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Licenciatura em Turismo

Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais

Direito do Turismo

 Ano Letivo 2020/2021 1.º Ano – 1.º Semestre


Parte I – Noções introdutórias

O direito e a regulação da atividade turística:

1. Caraterísticas do Direito e suas grandes divisões;


2. A norma jurídica;
3. A relação jurídica: sujeitos, factos e posições jurídicas;
4. Meios de tutela do Direito;
5. Fontes do Direito - em especial, os atos jurídico-públicos;
6. Noções básicas de interpretação jurídica.
CONCEITO DE DIREITO

O Direito é uma realidade abstrata e complexa com várias aceções:

Este termo é utilizado na linguagem jurídica bem como na linguagem corrente com dois significados:

1. Direito objetivo
2. Direito subjetivo
I – Direito objetivo: traduz-se no corpo ou complexo de regras gerais e abstratas que organizam a vida em
sociedade, sob os mais diversos aspetos, e que, designadamente, definem o estatuto das pessoas e regulam
as relações entre elas.

II – Direito subjetivo: traduz-se na faculdade ou poder que, por aplicação das regras de direito objetivo,
são atribuídos a pessoas determinadas, uma vez verificados certos eventos previstos naquelas mesmas
regras.
O DIREITO E AS DEMAIS ORDENS NORMATIVAS

I – ORDEM RELIGIOSA

As normas religiosas são criadas por um Ser transcendente e ordenam as condutas dos crentes nas suas relações com Deus.

Apresentam características próprias:


- instrumentais;
- ultra-individuais;
- sanções exclusivas do foro da Igreja (insuscetíveis de imposição pelo Estado).
O DIREITO E AS DEMAIS ORDENS
NORMATIVAS

II – ORDEM MORAL

Traduz-se no conjunto de normas de conduta, costumes e atitudes éticas que visam o aperfeiçoamento do
ser humano.

A distinção entre Direito e Moral não se afigura muito simples, uma vez que existe uma interligação entre
as duas ordens em vários pontos. No entanto, têm sido apontados pelos estudiosos de Direito alguns
critérios:
A) Critério do mínimo ético: o direito limita-se a impor aquelas normas morais básicas cuja observância é
fundamental para que na vida social exista paz, liberdade e justiça. Assim, todas as normas jurídicas seriam
simultaneamente normas éticas.

Críticas: existem normas jurídicas moralmente indiferentes, bem como normas jurídicas contrárias à moral.
B) Critério da coercibilidade: segundo este critério, na moral não há uma autoridade a exigir o cumprimento
dos deveres de cada indivíduo. E no direito, quem se encontra juridicamente obrigado está sujeito a que outra
pessoa lhe exija o cumprimento da sua obrigação sob pena de o aparelho coercitivo lhe aplicar sanções.

Críticas: nem todas as normas jurídicas são coercivas.


C) Critério da heteronomia: segundo este critério os preceitos morais têm a sua fonte na consciência de quem os
deve cumprir; na moral é a própria pessoa que lhe deve obedecer (autonomia).
O direito, pelo contrário, é heterónomo, uma vez que implica a sujeição a um querer alheio, ou seja, as normas
jurídicas têm de ser cumpridas independentemente da opinião dos seus destinatários.

Críticas: as normas morais não são criadas pelas pessoas que as devem cumprir, na medida em que se
fundam em exigências, ideias, valores e princípios das comunidades. Por outro lado, o direito tem também
uma certa dimensão de autonomia porque, para além de uma vinculação imposta por outrem, é preciso
criar na sociedade a convicção dessa obrigatoriedade.
D) Critério da exterioridade: segundo este critério a moral diz respeito às ações humanas internas ( foro íntimo), que ficam no plano da consciência.
E o direito diz respeito ao lado externo da conduta humana.

Críticas: existem situações em que o direito atende ao lado interno da conduta do agente e outras situações em que a moral atende ao lado externo
desta.
III – ORDEM DE TRATO SOCIAL

Traduz-se em práticas reiteradas e constantes no seio de uma comunidade que se refletem, por exemplo, na forma de
vestir, saudações, oferecer presentes em certas épocas, retribuir uma visita, dar os pêsames aos familiares de um
falecido...

Características:
- Impessoais;
- Coativas (embora com meios de coação e sanções desorganizadas).
IV – ORDEM JURÍDICA

Ao direito está associada a ideia nuclear de um conjunto de normas estáveis num certo tempo denominado
direito positivo ou objetivo.

Características:
- imperatividade;
- generalidade e abstração;
- coercibilidade.
RAMOS DO DIREITO

A ordem jurídica é única, mas as normas que a constituem tomam por objeto da sua
regulamentação problemas e matérias muito diversas.

Portanto, a ordem jurídica divide-se em vários subconjuntos ou sectores onde se


agrupam as normas comuns a cada uma das matérias - são os chamados ramos do
Direito.
A divisão suprema do universo jurídico é aquela que distingue Direito Público e
Direito Privado.

Para a distinção entre os dois grandes ramos são apresentados vários critérios, sendo
o mais divulgado e praticado o da posição dos sujeitos.
Critério da Posição dos Sujeitos:

A) Direito Público:

- relações dos entes públicos entre si;

- relações entre entes públicos e os particulares, quando aqueles estão a agir revestidos de poder de autoridade (ou seja, quando o ente público está
numa posição de supremacia, existindo, assim, uma relação de desigualdade).
B) Direito Privado:

- relações dos particulares entre si;

- relações entre os particulares e os entes públicos, quando estes últimos não


apareçam revestidos de um poder de autoridade, mas antes em pé de igualdade com
os particulares (relações de igualdade ou de paridade).
Exercício n.º 1 – Classifique, justificando, as seguintes relações jurídicas de acordo com o
critério da posição dos sujeitos:

1. O Estado português queria ceder um edifício a uma instituição pública, mas como não
tinha nenhum disponível, decide arrendar um. Para isso contacta o Sr. A e celebra com ele
um contrato de arrendamento, pagando logo dois meses antecipados de renda, tal como
determina a lei. No mês seguinte, porém, não paga a terceira renda. O Sr. A decide exigir o
pagamento da renda.
2. A Câmara Municipal do Porto, para construir a Casa da Música e os espaços envolventes, expropria o Sr. A, retirando-
lhe o direito de propriedade por ato de autoridade. A única coisa que o Sr. A pode fazer é recorrer ao Tribunal para
discutir o montante da indemnização.

3. O Sr. A é obrigado pelo Estado ao cumprimento do serviço militar.

4. O Estado intervêm como acionista numa sociedade anónima.

5. O Estado cobra impostos a Belmiro.


RAMOS DO DIREITO PÚBLICO:

I – Direito Constitucional:

- dedicado à organização fundamental do Estado;


- regula a organização e funcionamento dos órgãos de soberania e dos entes públicos menores;
- consagra os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos;
- tem como apoio legal a Constituição da República Portuguesa (de 1976) e as leis constitucionais
extravagantes (todas as leis ordinárias têm de respeitar a CRP).
II – Direito Administrativo:

- conjunto de normas que disciplinam a organização e a atividade da Administração Pública, bem como
o seu relacionamento com os particulares.

A complexidade crescente da Administração Pública determinou a necessidade de se autonomizarem


diversos direitos administrativos especiais que disciplinam sectores específicos:
- Direito Administrativo Militar;
- Direito Administrativo Cultural;
- Direito Administrativo Social;
- Direito Administrativo Municipal.
III – Direito Fiscal:
Regula a matéria dos impostos, debruçando-se especialmente sobre a sua incidência, cobrança e lançamento
(IRS, IRC, IVA).

IV – Direito Penal:
Complexo de normas que indicam quais as condutas consideradas como crime (lesão de um bem jurídico
essencial na comunidade) e quais as respetivas sanções (pena de prisão ou pena de multa e medidas de
segurança).
V – Direito Processual:
Disciplina a forma como os atos se desenrolam durante o exercício da ação jurisdicional, isto é, a forma como os
processos evoluem quando alguém exerce um direito judicialmente.

VI – Direito Internacional Público:


Conjunto de normas que regula as relações entre os Estados ou entre os Estados e outras entidades soberanas. É um ramo
do Direito supra-estadual que provém de um organismo externo que se sobrepõe aos órgãos de soberania de um país.

As suas normas vigoram na ordem jurídica interna (art. 8.º CRP).


VII – Direito da União Europeia:
Vigora na União Europeia, a que Portugal pertence.

Provém de regulamentos, diretivas, decisões, acordos internacionais, jurisprudência, costumes


internacionais.

