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Faraday – Caderno 3 – Código: 829165314


ÍNDICE-CONTROLE DE ESTUDO

Aula 17 AD TM TC
Aula 20 AD TM TC
(pág. 5) (pág. 16)

Aula 18 AD TM TC
Aula 21 AD TM TC
(pág. 10) (pág. 18)

Aula 19 AD TM TC
Aula 22 AD TM TC
(pág. 10) (pág. 22)

Professor:

Aula 17 ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

1 Introdução
Não é sem motivo que certos tipos de oração recebem o nome de substantivas: é de se supor que exista
algo em comum entre elas e o substantivo.
Considere-se a seguinte situação: um aluno entra em aula com um recorte de jornal com os seguintes dizeres:

Em 2013, surpreendentemente, o papa anunciou.

Ele mostra para a classe e todos concordam que aquele enunciado não faz sentido, não contém uma in-
formação interpretável.
Um dos presentes intervém dizendo que falta alguma palavra nessa notícia, pois o verbo anunciar exige um
complemento.
Após pesquisar em outros jornais, recuperaram enfim a notícia inteira:

Em 2013, surpreendentemente, o papa anunciou sua renúncia.

Todos concordam que o enunciado ficou interpretável e perfeitamente compreensível.


Podem-se então depreender as seguintes conclusões:
• o termo em vermelho (sua renúncia) está associado ao verbo (anunciou), funcionando como seu
complemento;

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• no caso, trata-se de um objeto direto, pois está complementando o verbo sem preposição;
• o núcleo desse objeto é renúncia, um substantivo; sua faz parte do objeto mas é um modificador do
núcleo, e não o núcleo;
• por fim, observa-se que o objeto direto é uma função própria do substantivo: é sempre o substantivo ou
um pronome substantivo que funciona como objeto direto (que pode vir sozinho ou acompanhado de
modificadores).

Em 2013, surpreendentemente, o papa anunciou sua renúncia.


Objeto direto
Núcleo: renúncia, um substantivo

Mas, em vez de complementar o verbo com um substantivo, seria aceitável outra possibilidade, como se
vê a seguir:

Em 2013, surpreendentemente, o papa anunciou que ele renunciaria.


Objeto direto

Como se observa, há muita semelhança entre os dois trechos em vermelho: é que ambos complementam
o sentido do verbo, ligando-se a ele sem preposição. Ambos estão funcionando, pois, como objeto direto.
Mas há uma diferença:
• na primeira ocorrência, o papel (ou a função) de objeto direto está preenchido basicamente por um
substantivo (renúncia); na segunda, por uma oração, pois o complemento do verbo, nesse caso, con-
tém um sujeito (ele) e um predicado (renunciaria).
Fica então demonstrado que uma oração inteira pode encaixar-se dentro de outra, funcionando como
uma parte, um termo desta.
Falando em termos mais técnicos, uma oração pode desempenhar uma função sintática de outra. Quando
desempenha função própria de substantivo, chama-se oração subordinada substantiva.
Marcas gramaticais da oração subordinada substantiva:
• ela pode vir introduzida por conjunções integrantes (que ou se) – o que ocorre na maioria dos casos – e
por pronomes ou advérbios interrogativos (como, qual, onde);
• ela é permutável pelo pronome isto. A razão disso é que esse pronome é essencialmente substantivo; a
oração permutável por esse pronome é substantiva.

Convém registrar que se classifica como oração principal toda aquela na qual se encaixa uma subordina-
da qualquer.

2 Orações subordinadas substantivas associadas ao verbo da oração principal

I. Oração subordinada substantiva subjetiva

É aquela que funciona como sujeito do verbo da oração principal.


Exemplo:

Não convinha a Portugal que se abrissem universidades no Brasil.


Oração principal Oração subordinada substantiva subjetiva

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Marcas gramaticais da oração subordinada substantiva subjetiva:
• sempre está associada ao verbo da oração principal;
• nunca há preposição antes da conjunção integrante;
• o verbo da oração principal está sempre na 3a pessoa do singular;
• não existe sujeito dentro dos limites da oração principal (obviamente porque o sujeito é toda a oração
subordinada).

II. Oração subordinada substantiva objetiva direta

É aquela que funciona como objeto direto do verbo da oração principal.


Exemplo:

Os aventureiros não permitem que os indígenas vivam em paz.


Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva direta

III. Oração subordinada substantiva objetiva indireta

É aquela que funciona como objeto indireto do verbo da oração principal.


Exemplo:

Ninguém discorda de que o homem está abusando da natureza.


Oração principal Oração subordinada substantiva objetiva indireta

3 Orações subordinadas substantivas associadas a um nome da oração principal

I. Oração subordinada substantiva predicativa


É aquela que funciona como predicativo do sujeito da oração principal.
Exemplo:

O problema é que o crescimento da população mundial não para.


Oração principal Oração subordinada substantiva predicativa

Marca gramatical da oração subordinada substantiva predicativa:


• sempre se liga ao sujeito da oração principal, por meio de verbo de ligação (o verbo ser, na grande
maioria dos casos).

II. Oração subordinada substantiva completiva nominal


É aquela que funciona como complemento nominal de um nome da oração principal.
Exemplo:

É antiga a suspeita de que existe vida fora da Terra.


Oração principal Oração subordinada substantiva completiva nominal

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Marca gramatical da oração subordinada substantiva completiva nominal:
• por meio de preposição (a, de, com, por, para, em...), sempre se liga a um nome da oração principal.
Observação:
Apesar da grande semelhança no plano da forma, a substantiva completiva nominal não se confunde com
a objetiva indireta porque a substantiva completiva nominal liga-se a um nome da oração principal.

III. Oração subordinada substantiva apositiva


É aquela que funciona como aposto de um nome da oração principal.
Exemplo:

Existe nos presídios esta lei: que ninguém denuncia ninguém.


Oração principal Oração subordinada substantiva apositiva

Marcas gramaticais da oração subordinada substantiva apositiva:


• sempre se liga a um nome da oração principal;
• não apresenta preposição e verbo de ligação;
• na escrita vem separada por dois-pontos (na maioria) ou por vírgula.

4 Diferença entre as conjunções integrantes que e se


As orações subordinadas substantivas introduzidas pela conjunção integrante que estabelecem o pressupos-
to de que o falante tem certeza sobre a informação contida nelas.
Exemplo:

O fabricante não informou que seus produtos estão contaminados.


Oração principal Oração subordinada substantiva

Como estabelecem o pressuposto da certeza, são chamadas de asseverativas.


Nesse caso, o produtor do enunciado garante (ou assevera) que os produtos do fabricante estão contami-
nados, mas o fabricante não quis trazer essa informação a público.
Já as orações subordinadas substantivas introduzidas pela conjunção integrante se estabelecem o pres-
suposto de que o enunciador não tem certeza da informação contida nelas.
Exemplo:

O fabricante não informou se seus produtos estão contaminados.


Oração principal Oração subordinada substantiva

O uso da conjunção se antes da substantiva indica que o redator quer dizer que ele não tem certeza de
que os produtos do fabricante estão contaminados. Por isso são chamadas de não asseverativas.

