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UFCG CCBS

PROCESSOS PATOLÓGICOS GERAIS


LESÕES CELULARES

Professor: Zenóbio Fernandes


Fevereiro 2016
LESÕES CELULARES

 Ocorre quando as células são submetidas a um estresse tão severo


que não são mais capazes de se adaptar ou quando são expostas a
agentes perniciosos
 Lesão celular reversível com alterações morfofuncionais do
microambiente celular se o dano nocivo for depletado
====DEGENERAÇÃO
 Lesão celular irreversível e morte celular: um ponto bioquímico
irreversível? ATAQUE LETAL configurando a necrose e
apoptose
Necrose e apoptose

 Necrose: o dano às membranas é severo, as enzimas lisossômicas


entram no citoplasma e digerem a célula e os componentes
celulares vazam, resultando em NECROSE
 Alguns estímulos nocivos ao DNA , induzem outro tipo de morte
celular, a APOPTOSE , com dissolução nuclear sem perda total
da integridade das membranas
 Necrose é sempre patológico, já apoptose pode ocorrer em
funções normais sem haver necessariamente a lesão celular
Causas de lesões celulares

 Variam desde uma grande violência física externa de um acidente


automobilístico a causas endógenas , tais como mutações
genéticas sutis causando a ausência de uma enzima vital que
altera a função metabólica normal
 Anóxia-hipóxia
 Agentes físicos, químicos e drogas
 Agentes infecciosos
 Reações imunes
 Distúrbios genéticos e desequilíbrios nutricionais
Ausência de oxigênio

 Hipóxia com redução da respiração aeróbica oxidativa da célula

 Isquemia: perda do suprimento sanguíneo por uma obstrução do


fluxo arterial ou redução da drenagem venosa de um tecido;
compromete-se não apenas o oxigênio, mas substratos
metabólicos como glicose. Consequentemente tecidos isquêmicos
são mais danificados rapidamente que os tecidos hipóxicos
Agentes físicos, químicos e drogas

 Trauma mecânico, temperatura extrema, mudanças bruscas na


pressão atmosférica, radiação e choque elétrico
 Glicose, NaCl, oxigênio em altas concentrações; arsênico, cianeto
e sais de mercúrio podem destruir um grande número de células
em minutos e causar a morte
 Poluentes do meio ambiente ou do ar, inseticidas e herbicidas;
ameaças industriais e ocupacionais como o monóxido de carbono
e asbestos; álcool e tabagismo
Agentes infecciosos

 Variam desde prions, vírus submicroscópicos a grandes helmintos


(tênia). Entre eles estão riquétsias, bactérias, fungos e formas
mais desenvolvidas de parasitas
 REAÇÕES IMUNES: reação anafilática a uma proteína estranha
ou a uma droga; reações aos auto-antígenos
 DISTÚRBIOS GENÉTICOS: trissomia do 21; redução da vida
dos eritrócitos pela substituição de um único aminoácido na
hemoglobina S, na anemia falciforme; erros inatos do
metabolismo pela falta de uma única enzima
Desequilíbrios nutricionais

 Principal causa de lesão celular


 Deficiência proteico-calórica com morbimortalidade
impressionante em países subdesenvolvidos
 Deficiência de vitaminas específicas
 Anorexia nervosa, bulimia ou desnutrição auto-induzida
 Aterosclerose, obesidade pelos distúrbios do lipidograma
 Diabetes mellitus
MECANISMOS DAS LESÕES
CELULARES
 A resposta celular a estímulos nocivos depende do tipo, da lesão,
sua duração e sua gravidade. Pequenas doses de uma toxina ou
breve período de isquemia podem causar uma lesão reversível,
enquanto grandes doses desta mesma toxina ou exposição longa
da isquemia leva a irreversibilidade da lesão tecidual e morte
celular.
 As consequências da lesão dependem do tipo, estado e grau de
adaptação da célula danificada. O estado nutricional e hormonal
da célula e suas necessidades metabólicas são importantes na
resposta às lesões
Mecanismos de lesões celulares