As normas de Direito da União Europeia aplicam-se diretamente na ordem jurídica portuguesa e


prevalecem sobre a legislação nacional (art. 8.º, n.º 3 e n.º 4 CRP). Trata-se, no entanto, de um direito
infraconstitucional.
RAMOS DO DIREITO PRIVADO:

I – Direito Civil: é o chamado direito privado comum ou direito regra. Pode definir-se como um
conjunto de regras que disciplina as relações entre os sujeitos.
Tem como principal fonte o Código Civil, que se divide da seguinte forma:
- Parte Geral (arts. 1.º a 396.º CC);
- Parte Especial:
- Direito das Obrigações (arts. 397.º a 1250.º CC);
- Direitos Reais ou Direito das Coisas (arts. 1251.º a 1575.º CC);
- Direito da Família (arts. 1576.º a 2020.º CC);
- Direito das Sucessões (arts. 2024.º a 2334.º CC).
II – Direito Comercial: ramo do Direito que regula os atos de comércio e os comerciantes. É um
ramo de direito especial, na medida em que face ao direito privado comum consagra uma
disciplina diversa, mas não oposta, para círculos mais restritos de pessoas, coisas ou relações.

III – Direito Internacional Privado: conjunto de normas que regula questões da vida privada
internacional, ou seja, aquelas questões que apresentam uma conexão com mais do que uma
ordem jurídica. Este ramo visa dirimir conflitos de concurso de leis, dizendo qual é aplicável a
cada situação (arts. 25.º a 65.º CC).
IV – Direitos de Autor: ramo de direito privado especial cujo código regula as obras
intelectuais, literárias e artísticas, regendo os direitos patrimoniais e não patrimoniais dos
seus criadores.

Breve referência às situações especiais dos ramos do Direito do Trabalho (ramo híbrido) e
do Direito Canónico (direito não estatal).
AS NORMAS JURÍDICAS

A ordem jurídica decompõe-se em unidades normativas que, ao mesmo tempo que a


exprimem e a “concretizam”, funcionam como mediadores da aplicação do direito às
situações concretas da vida.
São comandos gerais, abstratos e coercíveis, ditados pela autoridade competente (lei
em sentido material).
I – Estrutura:

Divide-se em duas partes:

a) – previsão ou hipótese: refere uma situação de facto, uma certa conduta ou relação, cuja verificação em
concreto desencadeia a aplicação de uma consequência jurídica fixada na estatuição;

b) – estatuição: traduz-se no efeito jurídico, nas consequências que a norma associa à verificação ou
preenchimento da hipótese legal.
Exemplos:

- Art. 114.º, n.º 1 CC – Decorridos dez anos sobre a data das últimas notícias, ou passados cinco anos, se
entretanto o ausente houver completado oitenta anos de idade, podem os interessados a que se refere o art.
100.º requerer a declaração de morte presumida.

- Art. 177.º CC – As deliberações da assembleia geral contrárias à lei ou aos estatutos, seja pelo seu objeto,
seja por virtude de irregularidades havidas na convocação dos associados ou no funcionamento da
assembleia, são anuláveis.
II – Características:

1. Imperatividade / coercibilidade: as normas jurídicas indicam um dever de conduta aos seus


destinatários que, caso não seja cumprido de forma espontânea, pode ser imposto pela força;

2. Generalidade: as normas jurídicas destinam-se a uma categoria mais ou menos ampla de pessoas, ou
seja, não têm destinatários determinados;

3. Abstração: as normas jurídicas disciplinam ou regulam um número indeterminado de casos, isto é,


uma categoria de casos e situações, e não de casos ou de situações concretas ou particularmente visadas.
III – Classificação:

1. Quanto à sua relação com a vontade dos destinatários:


- Imperativas:
- Preceptivas
- Proibitivas
- Permissivas:
- Facultativas ( concessivas ou atributivas)
- Interpretativas
- Supletivas
2. Quanto ao âmbito da validade territorial:
- Universais;
- Regionais;
- Locais.

3. Quanto ao âmbito pessoal de validade:


- Gerais;
- Especiais;
- Excecionais.
4. Quanto ao critério da sanção aplicada:
- Leis mais que perfeitas;
- Leis perfeitas;
- Leis menos que perfeitas;
- Leis imperfeitas.

5. Quanto ao critério da plenitude do seu sentido:


- Autónomas;
- Não autónomas (normas remissivas, de devolução ou indiretas, e ainda aquelas que ampliam ou restringem o campo de aplicação
das normas autónomas).
A RELAÇÃO JURÍDICA

O conceito de relação jurídica pode ser tomado em dois sentidos:

I – sentido amplo: toda a situação ou relação da vida social juridicamente relevante, isto é, produtiva de
efeitos jurídicos e, portanto, regulada pelo Direito;

II – sentido restrito: relação da vida social disciplinada pelo Direito, mediante a atribuição a uma pessoa de
um direito subjetivo e a imposição a outra de um dever jurídico ou estado de sujeição.

Breve referência do conceito de Instituto Jurídico.


A) Estrutura:

Sujeito Ativo ↔ Sujeito Passivo


direito subjetivo vínculo jurídico dever jurídico
B) Elementos:

Toda a relação jurídica existe entre dois sujeitos, nasce de um facto jurídico e incide
sobre um objeto. A sua efetivação pode fazer-se mediante o recurso a providências
coercitivas, adequadas a proporcionar e a proteger o direito do sujeito ativo da
relação jurídica (garantia).
I – Sujeitos (pessoas entre as quais se estabelece o vínculo jurídico):
- titular do direito subjetivo (sujeito ativo);
- titular do dever jurídico (sujeito passivo).

II – Facto jurídico: todo o acontecimento ou facto (natural ou humano) que desencadeia ou


produz efeitos jurídicos. Pode ser constitutivo, modificativo ou extintivo da relação jurídica.

III – Objeto: aquilo sobre o qual incidem os poderes do titular ativo da relação jurídica.
Costuma distinguir-se entre o objeto imediato e o objeto mediato da relação jurídica. Possíveis
objetos mediatos da relação jurídica: coisas, prestações de facto, direitos, pessoas (duvidoso).
IV – Garantia: conjunto de providências coercitivas postas à disposição do titular ativo da relação jurídica, em ordem a obter a
satisfação do seu direito (que o titular passivo infringe ou ameaça infringir).

C) O Objeto Mediato da Relação Jurídica – as Coisas (art. 202.º CC):

Características:
- existência autónoma ou separada;
- possibilidade de apropriação exclusiva por alguém;
- aptidão para satisfazer interesses ou necessidades humanas.
Classificação das Coisas:

- coisas no comércio e coisas fora do comércio (art. 202.º, n.º 2 CC);


- coisas imóveis e coisas móveis (arts. 203.º a 205.º CC);
- coisas compostas e coisas simples (arts. 203.º a 206.º CC);
- coisas fungíveis e coisas não fungíveis (arts. 203.º e 207.º CC);
- coisas consumíveis e coisas não consumíveis (arts. 203.º e 208.º CC);
- coisas divisíveis e coisas indivisíveis (arts. 203.º e 209.º CC);
- coisas principais e coisas acessórias (arts. 203.º e 210.º CC);
- coisas presentes e coisas futuras (arts. 203.º e 211.º CC);
- coisas corpóreas e coisas não corpóreas;
- frutos (art. 212.º CC);
- benfeitorias (art. 216.º CC).
Exercício n.º 2 – Identifique e caracterize os elementos da relação jurídica em causa:

Rui empresta a Olívia um quadro muito valioso, para que esta o possa expor na inauguração
do seu escritório. Ambos concordaram que Olívia teria de devolver o quadro um mês depois.

O quadro em questão é uma coisa fungível ou infungível? Classifique-o, enquanto coisa em


sentido jurídico, ao abrigo dos demais critérios que conhece.
Exercício n.º 2 – Identifique e caracterize os elementos da relação jurídica em causa:

Alberto comprou à sociedade «ABC – Materiais de Escritório, Lda.» uma


escrivaninha, pelo preço de 150€.

A escrivaninha em questão é uma coisa divisível ou indivisível? Classifique-a,


enquanto coisa em sentido jurídico, ao abrigo dos demais critérios que conhece.
OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA

Os sujeitos da relação jurídica são os entes suscetíveis de serem titulares de direitos e obrigações.

São sujeitos de direito as pessoas: as pessoas singulares e as pessoas coletivas.


AS PESSOAS SINGULARES

As pessoas singulares têm personalidade jurídica, que se traduz na suscetibilidade de serem titulares
autónomos de relações jurídicas, isto é, na aptidão para serem sujeitos de direitos e de obrigações.

