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Modernidade e produção

de subjetividades
Professor Alessandro Bacchini
Modernidade e produção de subjetividades

 Na modernidade, a
ideologia individualista
atinge seu auge com
valores como liberdade,
igualdade, espaço de
uma cultura global, da
secularização dos
costumes laicização e
da universalização
sistemática do
conhecimento.
A liberdade guiando o povo por Eugène Delacroix, pintado em 1830.
Modernidade e produção de subjetividades

 Indivíduo como categoria: o


homem é o centro e
fundamento do mundo a partir
de sua constituição mais íntima.
 Uma das características desse
processo é a separação entre
esfera pública e a privada
por meio da exaltação da
privacidade e da interioridade.
Modernidade e indivíduo: percurso histórico

 O projeto sociocultural da modernidade:


século XVI - século XVIII - e dias atuais.
 A partir do século XVI, o mundo se encontra mais
heterogêneo e com relações menos hierarquizadas.
A política, a religião e a cultura passam a se
encontrar sem uma orientação central.
Modernidade e indivíduo: percurso histórico

 O Renascimento permite novas Produções


subjetivas.
 Consolida-se o capitalismo não somente como
modo de produção, mas sob pano de fundo de
um ideal de igualdade e liberdade.
 As legislações corporativos e servis do feudalismo
abrem espaço para indivíduos “livres” e “iguais”.
Modernidade e indivíduo: percurso histórico

 A reforma protestante liderada por Lutero no século


XVI
Modernidade e indivíduo: percurso histórico

 Também é ponto central a revolução científica, a partir do


iluminismo, com Bacon e Descartes como figuras
centrais.
 Separação entre sujeito e objeto do conhecimento;
 Imparcialidade no conhecimento;
 Nova noção de indivíduo como possuidor de desejos,
paixões e tendências que desvirtuariam o acesso à
verdade.
Modernidade e indivíduo: percurso histórico

 O sujeito epistêmico é fundado no fim do século


XVI.
 O ideal de um sujeito consciente com domínio
da própria vontade figura como central na Idade
Moderna.
Modernidade e indivíduo: percurso histórico

 Estados Nacionais
 Estado Absolutista
Domínio sobre os camponeses e controle
da nascente burguesia.
 “subjetividades aristocráticas” - Nobreza
Contenção dos impulsos, modelação de
condutas, autodomínio, auto-observação
e observação dos demais.
Modernidade e indivíduo: percurso histórico

 Assim, os Estados são formados a partir da teorização


dos direitos universais próprios de uma “natureza
humana”, sejam elas pautadas numa ideia de sujeição
humana – absolutismo em Hobbes – ou numa noção de
compromisso mútuo – como em Locke.
 Assim -> Da Renascença ao Iluminismo: mudanças
sócio-político-econômicas a partir da noção de
indivíduo.
Modernidade e indivíduo: percurso histórico

 Contornos básicos do liberalismo dos séculos XVII e


XVIII:
 (1) liberdade em relação ao coletivo no qual vive e
comportando o direito de escolha, liberdade de ação e
participação,
 (2) igualdade, implicando direitos inalienáveis,
públicos, reconhecidos pelos demais;
 (3) consciência individual acentuada com razão
própria, emoções e sentimentos singulares e únicos, e;
 (4) consideração do homem como a célula básica da
sociedade, da qual participa, diretamente, sem
Modernidade e indivíduo: percurso histórico

 No entanto, no século XIX o liberalismo passa


por revisões, teóricas e de organização do
Estado.
 Características: Transição do capitalismo
concorrencial ao monopolista, ampliação de
direitos políticos aos não-proprietários, a
consequente incorporação do tema da democracia.
Modernidade e indivíduo: percurso histórico