 O miócito estriado cardíaco tem uma resposta diferente do


miócito estriado esquelético frente a hipóxia
 A exposição de duas pessoas a concentrações idênticas de uma
toxina, como o tetracloreto de carbono, pode não produzir
nenhum efeito em uma e morte celular em outra. Isto ocorre
devido a variações genéticas que afetam a quantidade e a
atividade das enzimas hepáticas que convertem a substância em
metabólitos tóxicos
Alvos dos estímulos nocivos da
lesão celular
 Respiração aeróbica envolvendo a fosforilação mitocondrial
oxidativa e a produção de ATP
 Integridade das membranas celulares, da qual depende a
homeostasia iônica e osmótica da célula e suas organelas
 Síntese proteica
 Citoesqueleto
 Integridade do componente genético da célula
Diminuição do atp

 A diminuição de ATP e a redução de sua síntese frequentemente


estão associados a lesões hipóxicas e químicas
 ATP: fosfato de alta energia é necessário para vários processos
sintéticos e de degradação celular
 Transporte pela membrana, síntese proteica, lipogênese são
alguns processos
 Gênese do ATP: fosforilação oxidativa mitocondrial com redução
de um elétron do ADP e outra via ou glicolítica sem oxigênio
usando glicose dos fluidos corporais ou da hidrólise de H
OUTROS EFEITOS DA
REDUÇÃO DO ATP
 A redução do ATP leva tbém a glicólise anaeróbica projetada para
manter as fontes de energia celular por meio da glicose derivada
do glicogênio que é rapidamente depletado
 Acúmulo de ácido láctico e ésteres de fosfato com redução do pH
intracelular
 Ruptura dos mecanismos de síntese proteica pelo descolamento
dos ribossomos do REG e dissociação dos polissomos em
monossomos
 Dano irreversível às membranas mitocondriais e lisossomais,
levando à necrose celular
EFEITOS DA REDUÇÃO DO ATP <
5% A 10% DOS NÍVEIS NORMAIS
 Atividade da bomba de sódio da MP dependente de energia
reduzida com acúmulo intracelular de sódio e perda de
potássio=ganho líquido do soluto com águaedema e
dilatação do RE
 Cálcio intracelular e a perda da homeostasia: o Ca ++ citossólico
livre é mantido em torno de 0,1 µm e no MEC (1.3 mM) e a
maior parte deste íon é sequestrada nas mitocondrias e RE
 Ativação de várias enzimas fosfolipases, proteases, ATPases e
endonucleases
Dano mitocondrial

 Organela altamente vulnerável a todo e qualquer dano à célula:


isquêmico ou tóxico
 Danifica-se pelo aumento do cálcio, pelo estresse oxidativo, pela
degradação dos fosfolipídios e pela peroxidação lipídica
 Poro de transição de permeabilidade mitocondrial de alta
condutância na membrana interna
 Extravasamento do citocromo c é um componente integral da
cadeia de transporte de elétrons podendo iniciar a via de morte da
APOPTOSE
Acúmulo de radicais livres
derivados do oxigênio
 As células geram energia reduzindo o oxigênio molecular em
água
 Espécies reativas de oxigênio parcialmente reduzidas produzindo
radicais livres que danificam lipídios, proteínas e ácidos
nucleicos
 As células têm sistemas de defesa para neutralizar estas espécies
e os danos provocados as mesmas  desequilíbrio desses
sistemas leva a um ESTRESSE OXIDATIVO
 Lesões mediadas por radicais livres contribuem para processos
variados quanto lesões químicas e por radiação, lesão por
reperfusão, envelhecimento celular e eliminação de
microorganismos
Radicais livres

 São espécies químicas que têm um único elétron não pareado na


órbita externa. A energia criada por esta configuração instável
reage com proteínas, lipídios e carboidratos

