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Sentenças normativas e

normas jurídicas
 Viu-se que as normas jurídicas são veiculadas por sentenças da língua
portuguesa, embora não se possa dizer que ela sejam “apenas” o
significado delas.

 Taissentenças correspondem aos dispositivos legais: artigos, parágrafos,


incisos e alíneas de uma espécie legislativa (emenda à Constituição, leis
ordinárias, complementares etc.)

 Tais sentenças serão aqui denominadas sentenças normativas.


 Qual a estrutura lógica de tais sentenças?

O que essa estrutura impõe à estrutura lógica das normas?

O que a estrutura lógica das normas daí decorrente diz sobre a natureza
delas?

 Essas são as questões a serem a seguir discutidas.


Sentença como símbolo de estados
intencionais
 Fez-se menção a casos em que o significado do falante coincide com o
significado da sentença, sendo esta, precisamente, a caracterização dada de
uso literal de uma sentença.
 Ora,se se verificou que a noção de significado do falante se traduz
naquela de representação de estado intencional do falante comunicado ao
ouvinte, poder-se-ia dizer que sentenças são representações linguísticas de
estados intencionais?
E isso em todos os casos? Ou existiriam sentenças que não são símbolos
de estados intencionais?
 Duas classificações de sentenças

 (1) A gramática
reconhece a distinção entre sentenças declarativas e
sentenças imperativas.

 “Maria abre a porta” (sent. Declarativa)

 “Maria, abra a porta” (sent. Imperativa)


 Duas classificações de sentenças

 (2) A lógica reconhece a distinção entre sentenças fechadas e sentenças


abertas.

 “João é alto” (sent. [declarativa] fechada)

 “x é alto” (sent. [declarativa] aberta)


 Não é fácil a superposição direta dessas duas distinções. É que ambas são
situadas em áreas distintas (linguagem natural e lógica).
 Nalinguagem ordinária não se verifica – ao menos não com frequência e
naturalidade como na lógica – exemplos de sentenças abertas.
 Nomáximo, ter-se-ia algo como “Fulano é um jogador de basquete e
jogava no time tal”. “Fulano” e “Tal” funcionam aí como variáveis, em
tudo semelhantes às variáveis da lógica ('x', 'y' etc).
 Contudo, para fins de análise de determinadas sentenças – como deve
ocorrer, por exemplo, com aquelas encontradas em textos legais – é útil
assinalar expressamente a variável nelas presente, às vezes “camuflada”
por diversos tipos de “artifícios linguísticos”, tais como 'aquele que',
'quem', 'o juiz', 'o credor' etc.
 Assim,com essa advertência, as duas distinções dão lugar ao seguinte
quadro de sentenças:

 1) Sentenças declarativas fechadas


 2) Sentenças declarativas abertas
 3) Sentenças imperativas fechadas
 4) Sentenças imperativas abertas
 Noque se segue, sempre que se falar em sentenças
declarativas e imperativas, simplesmente, estar-se-á
focando, apenas, nas formas fechadas de cada uma
dessas modalidades.
 Definições provisórias

 Uma sentença declarativa é utilizada para asseverar


algo
 Uma sentença imperativa é utilizada para ordenar (ou
pedir) algo.
 Umasentença fechada expressa um “sentido
completo”.
 Uma sentença aberta expressa um “sentido
incompleto”.
 Um dado extremamente significativo é o seguinte: a distinção entre
sentenças declarativas e imperativas faz referência aos usos das
sentenças, mais precisamente, ao tipo de ato linguístico-
comunicativo que, paradigmaticamente, são realizados com o
proferimento (uso) de cada uma delas.
 Jáa segunda distinção faz referência ao sentido da sentença, ao
“sentence meaning”, mesmo que o faça utilizando a noção obscura
de “sentido completo” (e “incompleto”).
 Tendo em vista que se está tratando de sentenças e não de atos
linguístico-comunicativo, como se explicaria a diferença entre
sentenças declarativas e sentenças imperativas, na perspectiva
apenas de seu sentido, ou seja, do “sentence meaning”?
 Querdizer, onde está, neste nível, o elemento que permite identificar
uma sentença como declarativa e outra como imperativa?
 A resposta
a esta indagação também oferecerá uma definição mais
compreensível de “sentido completo”.
 Percurso

 Considere uma sentença declarativa fechada e outra imperativa


fechada, ambas representando o mesmo fato. Ex:

 (1) João fecha a porta.

 (2) João, feche a porta!


