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UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA

HEMATO- ONCOLOGIA

3º ANO 1.º Semestre de 2020


Curso Análises Clínicas e Saúde Pública
Prof. José Bartolomeu

FORMAÇÃO: BÁSICO E MÉDIO – CURSO DE LABORATÓRIO \IMS


LICENCIATURA EM ACSP – UMA.LUANDA-ANGOLA
MESTRANDO EM SP – UNISAL-SAN LORENZO-PARAGUAY

josebartolomeu88@hotmai.com
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HEMATO- ONCOLOGI
CONCEITOS:
 

A Hemato-Oncologia é a parte da Medicina que se ocupa do estudo das doenças oncológicas


do fórum hematológico. A Hemato-Oncologia abarca dois ramos da Medicina: a Hematologia e
a Oncologia.
 
Outra maneira de dizer Hemato-Oncologia é Hematologia Oncológica ou Oncologia
Hematológica.
 
Hematologia
 
A Hematologia é a parte da Medicina que estuda o sangue. Pode
estudar-se o sangue em várias vertentes: a embriologia do sangue; a
genética do sangue; a anatomia, histologia e citologia dos órgãos
hematopoiéticos; o diagnóstico das doenças do sangue; o tratamento
das doenças do sangue; etc.

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 A Oncologia
É a ciência que estuda os tumores malignos.
 
Como os tumores malignos podem aparecer em
todos os órgãos e sistemas do organismo humano, a
Oncologia tem vários ramos: OncologiaOrtopédica,
Oncologia Ginecológica,
Oncologia Pediátrica,
Oncologia Dermatológica, etc. etc.
A Hemato-Oncologia é, pois, apenas uma parte da
Oncologia.
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  Tumores

A Oncologia não trata dos tumores benignos, a menos que seja para
efeitos de diagnóstico diferencial.
 
Do ponto de vista macroscópico, um tumor é um aumento de
tamanho de um órgão ou de uma parte do nosso organismo. Do
ponto de vista microscópico, muitas vezes, esse aumento de
tamanho corresponde ao aparecimento de uma neoplasia, ou seja,
ao crescimento de células que antigamente não existiam naquele
local.

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Deste modo, estas duas palavras, tumor e neoplasia, são


sinónimas, pelo que podemos usá-las indistintamente.
 
Consoante a sua natureza, os tumores podem ser malignos ou
benignos.
 
Os tumores malignos (ou cánceres) caracterizam-se por
serem tecidos que crescem desreguladamente e metastizam
para outros tecidos localizados à distância.
 

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No organismo normal, todos os tecidos devem crescer para cumprir
um objectivo. Por exemplo: os ossos crescem para permitir o
crescimento e o desenvolvimento da criança. Quando a criança se
torna adulta, os ossos não precisam mais de crescer, pois a sua
função já ficou cumprida.
 

Quando um tumor é maligno, ele cresce noutros tecidos distantes do


local aonde o tumor se iniciou. Por exemplo: o tumor maligno
primitivo pode estar na próstata e crescer no pulmão. O tumor que
se encontra na próstata é o tumor original e o tumor que for
encontrado no pulmão é a metástase.
 
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Neste exemplo concreto, podemos dizer


que o tumor da próstata metastizou para
o pulmão.
Quando se estuda uma metástase,
verifica-se que ele tem uma morfologia
semelhante ao do tumor original.
 Na prática clínica, é muito frequente
encontrar-se primeiro a metástase cujo
estudo vai dizer qual é o tumor original.
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São sinónimas as palavras:
câncer, tumor maligno, cancro e neoplasia
maligna.
Além de metastizar, os tumores malignos têm
tendência a invadir os tecidos vizinhos.
Sobretudo num estado avançado, os tumores
malignos, quando removidos tendem a
recidivar, isto é a aparecer novamente.
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Os tumores que derivam do sangue são os tumores do
tecido hematopoiético e os tumores do tecido
linfóide. Os mais conhecidos são as leucemias e os
linfomas
Os tumores que não derivam do tecido hematopoiético
nem do tecido linfóide são chamados de tumores
sólidos.
 
São exemplos de tumores sólidos: a neoplasia do
pulmão, o cancro da mama, o carcinoma do cólon, o
tumor do fígado, etc.
 