 Reações autocatalíticas nas quais as moléculas com as quais eles


interagem são convertidos em radicais livres para propagar a
cadeia de danos
Radicais livres

 Absorção de energia radiante como luz UV e raios x


 Metabolismo enzimático de substâncias químicas exógenas ou
drogas como o CCl 4 pode gerar o CCl3
 Reações de redução-oxidação nos processos metabólicos
normais o oxigênio é reduzido pela adição de 4 elétrons
gerando água
 São produzidos intermediários tóxicos como superóxido,
peróxido de hidrogênio e hidroxila
Superóxido o² -

 Produzido por extravasamento no transporte mitocondrial de


elétrons ou na resposta inflamatória; na mitocôndria, a CoQ
permite a transferência de elétrons para O2
 4H
Peróxido de hidrogênio H²0²

 Os ânions 0² são catabolizados pelo superóxido-desmutase


(SOD) no citossol produzindo H²O². Também é produzido por
muitas oxidases nos peroxissomos citoplasmáticos. Este
composto não é particularmente lesivo, e é catabolizado até H²O
pela catalase.
 Entretanto quando é produzido em excesso, é convertido em OH-
altamente reativo
 Nos neutrófilos, a mieloperoxidase MPO transforma H²O² no
radical hipoclorito (OCl,_) que é letal para microorganismos e
células
Radical hidroxila oh_

 Podem ser formadas na reações seguintes: radiólise da água,


reação de Fenton ou H²O² com ferro ferroso e reação de Haber-
Weiss O² _ com H²O²
 Molécula mais reativa das FOR e pode lesar os tecidos por três
vias: peroxidação lipídica, interações proteicas e lesão ao DNA
Peroxidação lipídica

 A OH- remove um átomo de H dos ácidos graxos insaturados dos


fosfolipídios da MP formando um radical lipídico livre este
reage com oxigênio molecular == radical peróxido lipídico
 Este é o INICIADOR da cadeia de danos REMOVENDO um
outro átomo de hidrogênio de um segundo ÁGI perpetuando a
cadeia de danos com a lesão na permeabilidade da MP celular
Interações proteicas
 Os aminoácidos que contém enxofre como cisteína, prolina, metionina,
arginina e histidina são vulneráveis a ação dos radicais OH_
 Consequentemente, as proteínas sofrem fragmentação, ligação cruzada,
agregação e degradação posterior pela lesão celular
Lesão ao dna

 DNA alvo importante para o radical OH_ com quebras do


filamento, bases modificadas e ligações cruzadas entre os
filamentos
 Na maioria dos casos a integridade do genoma pode ser
reconstituída pelas diversas vias de reparação do DNA. Todavia,
a célula morre se a lesão oxidativa ao DNA for suficientemente
extensa
Defesas celulares contra FOR

 SOD primeira linha de defesa convertendo o O² _ em H²O² e O²


=== CITOSSOL
 CATALASE reage 2 H²O² 2H²O² + O² ===
PEROXISSOMOS
 Glutation peroxidase ( GPX) reage H²O²+ 2GSH 2 H²O +
GSSG  mitocôndria e citossol
 Vitaminas C – E - Retinóides
Efeitos dos radicais livres nas
células
 Modificações oxidativas das proteínas
 Lesões ao DNA celular
 Peroxidação lipídica das membranas
 Células promovem sua defesa: antioxidantes como a vitamina C,
glutation peroxidase, transferrina, ceruloplasmina, catalase, dismutase
superóxido, lactoferrina e ferritina
Defeitos na permeabilidade das membranas

 Permeabilidade seletiva da membrana alterada leva a um dano


evidente da lesão celular
 Mitocôndria, lisossomo e RE são alteradas como o dano a MP
 Disfunção mitocondrial
 Perda dos fosfolipídios da membrana
 Anormalidades do citoesqueleto
 Espécies reativas de oxigênio
 Produtos da degradação de lipídios
Disfunção mitocondrial

