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Heurísticas para

interpretação de textos
legais
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
PROF. MARCELO LIMA GUERRA
O que se entende por “heurísticas”?

 Aquise vai entender por “heurística” uma regra superficial, sem


muita elaboração. Aquilo que, em inglês, se chama “rules of
thumb”.
 Há dezenas de estudos que confirmam que os seres humanos são
extremamente bem sucedidos ao usar essas regras, mesmo que elas
sejam falíveis.
 A interpretação
de textos, como qualquer atividade, requer, em
algum momento, alguma decisão: no caso, sobre o sentido de um
termos legal.
É possível estabelecer algumas heurísticas básicas a serem
utilizadas na interpretação de um texto, as quais geram resultados
aceitáveis e racionais, mesmo que discutíveis (e derrotáveis).
 As que vamos sugerir agora, são baseadas nas seguintes premissas
 As que vamos sugerir agora, são baseadas nas seguintes premissas:

 (1) Os textos legais são produzidos com a linguagem comum, ou


seja, a mesma linguagem utilizada pelas pessoas, em suas
comunicações cotidianas.
 (2)Os textos legais contém termos “técnicos”, com significados
específicos para o universo jurídico.
 (3) Os significados específicos dos termos “técnicos” são,
exclusivamente, aqueles que resultam de definição legal, explícita
ou implícita
 Partindo dessas premissas, tem-se as seguintes heurísticas:

 (1) A primeira opção de sentido a atribuir a um termo legal é um


significado definido, explícita ou implicitamente em outro
dispositivo legal.
 (2)Não sendo viável a primeira opção, a segunda opção é atribuir a
um termo legal um significado corrente na linguagem comum.
 (3) Existindo mais de um significado corrente na linguagem comum,
ou no caso em que aquele sentido comum gere um resultado
paradoxal, deve-se procurar o sentido que torne o dispositivo em que
o termo legal ocorre apto a expressar a norma mais coerente com o
ordenamento jurídico.
As funções estatais (jurisdição inclusive) como
fenômenos institucionais e culturais
 A função designada por ‘jurisdição’, assim como as demais funções
estatais, são extremamente complexas
 Por um lado, ela está sempre vinculada a um dado ordenamento
jurídico, são sendo possível formular afirmações universais
específicas sobre ela.
 Por outro lado, uma afirmação que pode ser feita é que, tanto no
ordenamento brasileiro, como em todos os outros, ela tem aspectos
nucleares, que estão presentes até em sociedades primitivas, onde
ainda não se pode falar na existência de um “Estado”.
A função estatal designada por ‘jurisdição’, no
direito brasileiro, se traduz na reunião das
seguintes atribuições nucleares:

(1) a proteção de direitos subjetivos

(2) a aplicação de penas


Base normativa desta caracterização mínima da
jurisdição

 LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o


devido processo legal

 “privação de liberdade”, refere-se a aplicação de penas.


 “privação de bens” refere-se a proteção de direitos subjetivos.
 “Proteção de direitos” como função constitucionalmente atribuída ao Poder Judiciário:
 Cf, art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito;

 “Aplicação de penas” como função constitucionalmente atribuída ao Poder Judiciário:


 Cf, art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;
 Cf, art. 5º, LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
crime propriamente militar, definidos em lei;
 Cf, art. 5º, LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
 Cf, art. 5º, LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária
Dicotomia básica da função jurisdicional

 Jurisdição civil: proteção de direitos subjetivos.

 Jurisdição penal: refere-se a aplicação de penas.

 Taldicotomia é construída com base no resultado perseguido com o


exercício da função jurisdicional.
Jurisdição civil e tutela jurisdicional civil

 Como se viu, “conceder a proteção devida a direitos subjetivos” é o


que define, teleologicamente, a jurisdição civil.

 Nem sempre esse resultado é alcançado, por diversas razões.