Função × sentido

Quando se diz que a oração subordinada substantiva tem função equivalente à do substantivo, não sig-
nifica que ela tenha o mesmo sentido. Prova disso é que existem orações subordinadas substantivas que não
são permutáveis por um substantivo correspondente. Aliás, muitas vezes, esse tipo de oração existe exata-
mente para suprir a falta de um substantivo apropriado para traduzir o significado que se pretende dizer por
meio dela.

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Exemplo:

Testemunhas declararam que a equipe médica acudiu os acidentados.


Oração principal Oração subordinada substantiva

Em classe
1. A oração subordinada substantiva desempenha no perío- IV. Não basta aos países em desenvolvimento que seus
H-18 do composto uma função sintática que, no período sim- governantes sejam recebidos com pompa e ceri-
ples, é própria do substantivo. Nos itens que seguem, mônia pelos dos países desenvolvidos. ( a )
transforme o período simples em período composto de
acordo com o seguinte modelo: 3. Para classificar as orações seguintes, utilize este código:
I. Detectamos facilmente a existência de erros. a) subordinada substantiva predicativa
II. Detectamos facilmente que existiam erros. b) subordinada substantiva completiva nominal
c) subordinada substantiva apositiva
a) Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS)
mostram a morte de cerca de 600 mil pessoas todos I. A verdade é que tanto o FMI quanto o governo brasi-
os anos por complicações relacionadas com partí- leiro passam por uma crise de credibilidade. ( a )
culas suspensas na atmosfera. Folha de S.Paulo. 9 mar. 1999, p. 1.2.
A Gazeta do Povo. Curitiba, 23 dez. 2002.
II. Corrupção escondida vale tanto como pública: a dife-
Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) rença é que não fede. ( a )
Machado de Assis
mostram que cerca de 600 mil pessoas morrem
III. A notícia de que melhorou a posição brasileira no
todos os anos por complicações relacionadas com
ranking da qualidade de vida suscita sentimentos
partículas suspensas na atmosfera. ambíguos. ( b )
Folha de S.Paulo
b) Uma economia depende também do incentivo do
IV. Desejava realizar um grande sonho: que todos os
governo à exportação.
homens vivessem pacificamente. ( c )
Uma economia depende também de que o governo
Cecília Meireles
incentive a exportação. V. Ao lermos Drummond temos a impressão de que
tudo pode se transformar em poesia. ( b )
c) Na adversidade, é aconselhável a procura de solu- Radical. <www.fundation.org.br/radical>.
ções ousadas.
Na adversidade, é aconselhável que se procurem so- 4. O que e o se são conjunções integrantes introdutórias das
H-22 orações subordinadas substantivas, mas o uso de uma ou
luções ousadas. outra não é indiferente para o significado da oração. Ima-
gine que o presidente da República tenha sido internado
2. Classifique a oração destacada em cada um dos itens de num hospital sob a suspeita de uma doença grave. No dia
acordo com o seguinte código: seguinte, cada jornal dá uma destas notícias:
a) subordinada substantiva subjetiva
b) subordinada substantiva objetiva direta I. A equipe médica ainda não informou se a doença
c) subordinada substantiva objetiva indireta do presidente é grave.
II. A equipe médica ainda não informou que a doen-
I. A ONU prevê que até 2050 a população da Rússia ça do presidente é grave.
sofrerá uma queda de 20%. ( b )
II. Segundo a ONU, é previsto que a população da Rús- a) É possível dizer que ambas as orações desempenham
sia cairá de 150 milhões de habitantes em 1990 a mesma função sintática? Como se classificam?
para 114 milhões em 2050. ( a ) Sim. Ambas são subordinadas substantivas objeti-
III. Inúmeras publicações de saúde informam seus leito- vas diretas.
res de que bons hábitos alimentares e exercícios físi-
cos prolongam a vida por mais de uma década. ( c )
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b) Qual das duas notícias seria mais desanimadora para o presidente? Explique sua resposta.
Sem dúvida a segunda. O emprego da conjunção que estabelece o pressuposto de que o redator da notícia já conta com a
certeza da gravidade da informação. O emprego da conjunção se, em I, estabelece outro pressuposto: o de que nem o reda-
tor da notícia conta com uma resposta definitiva da equipe médica. A doença pode não ser grave.

Em casa
TAREFA MÍNIMA TAREFA COMPLEMENTAR
• Leia o texto da aula. Caderno de Exercícios
Caderno de Exercícios • Faça os exercícios 5 a 8.
• Faça os exercícios 1 a 4.

Aulas 18 e 19 PONTUAÇÃO

1 O uso da vírgula: princípio geral


O uso da vírgula pode ser descrito, de início, dentro de um princípio geral:
Usa-se a vírgula para indicar que duas palavras contíguas não estão sintaticamente interligadas.
Considerando o princípio geral, segundo o qual a vírgula indica que dois termos ladeados não são
ligados sintaticamente, observe o diálogo seguinte:

— Essa cédula de R$ 100,00 com a qual o senhor pagou o jantar é falsa.


— Não , posso garantir.

Na segunda fala, a vírgula dissocia o advérbio não da locução verbal posso garantir. Dessa maneira, a
negação não recai sobre o verbo, mas sobre o enunciado anterior, explicitando a seguinte convicção: segun-
do o enunciador, a nota com que pagara o jantar não era falsa e ele teria condições de garantir isso. Sem a
vírgula, essa certeza daria lugar a uma dúvida:

— Essa cédula de R$ 100,00 com a qual o senhor pagou o jantar é falsa.


— Não posso garantir.

Em “Não posso garantir”, a negação recai sobre a locução verbal. Assim, o enunciador afirma não poder
garantir a autenticidade da cédula.
Desse princípio geral, decorrem as principais normas para uso da vírgula no interior da oração. Para
questões mais associadas à produção dos sentidos, porém, o mais importante é lembrar que a vírgula indica
que um termo ocorre do lado de outro, mas não ligado a ele.

2 Desdobramentos do princípio geral do uso da vírgula


I. Termos diretamente ligados, vírgula proibida

Se a vírgula indica que dois termos, embora ladeados, não estão ligados, deduz-se que é inadequado o
uso da vírgula entre palavras que se associam sintaticamente. Suponhamos, por absurdo, uma pon-
tuação como esta:
Milagres, acontecem.

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Levada a sério, essa vírgula deixa desgovernado o leitor, pois ela indica que essas palavras, dispostas
lado a lado, não estão relacionadas entre si. Isso equivale a dizer que acontecem não se refere a milagres.
Como a frase foi composta por essas duas palavras apenas, seria impossível que uma não se referisse à outra,
portanto não tem cabimento o uso da vírgula.
Seguindo o mesmo princípio, não se usa vírgula:
a) entre sujeito e predicado.
Exemplo:
Os tsunamis são provocados sobretudo por tremores de terra.
Sujeito Predicado

b) entre o verbo e seus objetos.


Exemplo:
Os lugares públicos dão pouca importância aos cadeirantes.

Verbo Objeto direto Objeto indireto

c) entre o nome e seus complementos ou adjuntos.


Exemplo:
Várias mobilizações populares contra a tirania nascem na internet.

Adjunto Nome Adjunto Complemento


adnominal adnominal nominal

d) entre a oração principal e a oração subordinada substantiva.


Exemplo:
Todos sabem que a atmosfera do deserto contém muito pouco vapor-d’água.
Oração principal Oração subordinada substantiva
* É exceção a oração substantiva apositiva, que se separa por dois-pontos ou por vírgula.
Exemplo:

“Há no país uma legenda, que ladrão se mata com um tiro.” – Carlos Drummond de Andrade.