É possível representar o fato comumente referido por ambas essas
sentenças com a seguinte construção linguística:

 O fechamento da porta por João

 Tal construção linguística não é uma sentença, mas é uma


representação linguística do fato referido por ambas as sentenças (1) e
(2)
 Sefosse abstraída ou “retirada” das sentenças declarativa e imperativa
acima, a “parte” que apenas representa o fato, o que sobraria?

 Perguntando visualmente:

 Joãofecha a porta. = (o fechamento da porta por João) + O QUÊ? [o


que deve ser acrescentado para fazer a mesma função da sentença
declarativa?]

 João,
fecha a porta! = (o fechamento da porta por João) + O QUÊ? [o
que deve ser acrescentado para fazer a mesma função da sentença
imperativa?]

‘João fecha a porta.’ = ‘Eu acredito que João fecha a porta.’

 ‘João, fecha a porta!’ = ‘Eu quero que você, João, feche a porta’

 Postulado: as sentenças do lado esquerdo do símbolo de igualdade


significam o mesmo que as sentenças do lado direito.
 João fecha a porta. = (o fechamento da porta por João) + (Eu acredito)
 João, fecha a porta! = (o fechamento da porta por João) + (Eu quero)

 Atenção: Os modos verbais indicativo e imperativo são “marcas


linguísticas” de disposições para agir típicas de uma “crença”
(rectius: um estado doxástico qualquer) e de disposições para agir
típicas de um “desejo” (rectius: de um estado volitivo qualquer),
respectivamente. Todas as demais expressões linguísticas
(substantivos, adjetivos etc.) servem para representar um estado de
coisas objeto dos respectivos estados intencionais
 Uma sentença declarativa fechada é símbolo de uma crença (rectius:
de algum estado doxástico)

 Uma sentença imperativa fechada é símbolo de um desejo (rectius:


de algum estado volitivo)
 Porser uma sentença declarativa fechada o símbolo de uma crença,
o seu proferimento literal corresponde a uma asserção (ato
comunicativo de expressão de crenças)

 Porser uma sentença imperativa fechada o símbolo de um desejo, o


seu proferimento literal corresponde a um comando ou a um pedido
(atos comunicativos de expressão de desejos).
E as sentenças declarativas abertas e as imperativas abertas? Elas
expressam alguma coisa? O quê?

a sentença declarativa aberta não expressa uma crença, porque o


estado de coisas objeto da crença não está completamente
representado.
 Mas ela expressa uma “moldura de estado intencional” (uma
moldura ou esqueleto de uma crença), na medida em que sendo
formulada com o modo verbal declarativo (e por isso ela é uma
sentença declarativa, ainda que aberta), já há a representação
linguística das disposições para agir típica das crenças, da mesma
forma como há nas sentenças declarativas fechadas.
 Já
a sentença imperativa aberta também não expressa um desejo,
porque o estado de coisas objeto da crença não está
completamente representado.
 Mas ela expressa uma “moldura de estado intencional” (uma
moldura ou esqueleto de um desejo), na medida em que sendo
formulada com o modo verbal imperativo (e por isso ela é uma
sentença imperativa, ainda que aberta), já há a representação
linguística das disposições para agir típica dos desejos, da mesma
forma como há nas sentenças imperativas fechadas.
Sentenças condicionais abertas e o
que elas (não) expressam:
demonstrando que normas não são
comandos
Considere as sentenças:

 João é um jogador de basquete, então João é alto


 Pedro é um jogador de basquete, então Pedro é alto
 O carro de Maria está parado na porta da casa dela, então Maria está na casa dela
 O carro de José está parado na porta da casa dela, então José está na casa dele

 Cada uma dessas sentenças é composta de duas sentenças declarativas fechadas.


Expressariam elas duas crenças?
 Considere as sentenças:

 Se x for um jogador de basquete, então x é alto

 Se o carro de x estiver parado na porta de sua casa, então x está em sua casa

 Tais sentenças serão denominadas “sentenças condicionais abertas”


 Análise

 Sentenças do primeiro grupo se decompõem em:


(1) Uma sentença fechada antecedente


(2) Uma sentença fechada consequente
(3) O operador de implicação ‘Se _, então _’ vinculando ambas.
 Atenção:

 Cada uma dessas sentenças expressa um estado intencional distinto

 É sobre eles que atua o operador inferencial, com qual se infere o


segundo estado intencional, do primeiro (caracterização superficial)

 Elas consistem em um argumento


 Uma sentença condicional aberta se decompõe em:

(1) Uma sentença aberta (moldura sentencial) antecedente


(2) Uma sentença aberta (moldura sentencial) consequente
(3) O operador de implicação ‘Se _, então _’ vinculando ambas.
 Atenção:

