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Ano letivo 2021/ 2022

TESTE DE PORTUGUÊS N.º 1 – 11.o ANO

Duração: 90 minutos

Grupo I – Audição e compreensão oral

Para responderes aos itens 1.1. a 1.4., ouve a gravação e segue as instruções.
Fonte: www.tsf.pt (consultado em 28/09/2020)
(https://iave.pt/wp-content/uploads/2021/09/audio_Port-DivulgacaoPublica-2021-1.mp3)

1. Assinala na folha do teste, nos itens 1.1. a 1.4., a opção que completa cada afirmação, de
acordo com o texto.

1.1. Odisseu é o nome do herói da Odisseia


A. na primeira tradução de Frederico Lourenço.
B. em todas as traduções de Frederico Lourenço.
C. na mais recente tradução de Frederico Lourenço.

1.2. Com a referência à Bíblia, pretende-se


A. pôr em destaque a importância da Odisseia.
B. contrariar a importância atribuída à Odisseia.
C. acentuar a dificuldade de traduzir a Odisseia.

1.3. A Ilíada é referida para introduzir o tópico relativo


A. ao herói da Odisseia.
B. ao autor da Odisseia.
C. ao tradutor da Odisseia.

1.4. No final do texto, o locutor lê o início da Odisseia para


A. exemplificar o encanto que a obra mantém ao fim de vinte e sete séculos.
B. ilustrar as muitas dúvidas dos especialistas em relação ao autor da obra.
C. mostrar o saber acumulado por séculos de estudo dedicado à obra

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Grupo II – Leitura e compreensão escrita


TEXTO A

Lê o texto seguinte, com atenção.

A origem da vida

Na sua obra magistral, A Origem das Espécies (ou, usando o título completo, Sobre a
Origem das Espécies através da Seleção Natural, ou a Preservação das Raças Favorecidas na
Luta pela Vida), se há coisa de que o naturalista inglês Charles Darwin não fala é sobre a
origem das espécies. Ou melhor, sobre a origem da vida. No final do livro, Darwin menciona
5 a possibilidade de todos os organismos terem tido origem numa única forma primordial,
mas em privado pensava que essas origens antigas eram irrecuperáveis. Na segunda edição,
Darwin incluiu um comentário em que afirmava ser possível conceber um Criador que tenha
permitido às espécies criarem-se a si próprias, e que as primeiras formas orgânicas tenham
adquirido vida a partir do “sopro do Criador”. Darwin foi-se tornando agnóstico ao longo da
10 vida, mas não era imune a pressões e o Criador tem muitos amigos! De qualquer forma,
quem comprou A Origem das Espécies à espera de uma explicação cabal acerca da origem
das espécies terá provavelmente pensado em exigir o dinheiro de volta.
No entanto, já em finais do século XIX, Darwin e o físico inglês John Tyndall notaram que
a evolução biológica teria sido necessariamente antecedida de uma certa forma de
15 evolução química. Mas o tema não entusiasmava ninguém. Darwin tinha evidentemente
mais que fazer, digladiando-se pela seleção natural, a origem do homem, o papel do sexo na
evolução e outros sarilhos em que já estava metido.
Alexander Oparin, bioquímico soviético, tinha aparentemente mais tempo livre e, em
1924, publicou um livro intitulado A Origem da Vida, em russo. Ninguém lhe ligou até 1936,
20 quando a obra foi traduzida para várias línguas. Felizmente, para animar os leitores anglo-
-saxónicos, aborrecidos pela espera da tradução, o biólogo inglês John Scott Haldane
publicou, em 1928, um artigo intitulado «Science and human life» acerca do mesmo
assunto.
As teorias de Oparin e Haldane são semelhantes: a vida teve origem em pequenas
25 moléculas dos mares primitivos (uma espécie de sopa da pedra de moléculas simples) onde
uma tempestade, um raio ultravioleta, um fenómeno radioativo, um naufrágio ou algo do
género levou à formação de moléculas cada vez maiores e mais complexas, até que a
complexidade era tanta que a coisa só podia ser viva.
Uma evidência estrondosa da origem da vida no mar é que a abundância relativa dos
30 iões de sódio, potássio e cálcio no sangue é muito semelhante à da água do mar. A base do
nosso sangue é, por assim dizer, água do mar diluída. Pode-se manter certos órgãos e
tecidos vivos e em funcionamento durante algum tempo fora dos respetivos organismos,
desde que mergulhados numa solução contendo cloretos de sódio, potássio e cálcio em
percentagens relativas semelhantes às da água do mar.
Carlos Fiolhais e David Marçal, Darwin aos Tiros e Outras Histórias de Ciência
in https://www.instituto-camoes.pt/ (consultado em 18.10.2021).