 Quando ele é efetivamente produzido, diz-se que foi prestada a


“tutela jurisdicional civil”.
Esclarecimentos terminológicos e conceituais

 Os termos ‘função jurisdicional’, ‘tutela jurisdicional’, ‘providência


(ou medida) jurisdicional’, ‘técnica jurisdicional’ e ‘efeitos de
determinada providência jurisdicional’ são utilizados de forma
extremamente obscura e confusa.
 Diante da relevância fundamental das noções que eles expressam, é
indispensável um esclarecimento prévio sobre os conceitos que
serão veiculados por cada um deles
Esclarecimentos terminológicos e conceituais

 FUNÇÃO JURISDICIONAL: é, de um ponto de vista estrutural, o


conjunto de poderes atribuídos ao Estado [por normas que
conferem poderes], a serem exercidos por um de seus Poderes (o
Poder Judiciário, mas, excepcionalmente, por outro), através de
atos dos integrantes deste poder – o Poder Judiciário – em
colaboração com outros agentes, em particular daqueles que terão
suas esferas jurídicas afetadas pelo resultado final alcançado com o
exercício dessa função (titulares de liberdades e direitos), a quem
também são atribuídos poderes para exercerem atos capazes de
influir no resultado final do exercício da função jurisdicional. (base
normativa para essa afirmação: garantia do contraditório)
Esclarecimentos terminológicos e conceituais

 PROVIDÊNCIA JURISDICIONAL: é um ato com o qual a função


jurisdicional é exercida, seja de maneira instrumental, ou
preparatória, seja de maneira final (e extintiva). [ato de exercício
de poder legal]
 Algumas providências jurisdicionais são apenas “preparatórias” em
relação ao resultado final, ao qual a função jurisdicional está
vocacionada. Porém, algumas providências jurisdicionais são
“finais”, no sentido de que, com elas, este resultado final é
produzido.
Esclarecimentos terminológicos e conceituais

 EFEITO JURÍDICO DE PROVIDÊNCIAS JURISDICIONAIS: consistem nas


alterações jurídicas, endoprocessuais e exoprocesssuais, puramente jurídicas ou
empíricas, provocadas pela emissão de uma providência jurisdicional. [efeitos
jurídicos produzidos por atos que exercem poderes]
 Toda providência jurisdicional produz efeitos jurídicos, porém apenas algumas
produzem um efeito jurídico que se traduz em tutela jurisdicional prestada a
alguém.
 Ex: quando o juiz determina a citação do réu, ele produz alteração jurídica
puramente endoprocessual, mas quando ele emite uma sentença acolhendo o
pedido do autor e anulando determinado contrato, tal providência produz (ou
tende a produzir), um efeito exoprocessual, que consistirá na tutela jurisdicional
pleiteada
Esclarecimentos terminológicos e conceituais

 TUTELA JURISDICIONAL: a expressão ‘tutela jurisdicional’ é utilizada


de forma ambígua, para designar duas noções distintas, ainda que
correlacionadas:

 (a) o resultado entregue mediante o exercício da função jurisdicional, num


caso concreto, ou seja, o efeito jurídico produzido por uma providência
jurisdicional final

 (b)o conjunto de providências jurisdicionais ou de técnicas jurisdicionais


que produzem um determinado tipo de resultado ou efeito jurídico concreto.
Esclarecimentos terminológicos e conceituais

 TÉCNICA JURISDICIONAL: a expressão ‘técnica processual’ é


utilizada, normalmente, para designar disciplinas diferenciadas no
ordenamento processual.
 Por exemplo, fala-se que a “antecipação de tutela” é uma técnica
processual, tanto quanto se diz que a atribuição de legitimação
extraordinária ao Ministério Público e a associações para a tutela dos
interesses difusos etc, também o seja.
 Aqui, a expressão ‘técnica jurisdicional’ é cunhada, especificamente, para
os casos em que a prestação de determinada tutela jurisdicional há de ser
feita não como o efeito de uma providência, mas de um conjunto delas.
Classificação das tutelas jurisdicionais

Toda classificação é arbitrária e meramente instrumental.

Por isso elas não são verdadeiras, nem falsas, porém úteis ou inúteis para
determinado contexto e para determinado fim.