 Redução da síntese de fosfolipídios


 Aumento do cálcio intracitoplasmático associado a redução do
ATP ativa as fosfolipases quebrando-os (fosfolipídios)
 Poro de transição da membrana mitocondrial externa com
acúmulo de ácidos graxos com progressão da lesão celular aguda
Anormalidades do citoesqueleto

 Filamentos do citoesqueleto funcionam como âncoras,


conectando a MP ao interior da célula

 Ativação das proteases pelo aumento do cálcio intracelular


danifica os elementos do citoesqueleto

 Edema celular ( ex. miócito cardíaco) separação da MP do


citoesqueleto tornando-o suscetível ao estiramento e ruptura
Morfologia do dano celular e da
necrose
 As células sofrem alterações bioquímicas e morfológicas
sequenciais conforme a lesão progride e finalmente sofrem
necrose. Todas as influencias estressantes e nocivas exercem seus
efeitos em nível molecular ou bioquímico

 Dano reversível

 Necrose
DANO REVERSÍVEL

 Dois padrões de lesão celular reversível podem ser reconhecidas


à microscopia ótica: edema celular e degeneração gordurosa

 Edema é as vezes difícil de distinguir na MO apenas na


macroscopia percebe-se como uma palidez geral do órgão;
pequenos vacúolos claros no citoplasma ou degeneração
hidrópica
Alterações ultra-estruturais da
lesão celular reversível
 MP: bolhas, redução e distorção de microvilosidades, figuras de
mielina e as ligações intercelulares tornam-se mais frouxas
 Mitocondrias: edema, rarefação e o aparecimento de densidades
amorfas ricas em fosfolipídios
 Dilatação do retículo endoplasmático com separação e
desagregação dos polissomos
 Núcleo: desagregação dos elementos granulares e fibrilares
Morfologia da necrose

 Espectro de alterações morfológicas que ocorrem após a morte


celular em um tecido vivo resultando, em grande parte, da ação
progressiva de enzimas nas células que sofreram uma lesão letal

 Correspondente macroscópico e histológico da morte celular que


ocorre devido a uma lesão exógena irreversível
Morfologia da necrose

 Aumento da eosinofilia no citoplasma e, em parte, ao aumento da


ligação da eosina às proteínas citoplasmáticas desnaturadas
 Aparência vítrea e homogênea do que as células normais
 Organelas são digeridas e o citoplasma apresenta vacúolos e
depois temos uma calcificação da célula morta que são
substituídas por figuras de mielina
 Estes precipitados de fosfolipídios são fagocitados por outras
células ou são degradados em ácidos graxos==
SAPONIFICAÇÃO
MICROSCOPIA ELETRÔNICA
DA NECROSE
 Perda da continuidade da MP e das organelas, dilatação acentuada
das mitocôndrias com o surgimento de grandes densidades
amorfas e figuras de mielina
 Núcleo: três padrões possíveis devidos a fragmentação
inespecífica do DNA com a diminuição da basofilia da cromatina
(cariólise); picnose com encolhimento do núcleo =DNAses
 Carioréxis: núcleo picnótico sofre fragmentação, posteriormente
o núcleo desaparece
Picnose: retração e adensamento do núcleo, com perda
da individualidade dos grânulos de cromatina
Cariorrexe:  fragmentação do núcleo picnótico. 
Cariolise:  coloração nuclear pálida e fraca. 
Eosinofilia : o citoplasma perde a leve basofilia que lhe
é característica, passando rosa forte (afinidade pela
eosina). Isto ocorre por digestão do RNA
Formas de necrose

 Coagulativa

 Liquefação

 Caseosa

 Gordurosa
Necrose coagulativa

 Preservação do contorno básico da célula por pelo menos alguns


dias
 Tecido com uma textura firme
 Acidose intracelular desnatura não somente as proteínas
estruturais e as enzimas
 IAM: as células acidófilas, coaguladas, sem núcleo podem
persistir por semanas e finalmente as células mortas são
removidas por leucócitos adjacentes ou lisadas por enzimas
lisossômicas
Necrose liquefativa

