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Heurísticas para Interpretação
Heurísticas para Interpretação
interpretação de textos
legais
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
PROF. MARCELO LIMA GUERRA
O que se entende por “heurísticas”?
Por isso elas não são verdadeiras, nem falsas, porém úteis ou inúteis para
determinado contexto e para determinado fim.
(a) existência
(b) satisfação
Daí se identifica, naturalmente, duas classes de tutelas jurisdicionais:
(i) aquela relativa à existência de direitos subjetivos
(ii) aquela relativa à satisfação de direitos subjetivos
Classificação das tutelas jurisdicionais
Segundo o critério aqui utilizado, não há necessidade de criar nenhuma outra classe de tutela
jurisdiciona
Classificação das tutelas jurisdicionais
A tutela lato sensu declaratória, por sua vez, se submete a uma divisão
posterior:
A tutela constitutiva é aquela com a qual direitos subjetivos são criados ou
extintos, pela eficácia da própria sentença constitutiva. Assim, quando João
leva ao conhecimento do juiz que os direitos que Pedro alega existir, na
realidade não existem, porque decorrem de um contrato nulo, em sendo
anulado tal contrato pelo juiz, através de sua sentença constitutiva, extintos
estarão os direitos e correspondentes deveres que dele derivavam. É sempre
nesse sentido que opera a tutela constitutiva: operando uma alteração na mera
realidade jurídica, invalidando ou complementando (em casos bem mais
raros) atos e negócios jurídicos, de modo a, com isso extinguir ou fazer surgir
direitos subjetivos.
As tutelas meramente declaratórias e constitutivas são prestadas com a
emissão de uma única providência jurisdicional, a saber, uma sentença
declaratória e uma sentença constitutiva, respectivamente.
A tutela executiva é aquela consistente na satisfação concreta de
determinado direito subjetivo.
Ela pode ser prestada (ser o efeito) tanto por uma única providência
jurisdicional (por exemplo, a imposição de uma multa coercitiva), como
por uma técnica jurisdicional constituída por várias providências
articuladas (por exemplo, penhora de empresa).
Não é correto falar na existência de uma “tutela condenatória”,
prestada pelas assim chamadas sentenças condenatórias, como
integrando a tutela lato sensu declaratória, junto às tutela
meramente declaratória e constitutiva.
A primeira é aquela que, nas palavras do legislador, se “fundamenta” na urgência e a segunda, aquela que se
“fundamenta” na evidência.
Que tipo de resultado final específico corresponderia à chamada “tutela provisória”, ou ai nda,
a cada uma das modalidades referidas pela lei como suas “espécies” (tutela de urgência e de
evidência)?
Aquilo designado na lei como “espécies” de tutela provisória deve ser compreendido,
primariamente, na perspectiva do resultado a que está, normativamente, voltado a
produzir.
A identificação dessa função específica deve tomar como base, necessariamente, as
normas disciplinadoras de cada uma dessas modalidades.
Nessa perspectiva funcional, as “modalidades” de tutela provisória não correspondem
a formas autônomas de “proteção a direito subjetivo”
A ttuela de urgência e a tutela de evidência não compartilham características
relevantes suficientes para compreendê-las como espécie de um único gênero
Poder legal – breve análise
Poder legal – breve análise
Conceito: possibilidade hipotética de alterar a situação jurídica de alguém, com uma
declaração de vontade que tenha por objeto essa alteração.
Tal posição jurídica é atribuída a uma categoria (tipo ou conceito legal) de sujeitos por
uma norma, a qual também estabelece a categoria (tipo ou conceito legal) de alteração
de situação jurídica, da categoria (tipo ou conceito legal) de ação a ser praticada para
promover dita alteração e a categoria (tipo conceito legal) de circunstâncias fáticas cuja
ocorrência concreta atribui ao sujeito do tipo indicado na norma o poder por ela
atribuído.