 Dois movimentos contribuem para a complexificação da


subjetividade moderna:
 primeiro, a constituição do chamado “intimismo” e o
decorrente embaralhamento das esferas pública e privada, no
bojo da discussão do coletivismo romântico (defesa da
inviolabilidade do individual, invasão do público pelo privado);
 depois, a consolidação do individualismo administrativo,
tecnocrático e disciplinar (exigindo dos homens maior eficiência,
interesse e utilidade diante das mudanças e desafios ocorridos
no século XIX; Foucault, visibilidade, conhecimento e controle).
Modernidade e indivíduo: percurso histórico

 O liberalismo, o romantismo e o racionalismo


tecnocrático-disciplinar passaram por
transformações, e embora convivam
simultaneamente, apresentaram diferentes pesos ao
longo da cultura contemporânea e não perderam de
todo a vigência até nossos dias.
O "Breve Século XX": Capitalismo, Estado e
Subjetividade

Divisão do capitalismo nos países centrais em três


fases.
 O primeiro período cobre todo o século XIX. É a fase do
capitalismo liberal.
 O segundo período, aqui designado por capitalismo
organizado: do século XIX às primeiras décadas depois
da 2ª Guerra Mundial.
 A última etapa inicia-se em geral em finais da década de
sessenta, e é nele que nos encontramos hoje.
Capitalismo financeiro, capitalismo monopolista
O "Breve Século XX": Capitalismo, Estado e
Subjetividade

 “Capitalismo organizado”: quebra da ordem


econômica concorrencial, a instalação da etapa
capitalista monopolista, a concentração e a
centralização do capital e a ampliação do mercado
para novos horizontes. Estabelecimento após as
duas grandes guerras e baseava-se em ideias,
principalmente, do economista inglês John Maynard
Keynes.
O "Breve Século XX": Capitalismo, Estado e
Subjetividade

 Estado-Providência: direito econômico e cidadania.


 Características:
 Plano simbólico e cultural: especialização e diferenciação funcional.
 Demarcação obsessiva das fronteiras: Estado interventor e obediência passiva
dos cidadãos.
 Vigilância e controle;
 Aprofundamento de um espaço urbano desagregador e atomizado;
 Destruição de redes sociais de interconhecimento, de ajuda mútua e de
solidariedade;
 Indústria de tempos livres e uma cultura que restringe o lazer a um gozo
programado, heterônomo, passivo e individual.
Neoliberalismo e Novos Arranjos
da Subjetividade
 Esgota-se o modelo fordista na década de 60;
 O neoliberalismo nasce próximo à década de 40 em
combate ao estado de bem estar social, mas não
haviam forças para sua implementação em meio às
duas grandes guerras;
 O princípio básico: o mercado, que adquiriu energia
sem precedentes, extravasou do econômico e
procurou colonizar o próprio Estado e a sociedade.
Neoliberalismo e Novos Arranjos
da Subjetividade
 Liberalismo (realidade “quase natural”)
 Neoliberalismo (modelo forjado)
 Estado neoliberal como um paradoxo: perde
grande parte de sua soberania na regulação da
produção e reprodução social, mas ganha em
autoritarismo, burocracia além de devolver à
sociedade civil competências e funções.
Neoliberalismo e Novos Arranjos
da Subjetividade
 Necessidade de esse ideário contar com um “novo homem”:
1 - Lógica do mercado como modelo de relações sociais
e políticas;
2 – A motivação dos comportamentos torna-se utilitarista.
 Enquanto no liberalismo clássico o individualismo
expressava um apelo à liberdade da razão, no
neoliberalismo maximiza-se a utilidade como meio
para assunção de interesses individuais.
Neoliberalismo e Novos Arranjos
da Subjetividade
 Liberdade: encontra-se exacerbada no ideário
neoliberal, com teses que defendem um Estado não-
planificado;
 Igualdade: no neoliberalismo, é a desigualdade que
permite o equilíbrio, a complementariedade de funções
e a competição que levaria ao desenvolvimento.
 Resultados: Intimização exacerbada e desinteresse
pelo público.

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