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Nos países mais desenvolvidos, os cancros


mais frequentes são do pulmão, da mama, da
próstata, do cólon e do recto. Nos países menos
desenvolvidos, os tumores malignos mais
frequentes são do cólon do útero, da mama, da
próstata, do fígado e do esófago.
 

Não existe uma única causa para o surgimento de


neoplasias malignas. Existem vários factores que
predispõem o indivíduo a ficar canceroso.
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Assim, são bem conhecidos os seguintes factores de risco do
desenvolvimento dos tumores malignos: a idade, o sexo, os
factores ambientais, os factores genéticos e a hereditariedade,
as relações sexuais inseguras, o alcoolismo, o baixo consumo de
fruta e de vegetais, a falta de exercício físico, a poluição do ar, a
exposição laboral a tóxicos (combustível, etc.), a obesidade, etc.
 
Quanto mais idoso for o indivíduo, mais propenso
fica a ter um cancro. Mas, isso não significa que as
crianças não tenham cancros. Mesmo os bebés
podem ter cancros e há mesmo cancros que se
desenvolvem durante a vida uterina.
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Os homens são mais propensos a desenvolver


cancro do que as mulheres. Alguns cancros são
mais frequentes no homem do que na mulher e vice-
versa.
 
Vários são os factores ambientais favorecedores do
aparecimento de um tumor maligno: o tabagismo
(cancro do pulmão), a exposição excessiva ao sol
(cancro da pele), as viroses, etc.
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Há certos cancros do colo do útero que
resultam da infecção pelo papilomavírus que
é adquirido através das relações sexuais.
Hoje existe uma vacina contra este cancro.
 
A hepatite B que é adquirida pelas relações
sexuais não protegidas e pelas transfusões
de sangue contaminado, pode favorecer o
cancro do fígado.
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O alcoolismo associado ao tabagismo favorece o
aparecimento do cancro do esófago e do cancro
do pescoço.
 
Há famílias propensas a desenvolver mais
tumores malignos do que outras. E muitas vezes,
essas famílias têm tendência a ter um cancro
específico (exemplo, leucemias, …)
Ocasionalmente, aparecem famílias que
desenvolvem propensão para vários tipos de
cancros (exemplo: síndrome de Von Fraumenius).
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Um tumor benigno ou neoplasia benigna é um tecido que cresce


desreguladamente, mas não tem capacidade de mestastizar para outros
tecidos.
 
Geralmente, em comparação com as neoplasias malignas, para além da
sua incapacidade de mestastizar, os tumores benignos têm um
crescimento mais lento e mais autolimitado, não invadem os tecidos
vizinhos, têm capacidade para regressão espontânea, raramente põem
em risco a vida do paciente e são mais susceptíveis de curar por remoção
cirúrgica.
 
Os tumores benignos são menos graves do que os tumores malignos.
 
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Classificação TMN dos tumores sólidos

 
Os tumores malignos começam por uma fase inicial (tumor in situ), passam
para uma fase de maior desenvolvimento do tumor primitivo, transitam para
uma de invasão dos tecidos vizinhos, segue-se uma invasão para os
gânglios linfáticos de drenagem do órgão atingido e terminam por metastizar
órgãos à distância.
 
Existe uma classificação que dá a ideia do estado evolutivo em que se
encontra um tumor sólido: é a classificação TMN.
 
Nessa classificação TMN, o T refere-se à extensão maior ou menor do tumor
primitivo (Tis, TX, T0, T1, T2, T3 ou T4), o M diz respeito à existência ou não
de metástases à distância (M0 ou M1) e o N indica as metástases que
possam existir ou não nos gânglios linfáticos regionais (N0, N1, N2 ou N3).
 
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E assim, consoante a informação obtida através da classificação TMN,
pode-se determinar o estádio de desenvolvimento do tumor em causa.
Em regra, o estadiamento tende a ficar assim:
 
Estadio I: T1 N0M0
Estadio II: T2 N0 M0
Estadio III: T1 N1 M0 ou T2 N1 M0 ou T3 N0 ou N1 M0
Estadio IV: T4 N0,N1 M0 ou M1 (qualquer que seja T ou N)
ou N2 M0 qualquer que seja T
 
Quanto mais pequeno for o tumor, maiores as chances de ser curado.
 
Para além da classificação TMN, existem outras classificações para os
tumores sólidos.
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Classificação das Hemopatias malignas

Ao falar-se da classificação das doenças malignas


do sangue (ou hemopatias malignas), devemos
sempre pensar qual das linhagens celulares está
mais afectada.
 