 A classificação mais relevante da tutela jurisdicional civil é aquela


que leva em consideração, precisamente, o tipo de proteção ao
direito subjetivo que é dada.
Classificação das tutelas jurisdicionais

Direitos subjetivos, o que quer que sejam, possuem duas dimensões


fundamentais:

(a) existência
(b) satisfação
Daí se identifica, naturalmente, duas classes de tutelas jurisdicionais:
(i) aquela relativa à existência de direitos subjetivos
(ii) aquela relativa à satisfação de direitos subjetivos
Classificação das tutelas jurisdicionais

 A classe composta pelas tutelas de proteção ao direito subjetivo, na perspectiva de sua


existência, será denominada “tutela lato sensu declaratória”

A classe composta pelas tutelas de proteção ao direito subjetivo, na perspectiva de sua


satisfação concreta, será denominada “tutela executiva”.

Segundo o critério aqui utilizado, não há necessidade de criar nenhuma outra classe de tutela
jurisdiciona
Classificação das tutelas jurisdicionais

 A tutela lato sensu declaratória, por sua vez, se submete a uma divisão
posterior:

 (a) Tutela meramente declaratória

 (b) Tutela constitutiva


 A tutela meramente declaratória é aquela que se limita a declarar
existente ou inexistente um direito subjetivo alegado. A proteção
que ela, assim, confere é a certeza oficial e a indiscutibilidade da
situação analisada, ou seja, quanto à existência ou inexistência de
um dado direito subjetivo alegado.


 A tutela constitutiva é aquela com a qual direitos subjetivos são criados ou
extintos, pela eficácia da própria sentença constitutiva. Assim, quando João
leva ao conhecimento do juiz que os direitos que Pedro alega existir, na
realidade não existem, porque decorrem de um contrato nulo, em sendo
anulado tal contrato pelo juiz, através de sua sentença constitutiva, extintos
estarão os direitos e correspondentes deveres que dele derivavam. É sempre
nesse sentido que opera a tutela constitutiva: operando uma alteração na mera
realidade jurídica, invalidando ou complementando (em casos bem mais
raros) atos e negócios jurídicos, de modo a, com isso extinguir ou fazer surgir
direitos subjetivos.


 As tutelas meramente declaratórias e constitutivas são prestadas com a
emissão de uma única providência jurisdicional, a saber, uma sentença
declaratória e uma sentença constitutiva, respectivamente.
 A tutela executiva é aquela consistente na satisfação concreta de
determinado direito subjetivo.

 Ela pode ser prestada (ser o efeito) tanto por uma única providência
jurisdicional (por exemplo, a imposição de uma multa coercitiva), como
por uma técnica jurisdicional constituída por várias providências
articuladas (por exemplo, penhora de empresa).
 Não é correto falar na existência de uma “tutela condenatória”,
prestada pelas assim chamadas sentenças condenatórias, como
integrando a tutela lato sensu declaratória, junto às tutela
meramente declaratória e constitutiva.

 As sentenças condenatórias não conferem, por si mesmas, nenhuma


proteção imediata aos direitos subjetivos que elas reconhecem
existentes. O efeito jurídico delas é, tão somente, permitir a
prestação da tutela executiva (nos casos em que a lei assim exige)
Tutela jurisdicional e Tutela Provisória
Sob a rubrica ‘Tutela provisória’, o CPC/2015 disciplina duas modalidades de tutela jurisdicional: tutela de
urgência e tutela de evidência.

A primeira é aquela que, nas palavras do legislador, se “fundamenta” na urgência e a segunda, aquela que se
“fundamenta” na evidência.

 Que tipo de resultado final específico corresponderia à chamada “tutela provisória”, ou ai nda,
a cada uma das modalidades referidas pela lei como suas “espécies” (tutela de urgência e de
evidência)?

Ele consistiria em alguma forma diferenciada de proteção a direitos subjetivos? Qual?


Tutela jurisdicional e tutela de urgência

 ‘Tutela de urgência’ é expressão tipicamente doutrinária, de uma doutrina, aliás,


confusa e controvertida.

É também expressão que nunca tinha comparecido em qualquer texto legal.

 Como termo legal, o que designaria? Um conjunto de providências jurisdicionais?