 Uma sentença condicional aberta expressa uma moldura intencional


composta dos seguintes elementos:
 Uma moldura intencional expressa pela moldura sentencial antecedente
 Uma moldura intencional expressa pela moldura sentencial consequente
 Uma relação lógica de implicação vinculando ambas as molduras
intencionais.
 Elas não expressam nenhum estado intencional e consistem em meros
artefatos, usados para justificar um argumento
Sentenças condicionais abertas mascaradas de
sentenças fechadas
Alguns exemplos

Considere as sentenças:
 João é alto
 Pedro relaxará quando tomar banho de banheira
 O vidro é quebrável
 O metal dilata quando aquecido
‘João é alto’ simboliza a crença (de alguém) na realidade do estado de coisas
(determinado) consistente em “João sendo alto”

‘Pedro relaxará quando tomar banho de banheira’ simboliza a crença (de alguém) na
realidade do estado de coisas (determinado) consistente em “Pedro relaxando quando
tomar banho de banheira”

‘O vidro é quebrável’ simboliza a crença (de alguém) na realidade do estado de coisas


(determinado) consistente em “o vidro sendo quebrável”?

 ‘O metal dilata quando aquecido’ simboliza a crença (de alguém) na realidade do


estado de coisas (determinado) consistente em “o metal dilatando quando aquecido”?
Em “o vidro sendo quebrável”, qual seria o item individual ao qual se
atribui a propriedade de ser quebrável (de modo a termos um estado de
coisas, propriamente dito)?

Em “o metal dilatando quando aquecido”, qual seria o item individual


ao qual se atribui a propriedade de ser dilatável quando aquecido (de
modo a termos um estado de coisas, propriamente dito)?

Nenhum!
Assim, ‘O vidro é quebrável’ e ‘O metal dilata quando aquecido’ são, na realidade,
sentenças condicionais abertas “disfarçadas” em sentenças fechadas.

‘O vidro é quebrável’ expressa exatamente o mesmo que ‘Se algo for um objeto de
vidro e for exposto a impacto com outro objeto resistente [antecedente], então este
algo quebrará (tende a quebrar) [consequente]’.

E a sentença ‘‘Se algo for um objeto de vidro e for exposto a impacto com outro
objeto resistente [antecedente], então este algo quebrará (tende a quebrar)
[consequente]’, expressa exatamente o mesmo, numa versão em linguagem natural,
do que a seguinte sentença parcialmente formalizada: ‘Se __ é um objeto de vidro e
__ for exposto a impacto com outro objeto resistente, então __ quebrará (tende a
quebrar)’
Da mesma forma, ‘O metal dilata quando aquecido’ expressa exatamente o
mesmo que ‘Se algo for um objeto de metal e for aquecido, então este algo
dilatará (tende a dilatar)’

E a sentença ‘Se algo for um objeto de metal e for aquecido, então este algo
dilatará (tende a dilatar)’, expressa exatamente o mesmo que a sentença,
parcialmente formalizada, ‘Se __ é um objeto de metal e __ for aquecido, então
__ dilatará (tende a dilatar)
 SINONÍMIAS – PARÁFRASES RECÍPROCAS

 A1) ‘O vidro é quebrável’


 A2) Se algo for um objeto de vidro e for exposto a impacto com outro objeto resistente, então este algo
quebrará (tende a quebrar)
 A3) Se __ é um objeto de vidro e __ for exposto a impacto com outro objeto resistente, então __
quebrará (tende a quebrar) [= ‘O vidro é quebrável’]

 B1) O metal dilata quando aquecido’


 B2) Se algo for um objeto de metal e for aquecido, então este algo dilatará (tende a dilatar)
 B3) Se __ é um objeto de metal e __ for aquecido, então __ dilatará (tende a dilatar) [= ‘O metal dilata
quando aquecido’]
 SINONÍMIAS – PARÁFRASES RECÍPROCAS

 As sentenças A1), A2) e A3), por um lado, e B1), B2) e B3), por outro, possuem o
mesmo significado convencional (sentence meaning), não obstante a forma gramatical
de “sentença fechada” de A1 e A2 e B1 e B2 e a forma explicitamente (formal´) de
sentença condicional aberta de A3 e B3.

 Insista-se: A3 e B3 são sentenças numa linguagem formal (ou lógica), enquanto as


demais são sentenças da língua portuguesa.

 A importância de A3 e B3 é tornar explícito aquilo que está implícito (e pode gerar


erros de categoria por isso), em A1 e B1 e, de forma intermediária, em A2 e B2.
Sentençasnormativas como sentenças
condicionais abertas
 Denomina-se “sentença normativa”, toda sentença que integrar alguma espécie
legislativa (Constituição, Lei ordinária, complementar etc.), quaisquer que
sejam as outras características que possam ter.