 Infecções bacterianas focais ou, ocasionalmente fúngicas

 A liquefação digere totalmente as células mortas com


transformação do tecido em uma massa viscosa

 a necrose gangrenosa é um padrão distinto de morte celular


secundária a uma isquemia de um membro que perdeu seu
suprimento sanguíneo
Necrose caseosa

 Focos de tuberculose
 Macroscopia semelhante a queijo branco da área de necrose
 Foco necrótico se parece com fragmentos granulosos amorfos,
aparentemente compostos de células coaguladas fragmentadas, e
fragmentos granulares amorfos cercados por uma borda
inflamatória distinta chamada de reação GRANULOMATOSA
 Arquitetura tecidual está modificada
Necrose gordurosa

 Áreas de destruição de gordura que ocorre tipicamente como


resultado da liberação de lipases pancreáticas ativadas no
parênquima pancreático e cavidade peritoneal
 Pancreatite aguda é um exemplo clínico desta patologia
 Enzimas pancreáticas escapam dos ácinos e dos ductos,
liquefazendo as membranas dos adipócitos e quebram os ésteres
de triglicerídios
 Ácidos graxos + cálcio = áreas brancas ou saponificadas
Lesão química

 Dois mecanismos podem induzir lesão celular:

ação direta contra um componente molecular ou organela celular

conversão até um componente tóxico reativo por ação na célula


alvo
Ação direta na lesão química

 Envenenamento pelo cloreto de mercúrio o metal se liga aos


grupos sulfidrila da MP e de outras proteínas causando aumento
da permeabilidade da mesma e inibindo o transporte dependente
de ATPase
 Cianeto envenena a citocromo oxidase mitocondrial e bloqueia a
fosforilação oxidativa
 Qtx e antibióticos podem induzir esta ação
Ação indireta dos compostos
químicos
 Modificação em metabólitos tóxicos reativos, os quais agem nas
células-alvo. Ação das oxidases de função mista, P-450, do REL
do fígado e de outros órgãos
 CCl 4CCl3radicais lipídicosperoxidação lipídica
(propagação autocatalítica)lesão da membrana do
REGliberação dos polissomos diminuição de síntese
proteicaesteatose hepática
 Peroxidação lipídicalesão da MPaumento da permeabilidade
sódio, água e cálcioedema celular e influxo maciço de cálcio e
desnaturação
Ação do acetaminofen em altas
doses
 Destoxificado pelo fígado por sulfatação ou glicuronidação e
pequenas quantidades são convertidas pela ação da P-450 em um
metabólito eletrofílico altamente tóxicoglutation atua

 Em doses altas da droga as reservas do glutation são exauridas


daí temos a hepatoxicidade grave
apoptose

 Via de morte celular mediado por um processo altamente


regulado, no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas
que degradam seu DNA nuclear e as proteínas citoplasmáticas

 A MP permanece intacta, mas sua estrutura é alterada de forma


que a célula apoptótica se torna um alvo primário da fagocitose
apoptose

 A célula morta é eliminada rapidamente, antes que seu conteúdo


possa extravasar e, dessa forma não temos uma reação
inflamatória no hospedeiro

 Na necrose, temos perda da integridade da MP, digestão


enzimática da célula e reações do hospedeiro

 Entretanto, as duas formas podem coexistir, com alguns


mecanismos em comum
apoptose

 Descrita em 1972 por sua morfologia grega para “decadência”


 Ocorre em diversas situações e concorre para eliminar células
indesejáveis ou potencialmente danosas e aquelas que não são
mais úteis
 Também é um evento patológico quando as células são
danificadas e não podem mais ser recuperadas, especialmente nas
lesões do DNA
Situações fisiológicas de apoptose

