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Por que nós precisamos de uma ética global?

 A cada minuto, os países do mundo pagam um milhão e 800 mil


dólares para o armamento militar;
 A cada hora morrem 1.500 crianças por causa da fome ou por
causa de doenças provocadas pela fome;
 A cada dia deixa de existir uma espécie de animal ou vegetal;
 A cada semana mais pessoas foram presas, torturadas e
assinadas ou tiveram que fugir oprimidas de alguma maneira
por governos repressivos do que em qualquer outra época da
história (exceção durante a 2ª guerra mundial);
 A cada mês são acrescentados pelo sistema econômico mundial
mais sete bilhões e meio de dólares de dívidas já existentes. Essa
dívida já hoje é uma carga insuportável para o terceiro mundo;
 A cada ano é devastada para sempre uma parte da floresta
tropical correspondente a 3 ou 4 vezes a área territorial da
Coréia.
A crise do momento mundial está relacionada com
crises de desenvolvimento (econômico) que vem de
longo tempo.
A situação atual é expressão de irrupção de uma nova
época, que teve início com 1ª guerra mundial
1918: o divisor de águas histórico
A mudança para uma nova época mundial: a “pós-
modernidade”
a. A virada: 1918
A virada do tempo da “modernidade” para a “pós-
modernidade”
- Desmoronamento da sociedade burguesa e do
mundo eurocentrista: Europa (central e leste):
- O desmantelamento do império alemão
- A queda dos Czares;
- O fim da cristandade protestante
- Da teologia liberal;
- O fim do reino da dinastia dos Habsburgos
- A ruína do reino turco e do império chinês.
 Após a 1ª guerra mundial abriram-se chances de recomeçar
o mundo desmoronado da modernidade através de uma
nova ordem mundial pós-moderna, através de uma ordem
pacífica.
 Por um lado:
- O eurocentrismo seria substituído por um policentrismo
(Europa, EUA, Rússia Soviética e Japão):
- Consciência que a Ciência e a técnica: guerras com
qualidade de destruição;
- O movimento pacifista (desarmamento total);
- A crítica à civilização industrial (destruição do meio
ambiente);
- O movimento feminista (igualdade de direitos);
- O movimento ecumênico
 Por outro lado: contra-movimentos reacionários e
totalitaristas
b. desenvolvimento catastrofais
Após 1918 perdeu-se as chances para uma nova ordem
mundial. Quais foram as razões?
Retrospectiva, face às duas guerras mundiais, ao
arquipélago Gullag, ao holocausto e à bomba
atômica, três aspectos:
1º) O fascismo (na Itália, na Espanha e em Portugal)
e o nacional-socialismo na Alemanha
(movimentos nacionalistas, romântico-
reacionários)
- Provocou a 2ª guerra mundial (55 milhões de
mortos), a perseguição aos judeus (6 milhões
mortos no holocausto)
2º) o militarismo do Japão
- Oprimiu toda oposição interna. Hegemonia no
Oriente Próximo e conquistou: a Coréia, a Manchúria,
áreas da China, partes do sudoeste da Ásia (Birma,
Singapura e Nova-Guiné).
3º) o comunismo revolucionário (movimento
reacionário)
Rússia:
- Revolução de março de 1917 (deposição do Czar)
derrubou um movimento democrático.
- Lenine derrota eleitoral em 1917
- Tropas vermelhas janeiro de 1918 tomada de poder:
- “Ditadura do proletariado” – primeiro Estado
totalitário moderno
- 1985: Michael Gorbarchov início da queda
ideologia de uma revolução mundial comunista.
Estes movimentos procuraram superar a crise global
após a 1ª guerra mundial.
Após a 2ª guerra Mundial: antagonismo político,
econômico e militar entre EUA e União Soviética
a. Socialismo estatal
A visão da sociedade e a crítica da religião em Marx
originalmente era justificável e isso continua válido.
Altos ideais como justiça social, solidariedade,
liberdade para os oprimidos e ajuda para os fracos
persistem no socialismo.
O socialismo estatal marxista-leninista (economia
planificada, hegemonia de um partido, combate
aos inimigos de classe através da segurança
estatal) não tem mais futuro.
- Somente a União soviética transformou-se numa
superpotência.