 Considere-se a seguinte sentença normativa, integrantes do Código Civil:

 O locatário é obrigado a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a


recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular. (Art. 569, IV, CC)
 O que expressa tal sentença?

 Alguém que profira literalmente essa sentença, estaria se referindo a quem? Quem seria o “locatário” e
quem seria o “locador”?
 Ninguém! Algo como “Quem quer que” ou “x”

 A que coisa e a que locação específicas se está referindo aí?


 Nenhuma!

 Qual seria o estado de coisas específico representado por esta sentença normativa?
 Nenhum!

 E então?
 O locatário é obrigado a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a
recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular. (Art. 569, IV, CC)

 Se alguém é um locatário e se algo é uma coisa locada, este alguém deve


devolver esta coisa no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais
ao uso regular. (Art. 569, IV, CC),

 Se x é um locatário e se y é uma coisa locada, este alguém deve devolver esta


coisa no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso
regular. (Art. 569, IV, CC),
 C1) “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito ou causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, fica obrigado a repará-
los.”

 C2) Se alguém violar direito ou causar dano de outro alguem, ainda que exclusivamente moral,
por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, então o primeiro alguém fica
obrigado a reparar os danos causados ao segundo alguém.

 C3) Se X violar direito ou causar dano a Y, ainda que exclusivamente moral, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, então X fica obrigado a reparar os danos
causados a Y.
 A primeira lição que se extrai daí é que normas não poderiam, literalmente, ser
comandos e nem mesmo conteúdo de comandos, umas vez que elas são o sentido de
sentenças condicionais abertas, na qual nenhum estado intencional é representado.

 Ademais, nem mesmo numa interpretação não literal de sentenças normativas –


como as analisadas acima – poderia modificar essa conclusão, visto que as normas
são e devem ser gerais e abstratas.

 Agora, se as normas em si mesmas não são comandos, seriam de alguma forma


“associadas” a comandos ou algum outro tipo de ato volitivo, os atos com os quais
as normas são criadas? Ao enunciar os textos legislativos criando as normas que
eles significam, estaria o legislador realizando um ato volitivo? De que tipo? Qual o
estado volitivo que estaria associado a ele? E qual a relação da norma com este ato e
com este estado intencional?
 Como se vê, normas com essa estrutura são tidas como possuindo duas partes: a
antecedente e a consequente, ligadas por um operador inferencial (“se..., então...”).
 Na parte antecequente da norma, é indicado um tipo (= conceito) de fato
 Na parte consequente é indicado um tipo (= conceito) de conduta, ligada a um operador
deôntico.
 O que o operador inferencial significa é o seguinte: se ocorrer um fato concreto que se
subsuma no tipo indicado no antecedente, então está autorizada a qualificação como
devida de uma conduta que se enquadre no tipo indicado no consequente.
 Vale advertir para a distinção entre norma e texto. Essa estrutura lógica é da norma e não
do texto. Porém, como uma sentença normativa expressa uma norma, ela sempre poderá
ser parafraseada por uma sentença condicional aberta.
 Outros exemplos:

 XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

 Se x é uma associação e y é um membro, então é vedado a x obrigar y a permanecer associado

 XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar
seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

 Se x é uma entidade associativa expressamente autorizada e y é um de seus filiados, então x está


autorizada a representar y judicial ou extrajudicialmente
 Sentenças condicionais abertas não expressam nem estados intencionais,
nem argumentos. Elas expressam uma “moldura de argumentos”, na
medida em que a moldura intencional expressa pela sentença que
comparece no antecedente da condicional aberta está ligada à moldura
intencional expressa pela sentença que comparece no consequente da
condicional, pelo mesmo operador lógico de implicação. Isso quer dizer
que, aquilo que é expresso por uma sentença condicional aberta pode
ser caracterizado nos seguintes termos: Quando for o caso de
“preencher” a moldura intencional expressa no antecedente da
sentença, de modo a formar um estado intencional completo, esse
estado intencional servirá como justificação do estado intencional que
será obtido com o preenchimento (automático) da moldura intencional
expressa no consequente da sentença.
 Assim, aquilo que é expresso por sentenças condicionais abertas, as
molduras argumentativas, têm a função de legitimar argumentos, seja
por codificar conhecimentos empíricos (sobre o que é verdadeiro ou
falso), seja por codificar decisões normativas (sobre o que é certo ou
errado)
 Normas jurídicas, como molduras argumentativas que são, expressas por
sentenças condicionais abertas, tem a função primária de possibilitar a
formulação de argumentos, nos quais de determinados fatos se infere a
qualificação jurídica de determinada conduta concreta.

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