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Profº PAULO MOTA

 Tradicionalmente,
estudamos que o corpo é um
conjunto de órgãos e
sistemas, é a estrutura física
dos animais que, no caso
dos homens, se divide em
cabeça, tronco e membros.
 O resto de que falamos é o raciocínio, os
sentimentos, as memórias, a espiritualidade, a
história do indivíduo e tantas outras coisas que
fazem parte desse corpo. Isso acontece por
causa de uma visão de que, quando falamos em
corpo, estamos nos ferindo apenas à parte
biológica do homem e da mulher. Nesse caso,
estamos nos referindo ao seu organismo.
 A abordagem do corpo na filosofia
ocidental é, predominantemente,
marcada pelo dualismo, entendido,
de maneira geral, como a separação
entre corpo e alma, matéria e
espírito.

Desta forma a concepção dualista de homem privilegia


o espírito, o intelecto, a razão, colocando o biológico
para um segundo plano, muitas vezes submetido a
estes.
 O corpo é entendido por Platão
como um “cárcere” da alma,
que a impede de chegar ao
“real” conhecimento das coisas.
O corpo se deixa levar por
paixões, amores, temores e
imaginações de toda sorte que
impedem o alcance do
conhecimento real.
 Esta frase mostra bem a idéia de corpo como
lugar da mente, como suporte, como acessório.
Mostra um corpo, enquanto aparato biológico,
subjugado à mente e que só tem importância
enquanto suporte saudável para o
desenvolvimento da mente.
 Percebemos aqui o
entendimento de corpo
meramente no seu aspecto
biológico. O corpo é um
conjunto de órgãos,
organizado por leis da
fisiologia, que nada mais é do
que o suporte da parte mais
nobre do ser humano, a alma,
ou a mente.
 Esta é uma visão dualista de homem, que
divide o ser em duas partes distintas, que
interagem, mas que também possuem uma
relação quase hierárquica entre elas. A partir
dessa idéia, pode-se perceber uma valorização
daquilo que é próprio da mente, em detrimento
daquilo que é próprio do corpo (organismo).
 Na idade média vamos ter um entendimento de
corpo, como sendo a parte do ser humano que precisa
ser subjugada pelo espírito. O corpo é o lugar do
prazer e do pecado, enquanto o espírito é a parte do
ser humano que o liga a Deus. Neste entendimento o
objetivo do homem é cultivar o que é próprio do
espírito, em detrimento do que é próprio do corpo. O
que é próprio do espírito eleva até Deus, enquanto o
que é próprio do corpo leva ao pecado.
 Ainda no século XIX, vamos encontrar no
pensamento de Nietzche uma crítica à tradição
dualista e uma valorização do corpo na
compreensão do homem. No seu pensamento,
a existência do homem só tem sentido naquilo
que lhe seria mais humano, seu próprio corpo.
A partir do corpo, o homem pode agir, e
agindo, pode conseguir sua realização como
homem.
 O corpo faz-se presente em todos os atos
humanos, é a vida em plenitude, em toda a sua
força. Desprezar o corpo é negar a vida e o
próprio ser, pois eu não tenho um corpo, eu sou
um corpo.
 Ao valorizar o corpo, não estamos desprezando
a consciência, esta pertence integralmente ao
corpo.
 Para o filósofo Merleau-
Ponty, é a partir do corpo que
o sujeito humano se situa no
mundo e que conhece. O
corpo não é objeto, nem idéia,
é a expressão singular da
existência do ser humano que
se move, que vive.
 O corpo é situado historicamente, é fruto da
cultura e ao mesmo tempo criador de cultura.
O corpo marca a própria existência do ser
humano que é inteligível, sensível, sexual,
biológico, artístico, etc. Entendemos o corpo
como fruto do entrelaçamento do que é natural
e do que é cultural.
 Desta forma, o corpo não é
entendido mais apenas no
seu aspecto biológico,
fisiológico, mas também no
seu aspecto cultural. O
corpo humano é fruto do
que é biológico e da cultura
em que o indivíduo está
situado.
 Este é um entendimento de corpo em uma
percepção totalmente contrária daquelas
dualistas, que o entendiam apenas no seu
aspecto biológico, para ser entendido como a
própria existência e plenitude do ser humano.
 Linguagem é um distintivo do
ser humano e, enquanto tal, é um
dado que acompanha a história
da humanidade. Desde a
Antiguidade mais remota, ela
sempre tem sido um recurso
indispensável para a organização
coletiva do trabalho e para o
estabelecimento das relações
sociais.
 O corpo é uma “casa”
cheia de linguagens –
vozes, sorrisos,
sensualidade, sexualidade,
raça, etnia – no sentido que
são marcas vivas,
significantes, mutáveis,
temporais, históricas.
 Os corpos falam uma
multiplicidade de vozes,
movimentos e corpos
que se apresentam de
forma diferenciada nos
posicionamentos de cada
indivíduo, de cada
jovem, de cada adulto.
 A linguagem corporal é a maneira pela qual a
comunicação é marcada pela intencionalidade
do corpo. O corpo é o elemento central da
comunicação. Emitimos mensagens corporais,
somos mímicos, expressamo-nos com gestos,
choro, riso, dor, grito, ruído, respiração, até
pelo próprio silêncio. Todos esses e outros
elementos são conteúdos de expressão da nossa
linguagem.
 O conhecimento sensível,
estético, expresso na
linguagem do movimento
é tido como secundário,
marginalizado do contexto
cultural, no máximo
complemento de atividade
racional e produtiva.
 Pela expressão corporal, diferenciamo-nos das
outras pessoas, marcamos a nossa presença,
nossa identidade. O lógico iguala-nos, o
sensível diferencia-nos. Talvez por isso, o
movimento e o corpo sejam tão castrados, já
que vivemos numa sociedade massificada.
As expressões não-verbais não são
consideradas na aprendizagem, mas deveriam.
A linguagem corporal diz muito a respeito de
nós mesmos, no olhar, no tom de voz, no tônus
muscular.

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