 Destruição programada de células durante a organogênese,


involução inerente ao desenvolvimento e metamorfose
 Involução dependente de hormônios nos adultos: gravidez, ciclos
sexuais e atrofia prostática
 Eliminação celular em populações de tecidos em proliferação:
cripta intestinal
 Morte de células que já cumpriram seu papel: neutrófilos na
inflamação aguda e linfócitos na resposta imune
 Morte celular induzida pelas células T citotóxicas contra vírus e
tumores
Condições patológicas de
apoptose
 Morte celular promovida por agentes nocivos: lesão do DNA pela
radiação e citostáticos
 Lesão celular em certas doenças virais como a hepatite
 Atrofia patológica de órgãos parenquimatosos após obstrução
ductal (pâncreas, parótida e rins)
 Morte celular nos tumores frequentemente durante a regressão
mas também em formações neoplásicas em crescimento
Morfologia da célula apoptótica

 Encolhimento celular com citoplasma denso e organelas mais


agrupadas
 Cromatina condensada na periferia da membrana nuclear em
massas densas de várias formas e tamanhos
 Formação de bolhas citoplasmáticas e corpos apoptóticos
 Fagocitose das células apoptóticas ou corpos celulares,
geralmente pelos macrófagos
Apoptose e seus caracteres
bioquímicos
 Hidrólise de proteínas com ativação das CASPASES (cisteíno-
proteases): pró-enzimas que são ativadas sob estímulo e clivam
lamininas, as proteínas do citoesqueleto e as DNAses

 Decomposição do DNA: clivagem internucleossomal do DNA em


oligonucleossomos

 Reconhecimento fagocitário: as células apoptóticas expressam


fosfatidilserina nas camadas mais externas de suas membranas
(pulo dos fosfolipídios da camada intermediária)
Mecanismos da apoptose

 O processo da apoptose pode ser dividido em uma fase de


ativação, na qual as caspases tornam cataliticamente ativas, e uma
fase de execução (efetora), na qual essas enzimas atuam
provocando a morte celular

 Duas vias distintas, porém convergentes: via extrínseca


(receptores) e a intrínseca ambas ativam as CASPASES
Vias da Apoptose

 EXTRÍNSECA : Ativação de receptores de morte celular em várias células –


família dos TNFs tipo 1 e a Fas (CD 95) FADDforma inativa da caspase 8
clivam umas às outras e geram a forma ativa das caspases com ativação
catalítica de outras pré-caspases fase efetora

 INTRÍNSECA : Permeabilidade mitocondrial aumentada pró-apoptóticas


liberadas sem a participação de receptores
 GFs estimulam a Bcl-2 e Bcl-x nas membranas mitocondriais e no citoplasma
sob estresse estas são substituídas por pró-apoptóticas (Bax, Bak e Bim) Os
níveis das antiapoptóticas diminuem e a permeabilidade da MM aumenta com
a liberação do citocromo c + apaf  ativa a caspase 9 com ativação catalítica
Fase efetora da apoptose

 As proteases que participam desse processo são as caspases (8 e 9


são iniciadoras e as 3 e 6 são efetoras)
 Depois que uma pró-caspase é clivada em uma enzima ativa, o
programa de morte enzimática é iniciado pela ativação rápida e
sequencial de outras caspases
 Clivam proteínas do citoesqueleto e da matriz nuclear com
destruição do núcleo (proteínas da transcrição, replicação e
reparação do DNA)
Exemplos de apoptose

 Após privação de fatores de crescimento

 Apoptose mediada por dano ao DNA

 Induzida pela família de receptores do fator de necrose tumoral

 Mediada pelo linfócito T citotóxico


Apoptose após privação de fatores
de crescimento
 As células sensíveis a hormônios, quando privadas daquele
hormônio em particular; linfócitos que não são estimulados por
antígenos e citocinas e finalmente neurônios privados de fator de
crescimento morrem por apoptose

