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Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• Covid-19: como se determina o fim de uma pandemia


• André Biernath - @andre_biernath
• Da BBC News Brasil em São Paulo
• 10 novembro 2021, 16:22 -03Atualizado Há 1 hora

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• A notícia de que São Paulo e outros oito


Estados não registraram nenhuma morte por
covid-19 na segunda-feira (8/11) foi recebida
com muita comemoração e otimismo.
• Embora o acontecimento seja simbólico e reforce a
melhora contínua da pandemia no país durante os
últimos meses, especialistas ouvidos pela BBC
News Brasil entendem que é preciso colocar o fato
em perspectiva e ter em mente que ainda há um
longo caminho a ser percorrido antes de decretar o
fim da crise sanitária.

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• "Estamos de fato na melhor fase desde o início de


2021, com um decréscimo imenso em casos,
hospitalizações e óbitos. Mas os anúncios de que
ninguém morreu de covid-19 devem ser
analisados com cautela, até porque existe um
atraso nas notificações", pondera o médico
Guilherme Werneck, membro da Associação
Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• "E é preciso deixar claro que o fim da pandemia,


quando realmente chegarmos lá, não significará o
fim da covid", completa o profissional da saúde,
que também é professor do Instituto de Medicina
Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(Uerj).

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• O virologista Paulo Eduardo Brandão, da Faculdade de Medicina


Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), concorda.
"Com base no que sabemos sobre outros tipos de coronavírus, é provável
que o Sars-CoV-2 [o responsável pela pandemia atual] se atenue com o
passar dos anos e se torne um causador de resfriado comum. Mas a atual
reemergência de casos na Europa mostra que ainda estamos longe disso",
analisa.
• Já a médica Lucia Pellanda, professora de epidemiologia e reitora da
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, destaca a
importância da saúde coletiva e o caráter global do desafio que
enfrentamos. "Como o próprio nome já diz, a pandemia é um problema
mundial. E, enquanto a situação estiver ruim em alguma região, todos
nós continuaremos sob risco."
• Mas como chegamos até aqui? E quais são as perspectivas mais otimistas
e mais pessimistas para os próximos meses? Entenda a seguir como uma
pandemia acaba — e o que pode acontecer na sequência dela.

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• Cenário positivo no Brasil e preocupante na Europa


• Após um primeiro semestre muito duro, com centenas de milhares
de casos e de mortes por covid-19, o Brasil está numa situação
bem mais tranquila desde o final de julho e o início de agosto.
• Para ter ideia, a média móvel diária de óbitos (que leva em conta
os registros dos últimos sete dias) está atualmente em 236, de
acordo com o painel do Conselho Nacional de Secretários da
Saúde (Conass).
• Um número desses só havia sido observado em abril de 2020,
quando o vírus começou a se espalhar pelo país. No pior momento
da crise sanitária, essa taxa chegou a atingir, em abril de 2021,
um pico de 3.124 mortes diárias.

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• Cenário positivo no Brasil e preocupante na Europa


• A sequência de boas novas culminou com a notícia, divulgada na segunda-
feira (8/11), de que São Paulo não registrou nenhuma morte por covid-19
em 24 horas, fato que não havia acontecido nenhuma vez desde o início
da crise sanitária.
• Nesse mesmo dia, outros oito Estados brasileiros não tiveram óbitos pela
doença: Acre, Amapá, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Rondônia, Roraima e
Sergipe. O Acre, aliás, está sem nenhum registro de morte há mais de dez
dias.
• Segundo os especialistas, há três ingredientes que ajudam a explicar essa
melhora.

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• "É evidente que a vacinação é o principal deles. A partir de junho,


momento em que a campanha ganhou força e a cobertura vacinal na
população brasileira aumentou, tivemos uma queda substancial nas
hospitalizações e nas mortes", observa Werneck.
• "Não podemos nos esquecer também do enorme número de casos que
tivemos, o que certamente contribuiu para criar uma imunidade, e a
adesão às medidas não farmacológicas, especialmente o uso de
máscaras", complementa o médico.
• O cenário mais ameno permitiu que muitas cidades brasileiras aliviassem
as restrições, que mantinham espaços de convivência, como restaurantes,
bares e shoppings, fechados ou com horário de funcionamento e taxa de
ocupação bem reduzidos.