Art. 66.º, n.º 1 CC – momento da aquisição da personalidade jurídica;


Art. 66.º, n.º 2 CC – condição jurídica dos nascituros;
Art. 68.º, n.º 1 CC – momento da cessação da personalidade jurídica:
- n.º 2 – presunção de comoriência;
- n.º 3 – presunção de morte.
Capacidade de Gozo de Direitos:

É inerente à personalidade jurídica e traduz-se na capacidade de uma pessoa ser titular de um


círculo maior ou menor de relações jurídicas.

Podem surgir, neste sentido, incapacidades de gozo, ou seja, situações em que uma pessoa não
pode ser titular de certos direitos, por a lei, em certos casos, considerar que não possui as
qualidades necessárias para essa titularidade.
Incapacidades de Gozo:

- Incapacidades nupciais (arts. 1601.º e 1602.º CC);


- Incapacidade de testar dos menores não emancipados e dos interditos por anomalia psíquica
(art. 2189.º CC);
- Incapacidade para perfilhar dos menores de 16 anos, interditos por anomalia psíquica e dos
notoriamente dementes (art. 1850.º CC).

As incapacidades de gozo são insupríveis, ou seja o incapaz de gozo não pode ser substituído
por outra pessoa que exerça por ele estes direitos (são de natureza estritamente pessoal).
Capacidade de Exercício de Direitos:

Traduz-se na idoneidade para atuar juridicamente, exercendo direitos ou cumprindo deveres,


por ato próprio e exclusivo ou mediante um representante voluntário ou procurador (ou seja,
um representante escolhido pelo próprio representado).

Podem surgir, neste sentido, incapacidades de exercício, ou seja, situações em que uma pessoa
não pode agir pessoal e autonomamente.

Todavia, ao contrário das incapacidades de gozo, estas são supríveis.


Incapacidades de Exercício:

- Menoridade;
- Interdição;
- Inabilitação;
- Incapacidade acidental.
I – Menoridade:

Para participar no tráfico jurídico, exercendo direitos e cumprindo obrigações, é necessário que as pessoas
possuam maturidade e responsabilidade adequadas. A lei presume que tais qualidades só se adquirem aos
18 anos.

Noção de menoridade – art. 122.º CC;


Efeitos da menoridade – art. 123.º CC;

Cessação dos efeitos da menoridade: maioridade (art. 130.º CC) e emancipação pelo casamento (arts.
132.º e 133.º CC).
Efeitos da incapacidade dos menores – art. 125.º CC (os negócios jurídicos realizados pelo menor
são anuláveis).

Sanação da anulabilidade – art. 125.º, n.º 2 CC.

Dolo do menor – art. 126.º CC.

Exceções à incapacidade dos menores:


- art. 127.º CC;
- casamento de menores com idade superior a 16 anos (arts. 132.º, 133.º e 1649.º CC).
Formas de suprir a incapacidade de exercício dos menores:

- Poder paternal (arts. 124.º e 1877.º e ss. CC);

- Tutela (arts. 124.º e 1921.º e ss. CC);

- Administração de bens (art. 1922.º CC, podendo esta coexistir com a tutela ou com o poder paternal).
II – Interdição:

Podem ser interditos do exercício dos seus direitos todos aqueles que por anomalia psíquica, surdez-
mudez ou cegueira se mostrem incapazes de governar suas pessoas e bens (art.138.º, n.º 1 CC).

Para além destas qualidades minguantes é necessário que exista uma sentença judicial que, no termo de
um processo especial, declare esta incapacidade.
Legitimidade para intentar a ação – art. 141.º CC;
Tribunal competente – art. 140.º CC;
Publicidade da sentença – art. 147.º CC (sob pena de não poder ser invocada contra terceiros de boa fé).
Regime da interdição – equiparado ao da menoridade (art. 139.º CC):

Forma de suprir a incapacidade dos interditos: representação legal exercida por um


tutor (art. 143.º CC);
Valor dos atos praticados pelo interdito:
- Atos praticados depois do registo da sentença definitiva (art. 148.º CC);
- Atos praticados na pendência da ação (art. 149.º CC);
- Atos praticados antes da propositura da ação (arts. 150.º e 257.º CC).
Cessação da interdição: art. 151.º CC.
III – Inabilitação:

Pessoas sujeitas a inabilitação (art. 152.º CC):


- pessoas cujas deficiências físico-psíquicas não sejam tão graves que justifiquem a sua interdição;
- pessoas que pela sua habitual prodigalidade se mostrem incapazes de reger convenientemente o seu
património;
- pessoas que pelo uso de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes se mostrem incapazes de reger
convenientemente o seu património.

Para além destas circunstâncias necessária uma sentença de inabilitação proferida no termo de um
processo judicial.
Conteúdo e alcance da inabilitação: abrange os atos de disposição de bens entre vivos e
todos os que forem especificados na sentença (art. 153.º CC). O inabilitado pode praticar
atos de mera administração do seu património, mas a administração dos seus bens
também pode ser entregue a um curador (art. 154.º CC).

Valor dos atos praticados sem capacidade: anuláveis (arts. 156.º, 148.º, 149.º e 150.º CC).

Legitimidade e prazos de arguição: arts. 125.º, 139.º e 156.º CC.


Forma de suprir a inabilitação: Assistência – nomeação de um curador (arts. 153.º e
154.º CC).

Cessação da inabilitação: o levantamento da interdição deve ser requerido ao


tribunal que irá verificar se, de facto, as razões que fundamentaram a sentença que a
decretou cessaram (art. 155.º CC).
IV – Incapacidade Acidental:

A declaração negocial é manifestada por quem, devido a qualquer causa (embriaguez, estado
hipnótico, intoxicação ..) está transitoriamente incapacitado de entender o seu sentido ou não
tem o livre exercício da sua vontade (art. 257.º CC).

Atos praticados pelo incapaz: anuláveis (arts. 287º e ss. CC).


AS PESSOAS COLETIVAS

As pessoas coletivas são organizações constituídas por uma coletividade de pessoas


ou por uma massa de bens, dirigidas à realização de interesses comuns ou coletivos,
às quais a ordem jurídica atribui personalidade jurídica.

A sua existência funda-se e está ao serviço da autonomia privada.


Elementos Constitutivos:

I – Substrato: elemento de facto, conjunto de elementos da realidade extrajurídica, elevado à qualidade de sujeito através
do reconhecimento (elemento material).

Contém vários subelementos:


- elemento pessoal ou patrimonial;
- elemento teleológico;
- elemento intencional;
- elemento organizatório.
II – Reconhecimento: elemento do direito a que a lei se refere expressamente (art. 158.º CC) e
que transforma uma dada organização ou ente de facto num ente ou pessoa jurídica (elemento
formal).

Tipos de Reconhecimento:
1 – Reconhecimento normativo: condicionado ou incondicionado

2 – Reconhecimento individual ou por concessão


Tipos Doutrinais de Pessoas Coletivas:

1 – Corporações: pessoas coletivas que têm um substrato integrado por um conjunto de pessoas
singulares que visam um interesse comum egoístico ou altruístico;

2 – Fundações: pessoas coletivas que têm um substrato integrado por um conjunto ou massa de
bens adstrito pelo fundador (pessoa singular ou coletiva) e um escopo ou interesse de natureza
social. As fundações estão sujeitas ao reconhecimento individual. Uma vez criada a fundação, o
fundador tem de atuar de acordo com o que ficou fixado no ato de instituição e nos estatutos.
III – Pessoas Coletivas de Direito Público e de Direito Privado:

São de Direito Público as pessoas coletivas que desfrutam em maior ou menor extensão do
chamado jus imperii, correspondendo-lhes certos direitos de poder público e certas funções
próprias da atividade estadual.

Exemplos:
- Pessoas coletivas de população e território: Estado e Autarquias Locais;
- Institutos públicos: serviços do Estado e das Regiões Autónomas dotados de personalidade
jurídica que integram a administração estadual indireta (como as Universidades Públicas).
São de Direito Privado todas as pessoas coletivas não integradas na definição anterior (ex. sociedades
civis e sociedades comerciais).

Tipos Legais de Pessoas Coletivas de Direito Privado – Art. 157.º CC:

I – Associações: pessoas coletivas de substrato pessoal que não têm por fim a obtenção de lucros para
distribuir pelos seus associados (arts. 167.º a 184.º CC);

II – Fundações: pessoas coletivas que têm um substrato integrado por um conjunto ou massa de bens
adstrito pelo fundador (pessoa singular ou coletiva) e um escopo ou interesse de natureza social (arts.
185.º a 194.º CC).
III – Sociedades:

Existem dois tipos de sociedades:


1 – As sociedades civis
2 – As sociedades comerciais

As sociedades comerciais e as sociedades civis sob forma comercial têm personalidade


jurídica (atribuída nos termos do Código das Sociedades Comerciais).
As sociedades comerciais podem adotar um dos quatro tipos legais (que se distinguem principalmente
pelo regime de responsabilidade pessoal dos sócios perante os credores da sociedade) previstos pelo art.
1.º CSC:

- sociedades em nome coletivo;

- sociedades por quotas;

- sociedades anónimas;

- sociedades em comandita (simples e por ações).


