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A Composição do Ar
É de crer que logo no início da sua presença na Terra os primeiros homens tivessem
percebido que viviam mergulhados num meio (o ar) que lhes era indispensável à vida. Na sua
mente ainda confusa, mas já desperta, reconheceriam o prazer de assomar ao buraco da caverna
que lhes servia de habitação protetora, e de aspirar profundamente o ar circundante. Qualquer
coisa lhes penetrava pela boca e pelas narinas, coisa agradável, reconfortante, e que, segundo lhes
deveria parecer, tornava a sair pelas mesmas entradas, esvaziando-lhes a caixa torácica.
Reconheceriam também que os mortos já não praticavam essa função (não respiravam) e que
certamente ela estava associada a toda a atividade do homem, pois bastaria tapar-lhe a boca e
apertar-lhe as narinas demoradamente para que a morte se apoderasse dele.
Não admira que durante milénios o ar, que ninguém vê, fosse imaginado como um ser
sobrenatural que penetrava no corpo dos homens e lhes concedia a vida. Um deus, portanto. Assim
foi considerado o ar como um deus muito temido, umas vezes protetor, quando se deixava aspirar
em haustos1 reconfortantes, outras vezes terrível, quando bramia 2, soprava, assobiava, fazia
estremecer as robustas árvores e as arrancava do solo, tombando-as. Um deus que merecia toda a
veneração e respeito.
Depois, à medida que os milhares de anos se forem sucedendo, quando os homens
começaram a olhar para a Natureza dirigindo-lhes perguntas de resposta difícil – quem fez o
Universo?, como é que tudo foi construído? Que materiais teriam sido utilizados na sua
formação? – o ar passou a ter um papel importante na interpretação de muitos factos
observados. Assim, há 25 séculos, pensavam os filósofos que o Universo fora todo construído a
partir de quatro «materiais», dos quais um deles era exatamente o ar. Os outros três eram a água, a
terra e o fogo. Não pen- savam bem esses homens, como depois se tornou evidente, mas viveram-
se largas centenas de anos com essa errada convicção.
Rómulo de Carvalho, A Composição do Ar, Coleção Cadernos de Iniciação Científica 10, Sá da Costa
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1
haustos – trago, gole (exemplo: gole de água).
2
bramia – ressoava.
1. As afirmações de a) a g) referem-se a informações contidas no texto.
Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem dos factos descritos. Começa a sequência
pela letra f). (9 pontos)
2. Indica a expressão do texto a que se refere o pronome «lhes» (linha 6). (3 pontos)
GRAMÁTICA
2. Indica a função sintática dos elementos sublinhados nas seguintes frases: Pedro apanhou um
grande susto.
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a) O raio era assustador.
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b) Pedro agiu mal ao desobedecer à mãe.
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c) Pedro, vem cá.
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d) Ele saiu de casa.
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e) O menino foi atingido por um raio.
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3. Lê o excerto transcrito.
Transcreve para cada uma das colunas uma palavra correspondente à classe gramatical
referida.
«A distância entre as duas margens não era grande e João Sem Medo morria de fome. Não
hesitou, pois. Despiu-se e com a trouxa de roupa à cabeça penetrou no líquido esverdinhado de
limos, crente de que alcançaria facilmente a nado o laranjal apetecido.» (linhas 1-4)