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1º Fórum International de Alimentação e

Nutrição em Cabo Verde


Perspectiva da FAO sobre Segurança Alimentar e Nutricional

25 a 27 de setembro de 2019

Representante da FAO em Cabo Verde


Doutora Ana Laura TOUZA
Segurança Alimentar e Nutrição – Perspectiva da FAO
FAO FAO é a agência das Nações Unidas que tem a “tutela” de 21
dos indicadores, para os ODS 2, 5, 6, 12, 14 e 15 e contribui
para mais outros 4 ODS.
2.1.1 Prevalence of undernourishment
2.1.2 Prevalence of moderate or severe food insecurity in the population,
based on the Food Insecurity Experience Scale (FIES)

2.3.1 Volume of production per labour


unit by classes of farming / pastoral / forestry enterprise size
2.3.2 Average income of small-scale food producers, by sex and indigeno
us status

2.4.1 Proportion of agricultural area under productive and sustainable ag


riculture
Erradicar a fome, alcançar
a segurança alimentar, 2.5.1 Number of plant and animal genetic resources for food and agricult
melhorar a nutrição e ure secured in medium or long term conservation facilities
promover a agricultura 2.5.2 Proportion of local breeds, classified as being at risk, not-at-risk or
sustentável   unknown level of risk of extinction

2.a.1 The agriculture orientation index for government expenditures


2.c.1 Indicator of (food) price anomalies
Segurança Alimentar e Nutrição – Perspectiva da FAO
do
FAO é a agência das Nações Unidas que tem a “tutela” de 21
dos indicadores, para os ODS 2, 5, 6, 12, 14 e 15 e
contribui para mais 4 outros ODS.
2.1.1 Prevalence of undernourishment
2.1.2 Prevalence of moderate or severe food insecurity in the population,
based on the Food Insecurity Experience Scale (FIES)

2.3.1 Volume of production per labour


unit by classes of farming / pastoral / forestry enterprise size
2.3.2 Average income of small-scale food producers, by sex and indigeno
us status
Erradicar a fome, alcançar 2.4.1 Proportion of agricultural area under productive and sustainable ag
a segurança alimentar, riculture
melhorar a nutrição e
promover a agricultura 2.5.1 Number of plant and animal genetic resources for food and agricult
ure secured in medium or long term conservation facilities
sustentável  
2.5.2 Proportion of local breeds, classified as being at risk, not-at-risk or
unknown level of risk of extinction
Segurança Alimentar e Nutricional – Perspetiva da FAO
Anualmente a FAO prepara o Relatório Global sobre a Segurança Alimentar e Nutricional (SOFI 2019)

O ODS 2 - Fome Zero


em 2030 tem o pior
desempenho entre
todos os ODS.

Os indicadores de
fome e desnutrição
mostram um
aumento em todas as
categorias.
Os sistemas alimentares são fundamentais, mas estão
falhando.

• Entregar alimentos saudáveis


• Agricultura sustentável
• Mais de 820 milhões de pessoas não têm comida para
comer (SOFI, 2019)
O que podemos fazer?
3 Frentes

• Alimentos saudáveis são difíceis de encontrar

• Alimentos saudáveis são caros

• Ter conhecimento do que estamos a comer


Perspectiva da FAO sobre
Segurança Alimentar e Nutricional
O Peixe na Segurança Alimentar e Nutricional em Cabo Verde

25 de setembro de 2019

Oficial Nacional das Pescas


Dra. Edelmira Carvalho
Problemática em Cabo Verde
Potencial e Disponibilidade de peixe em Cabo Verde
CAPTURA NACIONAL PA+PI CAPT POR GRUPO ESPECIES 2017
5000.0
CAP TOTAL P ART P IND
4500.0
18000.0
4000.0
16000.0
3500.0
14000.0
3000.0
12000.0
2500.0
10000.0
2000.0
8000.0
1500.0
6000.0
4000.0 1000.0

2000.0 500.0
0.0 0.0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Tunídeos Pequenos Demersais Diversos Crustáceos e Tubarões
Pelágicos Moluscos

Fonte dados: INDP
Problemática em Cabo Verde
Potencial e Disponibilidade de peixe em Cabo Verde
Recurso Potencial * (tons) Capt média** Disponibilidade para a
(2006-2017) pesca***
Tunideos 25.000 – 30.000 13.535 11.342 – 16.342
Pelágicos costeiros 4.800 – 7.000 1.173 3.627 – 5.827
Demersais 3.700 – 8.800 1.150 2.550 – 7.650
Diversos ? 684 ?
Total 33.500 – 45.800 16.542 16.958 – 29.258
Fonte : *PGRP (2016-2020) / PRAO – CV / ** INDP *** cálculo autor
Problemática em Cabo Verde
• Consumo per capita

