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UNIPÊ

DIREITO DO TRABALHO II
PROF.: UBIRATAN M. DELGADO

SALÁRIO E REMUNERAÇÃO
SALÁRIO E REMUNERAÇÃO: NOÇÃO

• SALÁRIO É A RETRIBUIÇÃO DEVIDA E PAGA DIRETAMENTE PELO EMPREGADOR, DE FORMA


HABITUAL, EM RAZÃO DOS SERVIÇOS PRESTADOS OU DO FATO DE O EMPREGADO SE ENCONTRAR À
DISPOSIÇÃO DAQUELE, POR FORÇA DO CONTRATO DE TRABALHO.
• REMUNERAÇÃO É A RETRIBUIÇÃO DEVIDA E PAGA AO EMPREGADO, POR EMPREGADOR OU POR
TERCEIRO, DE FORMA HABITUAL, EM VIRTUDE DO CONTRATO DE TRABALHO.
• TODO SALÁRIO FAZ PARTE DA REMUNERAÇÃO, PORQUE É RETRIBUIÇÃO PELO TRABALHO PRESTADO, MAS
NEM TUDO O QUE É REMUNERAÇÃO É SALÁRIO. AS RETRIBUIÇÕES EFETUADAS POR TERCEIROS COMPÕEM
A REMUNERAÇÃO, MAS NÃO ASSUMEM NATUREZA DE SALÁRIO.
• AS VERBAS PAGAS APENAS EVENTUALMENTE OU EM CARÁTER INDENIZATÓRIO, OU AINDA AQUELAS
LEGALMENTE EXCLUÍDAS DA BASE REMUNERATÓRIA, NÃO REPRESENTAM SALÁRIO, NEM
REMUNERAÇÃO.
NOÇÃO DE REMUNERAÇÃO E SALÁRIO

• Art. 457 Compreendem-se na remuneração do empregado,


para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago
diretamente pelo empregador, como contraprestação do
serviço, as gorjetas que receber.
CARACTERES DO SALÁRIO

• CARÁTER ALIMENTAR (destinado à subsistência do empregado e de sua família)


• CARÁTER NÃO ALEATÓRIO (é devido independente da sorte do empreendimento)
• INDISPONIBILIDADE (não está sujeito a renúncia ou transação lesiva)
• IRREDUTIBILIDADE (não redutível por vontade unilateral ou mesmo bilateral – Art. 7º, CF)
• PERIODICIDADE (é devido periodicamente e não pode ser estipulado por período superior a um mês
– ART. 459, CLT)
• PERSISTÊNCIA (é devido até mesmo em situações em que não há trabalho – ex.: Art. 73, CLT)
• NATUREZA COMPOSTA (pode ter diversos componentes além do salário-base – Art. 457, § 1º e 458,
CLT)
• PÓS-NUMERAÇÃO (somente é devido após o período correspondente)
FORMAS DE PAGAMENTO DO SALÁRIO

• POR UNIDADE DE TEMPO – pago em função do tempo em que o empregado fica à disposição
do empregador, independentemente do resultado do trabalho (ex.: salário fixo mensal, semanal, diário
ou horário)

• POR UNIDADE DE OBRA – Pago em função do resultado do trabalho, independentemente do


tempo despendido (ex.: salário por comissão ou por produção); o salário varia conforme a produção.

• POR TAREFA (MISTO) – conjuga os dois elementos acima; o valor ajustado é fixo, mas uma vez
realizada a tarefa previamente ajustada, o trabalhador fica com o tempo livre.
MEIOS DE PAGAMENTO DO SALÁRIO

• PECÚNIA (sempre em moeda nacional)


• DINHEIRO
• CHEQUE
• DEPÓSITO EM CONTA BANCÁRIA

• UTILIDADES (prestações in natura) – Art. 458, CLT


SALÁRIO-UTILIDADE

• BENS QUE PODEM TER NATUREZA SALARIAL – qualquer bem


economicamente apreciável, necessário ou útil ao trabalhador, fornecidos como
contraprestação pelo trabalho, excetuadas as bebidas alcoólicas ou drogas nocivas e
as utilidades que a lei expressamente exclui da base salarial.