- 1989: desmantelamento dos regimes marxistas
(incompetentes e corruptos)
- 1990: partido comunista renunciou ao monopólio
de poder. Economia de mercado na União
Soviética.
Sobre o futuro destes Estados: Rússia e China:
- miséria estatal e os problemas de nacionalidades
reprimidos.
- há de decidir:
- uma economia eficiente e uma república
democrática.
- Uma ciência, uma tecnologia e democracia livres
- liberdade intelectual, pluralismo político e a
iniciativa criativa.
b. Neo-capitalismo
Desde a 1ª Guerra Mundial, os EUA são a potência
econômico-político-militar hegemônica no mundo
ocidental.
- Venceram a disputa bipolar com a URSS
- O espírito da democracia e os ideais de liberdade e da
tolerância mostraram-se mais fortes do que as
ditaduras.
- EUA dispõem de um grande potencial econômico,
político e ético.
Sinais de declínio:
- Armamento excessivo, levou a desmontar a rede
de assistência social
- Década de 80: maior nação credora do mundo =
década de 90: maior país devedor
- A análise do mercado não pode substituir a ética:
Alertas: política da “retração do eu”, a
mentalidade de cassino na bolsa de valores; o
consumo exagerado.
- Será que a longo prazo a super-força militar-
atômico será de algum proveito para os EUA?
Paul Kennedy (historiador britânico): a história
dos EUA e URSS parece confirmar as experiências
históricas de outras potências mundiais. Após a
ascensão e o apogeu seguem-se distenção,
esgotamento e declínio. Até agora ficou provado
que grandes desafios históricos podem ser
respondidos melhor por potências menores, que
sabem o que querem e que organizam a sua
matéria-prima de acordo com as exigências, do
que as grandes e superpotências.
Depois que as antigas figuras de inimigos estão
perdendo seus tons fortes e a religião nacional-
americana do anti-comunismo não tem mais a sua
base, deve acontecer uma mudança de
pensamento nos políticos americanos.
- Por um lado deve-se deixar de lado a mania de
grandeza nos projetos armamentistas e nos
projetos espaciais.
- Por outro lado, resolver problemas ligados com
déficit do setor da educação pública, da
assistência social, da saúde e do meio ambiente. O
déficit se verifica no: setor econômico, social,
político e moral.
A crise da potência EUA é a crise moral do mundo
ocidental (Europa).
- Destruição de toda e qualquer tradição. De um
sentido de vida mais abrangente, de padrões éticos
imprescindíveis, e falta de novos objetivos:
- O Ocidente está diante de um vácuo de sentido, de
valores e de normas. Isto não é somente um problema
de indivíduos, mas também um ponto político da
maior relevância.
A pergunta não é se o Ocidente venceu
definitivamente o Leste, mas se o Ocidente
conseguirá resolver os problemas econômicos, sociais,
ecológicos, políticos e morais que ele mesmo
produziu.
c. “Japanismo”
Na época do pós-guerra, o Japão, apesar de ter sofrido
uma terrível derrota na guerra, conseguiu impor-se
como a nação industrial hegemônica na área do
Pacífico.
Conseguiu levantar-se como a terceira potência
econômica do mundo (EUA; Europa).
O Japão mostrou ao mundo a sua eficiência
econômica.
A riqueza e o poder do Japão têm limites:
1990: crise da bolsa de valores em Tóquio, acabou
o mito da invulnerabilidade do mercado
financeiro japonês.
Revisão de postulados:
- Eficiência sem consideração,
- Flexibilidade sem valores fundamentais;
- Liderança autoritária sem responsabilidades;
- Política e economia sem uma visão moral,
- Comércio sem reciprocidade,
- Culpa de guerra sem uma consciência de culpa.
Os modelos colocam na teoria uma ética geral e válida
para todos, mas que, na prática, porém, muitas vezes,
agem de acordo com uma “ética de situação” que a
tudo se ajeita.
a. Crítica às conquistas do Ocidente
Afirma-se que as conquistas do mundo ocidental, do
modo como se impuseram na modernidade européia,
teriam trazido ao mundo grandes coisas, mas não só
coisa boa:
- Ciência, mas não sabedoria para evitar o mau uso
da pesquisa científica
- Tecnologia, mas não energia espiritual para
controlar os riscos imprevisíveis de uma eficiente
megaideologia
- Indústria, mas nenhuma ecologia que pudesse
acompanhar a economia em constante expansão
- Democracia, mas nenhuma moral que pudesse se
contrapor aos massivos interesses de poder dos
diferentes indivíduos ou grupos ávidos de poder.
b. tirar a magia das modernas ideologias
desenvolvimentistas
Não existe nenhum determinismo com “necessidades”
históricas como afirmavam Hegel, Marx e Sprengler.
