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A questão é: será essa transparência total, de modo que o juiz da execução possa
e deva investigar, na sua plenitude, a existência do suporte-token específico? Ou haverá
uma zona de opacidade, impedindo que algo da inexistência seja conhecido e/ou o
próprio conceito de existência do suporte-token seja específico a esse contexto?
A explicação deste ponto parece estar associada a outro dado também da maior
relevância. Aquilo que serve de “suporte” aos títulos executivos-token não consiste,
como acontece com fatos institucionais mais simples e mesmo com atos e negócios
jurídicos, em elementos materiais dotados de (alguma) existência material – e, por isso,
faz sentido diferenciar inexistência, nulidade e anulabilidade quanto a eles. Na
realidade, todos e cada um dos conceitos de suporte que constituem as diversas espécies
de título executivo-type são conceitos de fatos institucionais, ou seja, fatos
institucionais-type.
Com efeito, sentenças, títulos de crédito, contratos, certidões de dívida ativa são,
todos eles, indiscutíveis fatos institucionais. E o reflexo imediato disto, no que diz com
a doutrina do título executivo, é esse: para cada um deles, enquanto fatos institucionais-
type, há regras de suporte específicas, fixando as condições de existência (e de
inexistência) dos tokens respectivos; fixando as propriedades (conceito de suporte) que
algo particular deva ter, para que possa contar como sendo um token daquele type de
fatos institucionais.1
Letra de câmbio é um fato institucional e, por isso, tem-se, quanto a ela, tudo aquilo que
se viu quanto ao straight flush e ao título executivo:
1
Estas bem que se tratam, na verdade, de informações basilares e triviais, mas que trazem ou podem
trazer alguma transparência na visão de algumas coisas corriqueiras.
1. Há uma letra de câmbio-type, cuja existência é dada, integralmente, pelas
respectivas regras de suporte e de função, e que é definida pelo
amálgama dos conceito de suporte e de função, que integram tais regras,
respectivamente.
2. Há letras de câmbio-token, consistente em itens individuais que se
ajustam ao conceito de suporte da letra de câmbio-type e, por isso
mesmo, é titulo dos poderes deônticos que integram e definem a função
específica deste type de fato institucional.
Assim, a “existência de uma letra de câmbio” pode ser analisada, de modo a revelar o
caráter institucional do fenômeno, da seguinte maneira:
Assim, o nomen iuris que consta em cada definição da regra de suporte específica de
cada modalidade de título-type, designa o que: a figura-type ou a figura-token?
A type, porque é um type. Mas não “todo” o type, de modo a incluir os seus poderes
deônticos. Porque enquanto fato institucional os fatos-tokens são a instaciação de
normas.
[alter: ela designa o conceito de suporte da figura-type, pois apenas este, e não o
respectivo token, admite subsunção, admite funcionar como “conceito de suporte”]
Mas não designa tudo, porque letras de câmbio, sentenças e contratos escritos ou
confissões de dívida têm “poderes deônticos característicos” muito diferentes entre si.
Mas, no processo de execução, como Andolina bem revelou, nenhum desses poderes
deônticos – a eficácia executiva – se manifestam.
Se isto é assim, cabe indagar: o que há para um fato institucional ser, com exclusão de
seus poderes deônticos, mesmo que em chave radicalmente hipotética? O tipo de
suporte que ele também é (além de sua função).
Daí se conclui que, aquilo que pareceu relevante, ao legislador, foi se valer do mesmo
conceito de suporte dos fatos institucionais jurídicos como “letras de câmbio”,
“contratos documentados assim ou assado”, “sentenças”, como suporte da atribuição da
função de título executivo. Obviamente, foi mantido um isolamento claro, o que a teoria
dos fatos institucionais explica muito bem: no contexto de processode execuçlão.
Em termos institucionais, isso é extremamente corriqueiro, ou seja, essa restrição a
determinado contexto. Fatos e objetos institucionais são criados em função mais da
mudança de contexto.
Por isso, deve-se entender que o que interessa e o que apenas pode interessar, na
determinação do conceito de suporte de qualquer título executivo, se faz presente, no
foreground, o conceito de suporte do tipo de fato institucional-type designado na lei; no
background, obviamente, também comparece ao menos a consciência, quando não o
conhecimento, de questões reletivas aos seus poderes deônticos em abstrato, ou seja, o
seus efeitos jurídicos tais quais constantes nas previsões legais, ou seja, como meros
tipos ou types.