Entre julho e agosto - 2008


- Duas vacas vindas de MS morreram;
 Oito vacas do município de Lins apresentaram sinais clínicos de fase crônica e foram
tratadas com: Aceturato de diminazene – 3,5mg/kg e Vitamina B12.

 Setembro - 2008
- 1 vaca morre e 11 dos 1077 bovinos em Lins apresentaram sinais clínicos de fase crônica;
Discussão
 Entre outubro e novembro - 2008
- 43 de 1052 bovinos em Lins apresentaram sinais clínicos da doença, sendo que
em 18 vacas foi observado sinais clínicos de fase aguda (alta parasitemia) e 25
vacas sinais clínicos de fase crônica;
- Em três dessas 18 vacas foi identificado sintomas neurológicos e em um período
de 1 a 3 semanas vieram a óbito;
- Uma das vacas apresentou ptialismo, linfadenomegalia e edema submandibular.
- Cinco vacas apresentaram diarreia profusa por algumas semanas.

Obs.: no total, 5 vacas e 20 bezerros vieram a óbito.


Discussão
 Observaram que havia forte correlação positiva entre o vetor Stomoxys
calcitrans e a temperatura, (principalmente acima de 20ºC).

 Durante a visita nunca foram observados grande população de tabanídeos;

 Grande número de Hematobia irritans e Stomoxys calcitrans foi detectado em


todas as visitas;

 Presença de muita matéria orgânica e umidade perto das instalações;


Resultados
 Detecção de Parasitas:
- 1ª visita:
2 amostras positivas para T. vivax no exame direto;
12 amostras com tripomastigotas em esfregaço;
A vaca mais parasitada foi criada em uma fazenda no MS com anemia e perda de
peso persistente;
Animais tratados pareciam se recuperar sem parasitemia detectável no período de 20
dias a 2 meses;

 Hemograma:
- Vacas clinicamente positivas e doentes apresentaram: baixa de eritrócitos,
hemoglobina, altos níveis de proteína total e fibrinogênio, leucopenia e leucocitose;
- Anemia tem sido atribuída a depleção da medula óssea e deposição de imunocomplexos
na superfície dos eritrócito;
Resultados
 Testes Sorológicos:
- ELISA: 599 de 609 eram positivas para t.vivax;
- Todas as amostras de soro da fazenda em MS foram consideradas positivas; 
- As vacas introduzidas eram fonte de parasita  após 6 meses, todos os animais da
fazenda seriam considerados infectados pela doença;

 PCR:
- Primeira visita:
 12 amostras coletadas foram testadas: Confirmado o diagnostico de infecção;

Você também pode gostar