II. A vírgula para marcar inversão

Com base no princípio geral, não se usa a vírgula numa frase como esta:

O presidente visitou o salão do automóvel ontem.

Todos os termos da frase acima estão dispostos na ordem direta, cada palavra ou expressão vem associa-
da diretamente à anterior. A única exceção é ontem, que está associada ao verbo visitou e não a automóvel,
seu antecedente imediato.
O uso de uma vírgula entre automóvel e ontem não é proibido. Mas não é usual, porque ontem está
funcionando como adjunto adverbial e vem colocado depois do complemento do verbo. Considera-se que
essa é a posição usual do adjunto adverbial e, por essa razão, dispensa-se o uso da vírgula. Se, entretanto,
começássemos a frase pelo adjunto adverbial, as condições seriam outras: não ocorrendo depois do comple-
mento do verbo, considera-se que o adjunto adverbial está deslocado.

Ontem, o presidente visitou o salão do automóvel.

No caso, ontem é um adjunto adverbial deslocado para uma posição que não é usualmente a sua. Com o
deslocamento, a palavra fica contígua ao sujeito (o presidente), ao qual não está associada sintaticamente.

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Sendo assim, a inversão é marcada pelo uso da vír- Observação: Quando o adjunto adverbial é
gula. Com base nesse princípio, usa-se a vírgula pouco extenso e a falta de pausa não preju-
para marcar a inversão: dica a compreensão, em geral omitem-se as
a) do adjunto adverbial e das orações subordina- vírgulas.
das adverbiais. b) da conjunção e da locução conjuntiva.
Exemplos: Exemplo:

Antes das oito horas, o comércio já Os cerrados são secos e áridos. Estão
estava de portas fechadas. produzindo, no entanto, elevadas quantida-
Quando o relógio deu oito horas, o des de alimentos.
comércio já estava de portas fechadas.
c) das expressões explicativas ou corretivas.
b) do predicativo. Exemplos:
Exemplo:
O Brasil está entre os países em desen-
Apodrecidas, árvores enormes não re- volvimento, isto é, países cujo PIB per capita
sistiram ao vendaval. é tido como médio ou baixo.
Os países em desenvolvimento, ou me-
c) dos objetos pleonásticos. lhor, alguns países em desenvolvimento
têm investido no mercado interno.
Exemplo:

Aos usuários do metrô, não lhes sobram d) do aposto.


lugares nos assentos. Exemplo:

O IDH, Índice de Desenvolvimento


d) dos nomes de lugar antepostos às datas.
Humano, é divulgado anualmente pela ONU.
Exemplo:
e) da oração adjetiva explicativa.
Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 1968. Exemplo:

A palmeira, que integra a vegetação


III. A vírgula para marcar intercalação tropical, adapta-se bem ao Brasil.

Dá-se o nome de intercalação à colocação de uma Observação:


palavra ou expressão entre duas outras que se rela- A adjetiva que veicula uma restrição (adjetiva res-
cionam sintaticamente. É o que ocorre nesta frase: tritiva) não se separa da oração principal por vírgula:
O presidente, ontem, visitou o salão do automóvel.
Programas de tevê que respeitam o pú-
blico inteligente são raros.
O adjunto adverbial ontem intercalou-se entre o
sujeito e o verbo da oração. Para indicar o início e o
fim da intercalação, usam-se duas vírgulas. Pelo IV. A vírgula para separar elementos nas
mesmo princípio, marca-se com vírgulas a inter- enumerações
calação:
Quando o enunciado apresenta uma lista de ter-
a) do adjunto adverbial e das orações subordina-
mos enumerados, a terminologia gramatical diz
das adverbiais.
que tais termos são coordenados entre si. Como já
Exemplo: foi visto, elementos coordenados são de natureza
semelhante e exercem a mesma função. A vírgula
O petróleo, por sua importância para
pode indicar uma relação sintática dessa natureza,
a indústria, é bastante caro.
ou seja, separar dois termos para indicar que ter-
O petróleo, porque é importante para
mos enumerados não se associam sintatica-
a indústria, é bastante caro.
mente entre si.
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Exemplos: 5 Aspas (“ ”)
Morro de São Paulo, Salvador e Ilhéus são
destinos turísticos da Bahia.
Função básica
Descansar, fugir da rotina e conhecer ou-
As aspas são usadas para demarcar fronteiras
tras culturas são algumas metas comuns a mui-
entre o que, no texto, o escritor assume como cria-
tos turistas.
ção própria e o que é transcrição de criação de outra
autoria. Dizendo em outros termos, tudo o que vem
inscrito entre aspas não é da autoria de quem está
V. A vírgula como marcador da elipse do verbo escrevendo, ou ele não assume como próprio de sua
Para evitar a repetição de um mesmo verbo, o que linguagem ou de seu modo de pensar.
deixaria a frase enfadonha, marca-se a sua elipse Exemplo:
com o uso da vírgula. O que mais se vê entre os gramáticos normati-
Exemplo: vistas é que decretam “a priori” o que está “certo”
ou “errado” na língua.
Poços de Caldas é conhecida por sua tranqui-
lidade. Campos do Jordão , pelo seu requinte. As aspas, nesse caso, estão indicando uma expres-
são latina que, portanto, não pertence à linguagem
usada pelo escritor em seu texto. Quando se trata de
3 Ponto e vírgula (;) letra impressa, é mais comum a substituição das as-
pas pelo itálico: a priori. As palavras certo e errado
Função básica estão entre aspas para assinalar que o escritor não
assume como seus esses julgamentos sobre usos da
Como o nome sugere, o ponto e vírgula sinaliza língua. Isso é lá com os gramáticos normativistas.
uma pausa mais marcante que a vírgula, sem, no
entanto, indicar o término do período. Em classe

Condições de uso 1. (Insper-SP – Adaptada)


H-18
É usual o ponto e vírgula apenas entre trechos
coordenados entre si, quando motivos especiais su-
gerem uma pausa mais marcante que a da vírgula.
Exemplo:

Até pouco tempo, 120 km/h era velocidade de


Grande Prêmio ; hoje, no entanto, é normal em
carros de passeio.

4 Dois-pontos (:)

Função básica
© Associação Brasileira de Imprensa

Tudo que vem à direita dos dois-pontos é para


tornar mais compreensível e mais explícito o que
vem à esquerda.
Exemplo:

Afinal, uma boa notícia : escola pública do


Piauí coloca-se entre as melhores do Enem. Disponível em: <www.abi.org.br/jornaldaabi/
Edicao_Especial_Centenario_Vol.1.pdf>.