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• "É evidente que a vacinação é o principal deles. A partir de junho,


momento em que a campanha ganhou força e a cobertura vacinal na
população brasileira aumentou, tivemos uma queda substancial nas
hospitalizações e nas mortes", observa Werneck.
• "Não podemos nos esquecer também do enorme número de casos que
tivemos, o que certamente contribuiu para criar uma imunidade, e a
adesão às medidas não farmacológicas, especialmente o uso de
máscaras", complementa o médico.
• O cenário mais ameno permitiu que muitas cidades brasileiras aliviassem
as restrições, que mantinham espaços de convivência, como restaurantes,
bares e shoppings, fechados ou com horário de funcionamento e taxa de
ocupação bem reduzidos.

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• Alguns prefeitos e governadores foram além e chegaram até desobrigar mais


recentemente o uso de máscaras em alguns locais abertos.
• Os especialistas, no entanto, temem que essa onda de otimismo e relaxamento
reverta a tendência positiva e desperdice todas as conquistas do momento.
• "É claro que a notícia de um dia sem mortes é excelente, mas não dá pra
comemorar demais. Trata-se de uma data isolada e, quando vemos as estatísticas,
ainda estamos com médias razoáveis de casos e óbitos por covid", diz o médico
Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.
• "Temos que ter cuidado para que a situação no Brasil não volte a piorar, como
acontece agora na Europa, que está com uma nova subida nos casos e nas
hospitalizações após fazer a reabertura", aponta o especialista.

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FIM DA PANDEMIA?

• De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Europa voltou a ser o


epicentro da pandemia, com uma piora considerável da situação no Reino Unido,
na Alemanha, na Hungria, na Áustria e na Ucrânia.
• Durante uma coletiva de imprensa no dia 4 de novembro, Hans Kluge, diretor
regional da OMS, disse que a situação representa uma "grave preocupação" e que a
região está "num ponto crítico para a ressurgência pandêmica".

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• A explicação para esse recrudescimento, segundo a avaliação do


próprio representante da entidade, está no relaxamento das
medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras e a
prevenção de aglomerações, e a baixa taxa de vacinação em
alguns países.
• Não é possível afirmar que o mesmo cenário acontecerá no Brasil
(até porque a campanha de imunização por aqui conta com uma
maior participação popular), mas, até agora, a piora do cenário na
Europa se repetiu alguns meses depois em nosso país.
• "É possível escaparmos disso, a depender do comportamento das
pessoas e das políticas públicas. Precisamos continuar com a
vacinação e seguir com as camadas de proteção, como o uso de
máscaras e o cuidado com as aglomerações e com a circulação de
ar pelos ambientes", indica Pellanda.

Gisele Souza
FIM DA PANDEMIA?

• Como uma pandemia acaba?


• Por algum tempo, aventou-se a possibilidade de que a imunidade coletiva
(ou imunidade de rebanho) seria capaz de dar um fim à covid-19: conforme
as pessoas ficassem doentes (ou, preferencialmente, fossem vacinadas) o
Sars-CoV-2 não encontraria mais hospedeiros e deixaria de circular.
• Mas o surgimento de novas variantes, como a Alfa, a Beta, a Gama e a
Delta, junto com o conhecimento de que a imunidade contra esse
coronavírus não dura para sempre e varia muito de pessoa para pessoa,
praticamente descartou essa ideia.
• Hoje em dia, há uma maior concordância entre os cientistas de que a
pandemia de covid-19 se transformará aos poucos em uma endemia.
• Isso significa que a doença continuará a ser frequente em uma (ou em
várias) regiões do planeta, com um número de casos e de mortes esperados
todos os anos.
• É isso o que ocorre com uma série de outras enfermidades, como a malária,
a febre amarela ou a própria gripe.

Gisele Souza

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