Personalidade Jurídica das Pessoas Coletivas: art. 158.º CC.

Capacidade Jurídica das Pessoas Coletivas: princípio da especialidade do fim (art. 160.º CC).
DIREITOS SUBJECTIVOS

Poderes jurídicos de livremente exigir ou pretender de outrem um comportamento positivo ou


negativo, ou de, por um ato de vontade só de per si ou integrado por um ato de autoridade
pública, produzir determinados efeitos jurídicos que inevitavelmente se impõem à outra parte.

O sujeito ativo da relação jurídica é livre de exercer ou não o seu direito subjetivo e por isso se
diz que este é uma manifestação e um meio de atuação da autonomia privada.
Existem duas modalidades de direitos subjetivos:

I – Direitos subjetivos propriamente ditos ou stricto sensu: traduzem-se no poder jurídico de


exigir ou pretender de outrem um comportamento positivo ou negativo, isto é, uma ação ou uma
omissão.

Corresponde-lhes o dever jurídico da contraparte (comportamento positivo ou negativo).


Os direitos subjetivos propriamente ditos dividem-se em:

1 – Direitos Relativos: corresponde-lhes do lado passivo uma obrigação (em sentido técnico). Ex.
Direitos de crédito.

2 – Direitos Absolutos: corresponde-lhes do lado passivo uma obrigação passiva universal. Ex.
Direitos reais, direitos de personalidade, direitos familiares pessoais.

Nos direitos subjetivos propriamente ditos podemos encontrar um poder de exigir (obrigações
civis) ou um poder de pretender (obrigações naturais – arts. 402.º a 404.º CC).
II – Direitos potestativos: poderes jurídicos de, por um ato de livre vontade, só de per si ou
integrado por um ato de autoridade pública (decisão judicial), produzir efeitos jurídicos que
inelutavelmente se impõem à outra parte.

São insuscetíveis de violação, pois o seu efeito é «automático».


Corresponde-lhe um estado de sujeição.

Consoante os efeitos jurídicos que tendem a produzir, os direitos potestativos podem ser:
constitutivos, modificativos e extintivos.

Diferença entre dever jurídico e estado de sujeição.


Exercício n.º 3:

1 – O direito de anulação de um contrato, que tipo de direito é?

2 – O poder de A exigir a B o pagamento de uma renda, que tipo de direito é?

3 – O reembolso dos 5000€ que A emprestou a B, que tipo de direito é?


DIREITOS DE PERSONALIDADE

Poderes jurídicos reconhecidos a todas as pessoas por força do seu nascimento completo e com
vida.

São direitos gerais, extrapatrimoniais e absolutos.

Art. 70.º CC – Tutela geral da personalidade (existe ainda a tutela penal e a tutela constitucional).
Ofensa a pessoas já falecidas: art. 71.º CC.

Direito ao nome: arts. 72.º a 74.º CC.

Cartas missivas: arts. 75.º a 78.º CC.

Direito à imagem: art. 79.º CC.

Direito à reserva sobre a intimidade da vida privada: art. 80.º CC.

Limitação voluntária dos direitos de personalidade: art. 81.º CC.


Exercício n.º 4:

António é proprietário de uma discoteca que funciona diariamente até às 4h da madrugada.


Durante a noite, junto à referida discoteca são frequentes as rixas, discussões e ruídos
provocados pelos clientes que frequentam o local. A música proveniente da discoteca é ouvida
nas proximidades. Todavia, tal ruído não excede o máximo permitido por lei.

Sentindo-se lesado, pois habita um prédio ao lado da discoteca, Bernardo pretende recorrer ao
Tribunal. Poderá reagir? Como?
Exercício n.º 5:

Benedita é uma modelo famosa que, no apogeu da sua carreira, provocou um violento
incêndio em sua casa enquanto tentava cozinhar. Em consequência, sofreu gravíssimas
queimaduras que a deixaram muito desfigurada. Amargurada, Benedita retirou-se das
passerelles e do mundo em geral. Adquiriu uma pequena casa junto ao mar, num local
bastante isolado e comunicou não desejar ser mais fotografada. Uma tarde, enquanto passeava
numa praia deserta, foi fotografada por um fotógrafo profissional que, embora estivesse
escondido, conseguiu uma fotografia bastante nítida do seu rosto desfigurado. A fotografia foi
publicada numa revista. Poderá Benedita reagir contra a publicação?
Exercício n.º 6:

Lucília Ferreira, modelo célebre, encontrou numa loja um produto de emagrecimento com a marca
«Lucília Ferreira». Espantada, dirige-se à gerente que a informa de que se trata de um novo produto
que se tem vendido muito bem. Sentindo-se lesada, Lucília pretende reagir. Pode fazê-lo? E se o
produto tivesse apenas a marca «Ferreira»?

Imagine que, em alternativa, Lucília celebrara um contrato com a empresa fabricante, permitindo-lhe
apor o seu nome no produto durante dois anos, em troca de uma elevada quantia de dinheiro. Se,
dois meses após o lançamento do produto, Lucília resolvesse «desfazer o negócio», poderia fazê-lo?
TUTELA DO DIREITO

O Direito recorre à coação para obrigar ao cumprimento das suas normas jurídicas, fazendo-o através de um
aparelho de tutela.

MODALIDADES DE TUTELA:

I – Preventiva: funciona antes da violação da norma jurídica, procurando evitar ou dificultar o seu
incumprimento.

Exemplos: intervenção da autoridade pública, medidas de segurança, proibição da prática de certa


atividade/profissão, inibição do exercício do poder paternal, etc.
II – Compulsiva: atua sobre o infrator da norma, por forma a obrigá-lo a adotar, embora tardiamente, certo
comportamento que omitiu.

Exemplos: sanção pecuniária compulsória, direito de retenção, certos juros de mora.

III – Reconstitutiva: visa colocar a pessoa lesada na situação em que estaria se a violação do seu direito não tivesse
ocorrido.

Exemplos: reconstituição natural, indemnização em dinheiro / reconstituição por “mero equivalente”, compensação.
IV – Punitiva: no caso de violações mais graves da ordem jurídica, o Direito recorre
à aplicação de sanções que implicam a privação de um bem e a reprovação da
conduta do infrator.

Exemplos: Se A agredir B, causando-lhe lesões corporais, será condenado a reparar


os danos causados e a cumprir uma pena pelo crime de ofensas corporais.
INVALIDADE E INEFICÁCIA DOS ATOS JURÍDICOS

Determina a frustração dos objetivos daquele que pretende obter determinado resultado jurídico,
mas omite os pressupostos que a lei exige ou não satisfaz os requisitos por ela impostos.

Exemplo: A celebra com B um contrato de compra e venda de um imóvel sem observância da


forma legalmente exigida (escritura pública – art. 875.º CC). O negócio celebrado é nulo por falta
de forma (art. 220.º CC).
TIPOS DE TUTELA

I – PRIVADA: Nos termos do art. 1.º Código de Processo Civil, «a ninguém é lícito o recurso à força com o
fim de realizar ou assegurar o próprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites declarados na lei».

- Ação direta (art. 336.º CC);


- Legítima defesa (art. 337.º CC);
- Estado de necessidade (art. 339.º CC);
- Direito de retenção (arts. 754.º a 761.º CC).
II – PÚBLICA: divide-se em tutela administrativa e tutela judiciária.

A) Tutela Administrativa: cabe à Administração Pública Estadual e à Administração Autónoma.

Pode ter em vista:

1 - Tutela de direitos do Estado (Administração) contra a resistência dos particulares: «privilégio


da execução prévia» - a Administração tem autoridade para executar as suas próprias decisões;
2 – Tutela ou garantia administrativa dos direitos dos administrados (contra decisões ilegais,
injustas ou inconvenientes da Administração):

Através:
- Garantias graciosas dos cidadãos: traduz-se na impugnação das decisões ou deliberações
perante a própria Administração (Modalidades: reclamação e recurso hierárquico);
- Recurso contencioso: os particulares recorrem aos meios judiciais para fazerem valer os seus
direitos contra a Administração.
B) Tutela Judiciária: cabe aos Tribunais.
Art. 202.º, n.º 1 CRP – «Os tribunais são os órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nom
do povo».

