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Visão Geral d´Os Lusíadas

Enquadramento

• Camões viveu no século XVI;

• Assiste ao fim do ciclo dos descobrimentos, mas os movimentos


culturais do século XV vão servir de inspiração à realização da sua
obra;
Renascimento

• Movimento intelectual e cultural que nasceu em Itália no século XV.

• Pretende fazer renascer os ideais e modelos da Antiguidade


clássica.

Humanismo

• Movimento ideológico e literário renascentista que assenta num


sistema de valores de elevação da dignidade do Homem.

Classicismo
• Corrente estética renascentista caracterizada por uma inspiração
nos modelos clássicos greco-latinos na literatura (como a epopeia) e
na arte.
As influências d’Os Lusíadas
O género épico remonta à antiguidade greco-latina, sendo os seus
expoentes máximos, na antiguidade, Homero e Virgílio.
Trata-se de um género narrativo, em verso, destinado a celebrar
feitos grandiosos de heróis fora do comum, reais ou lendários, em estilo
elevado. Tem, pois, fundo histórico, ainda que não se trate de narrativas
históricas: com efeito, normalmente, a base histórica de poemas como a
Ilíada, a Odisseia ou a Eneida perde-se por detrás da sua transfiguração
estética, poética, sob a forma de narrativas de lendas e mitos ligadas a esses
acontecimentos históricos – a guerra de Troia, a fundação de Roma…
A epopeia visa celebrar feitos grandiosos de um herói ou heróis, reais ou
lendários, como ficou dito, mas integrantes de grupos étnicos cujas
tradições e história assumem e são, assim, celebrados poeticamente.

Amélia Pinto Pais, Para compreender Os Lusíadas. Porto, Areal Editores, 1992, p.15

Os Lusíadas são um poema épico (texto narrativo em verso), que


imita os modelos da antiguidade greco-latina.
Luís de Camões recorreu a várias fontes para escrever Os Lusíadas:

• fontes históricas - as crónicas de Fernão Lopes, de Rui de Pina e de


João de Barros;

• fontes literárias - as epopeias greco-latinas Ilíada e Odisseia de


Homero (grego) e a Eneida de Virgílio (romano); Trovas à Morte de
Inês de Castro de Garcia de Resende.
Estrutura interna

Obedecendo às regras do género épico, Os Lusíadas dividem-se em


quatro partes:
O poeta apresenta o assunto do poema (Canto I, estâncias 1 a 3).
Proposição
O poeta invoca as ninfas do Tejo, pedindo-lhes inspiração para
Invocação escrever o poema (Canto I, estâncias 4 e 5).

Dedicatória O poeta dedica o poema ao rei D. Sebastião (Canto I, estâncias 6 a


18).
Narração Narração da ação (Canto I, estância 19 até ao final do poema);
inicia-se «in medias res», ou seja, no meio da ação, uma vez que
no começo da narração as naus estão a meio da viagem,
encontrando-se já no Oceano Índico;
desenvolve-se em torno da viagem da descoberta do caminho
marítimo para a Índia;
é narrada também a História de Portugal.
Estrutura externa

• 10 Cantos
Correspondem a 10 partes, do Canto I ao Canto X.

•Estrofes
Os Lusíadas são compostos por 1102 estrofes.
A estrofe n’Os Lusíadas recebe o nome de estância.
Cada estrofe é uma oitava, isto é, tem oito versos.

• Versos
Cada verso tem dez sílabas métricas:
Ex.: As / ar /mas / e os / ba / rões / a / ssi / na / la / dos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Os versos são predominantemente heroicos (acentuados na 6ª e 10ª


sílabas):
Ex.: As / ar /mas / e os / ba / rões / a / ssi / na / la / dos
• Rima
O esquema rimático é fixo.
A rima é cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois
últimos:

As armas e os barões assinalados a

Que da ocidental praia Lusitana b


Por mares nunca de antes navegados, a
Passaram ainda além da Taprobana, b Rima cruzada
Em perigos e guerras esforçados a
Mais do que prometia a força humana, b
E entre gente remota edificaram c
Rima emparelhada
Novo Reino, que tanto sublimaram; c
Planos temáticos

A obra organiza-se em quatro planos:

• Plano da Viagem: onde se relata a viagem de Vasco da Gama;


constitui a ação central do poema, associado ao Plano dos deuses;

• Plano Mitológico: onde intervêm os deuses mitológicos;

• Plano da História de Portugal: onde se relatam factos da História


de Portugal;

• Plano das Considerações do Poeta: momentos de reflexão do


poeta, que surgem sobretudo em finais de Canto.
Uma epopeia deve incluir aspetos como:

• Mitologia pagã
O poema integra diversos deuses mitológicos, que intervêm na ação.
A sua ação designa-se também Maravilhoso pagão.

• Profecias
Ao longo do poema, surgem várias profecias feitas por diversos
intervenientes.

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