Também não há nenhum “fim da história”
Sempre há viradas inesperadas e novas aberturas
As grandes ideologias modernas, que funcionaram
como explicações “científicas” totais e como semi-
religiões, hoje estão desgastadas:
- Ideologia do desenvolvimento revolucionário do leste
soviético
- Ideologia do desenvolvimento evolutivo-tecnológico
do Ocidente (acreditar na razão e na consciência de
liberdade).
O progresso eterno: válido para tudo e todos
(você tem de ser sempre maior, sempre melhor,
sempre mais rápido”) perdeu seu crédito.
- progresso econômico com um objetivo em si mesmo
produziu consequências desumanas (“efeitos
coletareis”, “efeitos extremos”).
- A atual sociedade do desenvolvimento está
ameaçada por uma auto-destruição.
A crise do pensamento desenvolvimentista é a crise
da compreensão da razão moderna.
Ninguém pode ser “contra o progresso”. O
questionável considerar o progresso um valor
absoluto.
c. Além do comunismo e do capitalismo
Os dois sistemas antagônicos típicos, comunismo
e capitalismo devem ser entendidos como
sistemas comprometidos e superados.
- O capitalismo clássico foi corrigido por elementos
por elementos estruturais socialistas, enquanto
que o socialismo clássico se mostrou incorrigível.
- Para além de uma economia planificada e uma
economia capitalista de mercado deve-se buscar
uma economia de mercado regulada, social e
ecológica.
- Busca do equilíbrio entres os interesses do
capital (eficiência, lucro) e pelos interesses sociais
e ecológicos.
- Economia de mercado ecosocial.
a. A necessidade de uma profilaxia da crise
O ritmo do progresso tecnológico acelerou tanto
que ameaça ultrapassar a estruturação política das
relações sociais.
- Muitas expectativas tecnológicas = resultados
ambíguos
- É necessário fazer uma avaliação dos efeitos da
pesquisa científico-tecnológica.
Ética preventiva
- A ética, na medida em que esta é uma reflexão
sobre o comportamento das pessoas, chegou
atrasada.
- Ética uma reflexão condicionada pelo tempo e pela
sociedade, não deve ser somente uma reflexão
sobre a crise.
- Saber o que podemos fazer antes de sabê-lo ou
fazê-lo.
- Ética deveria servir à profilaxia da crise.
- Não devia iniciar somente quando os
experimentos novos, já entraram na fase da
industrialização.
- Na fase da experiência, da pesquisa a ética deveria
colocar suas prioridades.
b. Experiências limítrofes daquilo que é possível
O novo milênio será caracterizado por experiências
tecnológicas limítrofes e altamente perigosas.
1) A utilização da energia atômica (pacífico ou
militar) pode provocar a autodestruição da
humanidade
2) A expansão das tecnologias de comunicação
pode levar a uma emissão gigantesca de
informações, que o indivíduo, desorientado não
consegue digerir
3) O desenvolvimento de um mercado mundial
de ações e de um mercado financeiro e uma bolsa
de valores global e quase simultânea, que está fora
de qualquer instância de controle, pode provocar
turbulências globais
4) O desenvolvimento da genética pode levar a
manipulações monstruosas nas pessoas e nos seus
descendentes
5) O desenvolvimento da tecnologia medicinal.
Questões sobre a dignidade humana: da procriação,
do tratamento de embriões, da morte, da eutanásia.
6) Conflito norte-sul: pauperização e endividamento
do 3º mundo
c. A sociedade pós-industrial
Revoluções: Técnico-científica (séc. 17); sócio-
política (séc. 18); Industrial (séc. 19); 2ª Rev.
Industrial (séc. 20).
