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ANALISE DAS RELAÇÕES

INTERNACIONAIS
Atores das Relações Internacionais
Bibliografia Recomendada
 PONTES NOGUEIRA, João; MESSARI, Nizar.
Teoria das Relações Internacionais: correntes e
debates. Rio de Janeiro, Elsevier, 2005.

 GRIFFITHS, Martin, org. International Relations


Theory for the Twenty-First Century: An
Introduction. Nova Iorque, Routledge, 2007.
Atores das Relações Internacionais
 Estados
 Organizações Internacionais
 Atores Transnacionais
Estados
 categoria política central nas relações entre povos e
unidades políticas

 O Estado é responsável pela organização e pelo


controlo social, pois detém, segundo Max Weber, o
monopólio da violência legítima (coerção)
Estados

 Max Weber identificou três principais fontes de legitimidade


política:
 A legitimidade, em primeiro lugar com base em motivos tradicionais é derivado de uma
crença de que as coisas deveriam ser como foram no passado, e que aqueles que
defendem essas tradições têm um direito legítimo ao poder.
 A legitimidade, por outro baseado em liderança carismática é a devoção a um líder ou
grupo que é visto como excepcional heróico ou virtuoso.
 O terceiro é a autoridade racional-legal, no qual a legitimidade é derivada da crença de
que um determinado grupo tenha sido colocado no poder de forma legal, e que seus atos
são justificáveis de acordo com um código específico de leis escritas.

Weber acreditava que o Estado moderno se caracteriza, principalmente, apelando para a


autoridade racional-legal
Estados de Jure e de facto
 A maioria dos estados são estados soberanos de
jure e de facto (ou seja, existem tanto na lei e na
realidade).

 No entanto, por vezes, existem apenas como


Estados de jure em que uma organização é
reconhecida como tendo soberania e ser o governo
legítimo de um território sobre o qual eles não têm
controle real.
Estado no Direito Internacional
 Os critérios legais para a independência não são óbvias.
 No entanto, um dos documentos frequentemente citado
na matéria é a Convenção de Montevidéu de 1933, o
primeiro artigo de que dispõe:
 O estado como uma pessoa de direito internacional, devem
possuir as seguintes qualificações:
 uma população permanente,
 um território definido,
 governo,
 a capacidade de entrar em relações com os outros estados.
Estado Pária
 Um Estado pária é uma nação cuja conduta é
considerada fora das normas internacionais de
comportamento por parte ou por toda a comunidade
internacional (como a Organização das Nações
Unidas) ou por alguns países
 Um Estado pária poderá enfrentar o isolamento
internacional, sanções por países que vejam as suas
políticas e ações como inaceitáveis
Estado Falhado (Failed State)
 A Nova Ordem Mundial resultante de várias
dinâmicas é caracterizada, entre outros factores,
pela emergência e proliferação de novos Estados,
que se viram confrontados com sérias dificuldades
no seu desenvolvimento enquanto plenas
democracias e no estabelecimento de fortes infra-
estruturas estatais básicas, constituindo, desta
forma, Estados fracos, frágeis, falhados ou
colapsados
Failed States
 Devido à variedade de definições deste conceito, pode-se concordar que a
sua definição incorpora as seguintes características:
 a) Fragilidade e/ou colapso das instituições estatais e consequente
incapacidade de assegurar os bens e serviços básicos aos cidadãos;
 b) Instabilidade política e económica por vezes associada a forte
contestação social;
 c) Perda do monopólio legítimo do uso da força e legitimidade do Poder,
cujas decisões políticas não têm grande aceitação por parte da população;
 d) Incapacidade de controlo efectivo sobre o território nacional (incluindo
fronteiras, zonas costeiras e arquipélagos);
 e) Inexistência de um clima de Segurança, obediência e de ordem interna,
derivado do aumento da violência e da criminalidade, e possibilidade de
exploração deste ambiente pelas organizações criminosas e/ou terroristas;
Organizações Internacionais - Definição

 Segundo a Convenção de Viena, “organização


internacional significa uma organização
intergovernamental”.
 Segundo Mota Campos, uma organização
internacional é “uma associação de Estados (ou de
outras entidades possuindo personalidade
internacional) estabelecida por meio de um tratado,
possuindo uma constituição e órgãos comuns e tendo
uma personalidade legal distinta da dos Estados-
Membros”.
Organizações Internacionais - Formação

 o Estado constituído estabelece direitos e deveres,


assim como define regras para toda e qualquer
relação entre seus indivíduos, sejam pessoas,
empresas ou associações.
 Estabelece, assim, normas de direito tributário,
comercial, penal, civil e outras mais. Já as
organizações internacionais possuem campo de
atuação limitado ao tratado que a instituiu.
Organizações Internacionais
 Desde o surgimento do Estado como categoria
política central nas relações entre povos e unidades
políticas, a história registou a ocorrência de
iniciativas de estadistas e formulações de pensadores
voltadas para a estruturação de instituições que hoje
chamamos de organizações internacionais.

