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◦ Definições
A proposta de uma intervenção clínica para ajudar os indivíduos na solução de seus problemas, tem
raízes em movimentos da psicologia dos anos 50 e 60, quando se defendeu a adoção de um
enfoque de competências sociais em psicopatologia. A ideia central que fundamentou tal proposta
era o modelo de doença percebido como um comportamento anormal, ou seja o comportamento
não adaptado do sujeito pode ser resultado de uma deficiência nas habilidades de solução de
problemas ( Nezu,1987). As duas abordagens clínicas buscam aumentar a competência da atuação
da pessoa frente a situações críticas da vida.
É uma forma de terapia breve, cuja chave central é a utilização dos recursos trazidos
pelo próprio cliente para responder às suas necessidades e atingir seus objetivos de
forma a alcançar uma vida satisfatória para si tão rápido quanto possível ( Rasera &
Martins, 2013)
Características e focos da abordagem:
Problemas são situações específicas da vida (presentes ou por acontecer, como a vinda de um filho, sequelas
de uma doença) que exigem respostas para a continuidade do funcionamento adaptado do indivíduo, mas que
frente a elas este é incapaz de oferecer uma resposta eficaz de enfrentamento, devido a obstáculos pessoais
( ser uma novidade, ambiguidade nas escolhas, incerteza, exigências contraditórias) ou ambientais ( falta de
recursos materiais, de suporte social).
Problemas, representam uma discrepância entre a realidade de uma situação e os objetivos desejados. Pode ser
um único acontecimento, uma série de acontecimentos relacionados ou uma situação crônica.
Problema é um tipo de relação pessoa-ambiente que altera o equilíbrio;há percepção de discrepância entre as
demandas e a disponibilidade de uma resposta adaptativa. O desequilíbrio instalado muda com o tempo, em
função das alterações do ambiente ( por exemplo, suporte social), da pessoa (fortalecimento psíquico,
compreensão), ou de ambos.
(Nezu & Nezu,1999).
Autores da década de noventa buscaram novas descrições para o que as pessoas podem denominar como
problemas, entendendo-os como:
“uma das muitas formas que as pessoas podem usar para dar significado ao que acontece
nas suas vidas” (Shazer,1988)”.
Re-descrever as realidades vivenciadas pelo sujeito é uma forma de apresentar ao cliente uma realidade mais
satisfatória, por exemplo ao invés de descrever o cliente como “vítima de abuso sexual”, mudar para
“sobrevivente de abuso sexual”, ou referir-se a comportamentos que são descritos como doença, tais como, os
“transtornos alimentares” e “uso e abuso de drogas”, descrevê-los como hábitos que temporariamente
incapacitam a pessoa.
A mudança na descrição tem objetivo de realçar as possibilidades positivas, os aspectos saudáveis da vida do
cliente ou mostrar de forma evidente a força ou o benefício que o problema também propicia. Quando se tem
uma percepção diferente da situação isso pode ser um recurso na criação de soluções (Shazer,1988).
A partir dos anos 90 as experiências em terapias e trabalhos com enfoque
grupal na solução de problemas, se desenvolveram com bastante sucesso e
incluíram diversas populações : grupos familiares e grupos de familiares
cuidadores, grupos de clientes com problemas de saúde mental ( depressão,
ansiedade), grupos de estudantes ( prevenção do uso de substâncias
psicoativas), grupos de universitários (ajustamento á vida universitária).
1. A primeira etapa se propõe a estimular a motivação do cliente no processo de solução e vai incluir
depoimentos com as crenças, apreciações e expectativas relacionadas à situação problema e a
expressão individual das próprias habilidades para solucionar o problema.
O profissional deve expressar ao cliente a convicção de que as formas que ele têm adotado
(comportamentos atuais) para lidar com as situações são a maneiras que ele encontrou para
sobreviver.
Esta etapa envolve a apreciação das habilidades requeridas pelo problema na sua solução, as
fortalezas e dificuldades no estabelecimento de metas e na adoção de novos comportamentos de
enfrentamento, que substituam os originais que segundo as exposições do cliente não tem ajudado
a aliviar o sofrimento ou outros desconfortos gerados pela situação problema.
O profissional em encontros anteriores: pode convidar o(os) cliente(s) a pensar a respeito do que
pode ajudá-lo(s) a se mover em direção à meta, incentivando-o(s) a ver que cada “pequeno
passo” em direção à solução é um experimento e não uma estratégia que garantirá o
sucesso. deve ser encorajado(s) a se mover gradualmente ( aos poucos) para as soluções e a
entender que pequenas mudanças podem resultar em alívio e qualidade de vida, que através das
pequenas mudanças, metas maiores podem ser alcançadas.
4. Quarta etapa: Avaliar o resultado da decisão.
No último encontro, propõe-se haver o feedback do cliente(s) para que o profissional avalie seu
próprio desempenho e no caso de ser um grupo, programar alguma celebração das mudanças
positivas, para valorizá-las e reforçar novas autodefinições.
Essas etapas incluem as reais habilidades requeridas para definir e resolver com efetividade os
problemas.
Caso
C.M. é uma adolescente de 15 anos de idade que anda meio cabisbaixa por sofrer discriminação na
escola, devido às colegas descobrirem que era virgem e várias “brincadeiras”, gozações, chacotas e
humilhações por ainda ser virgem foram feitas a adolescente.CM sofre com isso, diz não saber o que
fazer, pois refere que é muito comum os grupos de adolescentes se dividirem entre os que já tiveram
a primeira relação dos que ainda não tiveram, sendo que, os que já fizeram sexo se vangloriam muito
disso, e que a quantidade de relações é a prioridade, quanto mais relações sexuais o adolescente
tiver, mais ele é valorizado pelos colegas. Por vergonha, C.M. se afastou das colegas e até deixou de
assistir as aulas, por isso suas notas caíram, sente-se isolada e não sabe como lidar com o problema.
Não contou para a mãe para não criar confusão na escola o que a deixaria ainda mais exposta.
Pensando no método de solução de problemas, como vocês lidariam com essa cliente?
a. Imaginem a situação e coloquem-se no lugar da pessoa.
b. Como solicitariam a visão dela do problema ? Como colocariam a sua percepção do que no
seu ponto de vista, é o problema?
d. Elaborem perguntas que poderiam levar a redefinir a situação e a gerar alternativas para lidar
com o problema.
e. Elaborem perguntas que ajudem a pessoa a tomar decisões em direção à solução do
problema.
Referências Bibliográficas
D’Zurilla, T. J. Problem-solving training for effective stress management and prevention. Journal of Cognitive
Psychoterapy: Na International Quarterly n. 4, p. 327-354, 1990.
Nezu, A. M.,& Nezu, C. M. Treinamento em solução de problemas. In Caballo. V .E. Manual de técnicas de
Terapia e modificação de comportamento. São Paulo: Santos, 1999, cap. 22, p. 471-93.
Nezu, A. M. Efficacy of a problem-solving therapy approach for unipolar depression. J Cons Clin Psychol,
vol 54, n. 2, p. 196-202, 1986.
Beaulieu, M A & Jason, L. A. A drug abuse Prevention Program Aimed at Teaching Seventh Grade Srudents
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De Shazer, S., Keyes to solution in brief therapy. New York: W. W. Norton and Company, 1985.