Na época pós-moderna anuncia-se uma
sociedade pós-industrial:
- Na economia: importância crescente da
economia de serviços
- Na tecnologia: posição central do saber teorético
e da nova tecnologia intelectual
- Na estrutura social: surgimento de novas elites
técnicas e a transição de uma sociedade produtora
de mercadorias para uma sociedade de
informações e saber
As expectativa de um tempo mais digno e
humano foram frustradas.
Irrupções inovadoras, facilitar a
sobrevivência da humanidade.
Inovações na produção:
1) A conversão do armamentismo: ao invés de
armamentismo, deve acontecer uma mudança de
orientação de pessoal e técnica para tarefas civis;
2) A ecotécnica: ao invés de montanhas de lixo,
processos de reciclagem e uma administração do
lixo menos prejudicial ao meio ambiente;
3) Tecnologia de armazenamento de energia: ao
invés de esbanjamento de combustíveis não
renováveis, o aproveitamento da técnica da energia
solar;
4) A fusão nuclear: ao invés de cisão nuclear, a fusão
nuclear
5) O descobrimento de novas matérias-primas: ao
invés de materiais poluentes do meio ambiente, a
utilização de materiais biodegradáveis
Inovações sociais necessárias: companheirismo,
novas formas de integração ativa.
Economia ecológica mais orientada para paz.
Ou isso tudo somente são ilusões?
d. A irrupção pós-moderna
1989: o ano das grandes revoluções européias
Possibilidades concretas de um mundo não
somente sem guerras, mas orientado pela paz e
pela cooperação.
A possibilidade de uma cooperação global no
interesse do progresso de todos não mais parece
uma visão irrealista:
- O militarismo parece passar para o segundo plano
- Bilhões de dólares dos orçamentos militares para o
setor civil
- Os países do bloco do leste europeu têm a chance
de ligar-se aos progressos do Ocidente
- O Ocidente tem a chance de realizar a sua
revolução: na agricultura, na política social, na
política mercantil e no déficit nacional
- As forças libertas do conflito leste-oeste poderiam
ser empregadas na superação da crise social e
econômica (norte-sul) e na crise ecológica global
Nova orientação geral, um novo macroparadigma
Perguntas:
- Que objetivos têm sentido?
- Que valores podem alcançar um consenso?
- Que convicções podem ser fundamentadas?
a. Dimensões da constelação geral pós-moderna
A humanidade: época de processo de mudança de
paradigma da modernidade para a pós-modernidade
 A constelação mundial pós-moderna evidencia as
seguintes dimensões:
- Geopoliticamente: pós-eurocentrista. Policentrista de
diversas regiões (EUA, Rússia, Comunidade Européia,
Japão)
- Política externa: pós-colonialista e pós-imperialista
- Economia: pós-capitalista e pós-socialista. Economia
ecosocial de mercado
- Política e social: pós-industrial. Sociedade de prestação
de serviços e de comunicações
- Relações sociais: pós-patriarcal. Relacionamento de
companheirismo
- Política cultural: pós-ideológica. Cultura pluralista e
integral
- Política religiosa: pós-confessional e inter-religioso.
Comunidade mundial multiconfessional e ecumênica.
b. decadência não, mas transformação de
valores
Passagens:
- De uma ciência sem ética para uma ciência
eticamente responsável;
- De uma tecnocracia para uma tecnologia que serve
à humanidade
- De uma indústria que destrói para uma indústria
que promove os interesses da pessoas em
harmonia com a natureza
- De uma democracia formal para uma democracia
vivida (liberdade e justiça)
c. Visão integral
Tendência para um pensamento integral
Busca-se:
- um equilíbrio entre as tendências racional,
emocional e estéticas.
- Uma visão holística do mundo e das pessoas nas
mais diferentes dimensões.
A sociedade humana é multidimensional
d. Nem contra modernidade, nem ultra
modernidade, mas “superação” da modernidade
A pós-modernidade:
- não pode contentar-se com um pluralismo radical ou
com um relativismo.
- Não pode estar direcionada para uma interpretação
uniforme do mundo em que vivemos.
Busca um novo consenso sobre as convicções
humanas integradoras.
1. Pós-modernidade, não significa antimodernidade!
- Não pode haver uma preferência preconceituosa pelo
antigo.