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A alternativa que apresenta uma afirmação DESCABIDA é: 4. (UPF-RS) Nestas alternativas, você tem cinco textos de
a) No segundo par de frases, a palavra só se relaciona H-27 Mário Quintana, extraídos de Caderno H. Num deles há um
sempre a um pronome. evidente erro de pontuação, feito propositalmente para
b) No terceiro par de frases, a inclusão de vírgula implica os fins desta prova. A alternativa em que ele ocorre é:
a aceitação espontânea de algo. a) Democracia? É dar a todos o mesmo ponto de parti-
c) No quarto par de frases, a palavra juiz isolada por vír- da. Quanto ao ponto de chegada, isso depende de
gulas exerce a função sintática de vocativo. cada um.
d) No último par de frases, o advérbio não refere-se ao b) O pior problema da gente é que ninguém tem nada
verbo querer apenas na primeira ocorrência. com isso.
➜➜e) Apenas no primeiro par de frases a vírgula foi empre- c) Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a
gada para indicar pausa na leitura. ler e não leem.
➜➜d) Quando alguém pergunta a um autor, o que este quis
2. (Unifenas-MG) Para que o seguinte trecho ganhe senti- dizer, é porque um dos dois é burro.
H-18 do e fique bem pontuado, torna-se necessário o empre- e) Prefiro ser alvo de um atentado a ser alvo de uma
go de um ponto e vírgula: homenagem: um atentado é mais expedito e não
tem discurso...
“Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do
fazendeiro era também o pai do bezerro”. 5. Numa festa no dia da agroindústria, personalidades do
H-18 setor comentavam a crise que então afetava a agricultu-
Onde você o poria? ra. Falava-se em redução da área plantada e em desem-
H-27 prego. Citava-se Orlândia, cidade ao norte de São Paulo,
a) Depois de bezerro.
➜➜b) Depois de mãe. como um dos municípios afetados. O Secretário da
Agricultura perguntou a um cidadão o número de habi-
c) Depois de fazendeiro.
tantes da cidade e obteve esta resposta:
d) Depois de também.
e) Depois de pai. — Na época do último Censo em 91 havia 30 mil
habitantes e uns quebrados hoje tem 30 mil quebra-
3. As frases que seguem foram transcritas sem nenhuma
dos e uns habitantes.
H-27 vírgula. Procure usá-la apenas nos lugares em que as Folha de S.Paulo, 28 jan. 1996. Adaptado.
normas da escrita determinam. Há frases em que não
deve ocorrer nenhuma vírgula. Da frase transcrita, excluímos todos os sinais de pontuação,
a) O zoológico fica mais triste no inverno. exceto o travessão e o ponto-final. Tente recolocá-los, usan-
Não ocorre o uso da vírgula. do letra maiúscula em caso de necessidade.
Na época do último Censo, em 91, havia 30 mil habitan-
b) No inverno o zoológico fica mais triste. tes e uns quebrados. Hoje, tem 30 mil quebrados e uns
No inverno, o zoológico fica mais triste.
habitantes.

c) O zoológico no inverno fica mais triste.


O zoológico, no inverno, fica mais triste.

d) Os agricultores plantaram mais soja neste ano.


Não ocorre o uso da vírgula.

6. No diário Gazeta do Povo, de Curitiba, há uma seção


H-18 chamada Nostalgia, em que se fazem referências a anti-
e) Os agricultores neste ano plantaram mais soja. gas reportagens do jornal. Em 25 de agosto de 2002, foi
Os agricultores, neste ano, plantaram mais soja. H-27 publicada uma fotografia com dois políticos brasileiros
da primeira metade do século XX. Abaixo da foto, havia
a seguinte legenda:
f) Neste ano os agricultores plantaram mais soja.
Na foto maior vemos Getúlio Vargas e Bento Munhoz
Neste ano, os agricultores plantaram mais soja. da Rocha Neto, o primeiro presidente do Brasil e o
segundo governador do Paraná [...].

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a) Do modo como está redigida, a legenda permite uma 8. (ITA-SP – Modificada)
interpretação não condizente com o que se conhece H-18 Ao teatro o que é do teatro
da História do Brasil. Qual é essa interpretação?
H-27 Não há melhor maneira de filmar o teatro do que
Embora este sentido não condiga com a História do
teatralmente. A expressão “teatro filmado” raramente
Brasil, a redação do trecho permite interpretar “o faz sentido, e nós aqui no Brasil só teríamos a ganhar
primeiro presidente do Brasil e (em vez de e, pode-se no dia em que pudéssemos assistir ao filme de “O Rei
da Vela” do Oficina — que por alguma razão infeliz
usar também ponto e vírgula) o segundo governador
nunca passa.
do Paraná” como um aposto de Bento Munhoz. Kenneth Branagh evitou o teatro filmado em “Hen-
rique V” (Eurochannel, 0h) [canal de TV por assina-
tura], ganhou o direito a concorrer ao Oscar e ficou
famoso. Mas, passadas as festas, temos um resultado
para lá de duvidoso.
Onde faz sentido a conclamação do rei Henrique a
seus soldados a não ser no teatro? E por que “cinema-
tografizar” a coisa se Joseph Mankiewicz, por exem-
b) Por conta de uma falha no emprego dos sinais de plo, que era um cineasta, ao filmar “Júlio César”, optou
pontuação, o redator dessa legenda acabou produ- por deixar clara a origem teatral de seu filme?
zindo um sentido não desejado. Recorrendo aos seus ARAÚJO, Inácio. Folha de S.Paulo, 11 maio 2004.
conhecimentos históricos, modifique a pontuação
No texto, as aspas são usadas cinco vezes, por três dife-
desse período, de maneira a adequá-lo à provável in-
rentes motivos. Transcreva as expressões aspeadas e
tenção do redator do jornal.
explique cada um dos motivos.
Uma redação possível seria esta: “Na foto maior, ve-
Justificativas do uso de aspas:
mos Getúlio Vargas e Bento Munhoz da Rocha Neto:
• “teatro filmado” — as aspas servem para delimitar e
o primeiro, presidente do Brasil e o segundo, gover-
identificar a expressão no sentido do discurso técnico
nador do Paraná”.
especializado, diferente da linguagem do crítico.
Observação: as vírgulas após “o primeiro” e “o segun-
• “O Rei da Vela”; “Henrique IV”; “Júlio César” — nessas
do” marcam a elipse do verbo de ligação.
três ocorrências, as aspas têm a função de destacar o
título de obras de arte.
• “cinematografizar” — as aspas são usadas para indi-
car que o vocábulo é um neologismo, sem registro nos
dicionários.
7. As lacunas do trecho transcrito a seguir podem ser
H-27 preenchidas por vírgula, dois-pontos e ponto e vírgula.
Coloque esses três sinais no lugar mais apropriado ao
papel de cada um.
Há duas condições infalíveis para um argumento ser
persuasivo : a primeira é que ele seja elaborado com
elegância e clareza ; a segunda , que atenda aos
interesses de quem se pretende persuadir.

Em casa
TAREFA MÍNIMA TAREFA COMPLEMENTAR
• Leia o texto da aula. Caderno de Exercícios
Caderno de Exercícios • Faça os exercícios 9 a 16.
• Faça os exercícios 1 a 8.