 A apoptose é desencadeada pelo fator intrínseco ou mitocondrial


Apoptose mediada por dano ao
dna
 A exposição de células à radiação ou a agentes quimioterápicos
com dano ao DNA (estresse genotóxico) com acúmulo do p53
 Suspensão do ciclo celular na fase G para dar tempo para o
restabelecimento celular
 Atuação nas caspases pela ativação da transcrição
Apoptose mediada pelo linfócito t
citotóxico CTLs
 CTLs reconhecem antígenos estranhos presente na superfície de
células infectadas do hospedeiro. Ao serem reconhecidos, os
CTLs secretam a porfirina que forma um poro transmembrana
com entrada do grânulo GRANZIMA B com ativação das
caspases com indução da fase efetora da apoptose
Respostas subcelulares à lesão

 Catabolismo lisossômicoheterofagia e autofagia

 Estimulação (hipertrofia) do REL

 Alterações mitocondriais

 Anormalidades do citoesqueleto
CATABOLISMO LISOSSÔMICO

 Os primários são organelas ligadas à membrana com enzimas


hidrolíticas como a fosfatase ácida, glicuronidase, sulfatase,
ribonuclease e colagenase
 São sintetizadas no RER e armazenadas no complexo de Golgi
 Os lisossomos primários se fundem com vacúolos ligados à
membrana que contém o material a ser fagocitado formando o
secundário ou fagolisossomo
Heterofagia do lisossomo

 Digestão lisossômica de materiais ingeridos do meio extracelular


através da endocitose
 Fagocitose ou de partículas sólidas
 Pinocitose ou macromoléculas menores
 Material extracelular é endocitado em vacúolos que se fundem
com os lisossomos formando o FAGOLISOSSOMO
 Neutrófilos e macrófagos são os fagócitos profissionais
Autofagia dos lisossomos

 Digestão lisossomal dos componentes da própria célula.


Organelas e porções do citossol são sequestrados do citoplasma
em um vacúolo autofágico com fusão do lisossomo ou com o
complexo de Golgi para formar um autofagolisossomo

 Remoção de organelas danificadas durante a lesão celular e na


diferenciação dos tecidos
Hipertrofia do retículo endoplasmático
liso ou agranular REL
 Uso prolongado de barbitúricosa leva a um estado de tolerância
por hipertrofia do REL (hepatócito)
 O REL está envolvido no metabolismo de várias substâncias
químicas e as células que são expostas a estas substâncias se
hipertrofiam
 Oxidase de função mista P-450
 Células adaptadas a uma droga apresentam maior capacidade de
metabolizar outros componentes manipulados pelo sistema
(álcool, esteróides, eicosanóides e carcinogênios)
Alterações mitocondriais

 Tumores benignos das glândulas salivares, tireóide, paratireóide


e rins (oncócitos com megamitocondrias e intensamente
eosinofílica)
 Alterações no número, formato e tamanho destas organelas
 Megamitocôndrias na doença alcóolica aguda e em deficiências
nutricionais
 Miopatias mitocondriais com cristas anormais e cristalóides
Anormalidades do citoesqueleto

 Microtúbulos (20-25 nm); finos filamentos de actina (6-8 nm);


grossos filamentos de miosina (15 nm) e os intermediários (10
nm)
 Defeitos na locomoção celular e movimentos intracelular de
organelas
 Acúmulo intracelular de material fibrilar
 Finos filamentos alterados (movimento leucocitário alterado e
fagocitose defeituosa)
 Droga e toxinas podem alterar estes filamentos (citocalasina B e
faloidina)
MICROTÚBULOS

 Efeitos na inibição da motilidade espermática com infertilidade


do paciente
 Imobilização dos cílios do aparelho respiratório com déficit em
eliminar bactérias e substâncias inaladas com bronquiectasia
( síndrome de Kartagener ou síndrome dos cílios imóveis)
 Colchicina utilizada na gota para prevenir a migração leucocitária
e a fagocitose em resposta a deposição de cristais de ácido úrico
Filamentos intermediários