2. Pós-modernidade não significa ultramodernidade.
- Não é um modernismo apologético
3. Mudança de paradigma
- A modernidade deve ser afirmada na sua forma
humana
- A modernidade deve ser negada nos seus limites
desumanos
- Deve-se transcender a modernidade para uma
nova síntese, diferenciada, pluralista e holística
Por causa da própria sobrevivência, as catastrofais
evoluções econômica, sociais, políticas e
ecológicas evidenciam a necessidade de uma ética
mundial.
- Diagnósticos apontando como uma situação em
constante deterioração, pouco ajudam.
- Uma pragmática tecnologia social sem
fundamentação de valores não é suficiente.
- Sem moral, sem normas éticas comumente aceitas,
sem “padrões globais”, as nações correm o perigo
caminhar para uma crise e à ruína econômica, à
desmontagem social e política.
Nós precisamos refletir sobre a ética, sobre o
compromisso fundamental das pessoas
- A crise deve ser entendida como chance. Deve-se
achar uma resposta a essa situação de transformação.
- Achar uma resposta positiva.
- Para que, afinal de contas, uma ética? Por que ser
moralista?
1. Além do bem e do mal?
a. Por que não fazer o mal?
- Por que a pessoa humana deve fazer o bem e não mal?
- Por que a pessoa não está “além do bem e do mal” ,
tendo compromisso somente com seu “desejo de
poder” (sucesso, riqueza, prazer)?
As perguntas elementares muitas vezes são as mais
difíceis.
Hoje muitas coisas, costumes, leis, normas que
durantes séculos eram certas, porque eram
sancionadas pela autoridade, em quase todas as
partes do mundo não têm mais evidência própria.
b. Por que fazer o bem?
- Por que as pessoas devem ser amigáveis,
colaboradoras e cuidadosas, ao invés de serem brutais
e não ter consideração uma pelas outras?
- Por que desde jovens já devem renunciar ao uso de
violência e optar fundamentalmente pela não-
violência?
- Por que engajar-se pela paz?
Pergunta básica em qualquer ética
- Por que a pessoa humana (indivíduo, grupo, nação,
religião) deve comportar-se humanamente, de forma
verdadeiramente humana?
- E por que deve fazer isso incondicionalmente?
- E por que todas as pessoas devem fazer?
- Por que uma camada, um grupo não pode ser uma
exceção?
2. Não haverá democracia sem um consenso
básico
a. O dilema na democracia
Um problema fundamental da democracia
ocidental, O Estado democrático-liberal:
- deve ser neutro na cosmovisão: precisa suportar
diferentes religiões e confissões, filosofias e
ideologias.
- deve prover liberdade de consciência (religião,
imprensa).
- Não pode prescrever legalmente valores superiores
ou normas últimas.
O dilema: A sociedade pluralista, na qual coexistem
diferentes cosmovisões não necessita de um
consenso fundamental para o qual as diferentes
cosmovisões deveriam contribuir.
- Desse modo pode não surgir um consenso rígido ou
totalizante, mas formar-se um consenso
coincidente (John Rawls).
- Consenso ético coincidente depende da situação
histórica. Ser buscado dentro de um processo
dinâmico.
b. um mínimo de valores, normas e
comportamentos comuns
Sem um mínimo de consenso fundamental de
valores, normas e posturas não é possível a
existência de uma convivência humana digna.
- O que pressupõe a paz interna de uma
comunidade? A concordância de que se pode
resolver conflitos sociais de uma forma não
violenta;
- O que pressupõem uma ordem econômica e uma
ordem jurídica? A concordância no desejo de
orientar-se por determinadas leis
- O que pressupõem as instituições que sustentam
essas ordens? O desejo de concordar com elas
c. Laços livremente escolhidos
Para a vida humana é fundamental estar ligado a uma
direção de vida, a valores de vida, a normas de vida, a
posturas de vida, a um sentido de vida (transnacional
e transcultural).
A necessidade de ter orientações éticas fundamentais
Termo-chave: responsabilidade planetária
3. Discurso de futuro: responsabilidade planetária
a. Ética de responsabilidade ao invés de uma ética
de sucessos e de mentalidade
Ética de sucesso:
- Uma ação, para qual todos os métodos são válidos e
para o qual é bom aquilo que funciona, que dá lucro,
poder e prazer (libertinismo, maquiavelismo).