Ou um conjunto peculiar de efeitos jurídicos, produzidos por determinadas
providências jurisdicionais? Ou designariam elas um conjunto constituído por
providências e os seus possíveis efeitos, mais precisamente, aqueles os quais elas
estão autorizadas a produzir?
Hipóteses a serem demonstradas

 Aquilo designado na lei como “espécies” de tutela provisória deve ser compreendido,
primariamente, na perspectiva do resultado a que está, normativamente, voltado a
produzir.
 A identificação dessa função específica deve tomar como base, necessariamente, as
normas disciplinadoras de cada uma dessas modalidades.
 Nessa perspectiva funcional, as “modalidades” de tutela provisória não correspondem
a formas autônomas de “proteção a direito subjetivo”
 A ttuela de urgência e a tutela de evidência não compartilham características
relevantes suficientes para compreendê-las como espécie de um único gênero
Poder legal – breve análise
 
 Poder legal – breve análise

 
 Conceito: possibilidade hipotética de alterar a situação jurídica de alguém, com uma
declaração de vontade que tenha por objeto essa alteração.

 
 Tal posição jurídica é atribuída a uma categoria (tipo ou conceito legal) de sujeitos por
uma norma, a qual também estabelece a categoria (tipo ou conceito legal) de alteração
de situação jurídica, da categoria (tipo ou conceito legal) de ação a ser praticada para
promover dita alteração e a categoria (tipo conceito legal) de circunstâncias fáticas cuja
ocorrência concreta atribui ao sujeito do tipo indicado na norma o poder por ela
atribuído.
Estrutura lógica da norma que confere poderes:

Fx → ◊(SxJx)

Parte antecedente: contém a indicação do tipo de fatos que autorizam o exercício do poder
(Fx)

Parte consequente: contém a indicação do tipo de sujeito (Sx) a quem se atribui


determinado poder, o tipo de efeito (Jx) que o exercício do poder provoca e o operador
“empoderador” que indica ser este efeito fruto de mera declaração de vontade de Sx.

Operador inferencial: conexão inferencial entre a parte antecedente e a consequente, no


sentido de que a ocorrência de fatos concretos do tipo “Fx”, indicado na parte antecedente,
é razão bastante para existir e se exercer o poder relativo às condutas do tipo “Cx” pelos
sujeitos do tipo “Sx” (Se..., então)
 Exemplo:

 Se X é empregado de Y, então Y poderá (= tem o poder legal de) dar como rescindido o
contrato de trabalho com X, apenas com uma declaração nesse sentido (sem justa
causa ou com justa causa são aspectos posteriores a este poder)
 Vermelho: parte antecedente 
 amarelo: parte consequente
 Em termos concretos, tem-se o seguinte:
  SeJoão é empregado de Pedro, então Pedro poderá (= tem o poder legal de) dar como
rescindido o contrato de trabalho com João, apenas com uma declaração nesse sentido
 Quando ocorre uma relação de emprego concreta entre João, como empregado, e
Pedro, como empregador, Pedro passa a dispor do poder de provocar os efeitos em
relação à situação jurídica de João previstos na norma (e somente aqueles previstos na
norma)
 Obs: por “norma” se entende, na verdade, a conjunção de várias normas que,
separadamente, fixam tais efeitos: por exemplo, o poder de fiscalização, o poder de
estabelecer, dentro de limites, o serviço a ser prestado, o poder punitivo e, por fim, o
poder de despedir.
 Agora, se João é empregado de Pedro e Pedro declara que João está despedido, tal
declaração basta para que João esteja despedida, quaisquer que sejam os efeitos da
despedida (o que já é situação posterior). Tal declaração é um ato de exercício do poder
diretivo de Pedro, que ele adquiriu por ter ocorrido o pressuposto fático da norma que
atribuiu tal poder, em abstrato, para os empregadores.
 Tem-se, portanto, o seguinte:

 1) A norma que confere poderes a um tipo abstrato de sujeito, para um tipo abstrato de
efeitos, diante de um tipo abstrato de situação fática (C-norma)
 2) O poder concreto atribuído a um sujeito concreto (do tipo previsto na norma) para
produzir efeitos concretos (do tipo previsto na norma), tendo em vista a ocorrência de
determinados fatos concrcetos (do tipo previsto na norma) (C-posição subjetiva)
 3) O ato de exercício do poder concreto (C-ato)
 4) Os efeitos concretos produzidos pelo ato de exercício do poder concreto (C-efeitos)
 Além da (1) C-norma, da C-posição subjetiva, do C-ato e dos C-efeitos, (respectivamente,
norma que confere um poder em abstrato, do poder legal concreto, do ato de exercício de
poder e do efeito deste ato), não há nada mais, no campo da experiência.
 Trazendo para a tutela provisória

 Se por tutela provisória se entende uma “decisão”, ela consiste num C-ato: um ato de
exercício de um poder concreto. Nesse caso, será necessário um termo para identificar
os C-efeitos da “tutela enquanto ato”
 Se por tutela se entende os “efeitos da decisão”, ela consiste nos C-efeitos de um C-ato.
Nesse caso, será necessário um termo para identificar o C-ato do qual a “tutela
enquanto efeitos” resulta como seus efeitos
 Em qualquer caso, a prestação de tutela provisória consiste, direta ou indiretamente, no
exercício de um C-poder, através de um C-ato.
 E este C-poder é constituído, necessariamente, por C-normas, cuja incidência concreta
faz surgir, precisamente, este C-poder.

 Quando se procura saber o que “é” a tutela de urgência e a tutela de
evidência, o que mais haveria para indagar, além desses quadrantes?

 Nada!

 O que se aprende com isso?

 O ponto mais importante é este: o que “seja” ou “deixe de ser” a tutela de


urgência ou a tutela da evidência é algo que se reduz, necessariamente, às
normas que constituem o conjunto de poderes em que elas se traduzem,
no que diz com o conteúdo desses poderes, o seu modo de exercício e
requisitos.
Tutela jurisdicional e tutela de urgência

 O primeiro dado a ser levado em consideração, numa compreensão superficial desse


problema, é, necessariamente, o disposto no art. 300 do CPC, segundo o qual:

 Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

 “Tutela jurisdicional X sendo concedida” é o mesmo que dizer “determinado efeito


sendo produzido por providência (ou técnica) jurisdicional.
Tutela jurisdicional e tutela de urgência

 O segundo dado relevante é este: a tutela de urgência será concedida por providência
atípicas (não tipificadas), mas sempre que forem satisfeitos os requisitos estabelecidos
no próprio art. 300, a saber:

 a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo

 Juntando ambos os dados, pode-se afirmar, sem grande esforço hermenêutico, que o
efeito jurídico que caracteriza a tutela de urgência é o combate às situações descritas
como perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
Tutela jurisdicional e tutela de urgência

 Dos diversos dispositivos que disciplinam a tutela de urgência, se verifica que ela será
sempre prestada quando ainda não se sabe se determinado direito, meramente alegado,
de fato existe ou não. Com efeito, a tutela de urgência será sempre prestada antes ou no
curso de um outro processo, que vise, esse sim, à tutela (definitiva) de um direito
subjetivo – seja para declará-lo existente ou não, seja para satisfazê-lo concretamente.

 A conclusão que se extrai daí, facilmente, é que a tutela de urgência não consiste num
efeito jurídico que se traduza numa proteção de qualquer forma a um direito subjetivo.
Até porque, antes do final de um processo em que se tem um direito controvertido, não
há que se falar, rigorosamente, em “direito a ser tutelado”.
Tutela jurisdicional e tutela de urgência

 Diante disso, tem-se que a tutela de urgência, por fundamental que ela seja, também não
pode, assim como a tutela condenatória, ser colocada ao lado das tutelas declaratória e
executiva, como uma categoria própria de tutela jurisdicional de direito subjetivo,
propriamente dita.

 Ela, assim como a condenatória, desempenham uma função meramente instrumental


para a prestação de tutelas jurisdicionais propriamente ditas, sendo o alcance da tutela de
urgência até maior, porque ela tanto serve às tutelas declaratórias, como também, à tutela
satisfativa.

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