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Aula 20 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS

1 Os processos de formação de palavras É preciso observar que, se o prefixo e o sufixo


não forem agregados simultaneamente à base, não
Além do léxico primitivo e dos múltiplos emprés- fica caracterizada a parassíntese.
timos feitos das línguas de povos com que a nossa Tome-se como exemplo a palavra infelizmente.
cultura entrou em contato na sua caminhada históri- Nela há um prefixo e um sufixo agrupados à base,
ca, a língua portuguesa conta com inúmeras pala- mas não se trata de uma formação por parassíntese,
vras criadas por meio de recursos próprios, que já que ambos não foram agregados simultaneamente.
costumam ser chamados pelo nome genérico de Prova disso é que existe tanto a palavra infeliz como
processos de formação de palavras. Tais proces- felizmente. Nesse caso, não é possível determinar se
sos se dão por: derivação ou composição. antes houve uma derivação prefixal e depois uma su-
fixal ou vice-versa. Dizemos então que a palavra infe-
2 Derivação lizmente foi formada por derivação prefixal e sufixal.
Observe agora a palavra empalidecer. Nela, o pre-
É o processo pelo qual se criam palavras, to- fixo e o sufixo foram agregados simultaneamente à
mando como ponto de partida apenas uma base. base (pálido), já que não existe a palavra empálido*,
Exemplos: de onde teria provindo empalidecer por sufixação;
nem palidecer*, de onde teria provido empalidecer
por prefixação. Nesse caso, dizemos, pois, que empa-
Base Sufixo Palavra derivada
lidecer é uma palavra formada por parassíntese.
jornal eiro jornaleiro Deve-se observar que o prefixo en escreve-se em
antes de base iniciada por b ou p.
surfe ar surfar
Uma observação importante a propósito da pa-
estacionar mento estacionamento rassíntese é que, por esse processo, quase só se for-
mam verbos e, quanto ao sentido, os verbos assim
Deve-se notar que a agregação do elemento de formados implicam sempre o pressuposto de fazer
derivação pode acarretar ou não adaptações na base. algo passar a ser o que não era antes. Exemplos:
Eis alguns tipos de derivação: • entristecer significa tornar-se triste.
• envelhecer significa tornar-se velho.
Prefixação • apassivar significa tornar passivo.

Forma-se a palavra pela anexação de prefixo a Regressiva


uma base. Exemplo:
Pelo processo de derivação regressiva – como o
retro 1 agir 5 retroagir nome sugere – não se formam palavras por acrésci-
mo, como é o caso dos três primeiros tipos já vistos,
mas por subtração.
Sufixação
Por esse processo, a derivação que merece regis-
Forma-se a palavra pela anexação de sufixo a tro é aquela que se costumou chamar de deverbal,
uma base. Exemplo: isto é, procedente do verbo.
A derivação regressiva caracteriza-se por formar
final 1 izar 5 finalizar substantivos abstratos por meio da subtração da
desinência -r do verbo. Exemplos:
Do verbo (com subtração do -r) para o substanti-
Parassíntese vo abstrato:
• combater → combate
Forma-se a palavra pela anexação simultânea de • atacar → ataque
prefixo e sufixo a uma base. Exemplo: • revoltar → revolta
• assaltar → assalto
en 1 tarde 1 ecer 5 entardecer
• roubar → roubo

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Observe-se que, ao cair o r, a vogal final pode
manter-se no substantivo ou sofrer alterações.
Em classe
TexTo para a quesTão 1
Derivação imprópria
Duas mulheres conversando:
— Graças a mim, o meu marido ficou milionário!
É o mecanismo pelo qual uma palavra muda de
— Ué! – estranhou a outra. — Quando vocês se ca-
classe gramatical sem alterar a forma.
saram ele já não era milionário?
Observe como a palavra pobre, dependendo de
— Não, quando nos casamos ele era multimilio-
sua ordenação na frase, varia de sentido:
nário!
O homem pobre (adjetivo) merece ajuda. POSSENTI, Sírio. Os humores da língua. Agenda 2003.
Campinas: Mercado de Letras, 2003.
O pobre (substantivo) merece ajuda.
1. (PUC-MG) Considere as afirmações sobre o emprego das
No caso, a derivação é feita pela mudança de con- H-18 expressões “multimilionário” e “milionário”.
texto. I. A oposição entre os termos “multimilionário” e “milio-
nário”, no texto em exame, não é assegurada exclusi-
3 Composição vamente pelo emprego da partícula “multi”, mas
também pela exploração de um subentendido.
Por composição formam-se palavras novas atra- II. A expressão “multimilionário” encerra uma ideia de
vés da agregação de base com base. Exemplo: exagero, o que caracteriza a figura de hipérbole, por
meio da qual se pretende acentuar uma mudança de
Base Base Palavra nova condição econômico-financeira.
ponta pé pontapé III. A partícula “multi”, empregada nas expressões “multi-
cor”, “multidisciplinar”, com o valor de “muitos”, “diver-
Observação: Considera-se base toda palavra que sos”, “abundante”, entra na composição da palavra
tem significado próprio e que possa servir de supor- “multimilionário” para significar muitas vezes milionário.
te para a agregação de prefixos ou sufixos. Podem Assinale:
ocorrer como formas livres (ou autônomas) ou sem- a) se apenas as afirmativas I e II forem corretas.
pre agregadas a outros componentes da palavra. b) se apenas as afirmativas I e III forem corretas.
Exemplos: c) se apenas as afirmativas II e III forem corretas.
• mar 5 base livre, autônoma. Serve de base para ➜➜d) se todas as afirmativas forem corretas.
mares, marinho, marinha.
2. (ITA-SP) Assinale a opção que apresenta somente pala-
• duz 5 base não autônoma, isto é, não ocorre como vras formadas por derivação parassintética:
forma livre. Mas com o sentido de levar, carre-
a) desvalorização, avistar, resfriado, reintegração, infeliz-
gar, serve de base para muitas palavras da língua
mente.
portuguesa: conduzir, reduzir, deduzir, etc. ➜➜b) expropriar, entortar, amanhecer, desalmado, ensur-
Eis os tipos de composição: decer.
c) escolarização, anti-inflação, retrospectivo, comilão,
Justaposição corpanzil.
d) desigualdade, endurecer, alfabetizar, abençoar, chu-
É o tipo de composição em que as bases se agre- viscar.
gam e conservam a mesma pronúncia que possuíam e) administração, entretela, contrabalançar, semicondu-
em separado. tor, relembrar.
• gira 1 sol 5 girassol 3. (Fatec-SP – Adaptada) Observe os termos destacados
• segunda 1 feira 5 segunda-feira das frases a seguir:
I. Os críticos, mesmo os mais autorizados, refugiam-se,
Aglutinação superficialmente, em considerações de moral políti-
ca (fisiologismo, oportunismo, narcisismo, ilegitimi-
Tipo de composição em que ao menos um dos dade...).
elementos agregados perde a pronúncia que possuía II. A laranja ajuda a regular o metabolismo e a combater
em separado. a anemia. Muita gente desconfia do valor nutritivo
• lobo 1 homem 5 lobisomem do suco pronto para beber em comparação com a
• outra 1 hora 5 outrora laranja espremida na hora.