ética de mentalidade:
- Uma idéia de valores mais ou menos isolados (justiça,
amor, verdade);
- busca somente a pura motivação interna da pessoa
sem perguntar pelas consequências de uma decisão
ou ação, sem se preocupar com a situação concreta,
sua exigências e implicações.
- É a-histórica e a-política.
Ética de responsabilidade:
- Proposta por Max Weber (1918-1919)
- Pergunta realisticamente pelas consequências
previsíveis de nosso agir e assume a responsabilidade
- A ética de responsabilidade e a ética de mentalidade
são complementares
b. Responsabilidade para com o meio ambiente
presente e futuro
Responsabilidade da sociedade mundial por causa de
seu próprio futuro: para com o meio ambiente
Responsabilidade = desafio: União Européia, EUA,
Perguntas éticas norteadoras:
- Sob que condições básicas nós podemos
sobreviver?
- Como podemos sobreviver como pessoas humanas
sobre uma terra habitável?
- Como podemos concretizar humanamente a nossa
vida individual e social?
- Sob quais pressupostos a civilização humana pode
sobreviver no terceiro milênio?
- Que princípios fundamentais as forças dirigentes
da política, da economia, da ciência devem seguir?
- Sob que pressupostos a pessoa individual pode
chegar a ter uma existência feliz e realizada?
c. Objetivo e critério: a pessoa humana
A pessoa humana nunca deve ser transformada
num simples meio
A pessoa humana deve sempre ser o objetivo e o
critério.
- Identidade e solidariedade
- Dinheiro, capital, trabalho são meios-
- O lucro não é um objetivo, mas um resultado
“O fator humano é o elemento central que tanto
pode impulsionar quanto frear os acontecimentos
de uma empresa ou do mundo” (Roland Muller)
O que vai determinar o futuro de sucesso de uma
empresa é o capital humano.
d. Ética como um propósito público
Na época moderna, a ética foi vista cada vez
mais como coisa privada.
Na pós-modernidade: a ética deve vir a ser um
propósito público.
- A ética necessita de uma institucionalização.
- Quem age eticamente nem por isso age de forma
não-econômica
- A ação ética não pode ser simplesmente um
acréscimo privado de conceitos de marketing, de
estratégias de concorrência, de administração
ecológica e balanço social.
- O agir ético deve constituir o quadro do
comportamento humano e social.
e. não haverá ordem mundial sem uma ética
mundial
Durante todos os milênios as religiões
constituíram aqueles sistemas orientadores, os
quais criaram o fundamento para uma
determinada moral.
1. Por que não uma moral sem religião?
a. Religiões fenômenos ambivalentes
Todo fenômeno humano é ambivalente.
As religiões realizaram a sua função moral de forma
ambivalente.
- As grandes religiões contribuíram para o
desenvolvimento normativo dos povos. Mas também
frearam e até impediram um tal desenvolvimento.
b. As pessoa não podem viver moralmente sem
uma religião?
As pessoas crentes deveriam reconhecer que é
possível levar uma vida moral sem religião. Há
motivos:
1) biográfico-psicológicos
2) Empiricamente: estão imbuídas de orientações
éticas fundamentais
3) antropologicamente desenvolveram e possuem
objetivos e prioridade, valores e normas, ideais e
modelos, e critérios fundamentais.
4) filosoficamente: autonomia humana.
c. Liberdade de escolha: a favor ou contra a
religião
Moral que se orienta pela dignidade e pelos direitos
humanos de qualquer pessoa humana
Defesa de uma ética humana
O direito de liberdade de ter ou não uma religião
2. Responsabilidade comum em respeito mútuo
a. A necessidade de uma coalisão
1) O perigo de um vácuo de sentido, de valores e de
normas ameaça tanto os crentes quanto os não-
crentes.
2) Uma democracia sem um consenso jurídico periga
entrar numa necessidade de legitimação.
3) Não haverá sobrevivência da sociedade humana sem
uma ética.
b. Possibilidade da realização de uma coalisão
Concretização, para resistência:
1) Para que o direito fundamental de todas as pessoas
por uma vida digna seja realizado
2) Para que a barreira entre ricos e pobres (nações e
pessoas) não aumente

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