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A análise dos dispositivos legais revelou que a menção textual que neles se faz
a atos, documentos e créditos deve ser compreendida como uma referência
aos conceitos de suporte relativos aos types de uma dessas figuras. É dizer,
cada um dos conceitos de suporte dos títulos executivos-type deve ser
compreendido como composto por uma espécie de “soma” do conceito de
suporte de um ato-type e de um documento-type, acrescido do conceito que
engloba as propriedades liquidez, certeza e exigibilidade da obrigação.
Quereria isso dizer que um título executivo-token é composto por um ato-token
(concreto), um documento-token (concreto) e uma instanciação das
propriedades mencionadas? Indagado de outra forma, aquilo que deve ser
“exibido” ao juiz, para iniciar uma execução, é um ato concreto e um
documento concreto?
Daí se impõe concluir que o conceito de suporte dos títulos-type consiste num
conceito de documento, sendo estes conceitos referidos nos incisos relativos
aos conceitos de suporte, devem ser compreendidos como fixando
propriedades que cada representação documental deve conter.
Logo, o ato em si, embora não produza nenhum efeito, tem a sua
representação documental como elemento constitutivo do próprio título
executivo. É dizer, embora o conceito de suporte dos títulos-type consista,
fundamentalmente, num conceito de um tipo de documento, cada tipo de
documento ao qual deve se ajustar um candidato a título-token, consiste num
documento representativo de atos jurídicos e os seus créditos respectivos.
Assim, por esta razão específica, a existência de um título executivo-token
requer, de alguma maneira, o exame do ajuste documento apresentado, com
todos os conceitos de suporte que compõem o conceito de suporte de um dado
título-type e isso significa, necessariamente, verificar o ajuste entre os atos
representados – e os documentos que os representam – no suporte
documental apresentado, e os respectivos conceitos de suporte das regras
constitutivas de cada um deles. O problema é saber até onde, como e com que
efeitos o juiz verifica este ajuste, sobretudo em se tratando dos atos jurídicos
representados.
Conclusão final:
Todas essas características são características do documento: ele deve ser tal
que evidencie o ajuste de todas essas características.
Por isso mesmo, o documento que o título é, não é uma prova do fato por ele
representado, porque sua função não é essa: sua função se exaure em
representar o que ele representa, da exata maneira como ele representa, para
que possa surtir os seus efeitos, os poderes deónticos que definem a função do
título. Assim, qualquer que seja o documento referido pela lei, direta ou
indiretamente, ou ele é condição, ou ele não é mais do que representação de
fato que é condição, mas nunca prova deste fato. Ele é, indiscutivelmente, uma
credencial.
Ele é uma representação de um ato, mas sua função não é demonstrar o ato.
Por isso ele não prova o ato, de nenhuma maneira.
Um dado que não pode ser ignorado é o seguinte: qualquer cognição que o juiz
faz do ato representado no suporte documental, ele não o faz com a finalidade
de prestar qualquer forma de tutela declaratória, declarando (“accertando”) a
existência ou inexistência, a validade ou a nulidade do mesmo ato. Nesse
sentido, parece óbvio considerar que o título não é prova desse ato. O
conhecimento que ele faz do ato é feito, tão somente, como etapa do
conhecimento da existência de um título-token. Assim, a decisão que resulta
dessa cognição é, tão somente, aquela de determinar a citação do devedor, ou
aquela de determinar o indeferimento da execução. Nada mais.
Justamente por isso, ele deve fazer isso no momento de despachar a inicial e,
pela mesma razão, a única “matéria” por ele examinada é o suporte
documental apresentado.
Os problemas
Há dois problemas quanto aos desajustes possíveis e sua cognição pelo juiz.
Um deles é que, como é notório, muitos desses desajustes não são detectáveis
apenas pelo exame do suporte documental. O outro é mais sério. Tanto
documentos, como atos podem ser defeituosos ou “desajustados” aos
conceitos de suporte respectivos de diversas maneiras e com diferentes
“gravidades”. E isto quer dizer que tais desajustes são submetidos a regimes
legais distintos: inexistência, em alguns casos, nulidade absoluta, em outros,
nulidades relativas, em outros e meras irregularidades. Por isso mesmo, no
contexto de um processo de conhecimento, são distintos poderes e limites
distintos do juiz para conhecer estes desajustes: inexistências e nulidades
absolutas podem ser reconhecidas de ofício, nulidades relativas, não.
No âmbito em que são os atos e os documentos que contam, que estão sendo
realizados, confeccionados, utilizados etc., é o ambiente em que atua esse
regime de “tolerância” para com os “desajustes” entre os candidatos a suportes
concretos e o conceito de suporte respectivo.
Ele representa o ato que o produziu, com certeza. Mas a inscrição expressa
uma proposição deôntica (uma norma individual, no léxico que Kelsen
notabilizou). Que dizer do ato? Ora, o que este documento representa não é
apenas a proposição, o que não existe por si mesma, mas o ato (de fala) que a
comunicou, seja com uma mera força ilocucionária assertiva, seja como uma
força ilocucionária constitutiva.
Até onde o juiz pode e deve conhecer (e o devedor alegar) sobre as condições de
existência dos títulos-tokens, uma vez que isto decorre da existência dos suportes-token
do tipo de fato jurídico que aparece como tipo de suporte numa norma de definição
(regra de suporte, art, XXX) de outro fato institucional, em nível anterior.
A questão que se impõe é: até onde o juiz pode e deve avançar, no exame de
eventuais invalidades jurídicas do que é apresentado como suporte concreto do título
executivo-token, ao aferir a existência deste último. É nesse ponto que as lições de
Andolina se mostram de grande relevância para a compreensão do ordenamento
brasileiro, mesmo que com algumas adaptações.
Alguns exemplos.
E quando?