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III. Sabemos que Minas, Paraná e São Paulo, os estados autor da mensagem, com o coração no ritmo da percus-
que levaram mais a sério o desafio de melhorar suas são. Essa palavra corresponde a um(a):
escolas primárias, são justamente aqueles que estão a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos origi-
disparando na frente. nados em outras línguas e representativos de outras
Os vocábulos destacados são formados pelos processos: culturas.
➜➜b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos
a) I. aglutinação; II. sufixação; III. derivação imprópria.
mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
b) I. justaposição; II. parassíntese; III. prefixação.
c) gíria, que compõe uma linguagem originada em de-
c) I. sufixação; II. sufixação; III. derivação regressiva.
terminado grupo social e que pode vir a se disseminar
➜➜d) I. sufixação; II. prefixação; III. derivação regressiva.
em uma comunidade mais ampla.
e) I. justaposição; II. sufixação; III. prefixação.
d) regionalismo, por ser palavra característica de deter-
4. (Enem) minada área geográfica.
H-22 e) termo técnico, dado que designa elemento de área
Carnavália específica de atividade.
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por
Em casa
mim? TAREFA MÍNIMA
[…] • Leia o texto de aula.
ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Caderno de Exercícios
Tribalistas (CD), 2002. • Faça os exercícios 1 a 4.
No terceiro verso, o vocábulo corasamborim, que é a TAREFA COMPLEMENTAR
junção coração 1 samba 1 tamborim, refere-se, ao Caderno de Exercícios
mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola • Faça os exercícios 5 a 8.
de samba e à situação emocional em que se encontra o

Aula 21 O VERBO: SENTIDO LITERAL DOS TEMPOS

1 A flexão de tempo
O verbo é a única classe de palavras que possui O marco tomado como referência é o momento
desinências específicas para designar o tempo. De- da enunciação, isto é, o momento em que alguém
pendendo da desinência que vem agregada ao ver- fala ou escreve algo.
bo, é possível saber se a ocorrência indicada está O que acontece simultaneamente a esse momen-
acontecendo, já ocorreu ou vai ocorrer. Falando em to configura-se como presente; o que já aconteceu
outros termos, as desinências do verbo indicam o é passado, o que vai acontecer é futuro.
tempo presente, passado ou futuro. Com base nesse princípio, pode-se descrever o
É preciso compreender, porém, que as línguas significado literal dos tempos na língua portuguesa.
não dividem o tempo com critérios científicos, mas Por sentido literal deve-se entender o significado
de acordo com interpretações variáveis que depen- usual de cada tempo, desprezando-se outros senti-
dem do ponto de vista adotado. A língua portugue- dos possíveis.
sa, por exemplo, concebe três tipos de passado e
dois de futuro.
Para entender essa divisão e o significado dela, 2 Sentido literal dos tempos
deve-se considerar que a segmentação do tempo é
feita sempre com base num ponto de referência ado- O esquema reproduzido a seguir deve ser lido
tado como baliza. A partir desse marco, três relações como uma linha do tempo, em que os tempos ver-
são possíveis: simultaneidade, anterioridade e poste- bais vão indicando as diversas segmentações do
rioridade. tempo em língua portuguesa.
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REFERÊNCIA
ANTERIORIDADE POSTERIORIDADE
Momento da fala

S
I
M
U
FUTURO L FUTURO ANTERIOR
DO PRETÉRITO T terei cantado
cantaria (ia cantar) A terei vendido
venderia (ia vender) N terei partido
partiria (ia partir) E
I
D
A
D
E

IMPERFEITO
cantava
vendia
partia

MAIS-QUE-PERFEITO PERFEITO PRESENTE FUTURO DO PRESENTE


cantara (tinha cantado) cantei canto (estou cantando) cantarei (vou cantar)
vendera (tinha vendido) vendi vendo (estou vendendo) venderei (vou vender)
partira (tinha partido) parti parto (estou partindo) partirei (vou partir)

Presente

Indica que o evento enunciado pelo verbo ocorre no momento em que o falante o enuncia.

Agora são 18 horas em São Paulo, o trânsito está confuso, mas caminha ainda que lentamente.

Na verdade, quando se diz que o presente indica uma ocorrência simultânea ao momento da fala, é
preciso considerar que o fato ou o evento considerado como simultâneo possui extensões ou duração mui-
to variadas. Exemplos:

No minuto anterior, os astronautas estavam em terra, agora estão em pleno espaço.


De manhã fazia sol; agora à tarde chove e faz frio.
No século XIX, acreditava-se no milagre da ciência e da técnica: hoje, duvida-se dos seus efeitos.

Futuro do presente e futuro anterior

Hoje é dia 10, dia 12 devolverei para você o livro de exercícios; com certeza, dia 11 já terei
resolvido todos.

Devolverei 5 futuro a partir do presente. Em vez de devolverei, a forma do futuro do presente vou
devolver é mais corrente na língua portuguesa contemporânea e igualmente correta.
Terei resolvido é futuro anterior, isto é, denota uma ocorrência que é posterior (futuro) em relação ao
presente (o dia 11 é posterior ao dia 10), mas é passada em relação ao futuro (dia 11 é anterior ao dia 12).
Daí o nome de futuro anterior.
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Imperfeito e perfeito Observação:
A forma composta (tinha cantado, tinha vendi-
Na sua adolescência, ele praticava corrida de do, tinha partido) do mais-que-perfeito do indica-
carte; cauteloso, bateu uma só vez em toda a sua tivo tem o mesmo significado que a forma simples
carreira. (cantara, vendera, partira) e é mais usual na lín-
gua portuguesa contemporânea.
O imperfeito (praticava) indica uma ocorrên- Têm o mesmo sentido e são igualmente corretas
cia passada com maior duração, uma atividade as duas frases a seguir:
que se estende por um período de tempo; o per-
Fez um resumo do livro que lera na semana
feito, uma ocorrência de duração momentânea,
anterior.
com limite mais preciso que o imperfeito. No caso
Fez um resumo do livro que tinha lido na se-
citado como exemplo, ficaria estranho trocar ba-
mana anterior.
teu (pontual e momentâneo) por batia (linear e
durativo).
Futuro do pretérito
Mais-que-perfeito
Hoje é dia 10, no dia 8 você me telefonou; no
No dia 8 ele saiu com a menina que conhecera dia 9 jantaríamos juntos.
no dia anterior.
Jantaríamos é uma ocorrência passada em rela-
Conhecera indica uma ocorrência anterior a ou- ção ao momento da fala e futura em relação ao dia
tra passada (saiu). De fato, saiu indica algo ocorrido em que você me telefonou (dia 8). Daí o nome de
antes do momento da fala, conhecera indica ocor- futuro (em relação ao dia 8) do pretérito (em rela-
rência anterior a saiu. ção ao dia 10, momento da fala).

Em classe
TexTo para a quesTão 1 b) indique outras formas verbais que tenham, respecti-
Enquanto escrevo estas linhas, as nuvens se acumu- vamente, relação de anterioridade, simultaneidade e
lam sobre esse mundo. A feliz, confiante e promissora posterioridade com a transcrita no item a.
condição que os jovens acabaram por considerar como São acabaram, acumulam (ou “pode estar desmoronan-
o estado “natural” do mundo pode estar desmoronan- do”) e virá (ou “irá se moldar”).
do. Uma depressão econômica talvez esteja à esprei-
ta na primeira esquina. Por isso, é cedo demais para
compreender de que modo as visões de mundo e os
comportamentos profundamente arraigados dos jovens
2. Observe os diferentes usos do tempo presente nos três
de hoje irão se adequar ao mundo que virá, e de que H-18 fragmentos seguintes:
maneira esse mundo irá se moldar a suas expectativas
TexTo I
profundas.
BAUMAN, Zygmunt. “Novos desafios para a educação”. In: Capitalis-
Para que me pôr no tronco
mo parasitário. Rio de Janeiro: Zahar, 2010 [2009]. p. 72. Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
1. No fragmento anterior, o evento expresso por uma das Que nunca vi Sinhá
H-18 formas verbais destacadas é situado no exato momento Por que me faz tão mal
da enunciação e se limita a esse instante. Tendo isso em
Com olhos tão azuis
mente,
Me benzo com o sinal
a) transcreva a forma verbal; Da santa cruz
Trata-se da forma escrevo.
BOSCO, João; BUARQUE, Chico. “Sinhá”. Chico (CD), 2010.
(Trecho da canção “Sinhá”, na qual um escravo se dirige
ao seu “senhor” negando a acusação de ter seduzido
a esposa do fazendeiro.)