No exercício da sua função, obedecem aos seguintes princípios:


- vinculação do Juiz à lei;
- independência do Juiz;
- princípio da irresponsabilidade dos Juízes;
- princípio da inamovibilidade;
- princípio da incompatibilidade;
- princípio do autogoverno;
- princípio da imparcialidade;
- princípio da passividade.
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA – Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto – Lei da Organização do
Sistema Judiciário

Estrutura:
A) Tribunais de 1.ª Instância: são, em regra, os tribunais de comarca e designam-se pelo nome da
circunscrição onde estão instalados.
Podem ser de competência genérica ou de competência especializada (instrução criminal, família,
menores, trabalho, comércio, marítimo e execução de penas). Nas instâncias locais, as secções de
competência genérica podem ainda desdobrar-se em secções cíveis, em secções criminais e em
secções de pequena criminalidade, quando o volume ou a complexidade do serviço o justifiquem.
B) Tribunais de 2.ª Instância: são os Tribunais da Relação e designam-se pelo município onde
estão instalados. Funcionam em várias secções (civil, penal, social, família e menores, comércio,
etc.). Os juízes são chamados de desembargadores. Em Portugal existem cinco Relações: Porto,
Lisboa, Évora, Coimbra e Guimarães.

C) Supremo Tribunal de Justiça (órgão superior da hierarquia): só conhece matéria de direito nas
suas secções civil, penal e social, havendo ainda uma secção para o julgamento dos recursos das
deliberações do Conselho Superior da Magistratura. O pleno das secções é competente para
uniformizar a jurisprudência mediante acórdãos. Os juízes são chamados de conselheiros.
ALÇADAS:

Os tribunais judiciais encontram-se hierarquizados para efeito de recurso das suas decisões. Em
regra, o Supremo Tribunal de Justiça conhece, em recurso, das causas cujo valor exceda a alçada
dos Tribunais da Relação e estes das causas cujo valor exceda a alçada dos Tribunais Judiciais de
1.ª Instância. Recurso é o meio pelo qual a parte vencida requer a revisão da decisão judicial que
lhe é desfavorável, revisão essa que será da competência do tribunal hierarquicamente superior.

VALOR DAS ALÇADAS (Art. 44.º Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto):


Tribunal de 1.ª Instância: 5000€ / Tribunal da Relação: 30000€
JULGADOS DE PAZ (Lei n.º 78/2001, de 13 de Julho):

Tribunais com características especiais e competência para resolver causas com valor
reduzido, de natureza civil, de forma rápida e com custos reduzidos.
Julgam, entre outras questões, litígios respeitantes a relações de vizinhança, ações
possessórias, responsabilidade civil, acidentes de viação. Apenas podem julgar ações
declarativas civis de valor não superior a 15000€.

É possível recorrer das suas decisões para o Tribunal de 1.ª Instância (se o valor da causa
exceder metade do valor da sua alçada). O Juiz é designado por Juiz de Paz.
TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
Formam uma hierarquia que compreende:
- Tribunais Administrativos de Círculo
- Tribunais Centrais Administrativos
- Supremo Tribunal Administrativo
- Tribunais Tributários

TRIBUNAL DE CONTAS

TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
As suas competências mais importantes são a apreciação da inconstitucionalidade e da ilegalidade das normas
jurídicas.
MINISTÉRIO PÚBLICO – representa o Estado, defende os interesses que a lei determinar,
participa na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania, exerce a ação
penal orientada pelo princípio da legalidade e defende a legalidade democrática, nos termos
da CRP, do respetivo estatuto e da lei. Goza de autonomia em relação aos demais órgãos do
poder central, regional e local. Está exclusivamente vinculado a critérios de legalidade e
objetividade e às diretivas, ordens e instruções previstas na lei.

São magistrados do Ministério Público (art. 9.º Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto): o
Procurador-Geral da República, o Vice-Procurador-Geral da República, os Procuradores-
gerais-adjuntos, os Procuradores da República e os Procuradores- adjuntos.
FONTES DO DIREITO

O problema das fontes do direito diz respeito à forma como determinadas regras se transformam em
normas jurídicas.

São modos de revelação do direito (objetivo): positivação dos comportamentos e regras de conduta e
da forma como se tornam historicamente vigentes como normas de direito.
Elenco das Fontes do Direito:
- Lei
- Costume
- Usos
- Jurisprudência *
- Doutrina *
- Princípios Gerais de Direito
- Equidade.

Nota: Normas Corporativas – o sistema corporativo foi abolido na sequência do 25 de Abril de 1974, mas o
CC continua a considerá-las como fontes do direito. Devemos fazer uma interpretação corretiva e considerar
esta referência como não escrita.
LEI:

No Estado Moderno, o Direito provém na sua maior parte da produção legislativa, acabando
por ser a Lei a mais importante fonte do direito.

Dentro do conceito de Lei há que distinguir:


A) Lei Material: declaração de uma ou mais normas jurídicas pela autoridade competente;
B) Lei Formal: refere-se ao diploma emanado pelo órgão legislativo competente, que deve
revestir uma determinada forma.
HIERARQUIA DAS LEIS:

1. Leis Constitucionais: fixam os grandes princípios da organização política e da ordem jurídica, bem
como os direitos fundamentais dos cidadãos.

A par destas, com a mesma força vinculativa, surgem certas normas do Direito da União Europeia,
como os regulamentos.

Todas as restantes Leis lhes devem obediência, sob pena de inconstitucionalidade (orgânica, formal e
material).
2. Leis Ordinárias: estabelecem as normas e os princípios necessários para a resolução de problemas.

Leis: Assembleia da República


Decretos-Lei: Governo

Têm igual valor: sem prejuízo do respeito pelas matérias que fazem parte da reserva (relativa ou
absoluta) da Assembleia da República (arts. 164.º e 165.º CRP)e das matérias da reserva do Governo
(art. 198.º, n.º 2 CRP).
3. Decretos Legislativos das Regiões Autónomas: disciplinam matérias de interesse exclusivo das
Regiões Autónomas e devem obediência à CRP, bem como às leis ordinárias (art. 232.º CRP).

4. Regulamentos: servem para possibilitar a aplicação ou execução das leis e dos decretos-lei, não
violando os seus conteúdos, sob pena de ilegalidade:

- Decretos regulamentares e simples decretos;


- Resolução do Conselho de Ministros;
- Portarias;
- Despachos normativos.
5. Normas das Autarquias Locais: também chamadas de posturas, regulamentos ou regimentos (art. 241.º
CRP).

RESOLUÇÃO DE CONFLITOS:

- Critério de superioridade;
- Critério da posteridade;
- Critério da lei especial.
ASPETO DINÂMICO DA LEI:

I – Publicação: forma de conclusão do processo legislativo, já que para a lei orientar as


nossas condutas tem de ser conhecida.
Publicidade dos atos – art. 119.º CRP e art. 5.º CC

VACATIO LEGIS – tempo que decorre entre a publicação e a entrada em vigor da lei.

Art. 5.º CC – fixado pela própria lei; 5 dias, a contar desde a sua publicação (art. 2.º, n.º 4
Lei n.º 74/98, de 11 Novembro).
II – Cessação da vigência da Lei (art. 7.º CC):

- Caducidade;
- Revogação: expressa ou tácita, total ou parcial.

Nota: não há lugar à repristinação de leis (Ex. A Lei A revoga a Lei B. Mais tarde a Lei A é revogada: a Lei
B não “renasce”).
COSTUME: define-se como uma prática social, reiterada e constante, acompanhada da convicção
da sua obrigatoriedade.
Composto por dois elementos: corpus e animus.

USOS: traduzem-se numa prática mais ou menos reiterada, mas desacompanhada do sentimento
ou convicção de obrigatoriedade jurídica (existe um corpus mas falta o animus).

Art. 3.º CC: a lei reconhece o carácter de fonte mediata do direito aos usos que não sejam
contrários aos princípios da boa fé.
JURISPRUDÊNCIA: conjunto das decisões que exprime a orientação seguida pelos
tribunais no julgamento dos casos concretos que lhes são submetidos. Não é fonte do direito.

Breve referência ao desaparecimento dos assentos como fonte do direito – art. 2.º CC.

DOUTRINA: opiniões ou pareceres de juristas em que estes desenvolvem as suas conceções


sobre interpretação ou integração do direito. Não é fonte do direito.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO: princípios jurídicos que correspondem a
exigências feitas a todo e qualquer ordenamento jurídico que queira ser válido e legítimo.
Impõem-se ao próprio legislador constituinte, uma vez que são supraestaduais e
supraconstitucionais, ocupando o primeiro lugar na hierarquia das fontes do direito.