Capturas  Disponibilidade p/
Importação Exportação
Ano (PA+PI) Total tons consumo
tons tons
tons tons
2012 10.265 556 10.821 3.833 6.990
2013 12.088 904 12.992 3.894 9.098
2014 14.256 826 15.082 4.867 10.216
2015 15.369 801 16.170 6.434 9.737
2016 9.495 803 10.298 7.621 2.678

Fonte : INDP DGAlfandega - autor


Problemática em Cabo Verde
• Consumo médio per capita de pescado

O consumo peixe = 25 Kg per capita em Cabo verde


Fonte: (PGRP, 2004-2014, PRAO -CV)

SOFA (State of World Fisheries and Aquaculture) 2018


média mundial (2017) = 20,5 kg per capita
Problemática em Cabo Verde
O papel do peixe na segurança alimentar e nutricional – Valor nutricional de alguns produtos
(Referência: TACO )
Porção: 100.00g
ATUM FRESCO CAVALA E SIMILARES ATUM ENLATADO
180.00 CALORIAS /100G) 222 CALORIAS /100g 284.00 CALORIAS/100g)

Proteína: 25,7 g Proteína: 20,3 g Proteína: 26,2 g


Gordura saturada: 0,5 g Gordura: 13,4 g Gordura: 6 g
Monoinsaturados: 0,2 g Monoinsaturados: 3.7g Colesterol: 57 mg
Vitamina A: 20,3 ug Polinsaturados: 4.7g Ferro=1,23 mg
Ferro: 1,3 mg Ferro: 1,6 mg Sódio = 362,2 mg
Desafios
Contribuição da pesca nas 4 dimensões
da segurança alimentar e nutricional

1. Disponibilidade – SIM nalgumas pescarias (Tunídeos)


2. Acessibilidade – Nem sempre acessível (preço elevado espécies
consideradas nobres)
3. Utilização – Pouca variedade (peixe fresco, salgado seco e conservas)
4. Estabilidade das 3 dimensões
Fonte: PROGRAMME- GCP/INT/244/EC Impact, Résilience, Durabilité et Transformation pour la Sécurité Alimentaire et Nutritionnelle (FIRST)
Revue/Analyse de la contribution des Politiques et Stratégies Nationales de la Pêche et de l’Aquaculture à la Sécurité Alimentaire et Nutritionnelle des populations en Afrique de
l’Ouest
Propostas
1. Disponibilidade – Melhorar a gestão / introduzir outras formas de produção;
2. Acessibilidade – melhorar condições de venda ao público (mercados) / zonas
encravadas – promover consumo de peixe fresco (Qualidade);
3. Utilização – Introduzir outras variedades no mercado (filetes, hamburgers de
peixe);
4. Estabilidade das 3 dimensões – melhor conhecimento e gestão recursos/
fiscalização /melhoria da qualidade/ melhorar quadro de concertação;
5. Promover o consumo de peixe na camada infantil e juvenil.
Perspectiva da FAO sobre
Segurança Alimentar e Nutricional
Agricultura e Pecuária no contexto de Segurança Alimentar e
Nutricional em Cabo Verde
25 de Setembro de 2019

