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SEMÂNTICA

Afirma-se que seu


objeto é o “significado”
das palavras e das
sentenças.”
Semântica
• Abordagens mais recentes entendem que seu
objetivo é descrever a capacidade que um falante
tem para interpretar qualquer sentença de sua
língua;
• Em quaisquer abordagens, devemos definir o
conceito de significado, mas aí que surge a
pergunta!
O que é o “significado”?
• Explicar o significado transborda as próprias
fronteiras do puramente linguístico, entre outros
motivos porque ele está fortemente ligado à
questão do conhecimento;
• Responder à questão implica adotar um ponto
de vista sobre a aquisição do conhecimento,
através do valor que atribuímos ao siginificado;
SIGNIFICADO
• É o significado uma relação causal entre as
palavras e as coisas?
• Será ele uma entidade mental?
• Ele pertence ao indivíduo ou à comunidade, ao
domínio público?
• Essas perguntas levam, inevitavelmente, a
enfrentar a espinhosa relação entre linguagem e
mundo, e como consequência, buscar uma
resposta de como é possível o conhecimento.
SIGNIFICADO
• De acordo com o estruturalismo de vertente
saussuereana, por exemplo, define o significado
como uma unidade de diferença, isto é, o
significado se dá numa estrutura de semelhanças
e diferenças com relação a outros significados.
• Assim, o significado de uma palavra se define
por não ser outros significados e por manter com
esses outras semelhanças, por exemplo:
EXEMPLO:
• Mesa se define por não ser cadeira, sofá, etc...
Cada qual tem o seu significado, mas eles
mantém suas semelhanças, pois todos são
móveis;
• Partindo dessa abordagem, pode-se levar a uma
posição relativista, já que cada língua, cada
sistema de diferenças, institui sua própria
racionalidade.
As três abordagens que explicam o
significado são:

• Semântica Formal;
• Semântica de Enunciação;
• Semântica Cognitiva;
SEMÂNTICA FORMAL
• Historicamente, a Semântica Formal antecede as demais
abordagens, o que a torna o referencial teórico e o
grande inimigo a ser destruído;
• Hoje em dia falamos em semântica formal das línguas
naturais para diferenciá-la da lógica.
• Seu ponto de partida é a crença de que o significado das
sentenças se estrutura logicamente;
• O significado é entendido como uma relação entre a
linguagem de um lado, e, por outro, aquilo sobre o qual a
linguagem fala.
Exemplo:
1) Todo homem é mortal.
João é homem.
Logo, João é mortal.
Se garantirmos que as duas primeiras sentenças, que são
chamadas premissas, são verdadeiras, conseguimos
concluir a terceira, ou seja, a primeira premissa afirma
que o conjunto de homens está contido no conjunto dos
mortais, na segunda, afirma que João é um homem,
então na terceiro só conclui-se o que já se sabe, João por
ser homem está no grupo dos mortais.
Exemplo:
• Mesmo que alteremos as expressões e mantemos
as relações, o raciocínio será sempre válido,
olhem:
-> Todas as aves tem penas.
A cegonha é uma ave.
Logo, a cegonha tem penas.
-> Todo cachorro tem 4 patas.
Bela é um cachorro.
Logo, Bela tem 4 patas.
Relações lógicas, ou formais.

• Essas citadas anteriormente, são relações lógicas


ou formais, pois podemos representá-las por
letras vazias de conteúdo, mas que descrevem as
relações de sentido;
Semântica Formal
• A definição de significado que ancora as
pesquisas em semântica formal e contra a qual
as demais semânticas irão reagir, deve-se ao
lógico alemão Gottlob Frege, que nos legou pelo
menos várias contribuições, entre elas:
• A distinção entre sentido e refrência;
• O conceito da função;
• A primeira compreensão de quantificador.
Sentido e Referência
• Se conseguimos explicar a diferença entre as
sentenças e se distinguimos sentido de
referência, conseguiremos ver que elas
expressam pensamentos diferentes, embora
ambas as sentenças tenham a mesma referência.
• Se o sentido é o caminho que nos permite
alcançar a referência, quando descobrimos que
dois caminhos levam à mesma referência,
aprendemos algo sobre esse objeto, sobre o
mundo.
Exemplo:
• (2) A estrela é a estrela da manhã.
• (3) A estrela da manhã é a estrela da tarde.
• A sentença 2 é uma verdade óbvia que independe dos
fatos do mundo, seu grau de informatividade tende a ser
zero;
• Na (3), afirmamos uma igualdade, cuja veracidade deve
ser verificada no mundo, pois se de fato, aquilo que
denominamos estrela da manhã é o mesmo objeto que
denominamos estrela da tarde, então aprendemos que a
estrela da manhã é a mesma estrela da tarde,
concluímos que aprendemos algo sobre o mundo.
Exemplo:
• Retomando a sentença (3), ela exprime uma
descoberta da Astronomia: a estrela da manhã
não era, como se pensava desde os gregos, uma
estrela diferente da estrela da tarde, mas o
mesmo planeta Vênus, com isso, estrela da
manhã e estrela da tarde são dois
caminhos/sentidos para se chegar à mesma
referência, o planeta Vênus.
Sentido e Referência