EQUIDADE: fonte mediata do direito (art. 4.º CC). Pode ser definida como a resolução do
caso concreto segundo uma ideia de justiça e igualdade, abstraindo-se das circunstâncias
rígidas e inflexíveis das normas jurídicas.
CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES DO DIREITO:

Com base no CC, as fontes do direito classificam-se em:

- Fontes voluntárias: pressupõem um ato explícito de criação normativa (ex. leis);


- Fontes não voluntárias: não traduzem nenhuma vontade de criação (ex. princípios
fundamentais do direito, costume);
- Fontes imediatas: têm força vinculativa própria (art. 1.º CC);
- Fontes mediatas: a sua força vinculativa depende da remissão de outra fonte imediata para
estas fontes (ex. art. 3.º CC).
20 de fevereiro – 27 de fevereiro – 6 de março de 2014
INTERPRETAÇÃO DA LEI:

A disposição legal é um enunciado linguístico, um conjunto de palavras que constituem um texto.


Este texto comporta múltiplos sentidos e pode conter expressões ambíguas ou obscuras que não
reproduzem com rigor o que o legislador queria dizer.

Daí a necessidade de interpretação – atividade do jurista que se destina a fixar o sentido e o alcance
com que o texto deve valer ou, pelo menos, dos vários sentidos que o texto pode comportar.
MODALIDADES:

- Interpretação autêntica: é feita pelo órgão competente que criou a lei e tem força vinculativa (art. 13.º
CC);

- Interpretação doutrinal: é feita por qualquer jurista, em obediência aos cânones de uma metodologia
correta e não tem força vinculativa (art. 9.º CC).

20 de fevereiro – 27 de fevereiro – 6 de março de 2014


ELEMENTOS INTERPRETATIVOS:

I – Elemento gramatical: texto ou «letra da lei»;


II – Elemento racional ou teleológico;
III – Elemento sistemático:
- contexto da lei;
- lugares paralelos;
IV – Elemento histórico:
- occasio legis;
- textos legais e doutrinais que inspiraram o legislador;
- trabalhos preparatórios.
20 de fevereiro – 27 de fevereiro – 6 de março de 2014
RESULTADOS DA INTERPRETAÇÃO:

- Interpretação declarativa;

- Interpretação extensiva;

- Interpretação restritiva;

- Interpretação ab-rogante ou revogatória;

- Interpretação enunciativa:
- três argumentos: a maiori ad minus, a minori ad maius, a contrario.
Direções Doutrinais ou Escolas Interpretativas:

I – Subjetivista: defende que, de entre as várias aceções que o texto comporta, deve prevalecer aquela que
corresponde à vontade e ao pensamento real do legislador, dando menos peso à objetivação linguística
dessa vontade no texto da lei;

II – Objetivista: defende que intérprete não está vinculado à vontade real do legislador, mas apenas ao
sentido objetivado no texto.
Posição do CC – Art. 9.º CC:

Não toma posição por nenhuma das correntes, na medida em que não se refere nem “à vontade
da lei”, nem “à vontade do legislador”, mas antes aponta como escopo da atividade
interpretativa a descoberta do “pensamento legislativo”.

O intérprete deverá procurar reconstituir o pensamento do legislador a partir dos textos da lei
(correspondência verbal).
20 de fevereiro – 27 de fevereiro – 6 de março de 2014
109

O negócio jurídico
110 I – Noções gerais. Enquadramento jurídico.
1. O negócio jurídico
1.1 Conceito e princípios fundamentais

 Noção: declaração de vontade privada que visa a produção de um efeito


jurídico que se verifica conforme a ordem jurídica por ter sido querido
pelas partes.

 Três pressupostos:
1- Uma vontade dirigida aos efeitos pretendidos e manifestada numa
declaração de vontade;
2- A garantia da produção dos efeitos jurídicos pela ordem jurídica, pelo
direito objetivo.
3- Uma declaração de vontade – Exteriorização daquilo que, segundo a
intenção do declarante, deve acontecer ou não. Tem dois elementos: a
vontade e a declaração (manifestação).
111 A eficácia do negócio jurídico
A formação do negócio jurídico
 O negócio jurídico depende de uma declaração de vontade.
 A declaração pode ser expressa, tácita ou através da atribuição de valor declarativo ao
silêncio – artigo 217.º, nº 1 do Código Civil.
 A declaração é expressa quando é feita por palavras, escrito ou qualquer outro meio direto
de manifestação da vontade (gestos ou sinais). É uma manifestação direta da vontade.
 A declaração negocial é tácita quando se deduz de factos que, com toda a probabilidade
revelam a existência da vontade. É uma manifestação indireta da vontade. Ex:
estacionamento em parque automóvel.
 O silencio, por via de regra, não tem valor declarativo. No entanto, por vezes, a lei ou as
partes preveem que o silêncio tenha o valor de manifestação de vontade. Ex: aceitação da
atualização da renda. Ratificação de negócio celebrado sem poderes.
112 Negócio jurídico
Sujeitos

 Tem como intervenientes as partes que nele acordaram, que estão


abrangidas pelos seus efeitos.
 Em regra, os efeitos do negócio jurídico produzem-se apenas entre
as partes, pois são estas que os querem, tendo acordado neles.
 Por vezes, os efeitos jurídicos são também oponíveis a terceiros (ex.
quando o objeto é um direito real – caráter absoluto).
113 A eficácia do negócio jurídico
A forma da declaração negocial

 Princípio da liberdade de forma – inexigibilidade de forma.

 Artigo 219.º do Código Civil – “A validade da declaração negocial


não depende da observância de forma especial, salvo quando a lei a
exigir”.

 Artigo 220.º - “A declaração negocial que careça da forma legalmente


prescrita é nula, quando outra não seja a sanção especialmente
prevista na lei”.
114 A eficácia do negócio jurídico
A perfeição da declaração negocial
 A declaração negocial só produz os seus efeitos quando chega ao poder ou ao
conhecimento do declaratário/destinatário.
 Quatro momentos sequenciais:
1. Exteriorização;
2. Expedição;
3. Receção;
4. Conhecimento.
 Por vezes ocorrem em simultâneo. Ex: Compra de um jornal no quiosque.
 Outras vezes ocorrem em fases distintas.
115 A eficácia do negócio jurídico
Conclusão do negócio jurídico

 O negócio é celebrado quando existe a aceitação da declaração


negocial.
 A aceitação é também ela uma declaração negocial.
 No caso do contrato, o mesmo é celebrado quando à proposta
contratual se segue a aceitação da mesma.
 A aceitação, tal como a proposta, torna-se eficaz quando chega ao
poder ou ao conhecimento da parte contrária.
116 A eficácia do negócio jurídico
Irrevogabilidade da proposta
 Artigo 230.º (Irrevogabilidade da proposta)
1. Salvo declaração em contrário, a proposta de contrato é irrevogável depois de ser
recebida pelo destinatário ou de ser dele conhecida.
2. Se, porém, ao mesmo tempo que a proposta, ou antes dela, o destinatário receber a
retractação do proponente ou tiver por outro meio conhecimento dela, fica a proposta
sem efeito.
3. A revogação da proposta, quando dirigida ao público, é eficaz, desde que seja feita
na forma da oferta ou em forma equivalente.
I – Noções gerais. Enquadramento jurídico.
1. O contrato como fonte de obrigações

1.1 Conceito e princípios fundamentais

 O contrato pode ser definido como o acordo de vontades reciprocamente


ajustadas para a produção de um resultado unitário, que pode consistir na
constituição, transmissão, modificação, e extinção de direitos de crédito, reais,
familiares e sucessórios.

 Regime legal: 1) regime específico do tipo contratual (arts. 874 a 1250º CC e outros
diplomas); 2)regras gerais dos arts. 405º a 456º CC; 3) regime do negócio jurídico
em geral (arts. 217º a 294º CC)

 Princípios fundamentais: 1)liberdade contratual; 2)consensualismo; 3)boa fé;


4)força vinculativa.
O princípio da liberdade contratual (art. 405º CC)

 A liberdade de celebração do contrato (liberdade de optar por contratar e de escolher a


pessoa do outro contraente)

 A liberdade de modelação do conteúdo do contrato – contratos típicos; atípicos e mistos


(selecionar o tipo de negócio mais adequado e preenchê-lo com o conteúdo concreto mais
conveniente; escolher um dos tipos já regulados pelo legislador ou criar um novo tipo).

 Restrições («dentro dos limites da lei»)


O princípio do consensualismo

 O acordo de vontades é, em princípio, suficiente para a perfeição do contrato.