Especialista Sénior em Agricultura


Eng. Oumar Barry
Problemática da Agricultura em Cabo Verde
1. Devido à sua localização saheliana, o potencial agrícola cabo-
verdiano é confrontado com um conjunto de constrangimentos de
várias ordens (fraca precipitação mal distribuída no tempo e no
espaço, seca cíclica, chuvas violentas com inundações e outras
consequências, etc..) que contribuem para a fraca produção
agropecuária que satisfaz apenas 10 a 15% das necessidades de
consumo de bens alimentares.
2. Apesar dos esforços investidos para a sua modernização, a fraca
contribuição da agricultura na formação da riqueza nacional é
derivada das condições em que a própria atividade é praticada.
Problemática da Agricultura em Cabo Verde (suite)
• Apenas 10% da superfície total do país (cerca de 40.000ha) reúne condições para a prática da agricultura
• Apenas 7,5 a 12,5% da área cultivada é irrigada variando entre 3.000 e 5.000 ha
• A agricultura de sequeiro é dependente duma fraca precipitação anual (230mm/ano) com uma
distribuição muita irregular no espaço e no tempo intercalada com ciclos de seca e também com chuvas
torrenciais provocando inundações e enxurradas
• É explorada em solos de origem volcânica de basalto (80%) e em geral pouco diferenciados
• A situação fundiária é caracterizada por um forte emparcelamento das terras em média 1,26 ha pela
exploração (1,19 ha no sequeiro e 0,46 ha no regadio)
• A persistência da não inadequação das práticas de exploração às condições climáticas
• A persistência da exploração em regime de subsistência, por pequenas unidades familiares
• A predominância de unidades fechadas, de características tradicionais, pouco organizadas e coordenadas,
numa base tecnológica ainda pouca adaptada o que limita a extensão dos ganhos dos produtores
• A condição de um défice forrageiro estrutural mesmo em anos de pluviometria "normal"
Contribuição da agricultura na alimentação e nutrição

Apesar da fragilidade, a agricultura representa um dos sectores produtivos primários de extrema


importância no desenvolvimento socioeconómico do país:

• Alterações significativas dos indicadores macroeconómicos, como é o caso da inflação e do poder de


compra dos consumidores, através da redução de preços no mercado;
• Um papel social importante, criando mais de 50% de empregos nas áreas rurais e também estabilizando
os preços dos alimentos;
• A população agrícola é de 182.396 pessoas (34,8% da população) (RGA 2015)
• Um pilar da segurança alimentar e nutricional como fonte de renda e de oportunidades em todas as ilhas
As atividades praticadas em 45.399 explorações sendo
85,3% de pecuária
73,4% de agricultura de sequeiro
31,7% em silvicultura e
18,9% da agricultura irrigada.
• A agricultura irrigada é uma atividade rentável e satisfaz o mercado em quase
todos os principais produtos

• A produção média anual (2013 a 2017) foi de:

47.646 toneladas de produtos hortícolas,

 22.143 toneladas de tubérculos e raízes e

16.349 toneladas de diversas frutas, das quais 10.345 toneladas de bananas


A produção pecuária é praticada por 41.000 famílias :
• 60% da população total e
• mais de 90% da população rural.
A produção pecuária está bem integrada no sistema de produção
agrícola e é constituída principalmente de ruminantes
• cabras (107.630)
• bovinos (29.599)
• ovinos (12.625)
• coelhos (90.905)
• aves, porcos e outros.
• A atividade pecuária tem uma importância fundamental para a segurança
alimentar da população e no desenvolvimento da economia rural.
Segundo o RGA 2015, de 2010 a 2015,
• A produção de carne bovina, ovina e caprina aumentou de cerca de 4%
• A carne de suíno cerca de 67%
• A produção de carne de frango em cerca de 39%
• A produção estimada de leite teve um crescimento de 8,1%.

As atividades de produção pecuária têm tido um papel fundamental no


rendimento das famílias rurais e no desenvolvimento económico do país.
Produção Agrícola
Estimativas da produção (em toneladas) de culturas hortícolas e de raízes e
tubérculos (2013-2017)
  2013 2014 2015 2016 2017
Culturas Hortícolas 51 266 52 544 46 957 48 512 38953
47 646
Tomate 16 684 15 611 14 597 15 133 16 292
Pimentão 3 683 3 842 3 121 4 775 4 573
Repolho 9 028 9 962 8 816 8 698 4 984
Cenoura 5 266 6 078 4 596 3 953 2 809
Melancia 1 278 1 537 1 550 1 557 1 147
Alface 1 302 1 856 1 411 1 325 796 34 895
Couve 2 293 3 551 3 080 3 015 1 127
Cebola 6 548 4 842 4 696 5 066 3 426
Diversos 5 184 5 265 5 090 4 990 3 798
Raízes e Tubérculos
27 163 26 093 19 833 22 963 14 662
(R&T) 22 143
Batata-doce 8 816 8 770 5 959 6 262 5 024
Mandioca 8 123 7 640 5 322 5 667 5 597
Abóbora (sequeiro) 1 900 1 520 800 549 0
Batata-comum 8 324 8 164 7 752 10 485 4 041
Fonte: MAA, Direção de Estatística e Gestão da Informação
Produção Agrícola