 As organizações internacionais são a expressão mais


visível dos esforços de cooperação internacional de
forma articulada e permanente.
Organizações Internacionais
 Henrique IV e seu Ministro, o Duque de Sully, no
início do século XVII elaboraram a primeira
proposta de formação de uma instância internacional
centrada na ideia de um sistema de arbitragem
permanente onde os soberanos deveriam resolver
suas pendências sem o recurso da guerra.
 Cerca de um século depois, em 1712, Saint-Pierre,
retoma as ideias de Henrique IV numa proposta mais
elaborada de um Projeto de paz perpétua.
Organizações Internacionais
 A criação de organizações internacionais é um fato
relativamente recente na história mundial, datando
a primeira organização desse tipo que se tem
notícia do ano de 1815, quando a Conferência de
Viena previu a constituição das comissões fluviais.

 A partir daí os Estados europeus passaram a


estabelecer uniões administrativas para as áreas
administrativa e técnica.
Organizações Internacionais
  As organizações internacionais com maior evidência
mundial e importância política surgiram no decorrer do
século XX para participarem, juntamente com os
Estados, como sujeitos do Direito Internacional
Público.
 Após a Primeira Guerra Mundial, nascia a Liga das Nações
(Tratado de Versalhes, 1919), com o objetivo de coordenar
as relações entre os países, a fim de evitar novo conflito
armado. Essa organização não teve sucesso, pois as suas
decisões não gozavam de força executiva, tendo sido
extinta por ocasião da 2ª Guerra Mundial (1939).
Modalidades
  Objectivos Genéricos (competência Geral)

 Objectivos Específicos (limitados)


Objectivos Genéricos
  As organizações intergovernamentais de objetivos
genéricos (competência geral), também conhecidas por
organizações de domínio político, visam coordenar as
relações entre países, independentemente da área de
atuação.
 EXEMPLO: ONU (Organização das Nações Unidas) O seu
tratado constitutivo possui objetivos em praticamente todas as
áreas de atuação, podendo ser destacado um objetivo principal,
o de manter a paz mundial, e objetivos acessórios, através dos
quais se pretende atingir o objetivo principal, como obter a
cooperação internacional nos sectores económico, social,
cultural, científico, etc.
Objectivos Específicos (competência Limitada)

 coordenam ações entre as nações somente em determinado


sector
 (económico, social, financeiro, etc)
 EXEMPLO: Organização Mundial do Comércio (OMC);
também o FMI (Fundo Monetário Internacional)
 Também se enquadram como organizações de objetivos
específicos as “agências especializadas” da ONU, que, por
possuírem personalidade jurídica própria, constituem-se em
organizações internacionais distintas no cenário internacional, tais
como a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura) e a OIT (Organização
Internacional do Trabalho)
Alcance Geográfico
  Globais

 Regionais
Globais
 São as Organizações de caráter Universal, que
contemplam países de todas as regiões do mundo

 EXEMPLO: ONU
Regionais
  São organizações delimitadas territorialmente e
contemplam somente países de determinado
continente ou região

 EXEMPLO: UE, UA, MERCOSUL, BID – Banco


Interamericano de Desenvolvimento,
Alcance Político
 Cooperação

 Integração
Cooperação
 As organizações internacionais de cooperação
pressupõem a realização dos seus objetivos por meio
da cooperação entre os Estados-membros, mantendo-
se a soberania e a independência entre os
mesmos.       
 EXEMPLO: NATO

 as decisões das organizações internacionais cooperativas


só obrigam os indivíduos e entidades internas de um
Estado-membro com o consentimento deste   
Integração
 As organizações internacionais de integração visam formar
uma comunidade regional integrada, ao contrário das
organizações de cooperação, por meio da redução ou
limitação da soberania dos Estados-membros.
 EXEMPLO: UE, cujos Estados-membros perderam o poder de decidir,
individualmente, suas políticas em diversos segmentos governamentais,
como é o caso da política monetária

 As instituições das organizações internacionais de integração têm


o poder de estabelecer e executar normas que obrigam não só os
Estados membros, como seus indivíduos diretamente, sem a
necessidade de consentimento prévio de tais Estados
Integração
 BELA BALASSA separa a integração como
processo e como situação.