• O sentido só nos permite conhecer algo se a ele


corresponder uma referência, em outros termos,
o sentido permite alcançarmos um objeto no
mundo, mas é o objeto no mundo que nos
permite formular um juízo de valor, isto é, que
nos permite avaliar se o que dizemos é falso ou é
verdadeiro.
Conceito da Função
• O modo de pensar em um objeto em particular traz
consequência para o valor-de-verdade;
• Digamos assim, “O São Francisco é extenso”, o conceito
da função irá pegar como verdadeiro, uma lista de coisas
que são extensas, mas não uma lista de rios;
• O que podemos concluir é que, o valor-de-verdade é
pensada em modo particular, nas coisas que são
extensas, logo vemos que o sentido , segundo Frege, é o
modo de pensar sobre alguma coisa.
Exemplo:
-> O rei da França é careca.
• A afirmação, é verdadeira ou falsa? Levando em
consideração que não há, no momento atual, rei
da França.
• Essa sentença proferida em 1780 na França seria
falsa, porque a descrição do rei era falsa, pois ele
não era careca, mas e hoje em dia? Que resposta
podemos dar?
• Há duas respostas:
Exemplo:
• Segundo Frege, entende que se não há uma
referência para a descrição definida, a sentença
não tem valor de verdade – não faz sentido
afirmar de algo que não existe, que ele é careca
ou não – e outra que vem de Bertrand Russell,
para quem o artigo definido é um quantificador
e na situação atual ela é falsa, temos aí então, um
conceito da função!
Quantificadores
• (1) Alguma cidade de Santa Catarina é de origem
alemã.
• (2) Todos os homens são mortais.
• (3) Todos os meninos amam uma professora.
• No exemplo 1, sabemos que há uma cidade em Santa
Catarina que é alemã, mas na sentença não está
especificado qual cidade é; Algum é um quantificador
existencial, este afirma que a intersecção entre o
conjuntos das cidades de SC e o conjunto das cidades de
origem alemã não é vazia; Há pelo menos uma cidade de
SC que é de origem alemã.
Quantificadores
• Já no exemplo 2, temos um quantificador universal,
pois o todos afirma que o conjunto dos homens está
contido no conjunto dos mortais.
• E no exemplo 3 podemos ver os dois quantificadores
combinados, ou seja, o universal (todos) e o
existencial (uma) combinando-se, mas esta sentença
pode ser ambígua, pois para todo aluno há pelo
menos uma professora que ele ama, ou há uma
única professora que todos alunos amam.
Quantificadores
• No entanto, no primeiro caso, o quantificador
universal antecede o existencial; no segundo,
inverte-se a situação de modo que o existencial
tem escopo sobre o universal.
• Quantificadores = operadores!
Operadores