Estimativas de produção (em toneladas) por tipo de culturas frutícolas (2013-


2017)
  2013 2014 2015 2016 2017
Total 16 639 17 470 16 065 15 840 15 730 16348,8
Banana 10 033 10 534 10 300 10 443 10 416 10345,2
Manga 2 140 2 247 1 328 1 363 1 568
Papaia 3 308 3 473 3 232 3 284 2 991
Outras 1 158 1 216 1 205 750 755
culturas de sequeiro
(2013-2017) 2013 2014 2015 2016 2017
Total 12 008 1 941 14 076 9 739 11
Milho 5 785 1 065 8 677 5 642 4
Feijões 5 943 650 5 199 3 987 7
Mancarra 280 226 200 110 0
Fonte: MAA, Direção de Estatística e Gestão da Informação
Propostas
Évolution de la production des principales spéculations horticoles
(1991 - 2013)
60,000

50,000
44,180
Production en tonnes

40,000

30,000

23,163
20,000 16,981
16748
9,700
10,000 7,665
10000
5,651
0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Maraîchères Racines & Turbercules Fruits


Projeção da produção das Culturas

Fonte: PNIASAN, 2018


Projeção da produção animal

Fonte: PNIASAN, 2018


Proposta de intervenção

• Garantir a segurança e a soberania alimentar e cobrir as necessidades nutricionais da


população, num contexto de grande crescimento populacional e urbanização que confere
um papel central aos mercados nacionais e regionais;
• Modernizar as explorações familiares, aumentar a sua resiliência e integrá-las melhor nos
mercados, tendo em consideração as questões de emprego e redução da pobreza e
considerando a diversidade das atividades produtivas familiares bem como as suas
trajetórias e perspetivas;
• Promover itinerários técnicos para intensificação dos sistemas produtivos sustentáveis,
resilientes e adaptados às mudanças climáticas num contexto de grande diversidade de
zonas agro-ecológicas;
• Estruturar e desenvolver cadeias de valores eficientes com forte intensidade de trabalho
para responder o desafio do emprego, com base na contratualização entre atores e a
equidade nas relações comerciais.
Perspectiva da FAO sobre
Segurança Alimentar e Nutricional
Contribuição da FAO para o Sistema Alimentar em Cabo Verde

25 de Setembro de 2019

Consultor Nacional da FAO em Nutrição


Dr. Ricardo Mendes
Enquadramento: Nutrição Sensível ao Comércio

Fonte : FAO, 2018


2

Diversidade no
Abastecimento
3
1

Estabilidade no Preço mais


Abastecimento Influência do Comércio sobre Baixo dos
Alimentar e Alimentos
Segurança Alimentar e Nutricional
Preço
4

Aumento da
Renda

Fonte: Gilson et al., 2015; UKDBIS, 2013; Brooks and


Matthews, 2015; Burnett and Murphy, 2013.
Situação Nutricional: Triplo fardo da Malnutrição
28,3 % da População com um grande fator de risco para as DCNTs

Fonte:. INE, IDRF, 2018


O Que Explica a Pandemia da Obesidade?
Projeto TCP/RAF/3707

açúcar
Obesidade

Alimentos ultraprocessados Gordura Hipertensão

Sódio
Estilo de vida Diabetes
Consumo de alimentos locais

Cancros
Atividade Física
Projeto TCP/RAF/3707

Objetivo SIDS

Integrar a nutrição nos Cabo Verde Comoros


diplomas comercias Guiné Bissau Mauritiuus
nacionais e regionais nos São Tomé e Prínicipe Seychelles
países SIDS
e promover as cadeias de
valor dos alimentos locais Inicio: Jan-2019
com vista ao comércio
entre os países SIDS Fim: Dez-2020
Porquê implementar o presente projecto?

1. Ambientais naturais frágeis;

2. Isolamento económico;

3. Excessiva importação de alimentos;

4. Transição nutricional (triplo fardo da desnutrição).


Resultados Esperados

1. Redução da desnutrição, principalmente obesidade;

2. Redução na importação e distribuição de produtos


alimentícios não saudáveis (altos teores de açúcar, gordura
ou abaixo do padrão e mal rotulado);

3. Melhoria do comércio intra-SIDS de alimentos nutritivos.


Principais Recomendaçoes

Revisão do decreto-lei sobre a rotulagem dos


alimentos com vista acrescentar a informação
sobre os nutrientes.

Legislação sobre a tributação dos alimentos


ricos em sal, gordura e açúcar

Capacitação das Associações de Consumidores


para influenciar a população no que se refere à
escolha de alimentos mais saudáveis. 
MUITO OBRIGADO!!!

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