 Como processo será o conjunto de medidas tendentes


a abolir a discriminação.
 Como situação, a integração corresponde a ausência
de formas diversificadas de discriminação entre
economias nacionais
Integração Económica
 Integração nacional, como um processo restrito às
fronteiras de um Estado;
 Integração económica internacional, que se refere à
integração em um bloco regional (regionalização)
 Integração económica mundial, que visualiza o
fenómeno em escala mundial, mas numa perspectiva
microeconómica (globalização)
Modalidades de regionalização
 Jacob KOL, distingue três modalidades de
regionalização em relação ao desenvolvimento do
comércio mundial:

 Formação de blocos,
 Regionalismo

 Polarização.
Formação De Blocos
 A Formação de blocos refere-se a uma relativa
concentração do comércio internacional entre
países membros de um acordo formal de livre
comércio ou outro acordo formal de integração
económica.
 KOL inclui as experiência Europeia (UE)e norte-
americana (NAFTA) neste espécie de integração
económica.
Regionalismo
 O Regionalismo refere-se a uma relativa concentração
de comércio internacional entre países que são parte
de um grupo de Estados com coesão informal, com
predominância do elemento de proximidade
geográfica.
 Nesta prespectiva, a regionalização é um fenômeno

natural e directamente ligado ao factor proximidade


geográfica, tal como ocorre entre zonas fronteiriças, a
exemplo das fronteiras entre Brasil e Paraguai, antes
mesmo do Tratado de Assunção (1991).
Polarização
 Finalmente, a polarização apresenta-se como um
caso especial de regionalismo entre países em
diferentes estágios de desenvolvimento.

 É uma relativa concentração de comércio internacional


de um grupo de estados em desenvolvimento com um
grupo de Estados industrializados em proximidade
geográfica.
Conceito de Integração Política
 Lindberg define integração política como sendo o processo
no qual os Estados abdicam ao desejo e à habilidade de
conduzir políticas independentemente, uns dos outros, a
sua política externa, assim como as políticas domésticas.
Desta forma, os Estados procuram tomar essas decisões,
em conjunto, ao delegar esta capacidade a um órgão
central.
 Lindberg considera que a integração política passe a
acontecer a partir de um centro de decisão no qual os
actores políticos dirigem as suas legislações e actividades
políticas
Top Down/Bottom Up
 Top Down - integração imediata dos Estados através
da criação de um governo federal, a análise Top-
Down obriga uma aproximação muito maior com os
objectivos estratégicos da organização.
 Bottom Up - processo de integração gradual, com a
finalidade de se chegar à união política.
Normalmente a integração Bottom-Up não
consideram o Risco positivo já que reparam na
maioria dos casos, somente, no controlo de
mitigação
TOP DOWN/BOTTOM UP
Etzioni
 Comunidade Política só existe quando possui
mecanismos de integração autárcicos – ou seja,
quando as suas fronteiras, da sua estrutura interna e
da sua organização política é assegurada pelos seus
próprios processos e não depende de unidades, de
supra-unidades, ou de sub-unidades exteriores
INSTITUIÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES

 A criação (instituição) de uma organização


internacional ocorre por meio de um tratado
constitutivo.
 Tratado multilateral, celebrado entre os Estados-
membros, que instituirá os órgãos componentes da
entidade, os objetivos a serem alcançados, os direitos e
os deveres de cada país integrante. Em princípio, a
organização será instituída por período indeterminado,
mas isso não é obrigatório.
Comunidade Política de Etzioni
 Uma Comunidade política é caracterizada por três tipos de de
processos de integração autárcicos
 Poder de coerção suficiente para contrabalançar o poder de
coacção de qualquer um dos seus membros ou de uma
coligação destes.
 Tem um centro de decisão capaz de influenciar de uma
maneira importante, a repartição dos bens em toda a
comunidade
 É o foco principal da lealdade política da grande maioria
dos cidadãos politicamente activos.
Escala de Integração Política
elevada media baixa
coerciva

militar

normativa

Comunidade Common Uniões Impérios Outros


s - sistemas
wealths
Personalidade Jurídica das Instituições

 a personalidade jurídica internacional da


organização internacional significa a aptidão ou
qualidade da organização de ser sujeito ativo e
passivo de direito internacional.
 A organização internacional, ao ser instituída pelo
tratado constitutivo, passará a ter personalidade
jurídica de direito internacional.
 A atribuição dessa personalidade normalmente vem
explícita no próprio tratado. 
Personalidade Jurídica das Instituições