• Vale ressaltar que, o modo como os operadores


se combinam gera diferentes interpretações.
Essa interpretação de operadores explica o que
chamamos de ambiguidade semântica.
Exemplo:
• João não convidou só a Maria.
• Podemos ter duas interpretações através desta sentença,
veja bem, ou o João só não convidou a Maria, ou o João
não só convidou a Maria, mas também outras pessoas.
• Utilizamos diferentes entonações para veicular um ou
outro significado.
• Esta dupla interpretação é explicada através do modo
como os operadores são combinados, ou o não atua
sobre o só, gerando não só; ou só atua sobre o não,
produzindo só não.
Exemplo:
• ESCOPO: é a relação que um operador atua
sobre um certo domínio;
• Na primeira interpretação, o operador só tem
escopo sobre a negação; na segunda, é a negação
que tem escopo sobre o só: “O João não só
convidou a Maria”.
Semântica Formal
• Para concluir, na Semântica Formal, a
linguagem é um meio para alcançarmos uma
verdade que está fora da linguagem, o que nos
permite falar objetivamente sobre o mundo e,
consequentemente, adquirir um conhecimento
seguro sobre ele.
Semântica de Enunciação
• Só a linguagem constitui o mundo, por isso não é
possível escapar dela, a semântica da enunciação
certamente se inscreve nessa perspectiva, mas
há abordagens formais que não se vinculam a
uma metafísica realista;
• A referência é uma ilusão criada pela linguagem;
• Segundo Ducrot, a semântica formal cai na
ilusão, criada pela própria linguagem, de que ela
se refere a algo externo a ela mesma, de onde ela
retira a sua sustentação;
Semântica da Enunciação
• A linguagem é um jogo de argumentação
enredado em si mesmo; não falamos sobre o
mundo, falamos para construir um mundo e a
partir dele tentar convencer nosso interlocutor
da nossa verdade, verdade criada pelas e nossas
interlocuções.
• Não falamos para trocar informações, mas para
convencer o outro a entrar no nosso jogo
discursivo, para convencê-lo de nossa verdade.
Semântica da Enunciação
• Essa diferença de concepção da linguagem surte
efeitos na forma como os fenômenos semânticos
são descritos;
• Se a linguagem não se refere, se a referência é
interna ao próprio jogo discursivo então também
a pressuposição, seja ela existencial ou de
qualquer outro tipo, é criada pelo e no próprio
jogo de encenação que a linguagem constrói.
Semântica da Enunciação
• Nas versões mais atuais da Semântica da
Enunciação, o conceito de pressuposição é
substituído pelo de enunciador;
• Um enunciado se constitui de vários enunciadores,
que, por sua vez, formam o quadro institucional que
referenda o espaço discursivo em que o diálogo vai
se desenvolver;
• A pressuposição situa o diálogo no
comprometimento de que o ouvinte aceita essa voz
pressuposta. De tal sorte que negá-la é romper o
diálogo, criando um discurso polêmico.
Semântica da Enunciação
• A pressuposição neste tipo de semântica, se
resolve pela hipótese da polifonia e, portanto, da
existência de diferentes enunciadores, e a
ambiguidade se desfaz pela determinação de
diferenças de uso das palavras: o não polêmico e
o não metalinguístico.
Negação polêmica:
• Exemplo:
• (1) Não, meu carro não está mal estacionado
(porque eu não tenho carro).
• Podemos considerar como negação polêmica,
pois está negando o quadro criado pelo
interlocutor, na medida em que nego o
enunciador que afirma a existência de único
carro que seja meu.
Negação metalinguística:
• Exemplo:
• Não, meu carro não está mal estacionado
(porque está bem estacionado).
• Consideramos negação metalinguística, porque
o locutor retoma a fala do outro, que aparece na
voz de um enunciador que afirma que o carro
está mal estacionado, para negá-la, mas aceita o
enunciador que afirma que o falante tem apenas
um carro.
Negação descritiva
• Ducrot distingue este terceiro tipo de negação.
Nela o locutor descreve um estado do mundo
negativamente, portanto em sua enunciação não
há um enunciador que retoma a fala de outro
enunciador negando-a. No exemplo a seguir, o
locutor está descrevendo um estado do mundo,
utilizando a negação:
• -> Não há uma nuvem no céu.
Semântica da Enunciação
• Polissemia = num mesmo enunciado podemos
abrir um leque de significados diferentes, mas
que tem pontos em comum. A negação é um
fenômeno da polissemia.
• Um exemplo de polissemia é televisão, que
designa tanto o aparelho como a rede de
transmissão;
• A Semântica da Enunciação dispensa a hipótese
de forma lógica.
Semântica Cognitiva
• Significação corpórea -> Interação corpo e
ambiente, tanto físico quanto mental.

• Esquemas de deslocamento
- CAMINHO (movimento);
- RECIPIENTE (estado);
- BALANÇO (equilíbrio).
Metáfora
• Metáfora linguística ≠ Metáfora conceitual
Metonímia
• Metonímia ≠ figura de linguagem
• Categorias - infância
• Ex.: Cachorro – raça – animal
• Uma experiência primitiva que funciona como
âncora.

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