No indivíduo adulto, todas as células sanguíneas
nascem na medula óssea, onde sofrem um
desenvolvimento até atingirem a sua maturação.
Assim, na medula óssea encontramos as diversas
células imaturas e algumas células maduras.
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Classificação das Hemopatias malignas

  

Na medula óssea, todas as células sanguíneas


diferenciam-se a partir de uma célula-mãe
chamada célula estaminal pluripotencial ou
célula tronco (em inglês: pluripotent stem cell;
em fancês: cellule souche hématopoïétique).

As células sanguíneas circulantes pertencem a


três famílias ou linhagens sanguíneas:
vermelha, branca ou plaquetária.
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Em relação à linhagem vermelha
(ou série vermelha), no sangue
periférico só encontramos os
glóbulos vermelhos e os
reticulocitos. Em condições
normais, as células vermelhas mais
imaturas (eritroblastos) não
aparecem no sangue periférico.
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Em relação à linhagem branca (ou série branca,
ou ainda série leucocitária), encontramos células
subdivididas em várias famílias: leucócitos
polimorfonucleares (ou granulócitos) e leucócitos
mononucleares ou não granulócitos.
 
Existem três tipos de granulócitos: neutrófilos,
eosinófilos e basófilos.
Existem dois tipos de mononucleares: linfócitos e
monócitos.
 
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Tal como acontece com a série


vermelha, só as células brancas
maduras devem aparecer no sangue
periférico. A excepção tem a ver com os
bastonetes que podem circular em
pequenas quantidades.
 
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No entanto, se formos à medula óssea,
encontraremos tanto as células brancas
indiferenciadas como as células brancas
maduras: mieloblastos, promielocitos, mielocitos,
metamielocitos, bastonetes e leucócitos maduros
(neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e
linfócitos).

Da linhagem plaquetária ou trombocitária, no


sangue periférico só encontramos as plaquetas ou
trombócitos.
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Para as hemopatias malignas, existem


várias classificações.

As principais entidades nosológicas da


Classificação da OMS de 2008 são
arrumadas em 12 grupos, de que
apresentamos alguns dos exemplos
mais significativos:
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1- Neoplasias mieloproliferativas (ou síndromes


mieloproliferativos)

Leucemia mielóide crónica (Leucemia


mielocítica crónica)
Policitémia vera
Mielofibrose primária (Mielofibrose idiopática)
Trombocitémia essencial (Trombocitose
primária)
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2- Neoplasias mielóides e linfóides com eosinofilia e rearranjo dos


genes PDGFRA, PDGFRB e FGFR1
 
3- Neoplasias mielodisplásicas/mieloproliferativas
 
4- Síndromes mielodisplásicos
Anemia refractária
Anemia refractária com sideroblastos em anel
Anemia refractária com excesso de blastos
Anemia refractária com displasia multilinhagem
Síndrome q- (Síndrome mielodisplásico com deleção do 5q)
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5- Leucemia mieloblástica aguda (ou Leucemia


mielóide aguda, LMA) e relacionadas
neoplasias das células precursoras
 
LMA com t(8;21)
Leucemia promielocítica aguda com
t(15;17)
Leucemia mieloblástica aguda com inv(16)
LMA com mielodisplasia
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6- Leucemias agudas de linhagem ambígua


 
7- Neoplasias das células precursoras
linfóides
Leucemia linfoblástica aguda com
(t9;22)
Leucemia/Linfoma de Burkitt (LLA L3)
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 8- Neoplasias das células B maduras
Leucemia linfocítica crónica
Leucemia linfocítica de pequenas células
Tricoleucemia (leucemia de células cabeludas)
Mieloma múltiplo
Leucemia de células plasmacitárias
Linfoma folicular
Linfoma difuso de grandes células B
Linfoma de Burkitt
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9- Neoplasias das células T maduras e


das células NK
Leucemia prolinfocítica de células T
 Leucemia agressiva de células NK
Mycosis fungoides
Síndrome de Sézary
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10- Linfoma de Hodgkin


LH com predomínio de linfócitos
nodulares
Linfoma de Hodgkin clássico
11- das células histiocíticas e das células
dendríticas
12- Alterações linfoproliferativas pós-
transplante
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OBRIGADO

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