 Permite à organização atuar como sujeito de direito


internacional.
 Mas a definição dos direitos e deveres da entidade configura a
capacidade legal internacional da organização.
 Os direitos e deveres devem ser independentes em relação aos dos
Estados. É a capacidade legal da organização.
 Assim, caso esta contemple a celebração de tratados, pode-se
afirmar que a organização possui personalidade jurídica
implícita.
 Isso quer dizer que, de forma explícita ou implícita, toda
organização internacional possui personalidade legal no direito
internacional.
Profundidade
Dependendo da profundidade da integração desejada, o ambiente
jurídico e institucional criado para gerir a implementação e o
desenvolvimento dos objetivos acordados, poderá ser mais ou
menos intenso.
 Desta forma, a Zona de Livre Comércio e a União Aduaneira, por
serem menos ambiciosas, podem manter um quadro meramente
intergovernamental.
 No entanto, um Mercado Comum, necessita de mecanismos
supranacionais, que garantam a instituição de um espaço
económico mais integrado. Neste sentido, os sistemas
intergovernamental e supranacional são expressões institucionais e
jurídicas das diversas formas de integração regional.
Conceito de Governação Global

 Concepção político-ideológica de uma nova ordem mundial


caracterizada por um sistema transnacional de gestão (leis e
instituições) estabelecido por um Pacto Global, cuja
autoridade normativa e executiva supera a soberania absoluta
dos Estados-Nação, para solução dos problemas de âmbito
nacional (globalização económica, criminalidade
internacionalizada, pobreza, fome e doenças mundiais,
direitos humanos e meio-ambiente), para a preservação da paz
e promoção da prosperidade geral.
Escala de integração Política
 O nível de integração política é a característica principal que
distingue as comunidades políticas dos outros sistemas
políticos. Quando os membros de um sistema por definição,
interdependentes, o seu nível de integração – em função de
cada uma das dimensões analisadas- pode ser alto ou baixo.
 Uma comunidade é inteiramente integrada
 Se um sistema é menos integrado, mas se os seus membros
são capazes de agir concertadamente numa vasta gama de
domínios, Etzioni define como União.
 Se o nível de integração é ainda mais baixo, as unidades são
simplesmente membros de um sistema.
Conceito de Governação Global
 O relatório da Comissão sobre Governação Global,
publicado em 1996, definiu governança como “a
totalidade das diversas maneiras pelas quais os
indivíduos, as instituições, públicas e privadas,
administram os seus problemas comuns”. Essa
definição aponta claramente que a governação,
entendida como os meios e processos pelos quais
uma organização ou sociedade se dirigem, é
construída simultaneamente pelo Estado e pelos
actores não governamentais.
Conceito de Governação Global
 Elke Krahmann apresenta outra definição, que
converge com essas considerações: governação
global pode ser entendida como “estruturas e
processos que permitem a actores governamentais e
não-governamentais coordenar necessidades e
actividades interdependentes através da construção e
implementação de políticas na ausência de uma
autoridade política unificadora ”
Governação Global
 Segundo Daniel Bell, “o Estado-nação está a tornar-se
pequeno demais para os grandes problemas e grande
demais para os pequenos problemas”. E como
“nenhum Estado consegue resolver isoladamente os
problemas globais: a degradação ambiental; a
vulnerabilidade dos mercados internacionalizados; as
ameaças à segurança colectiva; a violação dos direitos
humanos...” torna-se urgente encontrar formas de
solucionar os novos desafios colocados pela crescente
interdependência dos Estados.
Governação Global
 Mas as insuficiências do Estado verificadas em áreas como: a
segurança colectiva, a economia, os direitos humanos e o
ambiente, entre outros, tornam inevitáveis a partilha da
governação à escala internacional.
 Para isso, existem organizações como as Nações Unidas (ONU),
a Organização Mundial de Comércio (OMC), a UE, o Conselho
da Europa, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco
Mundial, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE), entre muitos outros novos actores político-
económicos regionais e globais, que nos fazem acreditar que “há
razões para se olhar o mundo como uma única ordem social.”
(Sousa, 2005)
Dimensões da Governação Global
 caráter de instrumento, ou seja, de meio e processo capaz
de produzir resultados eficazes;
 envolve os actores envolvidos no seu exercício,
salientando a questão da participação ampliada nos
processos de decisão;
 enfatiza o carácter do consenso e persuasão nas relações e
acções, muito mais do que a coerção. Assim, a governação
global existe quando ela é capaz de articular os diferentes
actores – estatais e não-estatais – para enfrentar
dificuldades. Sua forma de agir é, portanto, a articulação,
construindo consensos para resolver problemas.
Dúvidas?

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