 A liberdade declarativa e de forma (arts. 217º a 223º CC). Contratos consensuais
e contratos solenes ou formais.
 Contratos reais e contratos com eficácia real. Arts. 408º e 796º CC: com a
transferência do domínio transfere-se o risco da perda ou deterioração da coisa; a
transferência do domínio ocorre, em princípio, com a celebração do contrato.
O princípio da boa fé

 A lei determina a sua aplicação aos três ciclos fulcrais do desenvolvimento do


vínculo contratual: (1)formação (art. 227º CC, que define a responsabilidade por
culpa na formação do contrato); (2)integração (239º CC); (3)execução (art. 762º,
n.º 2, CC)
 Deveres laterais ou acessórios de conduta (deveres de aviso/comunicação;
informação/esclarecimento; deveres de cooperação; deveres de cuidado; deveres
de fidelidade/lealdade)
 Proibição de abuso de direito (art. 334º CC)
O princípio da força vinculativa

 Art. 406º, n.º 1, CC: pontualidade e estabilidade (irrevogabilidade do vínculo;


intangibilidade do conteúdo).
 Eficácia relativa do contrato (art. 406º, n.º 2, CC).
 Desvios à estabilidade do contrato (resolução; revogação e denúncia do vínculo
contratual; resolução ou modificação dos contratos por alteração das
circunstâncias – art. 437º CC).
Categorias de contratos

 Contratos unilaterais ou não sinalagmáticos e bilaterais ou


sinalagmáticos (consequências da reciprocidade e
interdependência das obrigações)
 Contratos gratuitos e onerosos
1.2. A formação do contrato

a)O modelo civil clássico


b)A celebração com base em clausulado contratual geral – “contratos
de adesão” (regime definido pelo decreto-lei n.º 446/85, de 25 de
Outubro - LCCG)
c)A contratação feita através de computador “comércio eletrónico”
(decreto-lei n.º 7/2004)
1.2. Formação do contrato –
a) modelo civil clássico
Arts. 224.º e ss. Código Civil: eficácia da aceitação conforme a
proposta
 Art. 232.º CC: “o contrato não fica concluído enquanto as partes
não houverem acordado em todas as cláusulas sobre as quais
qualquer delas tenha julgado necessário o acordo”;
 Art. 233.º CC: “a aceitação com aditamentos, limitações ou outras
modificações importa a rejeição da proposta”
1.2. Formação do contrato –
b) cláusulas contratuais gerais
LCCG (DL n.º 446/85, de 25 de Outubro)
Art. 1.º, n.º 1: “as cláusulas contratuais gerais elaboradas sem prévia
negociação individual, que proponentes ou destinatários
indeterminados se limitem, respectivamente, a subscrever ou aceitar ,
regem-se pelo presente diploma”.
Arts. 5.º e 6.º - deveres de comunicação e informação
Arts. 15.º e ss. – cláusulas proibidas
Arts. 25.º e ss. – ação inibitória
2. A responsabilidade contratual em geral

 O princípio geral consta do art. 798º Código Civil:


“o devedor que falta culposamente ao cumprimento da obrigação torna-se
responsável pelo prejuízo que causa ao credor”

 Modalidades de incumprimento:
não cumprimento definitivo (798º; 799º; 801º)
atraso no cumprimento (804º)
cumprimento defeituoso (não há previsão geral específica)
Pressupostos da responsabilidade civil contratual
127 Facto; ilicitude; culpa; nexo de causalidade entre facto e dano; dano

 A culpa presume-se conforme dispõe o art. 799º


 é apreciada em abstrato, segundo o critério do art. 487º
 (“diligência de um bom pai de família, em face das circunstâncias de
cada caso”)
 O devedor pode responder independentemente de culpa: pelos atos
dos representantes legais ou auxiliares (art. 800º); quando assume
uma obrigação de garantia.
A responsabilidade pode ser regulada convencionalmente

 É possível excluir a responsabilidade pelos atos dos representantes


legais ou auxiliares (art. 800º, n.º 2).
 As partes podem fixar, em acordo prévio, os pressupostos da
responsabilidade contratual e o montante da indemnização exigível
(p. ex. cláusula penal, arts. 810º a 812º).
 O art. 809º comina a sanção da nulidade à cláusula pela qual o
credor renuncia antecipadamente a qualquer dos direitos que lhe são
facultados nos casos de não cumprimento ou mora do devedor.
Não cumprimento definitivo

 Equipara-se ao não cumprimento definitivo a impossibilidade da


prestação por causa imputável ao devedor (801º, n.º1, CC).
 Causas de determinação do inadimplemento definitivo: perda de
interesse do credor e inobservância de um prazo suplementar
razoável por ele fixado (808º CC).
 Efeitos: direito à indemnização pelos danos sofridos (art. 798.º CC;
arts. 562.º e ss. CC); direito à resolução do contrato (801º, n.º 2,
CC).
Mora do devedor

 Surge quando, por causa imputável ao devedor, a prestação ainda possível não foi
efetuada no tempo devido (804º, n.º 2, CC)

 A mora não extingue a obrigação; o devedor continua adstrito a satisfazer a prestação


respetiva.

 O devedor fica obrigado a reparar os danos causados ao credor (804º, n.º 1).

 O devedor torna-se responsável pelo risco da deterioração ou perda da coisa (807º, n.º 1)

 A mora pode transformar-se em não cumprimento definitivo (808º).


A mora nas obrigações pecuniárias

 Segundo o art. 806º, n.º 1, “na obrigação pecuniária a indemnização corresponde aos juros
a contar da data da constituição em mora”
 Os juros devidos são, na falta de estipulação em contrário das partes, os juros legais (806º,
n.º 2; 559º; Portaria n.º 291/2003, de 8 de Abril)
 Quanto ao atraso de pagamentos efetuados como remuneração de transação comercial
aplica-se o regime definido pelo decreto-lei n.º 62/2013, de 10 de Maio, que transpôs para
a ordem jurídica nacional a Diretiva 2011/7/UE, Parlamento Europeu e Conselho, relativa
ao estabelecimento de medidas de luta contra os atrasos de pagamento nas transações
comerciais. Os juros aplicáveis são os estabelecidos no Código Comercial (art. 102º, §§ 3,
4 e 5, CCom; Portaria n.º 277/2013, de 26 de Agosto; Aviso DGT n.º1019/2014, de 3 de
janeiro).
Cumprimento defeituoso

 A prestação é efetuada, mas não como era devido; apresenta vícios ou


deficiências ou são violados deveres acessórios.

 A lei limita-se a fazer referência a esta modalidade de violação do contrato, no


art. 799º, n.º 1, CC, disciplinando-a depois a propósito de determinados contratos
especiais como é o caso da empreitada (arts. 1218º e ss. CC)

 O credor poderá ter direito a: ressarcimento dos danos; redução da


contraprestação; reparação ou substituição da coisa; eliminação dos defeitos.
Meios compulsórios do devedor

 Providências que se destinam a evitar que o incumprimento se prolongue.


 Art. 829º-A: sanção pecuniária compulsória
A requerimento do credor, o tribunal pode condenar o devedor de obrigação de
prestação de facto infungível ao pagamento de uma quantia pecuniária, por cada
dia de atraso no cumprimento ou por cada infracção.
 O objectivo não é reparar o dano resultante do incumprimento (829º-A, n.º 2).
Realização coativa da prestação

 Se a prestação não é voluntariamente cumprida, cabe ao credor o direito de exigir,


através dos tribunais, o seu cumprimento e executar o património do devedor
(arts. 817º a 830º CC).
 Execução para entrega de coisa determinada (827º)
 Execução para prestação de facto fungível por outrem à custa do devedor (828º)
 Exigir a demolição da obra à custa do que se obrigou a não a fazer (829º).
 Execução específica de contrato-promessa (830º).
Exclusão da responsabilidade do devedor pelo não
cumprimento
Falta legitimamente ao
cumprimento
O inadimplemento nãodalhe
obrigação:
é imputável (arts. 790º a 797º):

1)Excepção
1)Caso fortuito oudedenão cumprimento
força maior
do contrato (428º a 431º)
2) Facto de terceiro
2) Direito de retenção (754º a
3) Facto imputável ao credor
761º)
3) Falta de cooperação do credor
(787º; 1168º)
Inadimplemento não imputável ao devedor

 A impossibilidade definitiva da prestação, que pode ser objectiva (790º) ou


subjectiva (791º), tem por consequência a extinção da obrigação. O credor poderá
ter direito ao cómodo representativo (794º). O credor fica desobrigado da
contraprestação a não ser que impossibilidade lhe seja imputável (795º).
 Impossibilidade temporária (792º)
 Impossibilidade parcial (793º)
 Mora do credor (813º a 816º)
2.3. A responsabilidade civil contratual da
pessoa coletiva
 Art. 165.º CC: “as pessoas colectivas respondem civilmente pelos
actos ou omissões dos seus órgãos, agentes ou mandatários nos
mesmos termos em que os comitentes respondem pelos actos ou
omissões dos seus comissários”
 Art. 800.º, n.º 2, CC: auxiliares dependentes e independentes; dano
causado no exercício da função e não apenas por ocasião desse
exercício.
138 Casos práticos