 Organiza o citoplasma e resiste às forças que são aplicadas sobre


a célula
 Cinco classes: queratina (epitélio); gliais (astrócitos);
neurofilamentos (neurônios); desmina (miócitos) e vimetina
(tecido conjuntivo)
 Corpo de Mallory ou hialina alcóolica (queratina)
 Emaranhado neurofibrilar com neurofilamentos e desorganização
do citoesqueleto (doença de Alzheimer)
ENVELHECIMENTO
BIOLÓGICO
 A VELHICE é uma consequência da civilização; é uma
condição raramente encontrada no reino animal ou nas sociedades
primitivas
 Os animais selvagens não alcançam a longevidade máxima, como
o envelhecimento evoluiu?
 O envelhecimento precisa ser diferenciado, por um lado, de
mortalidade e, por outro, de doença. A morte é um acontecimento
aleatório; o idoso que não sucumbe à causa mais comum de
morte vai morrer da segunda, terceira ou décima causa mais
frequente
Por que as mulheres vivem mais
que os homens?
 Proporção homemXmulher é de 106:100 ao nascimento, mas daí
em diante, as mulheres sobrevivem mais do que os homens em
qualquer idade; aos 75 anos a relação é 2:3 entre HXM
 A MAIOR LONGEVIDADE do sexo feminino no reino animal é
universal; a nível celular as células somáticas com genótipo
feminino não são mais resistentes do que as com padrão
masculino
 Homem: causas violentas, maior suscetibilidade a câncer, doença
respiratória e cirrose; fumo, álcool e dietas hipercalóricas mais
que as mulheres
Tempo máximo de vida
permanece inalterado
 Nos primórdios dos tempos, os SALMITAS a média de vida era
de 70 anos; período neolítico na pré-história 20-25 anos
 2002: EUA expectativa de vida era de 80 anos para a mulher e 75
anos para o homem
 O que aconteceria se as doenças associadas a velhice, como as
cárdio-vasculares e neoplásicas fossem eliminadas? Tais triunfos
conduziriam a uma curva de sobrevida ideal, mas ocasionariam
um aumento modesto na expectativa média de vida
Telomerase e senescência

 Telômeros são elementos genéticos situados nas extremidades dos


cromossomos, compostos por sequencia de nucleotídeos curtas e
repetitivas TTAGGG
 Diminuem a cada divisão celular somática, até que uma
diminuição crítica no seu tamanho viesse a interferir na
replicação celular
 TELOMERASE uma enzima ribonucleoproteica que pode
estender a extremidade dos cromossomos ( células germinativas e
tumorais)
Doenças do envelhecimento: síndrome
de werner ou progeria
 Doença autossômica recessiva rara com catarata; alopecia; atrofia
cutânea; osteoporose e aterosclerose precoces;maior
probabilidade de neoplasias malignas
 Os pacientes morrem geralmente na 5ª década de câncer ou
doenças cárdiovasculares
 Gene SW (braço curto do cromossomo 8, codifica a
HELICASE:enzima que desenrola a dupla hélice do DNA
fornecendo a estrutura proteica onde o ácido fica ligado):
manutenção da estabilidade do genoma com deleções, inversões e
translocações recíprocas dos cromossomos
 Tenha ânimo forte
 Não desista. Persista
 Imite a corrente da água que escoa sem cessar, apesar dos empecilhos da
marcha
 Agora, hoje ou amanhã sorria sempre
 Sorrindo, não há mágoa que possa subsistir no seu coração
 Esforce-se
 Recorde que a vitória, para ser verdadeira, precisa ter sido difícil
 Ama o mais que possa
 Com amor, será mais fácil vencer as dificuldades
 Lutar, continuar sempre, é saber desfrutar o verdadeiro valor da vida

LOURIVAL LOPES

OBRIGADO

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