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Assinala, na folha do teste, as opções corretas para cada um dos itens.

1. Segundo os autores, a obra A Origem das Espécies de Darwin


(A) não espelha, em termos de conteúdo, o que era expectável a partir do título.
(B) apresenta várias teorias, algumas contraditórias, sobre a origem das espécies.
(C) ajudou a desmistificar a ideia de que há um criador responsável pela origem das espécies.
(D) apresenta uma explicação lógica e completa sobre a origem das espécies.
2. Darwin acreditaria que era
(A) fácil recuperar as antigas origens das espécies.
(B) possível identificar a origem primordial das espécies.
(C) expectável descobrir a origem primordial das espécies.
(D) impossível detetar a origem primordial das espécies.
3. Na expressão “o Criador tem muitos amigos” (l. 10), estamos perante uma
(A) metáfora.
(B) perífrase.
(C) hipérbole.
(D) ironia.
4. No contexto em que surge, o termo “cabal” (l. 11) pode ser substituído por
(A) sucinta.
(B) completa.
(C) incoerente.
(D) incompleta.
5. De acordo com o texto, Oparin e Haldane têm em comum
(A) a publicação das suas obras sobre as origens da vida no mesmo ano.
(B) a tradução das suas obras em várias línguas.
(C) o desprezo a que as suas obras foram votadas até 1935.
(D) a mesma teoria acerca da origem da vida.

6. Um dos aspetos que ajuda a comprovar que a origem da vida pode estar no mar é o facto de
(A) o nosso sangue ser composto por água do mar diluída, contendo, por isso, iões de sódio,
potássio e cálcio.
(B) certos órgãos do corpo humano continuarem a funcionar fora dos respetivos organismos.
(C) no nosso sangue existirem níveis de iões de sódio, potássio e cálcio próximos dos que se
encontram na água do mar.
(D) o nosso sangue revelar uma maior abundância relativa dos iões de sódio, potássio e cálcio
comparativamente com a água do mar.
7. Releia novamente o primeiro parágrafo do texto e transcreva
a) a expressão que traduz a tentativa de retificar/explicitar melhor uma ideia já proferida.
b) o termo que, no contexto, é sinónimo de isento.
c) a metáfora aí presente.

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Educação Literária

Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem. Ilustra, sempre
que possível, as tuas respostas com expressões retiradas do texto.

TEXTO B

«Eu cantei já, e agora vou chorando


o tempo que cantei tão confiado;
parece que no canto já passado
se estavam minhas lágrimas criando.

Cantei; mas se me alguém pergunta: Quando?


Não sei; que também fui nisso enganado.
É tão triste este meu presente estado
que o passado, por ledo, estou julgando.

Fizeram-me cantar, manhosamente (1),


contentamentos não, mas confianças;
cantava, mas já era ao som dos ferros.

De quem me queixarei, que tudo mente?


Mas eu que culpa ponho às esperanças
onde a Fortuna injusta é mais que os erros?»

Luís de Camões

(1) manhosamente: ao engano.

Responde, de forma sucinta e clara, às questões seguintes. Ilustra, sempre que possível, as
tuas respostas com expressões retiradas do texto.

1. Define o tema deste poema.


2. Menciona o assunto.
3. O sujeito lírico reflete sobre dois momentos da sua vida. Identifica-os e contrasta o estado
de espírito em cada um deles.

