Você está na página 1de 12

CULTISMO X

CONCEPTISMO
Prof. Josué Jacob
Cultismo
■ O cultismo significa “jogo de palavras”. Também é chamado
de Gongorismo, pois foi inspirado nos textos do poeta espanhol Luis de
Góngora (1561-1627).
■ Conhecido também como Gongorismo, por ter como principal
representante o poeta espanhol Luís de Gôngora, o
cultismo representava a realidade de forma indireta. Na linha de
pensamento do cultismo, o mundo poderia ser descrito por meio das
sensações.
■ Esse estilo utiliza a descrição, termos cultos (preciosismo vocabular),
linguagem rebuscada e ornamental para expressar as ideias.
■ Além do uso desses termos, o cultismo valoriza os detalhes e a forma
textual. É comum o uso de diversas figuras de linguagem (hipérbole,
sinestesia, antítese, paradoxo, metáfora, etc.). Também eram comuns os
trocadilhos.
■ Questionamento, responder à pergunta "como" das coisas;
Cultismo
■ Para compreender melhor essa tendência literária, veja abaixo um soneto do
escritor barroco Gregório de Matos:
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora
das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram
O braço de Jesus não seja parte, 
Pois que feito Jesus em partes todo 

O todo sem a parte não é todo; Assiste cada parte em sua parte. 

A parte sem o todo não é parte;


Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Não se sabendo parte deste todo, 

Não se diga que é parte, sendo o todo.  Um braço, que lhe acharam, sendo parte, 

Em todo o sacramento está Deus todo,  Nos disse as partes todas deste todo. 

E todo assiste inteiro em qualquer parte, 


E feito em partes todo em toda a parte, 
(Gregório de Matos
Em qualquer parte sempre fica o todo. 
Conceptismo
■ O conceptismo significa “jogo de ideias”. Também é
chamado de Quevedismo, pois foi inspirado na
poesia do poeta espanhol Francisco de Quevedo
(1580-1645).
■ Nessa vertente literária, a retórica aprimorada bem
como a imposição de conceitos é notória, a qual se
produz através da apresentação de diversas ideias.
■ Sendo assim, o conceptismo é definido pelo uso de
argumentos racionais, ou seja, do pensamento
lógico, valorizando sempre o conteúdo textual.
Conceptismo
■ O objetivo principal dos escritores
conceptistas era o de convencer o leitor
além de instruí-lo por meio de diversos
argumentos.
■ Em relação ao cultismo, que prezava pela
descrição e o exagero, o conceptismo
preferia a concisão.
■ reflexão, busca pela essência das coisas.
Conceptismo
Além do raciocínio lógico, duas importantes
características desse estilo eram:
■ O Silogismo é um tipo de raciocínio dedutivo que
é formado por três proposições, ele é estruturado
da seguinte forma: duas premissas formam uma
terceira (conclusão), e elas estão interligadas pela
lógica. Por exemplo: 
“Todos os políticos são corruptos
Matheus é um político
Logo, Matheus é corrupto. “
Conceptismo
■ Sofisma – o sofisma se difere do silogismo porque
embora parta de premissas verdadeiras, elas são
utilizadas para criar uma falsa ideia de verdade. O
sofisma simula, propõe uma argumentação que parece
ser verdade e cria um sistema que aparenta seguir as
regras da lógica, mas na verdade leva a uma conclusão
enganosa, incorreta. 
Por exemplo:
“O amor é cego
Deus é amor
Logo, Deus é cego.”
Conceptismo
■ Entenda mais sobre esse estilo literário com o exemplo abaixo em que 
Padre Antônio Vieira critica o estilo cultista:
■ “(...) Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão
empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão
encontrado toda a arte e a toda a natureza? Boa razão é também essa.
O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Por isso Cristo comparou
o pregar ao semear. (...) Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas,
como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se uma
parte está branco, da outra há de estar negro (...). Basta que não
havemos de ver um sermão de duas palavras em paz? Todas hão de
estar sempre em fronteira com o seu contrário? (...) Como hão de ser as
palavras? Como as estrelas. As estrelas são muito distintas e muito
claras. Assim há de ser o estilo da pregação, muito distinto e muito
claro.”
■ (“Sermão da Sexagésima” de Padre Antônio Vieira)
Para um homem se ver a si mesmo são necessárias
três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é
cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem
espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por
falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há
mister* olhos. 

Pe. Antônio Vieira


Mui grande é o vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.
Essa razão me obriga a confiar
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.

(Gregório de Matos)
Referências

■ https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua
-portuguesa/cultismo-e-conceptismo#:~:text
=Cultismo%20%E2%80%93%20questionamento%2C%20responder%20%C3%A0%20
pergunta,busca%20pela%20ess%C3%AAncia%20das%20coisas
.

■ https://www.todamateria.com.br/cultismo-e-conceptismo/

■ https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/cultismo-e-conceptismo

Você também pode gostar