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TexTo II Para responder aos itens abaixo, releia o “Imperfeito e
Criciúma e municípios vizinhos enfrentam severo perfeito” da teoria.
problema ambiental decorrente da mineração de carvão. a) Explique por que se optou pelo perfeito em “desco-
Ozônio trata resíduos de mineração. briu consultoria” e pelo imperfeito em “cuidava do
Pesquisa Fapesp, n. 205, mar. 2013. apoio financeiro”.
TexTo III O enunciador opta pelo pretérito perfeito para expres-
A Terra é azul. sar a ação de descobrir a consultoria como algo imedia-
GAGARIN, Yuri. to, pontual, que não se alonga no tempo. Já a tarefa
(Astronauta soviético e primeiro homem a ver
nosso planeta do espaço). dessa consultoria, angariar fundos para o governo dita-
torial, é apresentada ao leitor como algo que se esten-
Embora as três formas verbais destacadas expressem
tempo presente, essa noção temporal se mostra diferen- deu ao longo de um período.
te em cada uma delas. Tendo isso em mente,
a) explique a diferença de sentido entre os verbos des-
tacados nos textos I e II;
Em ambos os textos, a forma verbal expressa um even-
to que ocorre no momento em que o texto é produzido. b) Comente o efeito de sentido que se produziria se a
No primeiro texto, porém, a duração do evento se limita forma financiaram fosse substituída por financiavam.
ao momento da enunciação: no exato instante em que Como se afirma que o trabalho da consultoria se esten-

diz “juro”, o eu lírico pratica a ação de jurar. Já no segun- deu ao longo do tempo, pode-se inferir que o financia-

do texto, o município de Criciúma e outros vizinhos so- mento também teve sua duração estendida. Dessa

friam o “severo problema ambiental” no momento em que forma, a substituição do pretérito perfeito financiaram

o texto foi produzido, mas esse evento já havia começa- pelo imperfeito financiavam não alteraria efetivamente

do antes da enunciação e se estende para além do ins- o conteúdo da notícia, pois haveria apenas uma mudan-

tante em que se produziu o texto. Trata-se, portanto, ça de ênfase: enquanto o texto original destaca o even-

de um presente de duração mais extensa. to em si, a nova versão passaria a enfatizar a duração
dele.

b) explique a duração do tempo presente no texto III.


Na fala de Gagarin, o presente não indica um evento cuja
duração é demarcada: o predicado “é azul” não se refere
ao planeta apenas naquele instante em que ele foi visto
pelo astronauta, ao contrário, expressa uma caracte-
rística atemporal da Terra. 4. Uma importante função dos tempos verbais do pretérito
H-18 é estabelecer a ordem cronológica numa narrativa.
Observe como isso ocorre no fragmento seguinte:
3. No texto a seguir, estão destacadas três formas verbais O avanço tecnológico náutico possibilitara as nave-
H-22 no pretérito. Analise-as para responder ao que se pede: gações transoceânicas, mas velhos problemas a bordo
Comissão da Verdade descobriu consultoria que cuida- se agravavam, assim como novos surgiam, à medida
va do apoio financeiro à repressão que as viagens se tornavam mais longas. A solução de
dificuldades básicas, como a estocagem de água potá-
A Comissão da Verdade anuncia que está abrindo
vel e alimentos, só aconteceria com o passar de vários
nova linha de investigação: além de apurar os respon-
séculos.
sáveis por torturas, desaparecimentos e assassinatos,
GURGEL, Cristina. Doenças e curas – o Brasil nos primeiros séculos.
investigará também empresários que financiaram os cri- São Paulo: Contexto, 2011. p. 84. Adaptado.
mes durante a ditadura militar.
BERGAMO, Mônica. Empresários que apoiaram a tortura Considerando a sequência dos eventos narrados, é cor-
serão investigados. Folha de S.Paulo, 25 set. 2012. reto afirmar que:

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a) agravavam, surgiam e tornavam expressam, nessa
ordem, acontecimentos que ocorrem numa sequên-
Em casa
cia linear.
b) possibilitara e agravavam se referem a eventos si- TAREFA MÍNIMA
multâneos. • Leia o texto de aula.
c) tornavam indica um evento pontual e posterior a Caderno de Exercícios
agravavam, mas anterior a surgiam. • Faça os exercícios 1 a 4.
➜➜d) possibilitara, agravavam e aconteceria, respectiva-
TAREFA COMPLEMENTAR
mente, são eventos que se sucedem numa cadeia
Caderno de Exercícios
cronológica.
• Faça os exercícios 5 a 8.
e) o evento expresso por aconteceria é posterior a ape-
nas alguns outros eventos mencionados no texto.

Aula 22 O VERBO: CONJUGAÇÃO DOS TEMPOS DERIVADOS DO PRESENTE

1 Introdução Subjuntivo

O verbo é a classe de palavras que possui o maior Por meio do modo subjuntivo, o enunciador pre-
número de flexões na língua portuguesa: apresenta tende criar efeito de incerteza perante o que está di-
desinências para indicar a pessoa a que se refere a zendo. O objetivo é declarar um baixo grau de
ação, o número dos envolvidos nela, o tempo em envolvimento com o que está dizendo.
que ela se situa e o modo como o falante declara o
grau e o tipo de envolvimento que ele pretende man- Quem sabe, eu lhe entregue ainda hoje os
ter com ela. móveis encomendados.
Conjugar um verbo significa enumerar todas as
flexões que ele comporta, o que corresponde a regis- Imperativo
trar todas as formas que ele pode assumir nos dife-
rentes contextos de uso da língua. Como são muitas Por meio do modo imperativo, o enunciador quer
essas formas, costuma-se ter certa resistência a esse indicar que pretende que seu interlocutor realize o
tipo de tarefa. que ele está dizendo.
Independentemente das impressões pessoais re-
lativas a essa questão, o fato é que existem estraté- Telefone-me assim que chegar em casa.
gias muito funcionais para conjugar verbos de
maneira menos trabalhosa e mais econômica.
3 Conjugação do presente do indicativo
2 Os modos verbais Dadas as desinências próprias do presente do
indicativo, um falante nativo em estágio de Ensino
Modo é uma das flexões do verbo própria para
Médio é capaz de conjugar a maioria dos verbos
indicar o grau de envolvimento que o falante assume
nesse tempo. Exemplo:
perante o evento ou ação que ele enuncia.
Na língua portuguesa, há três modos verbais. São
Desinências do
eles: falar correr abrir
presente do indicativo

o falo corro abro


Indicativo
s falas corres abres
Por meio do modo indicativo, o enunciador quer
\ fala ∅ corre ∅ abre ∅
sugerir que assume o que diz como certeza, mesmo
que seja para criar efeito de verdade. mos falamos corremos abrimos

is/des falais correis abris


Está descartada a hipótese de orquestração ter-
rorista na explosão da Maratona de Boston em 2013. m falam correm abrem

