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Teoria Geral da Execução Civil

Faculdade Carajás
Direito Processual Civil IV
Docente:Joana Lima

Marabá. Orla do Rio Tocantins.


2018.
Princípios gerais do Direito
Processual Civil

 Princípio da efetividade:
O processo é uma garantia do cidadão. O princípio da
efetividade deve ser cumprido, mas sem ultrapassar os
limites impostos por outros princípios.

O devido processo legal deve ser efetivo, a execução


deve transformar o direito em um fato. A proposição de
uma ação não se dá apenas para que o Estado declare
um direito, mas que o Estado empreenda meios para
garantir esse direito.

 Alguns doutrinadores têm defendido a possibilidade de se
afastar alguns direitos do devedor com o fim de garantia da
execução. Embasam essas medidas no seguinte artigo do CPC:

Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições


deste Código, incumbindo-lhe:
(...)
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o
cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham
por objeto prestação pecuniária.

 O processo de execução tem ou não tem o direito ao contraditório?

Fredie Didier Jr afirma que o contraditório é composto por:


 Direito de ser ouvido;
 Direito de acompanhar os atos processuais;
 Participar da produção de provas e se manifestar sobre as provas
produzidas;
 Direito de ser informado regularmente dos atos praticados no
processo;
 Direito à motivação das decisões;
 Direito de impugnar as decisões.

 Princípio da boa-fé processual:
Tanto os atos do credor, quanto do devedor, devem
servir para a satisfação estrita da dívida.

Art. 774.  Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou
omissiva do executado que:
I - frauda a execução;
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora;
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e
os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso,
certidão negativa de ônus.

Parágrafo único.  Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante
não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual
será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo,
sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material.

Art. 776.  O exequente ressarcirá ao executado os danos
que este sofreu, quando a sentença, transitada em
julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a
obrigação que ensejou a execução.

 Princípio da dignidade da pessoa humana:
A execução civil não pode ser utilizada como
instrumento de tortura contra o devedor.

Para atender a este princípio, existe s


impenhorabilidade de alguns bens, que garantem o
sustento do devedor (por exemplo, o salário é
impenhorável – exceto em ação de execução de
alimentos).

“O dispositivo deixaria de ser embasamento para medidas
arbitrárias e autoritárias de restrição de direitos
fundamentais, com o propósito utilitarista de satisfação de
obrigações pecuniárias e tornar-se-ia fonte de uma satisfação
processual-jurisdicional sofisticada e comparticipativa dos
direitos. O perigo é o artigo 139, IV, ser transformado em
instrumento de um quase desforço físico, só que com
autorização judicial” (Lênio Streck).
O Título executivo

 Alexandre Câmara:
“O título executivo é o ato jurídico capaz de legitimar a
prática dos atos de agressão a serem praticados sobre os
bens que integram um dado patrimônio, de forma a tornar
viável a sua utilização para a satisfação de um crédito”.

 Só pode haver execução com título executivo! Esta é


uma garantia para o devedor, para que não seja
proposta execução sem garantia de existência da dívida.

 A falta de título executivo caracteriza falta de
interesse de agir, ou seja, não cumpre com os
requisitos para abertura do processo de execução.

 Título executivo é o ATO, e não o DOCUMENTO.



 O título executivo apresenta a delimitação subjetiva
das ações: ele traz quem são as partes (credor e
devedor).

 O título executivo apresenta a delimitação de qual é


o objeto que poderá ser executado.

 O título executivo limita a responsabilidade do


devedor: especifica a natureza da dívida.
Características do título
executivo:

 Ele deve ser certo, líquido e exigível.

 CERTO: O juiz deve, diante do título executivo, ter certeza da


existência de uma obrigação, quem é o devedor, quem é o
credor, e quando deverá haver o cumprimento.

 LÍQUIDO: é o quantum do título.

 EXIGÍVEL: É exigível quando há direito a determinada


prestação e essa obrigação não está sujeita a termo ou
condição suspensiva.

 Além dessas características, deve haver previsão
legal para que seja título executivo.

Art. 786.  A execução pode ser instaurada caso o
devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e
exigível consubstanciada em título executivo.

Parágrafo único.  A necessidade de simples operações


aritméticas para apurar o crédito exequendo não retira
a liquidez da obrigação constante do título.

 Art. 787.  Se o devedor não for obrigado a satisfazer
sua prestação senão mediante a contraprestação do
credor, este deverá provar que a adimpliu ao
requerer a execução, sob pena de extinção do
processo.

Parágrafo único.  O executado poderá eximir-se da


obrigação, depositando em juízo a prestação ou a coisa,
caso em que o juiz não permitirá que o credor a receba
sem cumprir a contraprestação que lhe tocar.

 Art. 788.  O credor não poderá iniciar a execução ou
nela prosseguir se o devedor cumprir a obrigação,
mas poderá recusar o recebimento da prestação se
ela não corresponder ao direito ou à obrigação
estabelecidos no título executivo, caso em que
poderá requerer a execução forçada, ressalvado ao
devedor o direito de embargá-la.

 O título executivo deve conter a ASSINATURA do devedor ou
PARTICIPAR da formação do título.

 Exceção:
Certidão de dívida ativa.
Quando o cidadão não paga um imposto, a Fazenda Pública pode
registrar na dívida ativa – é um título executivo que poderá ser
executado mesmo que você não assinou ou participou da formação
desse documento.

Ex.: Sentença: não é assinada pelas partes, mas as partes participam da


sua formação por meio do processo.
Títulos executivos judiciais x
extrajudiciais

Art. 515.  São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os
artigos previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de
pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos
herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem
sido aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória
pelo Superior Tribunal de Justiça;

Art. 784.  São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o


cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas)
testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos
transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito
real de garantia e aquele garantido por caução.

VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem
como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio
edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde
que documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de
emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas
tabelas estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.

Art. 785.  A existência de título executivo extrajudicial
não impede a parte de optar pelo processo de
conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.

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