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TEXTO C

«Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes
sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a
corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela
que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o
sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os
pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os
ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal
não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa
salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é
porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se
não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo
isto verdade? Ainda mal!
Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar; que se há-de
fazer a este sal e que se há-de fazer a esta terra? O que se há-de fazer ao sal que não salga,
Cristo o disse logo: Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur
foras et conculcetur ab hominibus. «Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador
faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há-de fazer, é lançá-lo fora como inútil para que
seja pisado de todos.» Quem se atrevera a dizer tal cousa, se o mesmo Cristo a não
pronunciara? Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a
cabeça que o pregador que ensina e faz o que deve, assim é merecedor de todo o desprezo e
de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra ou com a vida prega o contrário.
Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga. E à terra que se não deixa salgar, que
se lhe há-de fazer? Este ponto não resolveu Cristo, Senhor nosso, no Evangelho; mas temos
sobre ele a resolução do nosso grande português Santo António, que hoje celebramos, e a
mais galharda e gloriosa resolução que nenhum santo tomou.
Pregava Santo António em Itália na cidade de Arimino, contra os hereges, que nela
eram muitos; e como erros de entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fazia
fruto o santo, mas chegou o povo a se levantar contra ele e faltou pouco para que lhe não
tirassem a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande António? Sacudiria o pó
dos sapatos, como Cristo aconselha em outro lugar? Mas António com os pés descalços não
podia fazer esta protestação; e uns pés a que se não pegou nada da terra não tinham que
sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo? Isso
ensinaria porventura a prudência ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que
ardia naquele peito, não se rendeu a semelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o
púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a
terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me não querem ouvir os homens,
ouçam-me os peixes. Oh maravilhas do Altíssimo! Oh poderes do que criou o mar e a terra!
Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os
pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava e
eles ouviam.
Se a Igreja quer que preguemos de Santo António sobre o Evangelho, dê-nos
outro. Vos estis sal terrae: É muito bom texto para os outros santos doutores; mas para Santo
António vem-lhe muito curto. Os outros santos doutores da Igreja foram sal da terra; Santo
António foi sal da terra e foi sal do mar. Este é o assunto que eu tinha para tomar hoje. Mas
há muitos dias que tenho metido no pensamento que, nas festas dos santos, é melhor pregar
como eles, que pregar deles. Quanto mais que o são da minha doutrina, qualquer que ele
seja tem tido nesta terra uma fortuna tão parecida à de Santo António em Arimino, que é força
segui-la em tudo. Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja, e noutras, de manhã e de
tarde, de dia e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira, e a

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que mais necessária e importante é a esta terra para emenda e reforma dos vícios que a
corrompem. O fruto que tenho colhido desta doutrina, e se a terra tem tomado o sal, ou se
tem tomado dele, vós o sabeis e eu por vós o sinto.
Isto suposto, quero hoje, à imitação de Santo António, voltar-me da terra ao mar, e já
que os homens se não aproveitam, pregar aos peixes. O mar está tão perto que bem me
ouvirão. Os demais podem deixar o sermão, pois não é para eles. Maria, quer dizer, Domina
maris: «Senhora do mar»; e posto que o assunto seja tão desusado, espero que me não falte
com a costumada graça. Ave Maria.»

In Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes

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1. Atenta no conceito predicável deste sermão: “Vós sois o sal da terra”.


1.1. A quem se refere o pronome pessoal “Vós”?
1.2. Interpreta a frase.
2. A terra está tão corrupta que a culpa pode ser da responsabilidade quer dos pregadores,
quer dos ouvintes.
2.1. Explicita a responsabilidade de uns e de outros.
4. Refere em que medida o Padre António Vieira se identifica com Santo António.
5. Transcreve do texto o excerto que mostre o objetivo do orador ao escrever este sermão.
6. Refere três recursos estilísticos usados pelo orador, neste excerto da obra, mencionando
a respetiva expressividade.

Grupo III – Expressão escrita

Escolhe um dos temas e escreve um texto expositivo-argumentativo, entre 180 palavras e


240 palavras. Usa, para isso, diversos recursos estilísticos, tais como, por exemplo, os
seguintes: perguntas de retórica; figuras de retórica; sinais de pontuação, nomeadamente o
ponto de exclamação e o ponto de interrogação; entre outros.

Tema A) Imagina que te dirigias a todos os portugueses, pela televisão, e que querias dar
três conselhos importantes, bem fundamentados, que fariam de Portugal um país e uma
sociedade melhores.

Tema B) Redige um discurso a proferir na ONU subordinado ao tema “As alterações


climáticas e os seus efeitos nefastos para as gerações futuras”.

Bom trabalho!

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