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Observe que, para agregar as desinências, ocor- Observação 2:
rem algumas adaptações que o falante nativo letrado O esquema de conjugação descrito neste item
faz naturalmente. Na maioria dos casos, a adaptação não é aplicável ao verbo querer e aos demais irre-
se dá por meio das vogais temáticas, que vêm regis- gulares em que a primeira pessoa do presente do
tradas em verde. indicativo não termina em o (dar, estar, haver, ir,
saber, ser). Exemplo:
4 Tempos derivados do presente do Presente do indicativo Presente do subjuntivo
indicativo
Querer Eu quero Eu queira
Presente do subjuntivo Dar Eu dou Eu dê
Estar Eu estou Eu esteja
Do presente do indicativo, forma-se o presente Haver Eu hei Eu haja
do subjuntivo do seguinte modo:
Ir Eu vou Eu vá
• toma-se a primeira pessoa do singular do pre-
sente do indicativo e subtrai-se a desinência o: Saber Eu sei Eu saiba
cant – (o). Ser Eu sou Eu seja
• acrescentam-se ao radical (cant) as terminações
próprias do presente do subjuntivo. 5 Imperativo afirmativo
• as terminações próprias do presente do subjuntivo
para um verbo terminado em ar são: e, es, e, emos, O imperativo afirmativo é proveniente do presente
eis, em. do subjuntivo, exceto nas segundas pessoas (tu e vós).
Para um verbo terminado em er ou ir são: a, as, Para se conseguirem as segundas pessoas do impera-
a, amos, ais, am. tivo afirmativo, tomam-se as mesmas pessoas do pre-
Suponha-se a formação do presente do subjunti- sente do indicativo e subtrai-se delas o s. Exemplo:
vo dos verbos cantar, vender, partir:
• 1o passo: toma-se a primeira pessoa do presente Presente do Presente do
Imperativo afirmativo
do indicativo subjuntivo indicativo
Não tem a primeira
Eu cante
eu canto, eu vendo, eu parto pessoa
Tu cantes Canta tu ←Tu cantas
• 2o passo: subtrai-se a desinência o (sobra o radical) Ele cante → Cante você
Nós cantemos → Cantemos nós
cant – vend – part
Vós canteis Cantai vós ←Vós cantais

• 3 passo: a esses radicais, acrescentam-se as desi-


o Eles cantem → Cantem eles
nências do presente do subjuntivo próprias de ca-
Não é preciso mais que este exemplo, pois este pro-
da conjugação e obtém-se:
cedimento é válido para todos os verbos da língua por-
tuguesa, exceto para as segundas pessoas do imperativo
CANT VEND PART
afirmativo do verbo ser, que têm a seguinte forma:
cante venda parta Sê tu
cantes vendas partas Sede vós
cante venda parta
As demais pessoas são idênticas às do presente
do subjuntivo:
cantemos vendamos partamos Seja você
canteis vendais partais Sejamos nós
cantem vendam partam Sejam vocês

Observação 1: 6 Imperativo negativo


A rigor, essas terminações destacadas em verme-
lho contêm a desinência e ou a, que marca o presen- Do presente do subjuntivo forma-se diretamente
te do subjuntivo, e as demais desinências, que o imperativo negativo. Basta que se coloque a nega-
marcam pessoa e número. ção antes.

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Não cantes (tu) 2. O eu lírico da canção sugere à sua interlocutora que ela
Não cante (você) H-27 não chore à vista de todos, mas que o faça de modo
Não cantemos (nós) discreto. Caso ele não recomendasse a discrição, respei-
Não canteis (vós) tando o padrão culto da língua, o primeiro verso da
Não cantem (vocês) canção deveria ser:
a) “Chore, não disfarce e chore.”
Obs.: o imperativo não tem a primeira pessoa do b) “Chores, não disfarces e chores.”
singular. c) “Chora, não disfarça e chora.”
➜➜d) “Chora, não disfarces e chora.”
Em classe e) “Chore, não disfarces e chore.”

1. Leia o seguinte anún- 3. Sobre o verso “Aproveita a voz do lamento”, é correto


H-27 afirmar que:
cio publicitário:
O anúncio busca per- a) foi escrito segundo a variedade popular da língua,
suadir o leitor a tornar- pois em norma culta se usaria a forma aproveite.
-se doador de órgãos ➜➜b) mantém a uniformidade de tratamento, pois ao lon-
e, para isso, recorre a go do texto se usa a segunda pessoa do singular.
recursos verbais e não c) não mantém o tratamento observado no verso “A
verbais. Entre os recur- pessoa que tanto querias”.
sos do texto voltados d) a forma verbal deveria ser aproveite, para ser condi-
a essa finalidade, po- zente com o tratamento em “E o teu pranto, oh triste
demos apontar: senhora/ Vai molhar o deserto”.
e) foi escrito segundo a variedade culta da língua, que
a) a construção da
em nenhum contexto admite a forma aproveites.
imagem de um
© Reprodução

órgão por meio da 4. O modo verbal imperativo não é o único recurso linguís-
junção de vários H-21 tico por meio do qual se produzem comandos, sejam or-
objetos de valor. dens, pedidos, conselhos, súplicas, etc. Nos trechos a
b) o uso exclusivo de período simples, o que torna mais seguir (extraídos da peça teatral Os ciúmes de um pedestre
acessível o texto. ou O terrível Capitão do Mato, do dramaturgo Martins Pe-
c) verbos no modo subjuntivo, responsáveis pelo efeito na), os comandos foram construídos com outros recursos
de a doação ser vista como algo possível. gramaticais. Reescreva os trechos, substituindo os recur-
d) a polissemia da palavra órgãos, que gera uma ambi- sos destacados pelo modo verbal imperativo.
guidade intencional e expressiva. a) “Se dás um passo, dou-te um tiro.”
➜➜e) verbos no modo imperativo, pelos quais se pede ao
Não dês nenhum passo, senão te dou um tiro.
leitor que doe seus órgãos.
TexTo para as quesTões 2 e 3 b) “Eu espero que o senhor não me lance ao mar.”
Não me lance ao mar, senhor.
Chora, disfarça e chora
Aproveita a voz do lamento c) “Nem uma palavra, e faz o que eu te mando.”
Que já vem a aurora Fica calado/ Não digas nem uma palavra e faz o que eu te
A pessoa que tanto querias
mando.
Antes mesmo de raiar o dia
Deixou o ensaio por outra d) “Direi o que quero e peço que me desculpe.”
Oh, triste senhora, Direi o que quero, desculpe-me.
Disfarça e chora
Todo pranto tem hora Em casa
E eu vejo teu pranto cair
No momento mais certo TAREFA MÍNIMA
Olhar, gostar só de longe • Leia o texto de aula.
Não faz ninguém chegar perto Caderno de Exercícios
E o teu pranto, oh triste senhora • Faça os exercícios 1 a 4.
Vai molhar o deserto. TAREFA COMPLEMENTAR
CARTOLA. “Disfarça e chora”. Disponível em: Caderno de Exercícios
<www.cartola.org.br/letra/01_letra_disfarca_e_chora.htm>. • Faça os exercícios 5 a 8.
Acesso em: 17 jun. 2013.

24 faraday 3 | gramática

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