Estrutura lógica da norma que confere poderes:
Fx → ◊(SxJx)
Parte antecedente: contém a indicação do tipo de fatos que autorizam o exercício do poder
(Fx)
Se X é empregado de Y, então Y poderá (= tem o poder legal de) dar como rescindido o
contrato de trabalho com X, apenas com uma declaração nesse sentido (sem justa
causa ou com justa causa são aspectos posteriores a este poder)
Vermelho: parte antecedente
amarelo: parte consequente
Em termos concretos, tem-se o seguinte:
SeJoão é empregado de Pedro, então Pedro poderá (= tem o poder legal de) dar como
rescindido o contrato de trabalho com João, apenas com uma declaração nesse sentido
Quando ocorre uma relação de emprego concreta entre João, como empregado, e
Pedro, como empregador, Pedro passa a dispor do poder de provocar os efeitos em
relação à situação jurídica de João previstos na norma (e somente aqueles previstos na
norma)
Obs: por “norma” se entende, na verdade, a conjunção de várias normas que,
separadamente, fixam tais efeitos: por exemplo, o poder de fiscalização, o poder de
estabelecer, dentro de limites, o serviço a ser prestado, o poder punitivo e, por fim, o
poder de despedir.
Agora, se João é empregado de Pedro e Pedro declara que João está despedido, tal
declaração basta para que João esteja despedida, quaisquer que sejam os efeitos da
despedida (o que já é situação posterior). Tal declaração é um ato de exercício do poder
diretivo de Pedro, que ele adquiriu por ter ocorrido o pressuposto fático da norma que
atribuiu tal poder, em abstrato, para os empregadores.
Tem-se, portanto, o seguinte:
1) A norma que confere poderes a um tipo abstrato de sujeito, para um tipo abstrato de
efeitos, diante de um tipo abstrato de situação fática (C-norma)
2) O poder concreto atribuído a um sujeito concreto (do tipo previsto na norma) para
produzir efeitos concretos (do tipo previsto na norma), tendo em vista a ocorrência de
determinados fatos concrcetos (do tipo previsto na norma) (C-posição subjetiva)
3) O ato de exercício do poder concreto (C-ato)
4) Os efeitos concretos produzidos pelo ato de exercício do poder concreto (C-efeitos)
Além da (1) C-norma, da C-posição subjetiva, do C-ato e dos C-efeitos, (respectivamente,
norma que confere um poder em abstrato, do poder legal concreto, do ato de exercício de
poder e do efeito deste ato), não há nada mais, no campo da experiência.
Trazendo para a tutela provisória
Se por tutela provisória se entende uma “decisão”, ela consiste num C-ato: um ato de
exercício de um poder concreto. Nesse caso, será necessário um termo para identificar
os C-efeitos da “tutela enquanto ato”
Se por tutela se entende os “efeitos da decisão”, ela consiste nos C-efeitos de um C-ato.
Nesse caso, será necessário um termo para identificar o C-ato do qual a “tutela
enquanto efeitos” resulta como seus efeitos
Em qualquer caso, a prestação de tutela provisória consiste, direta ou indiretamente, no
exercício de um C-poder, através de um C-ato.
E este C-poder é constituído, necessariamente, por C-normas, cuja incidência concreta
faz surgir, precisamente, este C-poder.
Quando se procura saber o que “é” a tutela de urgência e a tutela de
evidência, o que mais haveria para indagar, além desses quadrantes?
Nada!
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
O segundo dado relevante é este: a tutela de urgência será concedida por providência
atípicas (não tipificadas), mas sempre que forem satisfeitos os requisitos estabelecidos
no próprio art. 300, a saber:
Juntando ambos os dados, pode-se afirmar, sem grande esforço hermenêutico, que o
efeito jurídico que caracteriza a tutela de urgência é o combate às situações descritas
como perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
Tutela jurisdicional e tutela de urgência
Dos diversos dispositivos que disciplinam a tutela de urgência, se verifica que ela será
sempre prestada quando ainda não se sabe se determinado direito, meramente alegado,
de fato existe ou não. Com efeito, a tutela de urgência será sempre prestada antes ou no
curso de um outro processo, que vise, esse sim, à tutela (definitiva) de um direito
subjetivo – seja para declará-lo existente ou não, seja para satisfazê-lo concretamente.
A conclusão que se extrai daí, facilmente, é que a tutela de urgência não consiste num
efeito jurídico que se traduza numa proteção de qualquer forma a um direito subjetivo.
Até porque, antes do final de um processo em que se tem um direito controvertido, não
há que se falar, rigorosamente, em “direito a ser tutelado”.
Tutela jurisdicional e tutela de urgência
Diante disso, tem-se que a tutela de urgência, por fundamental que ela seja, também não
pode, assim como a tutela condenatória, ser colocada ao lado das tutelas declaratória e
executiva, como uma categoria própria de tutela jurisdicional de direito subjetivo,
propriamente dita.