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UNIFESP – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

Prof. Dr. Orlando Vian Jr.


Aluno: Uilson Nunes de Carvalho Júnior
Gêneros textuais no ensino de línguas. In: Produção textual, análise
de gêneros e compreensão. MARCUSCHI, LA. São Paulo: Parábola,
2008.

2.9 Análise dos gêneros na


oralidade
A relevância da investigação dos gêneros textuais reside no fato de serem usados pelos

participantes da comunicação linguística como parte integrante de seu conhecimento


comum.
Um gênero seria uma noção cotidiana usada pelos falantes que se apoiam em
características gerais e situações rotineiras para identificá-lo. Tudo indica que existe um
saber social comum pelo qual os falantes se orientam em suas decisões acerca do gênero
de texto que estão produzindo ou que devem produzir em cada contexto comunicativo.
Os falantes lançam mão de conhecimentos de três grandes sistemas cognitivos (que
agem interativamente) para processar seus textos:
- Saber linguístico
- Saber enciclopédico
- Saber interacional

Com base nestes conhecimentos os interlocutores especificam o gênero de texto que estão sendo
produzidos durante sua fala.
Os gêneros são modelos comunicativos – servem muitas vezes para criar uma expectativa
no interlocutor e prepará-lo para determinada reação.
Os interlocutores seguem em geral três critérios para designarem seus
textos:
• Canal / meio de comunicação
• Critérios formais (Conto, debate, ata, poema...)
• Natureza do conteúdo (Piada, prefácio de um livro, comentário...)

A máxima da adequação tipológica – deveria haver, em cada gênero textual,


uma relação estreita entre:
Natureza da informação
Tipo de situação
Relação entre os participantes
Natureza dos objetivos
Os gêneros textuais não são fruto de invenções individuais, mas formas
socialmente maturadas em práticas comunicativas na ação linguageira.

Também poderia ser estabelecida uma certa correlação entre gêneros textuais
e formas de condução dos tópicos discursivos. Assim, no caso de um debate ou
de uma conferência caberiam observações do tipo:
• “Gostei porque ele se ateve ao tema do começo ao fim.”
• “Não gostei porque ele divagou demais e toda hora entrava em outros temas.”

No entanto, já não se poderia dizer o mesmo a respeito de uma conversa


realizada durante um encontro casual num bar da esquina.
E, como os gêneros textuais não só refletem, mas constituem as práticas sociais, é
de supor que também haja variações culturalmente marcadas quanto às formas
produzidas, já que as culturas são diversas em sua constituição.
2.10 A análise de gêneros textuais
na relação fala e escrita
2.10 A análise de gêneros textuais na relação fala e escrita

 Os gêneros textuais ancoram na sociedade e nos costumes e ao mesmo tempo são parte dessa
sociedade e organizam os costumes, podem variar de cultura para cultura.
 Os gêneros são apreendidos no curso de nossas vidas como membros de alguma comunidade.
 Os gêneros são padrões comunicativos socialmente utilizados, que funcionam como uma espécie de
modelo comunicativo global que representa um conhecimento social localizado em situações concretas.

 Sociedades tipicamente orais desenvolvem certos gêneros que se perdem em outras tipicamente
escritas e penetradas pelo alto desenvolvimento tecnológico.
- Ex: cantos medicinais, benzeções das rezadeiras, lamentos das carpideiras.

 Tudo isso surge naquelas sociedades como práticas culturais rotineiras, tal como editorial de um
jornal diário ou uma bula de remédio em nossas sociedades.
O gráfico a seguir representa as mesclagens dos gêneros na relação fala-escrita, considerando-se
as condições de produção (concepção) e recepção oral e escrita (aspecto medial, gráfico ou fônico).
+
Concepção (oral)
• Em (A) – o domínio tipicamente falado
A B
quanto ao meio e quanto à concepção,
Meio Meio que é a produção original. Em (C), o
(sonoro) (gráficos) domínio escrito. Tanto (B) quanto (D)
seriam domínios mistos das mesclagens
de modalidades.
D C
– Exemplos:

Concepção • (A) Conversação espontânea;


(escrita) • (C) Texto científico;
• (D) Noticiário de TV;
Concepção = aponta para a
• (B) Entrevista publicada na Veja
natureza do meio em que o texto
foi originalmente expresso ou
exteriorizado.

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