• LIMITES QUANTITAVOS – os valores deverão ser justos e razoáveis (art. 458, §


1º, CLT); máximo de 25% para habitação e 20% para alimentação (art. 458, § 3º,
CLT) e, no total, não podem exceder a 70% do salário (art. 82, par. un., CLT).
SALÁRIO-UTILIDADE (CLT)

Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a
alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do
costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas
alcoólicas ou drogas nocivas.
§ 1º Os valôres atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em
cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário-mínimo (arts. 81 e 82).
....................................................................................
§ 3º - A habitação e a alimentação fornecidas como salário-utilidade deverão atender aos fins a que se destinam
e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário-
contratual.
UTILIDADES NÃO SALARIAIS
•Ferramentas, uniformes ou quaisquer bens fornecidos para viabilizar a própria prestação de serviços (art. 458, §
2º, I, CLT)

•Vale-transporte (Lei 7.418/85) e transporte fornecido para o deslocamento residência/trabalho (art. 458, § 2º,
III, CLT)

•Vale-refeição, fornecido em virtude da inscrição do empregador no PAT (Lei nº 6.321/76 e Decreto nº 5/91) ou
ajustado em negociação coletiva como indenização

•Despesas com educação (art. 458, § 2º, II, CLT)

•Seguro de vida ou de acidentes pessoais e previdência privada (art. 458, § 2º, V e VI, CLT)

•Vale-cultura (art. 458, § 2º, VIII, CLT)

•Assistência médica, hospitalar ou odontológica (art. 458, § 5º)


UTILIDADES NÃO SALARIAIS (ART. 458, § 2º,
CLT)
§ 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador:
I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço;
II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e
material didático;
III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público;
IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde;
V – seguros de vida e de acidentes pessoais;
VI–previdência privada;
VIII - o valor correspondente ao vale-cultura.

§ 5o  O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos,
óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de
planos e coberturas, não integram o salário do empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos do previsto na alínea q do § 9o
 do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.
COMPOSIÇÃO DO SALÁRIO

SALÁRIO-BASE – importância fixada como contraprestação pelo trabalho exercido dentro da jornada normal e em condições normais;

COMISSÕES E PERCENTAGENS – pagas em função do resultado do trabalho; podem constituir o próprio salário-base ou serem uma
parcela acrescida a ele

GRATIFICAÇÕES – retribuição normalmente paga em razão de atributos pessoais do empregado, das peculiaridades da função exercida
(função de confiança) ou de eventos pré-estabelecidos. A gratificação de função pode ser suprimida, quando o empregador deixar de exercer a
função de confiança que gerou seu pagamento (art. 468, § 2º, CLT – redação da Lei 13.467/2017)

ADICIONAIS – compensações pecuniárias pelo trabalho exercido em situações desfavoráveis em razão do tempo, do local ou das condições
ambientais (ex.: horas extras; ad. de transferência; adicionais de insalubridade, periculosidade ou penosidade). Integram o salário, enquanto
devidos ou pagos, podendo ser suprimidos a qualquer tempo, quando cessadas as condições que originaram seu pagamento.

PARCELAS SALARIAIS DISSIMULADAS – pagas como retribuição habitual pelo trabalho, mas sob nomenclaturas diversas (gratificação
espontânea, liberalidade, abono, participação nos lucros, diária, etc.), na tentativa de esconder a natureza salarial (tentativa de fraudar o
sistema)
COMPOSIÇÃO DO SALÁRIO

• Art. 457, CLT


• § 1º  Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações
legais e as comissões pagas pelo empregador. 

• Observação, quanto às parcelas dissimuladas: Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos
praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na
presente Consolidação.
VERBAS REMUNERATÓRIAS NÃO
INTEGRANTES DO COMPLEXO SALARIAL
• GORJETAS – importância espontaneamente dada ao empregado ou cobrada ao cliente
(terceiro), como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos
empregados (art. 457, § 3º, CLT)

• GUELTAS – importância paga pelo fornecedor (terceiro) ao empregado da empresa cliente,


como incentivo ao incremento de vendas de seus produtos
VERBAS REMUNERATÓRIAS NÃO SALARIAIS

As gorjetas e gueltas não integram o salário, mas, como retribuição ao


trabalho feita por terceiros, compõem a remuneração. Desse modo, não
podem ser computadas para efeito de desobrigar o empregador do
pagamento do salário. Por outro lado, como parcelas remuneratórias,
repercutem exclusivamente no cálculo do FGTS, das férias, do 13º e da
previdência social (INSS), por determinação legal. Não refletem nas
outras verbas trabalhistas.
PARCELAS NÃO REMUNERATÓRIAS
(NÃO COMPÕEM O SALÁRIO NEM A REMUNERAÇÃO, NEM REFLETEM EM
QUALQUER OUTRA VERBA TRABALHISTA OU PREVIDENCIÁRIA)

• PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS (art. 7º, XI, CF)


• DIÁRIAS E AJUDA DE CUSTO TÍPICAS (aquelas que, comprovadamente, apenas cobrem despesas extraordinárias
com o deslocamento a trabalho ou mudança do empregado – art. 457, § 2º, CLT)
• GRATIFICAÇÕES NÃO HABITUAIS (vinculados a eventos incertos ou fortuitos)
• PRÊMIOS  (parcelas concedidas pelo empregador, em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro, a empregado, grupo
de empregados ou terceiros vinculados à sua atividade econômica em razão de desempenho superior ao ordinariamente
esperado no exercício de suas atividades ou em face do atingimento de determinados objetivos)
• ABONOS (parcelas não habituais, estipulada em lei ou em negociação coletiva para fazer face a situações emergenciais)
• INDENIZAÇÕES (indenizações rescisórias, PDVs, danos materiais ou morais)
• UTILIDADES EXPRESSAMENTE EXCLUÍDAS DA BASE SALARIAL
• STOCK OPTIONS (opção de compra futura de ações, com base em um preço prefixado)
• BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS OU ASSISTENCIAIS (ex.: auxílio-doença, salário-família, abono do PIS;
seguro-desemprego, etc.)
PARCELAS NÃO REMUNERATÓRIAS

ART. 457, CLT


§ 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu
pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado,
não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo
trabalhista e previdenciário.
FLEXIBILIZAÇÃO DA NOÇÃO DE SALÁRIO POR
NEGOCIAÇÃO COLETIVA
Art. 611-A.  A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho, observados os
incisos III e IV do caput do art. 8º da Constituição, têm prevalência sobre a lei quando,
entre outros, dispuserem sobre:
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado,
e remuneração por desempenho individual; 
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em
programas de incentivo;                         
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.  
PROTEÇÃO AO SALÁRIO (SISTEMA DE
GARANTIAS SALARIAIS)

PROTEÇÃO QUANTO AO VALOR DO SALÁRIO


• IRREDUTIBILIDADE (ART. 7º, VI, CF)
• PATAMAR SALARIAL MÍNIMO (ART. 7º, IV E V, CF)
• REVISÃO PERIÓDICA DO VALOR
PROTEÇÃO AO SALÁRIO

PROTEÇÃO CONTRA DISCRIMINAÇÃO

• EQUIPARAÇÃO SALARIAL (ART. 461, CLT)


• PROTEÇÃO ANTIDISCRIMINATÓRIA EM EMPRESAS COM QUADRO DE CARREIRA
PROTEÇÃO CONTRA DISCRIMINAÇÃO
EQUIPARAÇÃO SALARIAL
Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo
estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.

§ 1o Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma
perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro
anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos.

§ 2o Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou
adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer
forma de homologação ou registro em órgão público.

§ 3o No caso do § 2o deste artigo, as promoções poderão ser feitas por merecimento e por antiguidade, ou por apenas um
destes critérios, dentro de cada categoria profissional.
PROTEÇÃO AO SALÁRIO

PROTEÇÃO CONTRA ABUSOS DO EMPREGADOR


• IRREDUTIBILIDADE
• INTANGIBILIDADE (ART. 462, CLT)
• CRITÉRIOS LEGAIS DE PAGAMENTO (TEMPO, LUGAR E MEIOS)
PROTEÇÃO AO SALÁRIO
INTANGIBILIDADE

Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do


empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de
contrato coletivo.

§ 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que
esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.

§ 2º - É vedado à emprêsa que mantiver armazém para venda de mercadorias aos


empregados ou serviços estimados a proporcionar-lhes prestações " in natura " exercer
qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se utilizem do
armazém ou dos serviços.
PROTEÇÃO AO SALÁRIO

PROTEÇÃO CONTRA CREDORES DO EMPREGADOR


1. PRIVILÉGIO EM CASO DE FALÊNCIA (ATÉ O LIMITE DE 150 SALÁRIOS
MÍNIMOS)
2. EXECUÇÃO PRIVILEGIADA
PROTEÇÃO AO SALÁRIO

PROTEÇÃO CONTRA CREDORES DO EMPREGADO


1. INTANGIBILIDADE
2. PROIBIÇÃO DE CESSÃO

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