I
Joana dirigiu-se a uma livraria e pediu: “Queria um Código Civil, o mais atualizado e
baratinho que tiverem que aquilo é só para usar seis meses”. Henrique, o funcionário que a
atendeu, mostrou-lhe um exemplar e disse: “Temos este aqui, atualizado, que só custa 10€,
pode ser?”. Joana folheou o código e disse “Está bem”. Henrique passou o livro pelo leitor de
infravermelhos, colocou-o numa saca e entregou-o a Joana. Esta, de seguida, pagou o livro.
 Diga se ficou concluído algum contrato e, em caso de resposta afirmativa, qual o momento
dessa conclusão.
139 Casos práticos
II
João é estilista e explora um estabelecimento comercial. Concebeu um vestido original para senhora para a
coleção Primavera/Verão 2014 e expôs o mesmo na sua montra com indicação de que o seu preço era de €
1.500.
Maria, que explora uma sofisticada loja de roupa, dirigiu no dia 1 de Março um fax a João, que o recebe no
mesmo dia, onde lhe dá conta da vontade de comprar o vestido mas, como se trata de uma comerciante e
pretende revender o mesmo, que apenas o faria se João lho vendesse por € 1.250, a pagar por meio de cheque.
João responde a Maria, por fax, no dia 8 de Março dizendo que concordava com a proposta e que iria mandar
alguém entregar o vestido na loja de Maria nesse mesmo dia.
Maria, que nem sequer havia lido este último fax, ficou muito surpreendida quando um estafeta se apresentou
na sua loja para entregar o vestido e a pedir o cheque destinado ao pagamento do mesmo, tendo afirmado “já
não estar interessada no vestido” e, como tal, tendo-se recusado a entregar o cheque. Ficou concluído algum
contrato?
140 Casos práticos
III
No dia 3 de Fevereiro, Evaristo enviou a Francisca um catálogo de serviços de louça para hotelaria, com os
respetivos preços.
No dia seguinte, Francisca enviou um fax para o escritório de Evaristo, mostrando-se interessada em adquirir
alguns serviços de louça, mas por preço inferior. O fax chegou ao escritório de Evaristo às 20 horas, numa
altura em que já ninguém se encontrava no estabelecimento.
Na manhã seguinte, Evaristo escreveu a Francisca concordando com os novos preços. A carta foi enviada na
quarta-feira, por correio normal, e foi depositada na casa de Francisca na sexta-feira. Na quinta-feira, porém,
Francisco havia morrido de ataque cardíaco.
Terá ficado concluído algum contrato? Caracterize os vários momentos da negociação apresentada.
141 Casos práticos
IV
António enviou ao alfarrabista de que era cliente frequente, por fax, uma comunicação onde identificava
determinado livro que o alfarrabista detinha e propunha a compra do mesmo por um preço inferior ao
constante do catálogo disponível no site da internet. O fax foi enviado às 22h00m de quinta-feira (dia 1) e
recebido logo depois no alfarrabista. Às 9h00m de sexta-feira (dia 2) o funcionário do escritório enviou aos
serviços comerciais do alfarrabista o fax para que estes procedessem à venda do livro. Os serviços comerciais
emitiram a factura e embalaram o livro, tendo colocado o mesmo na estação dos correios.
Na segunda-feira seguinte, foi emitido novo catálogo de preços do alfarrabista pela internet. Apercebendo-se,
os serviços comerciais do alfarrabista dirigiram-se aos correios a fim de evitar o envio da encomenda para
corrigirem o preço. Quando lá chegaram, descobriram que a carrinha transportadora do livro enviado na sexta
já havia saído da estação, tido um acidente e ardido, destruindo o livro.
Quid iuris?
142

O DIREITO DO TURISMO

 Decreto-Lei nº 191/2009, de 17/08, que estabelece as


Bases das Políticas Públicas de Turismo (BPPT)
143
O DIREITO DO TURISMO

 Turismo: Movimento temporário de pessoas para destinos


distintos da sua residência habitual, por motivos de lazer,
negócios ou outros, bem como as atividades económicas geradas e
as facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades – artigo
2.º, alínea a) BPPT.
144
O DIREITO DO TURISMO
Elementos da noção de turismo:
 Temporário: o movimento não pode ser definitivo;
 Destinos distintos da sua residência habitual;
 Motivação de natureza lúdica, negocial ou outros motivos;
 Gerador de atividades económicas e de facilidades para satisfazer as
suas necessidades.
145 Agentes do turismo
Agentes públicos do turismo
 Todas as entidades públicas centrais, regionais e locais com atribuições no planeamento,
desenvolvimento e concretização das políticas de turismo, nomeadamente:
 a) O membro do Governo responsável pela área do turismo;
 b) A autoridade turística nacional;
 c) As entidades regionais de turismo;
 d) As direções regionais de economia;
 e) As comissões de coordenação e desenvolvimento regional;
 f) O Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, I. P. (ICNB, IP);
 g) As regiões autónomas;
 h) As autarquias locais.
146 Agentes do turismo
Agentes públicos do turismo

 Os agentes públicos do turismo têm como missão promover o


desenvolvimento da atividade turística através da coordenação e da
integração das iniciativas públicas e privadas.
147 Agentes do turismo
Agentes privados do turismo

Operadores turísticos
- Empresários que desenvolvem a sua atividade no âmbito do turismo
ou com relevância para o turismo.
- Fornecedores de serviços e produtos turísticos.
148 Agentes do turismo
Agentes privados do turismo

Exemplos de operadores turísticos:


 a) Agências de viagens e turismo;
 b) Empresas ou entidades exploradoras de empreendimentos turísticos;
 c) Empresas de aluguer de veículos de passageiros sem condutor;
 d)Empresas de animação turística e operadores marítimo-turísticos;
 e) Estabelecimentos de restauração e bebidas;
 f) Empresas concessionárias de jogos de fortuna e azar;
 g) Entidades prestadoras de serviços na área do turismo social;
 h) Empresas de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário e marítimo de passageiros e entidades
gestoras das respetivas infra-estruturas de transporte.
149 Agentes do turismo
Agentes privados do turismo

Exemplos de operadores turísticos:


 Estabelecimentos de alojamento local;
 Empresas organizadoras de eventos, congressos e conferências;
 Agentes económicos que, operando noutros sectores de atividade,
sejam responsáveis pela gestão e exploração de equipamentos e
recursos turísticos.
150 Agentes do turismo
Agentes privados do turismo

Direitos dos operadores turísticos:


 a) O acesso a programas de apoio, financiamento ou outros benefícios, nos
termos de diploma legal;
 b) A menção dos seus empreendimentos ou estabelecimentos comerciais, bem
como dos serviços e atividades que exploram ou administram, em campanhas
promocionais organizadas pelas entidades responsáveis pela promoção interna
e externa, para as quais contribuam financeiramente;
 c) Constar dos conteúdos informativos produzidos e divulgados pelas entidades
públicas com responsabilidades na área do turismo.
151 Agentes do turismo
Agentes privados do turismo
Deveres dos operadores turísticos:
 a) Cumprir a legislação específica aplicável às respetivas atividades;
 b) Apresentar preços e tarifas ao público de forma visível, clara e objetiva, nos termos da legislação
aplicável;
 c)Desenvolver a sua atividade com respeito pelo ambiente, pelo património cultural e pelas
comunidades locais;
 d) Assegurar a existência de sistemas de seguro ou de assistência apropriados que garantam a
responsabilidade civil dos danos causados aos turistas e consumidores de produtos e serviços
turísticos, assim como a terceiros, ocorridos no âmbito do exercício da atividade turística;
 e) Adotar as melhores práticas de gestão empresarial e de qualidade de serviço e procedimentos de
controlo interno da sua atividade;
 f) Adotar práticas comerciais leais e transparentes, não lesivas dos direitos e interesses legítimos dos
consumidores de produtos turísticos e respeitadoras das normas da livre concorrência.
152 Agentes do turismo
Agentes privados do turismo

Utilizadores turísticos
«Turista», a pessoa que passa pelo menos uma noite num local que
não seja o da residência habitual e a sua deslocação não tenha como
motivação o exercício de atividade profissional remunerada no local
visitado;
«Utilizador de produtos e serviços turísticos», a pessoa que, não
reunindo a qualidade de turista, utiliza serviços e facilidades turísticas.
153 Agentes do turismo
Agentes privados do turismo

Direitos dos utilizadores turísticos


 a) Obter informação objetiva, exata e completa sobre todas e cada uma das condições, preços e
facilidades que lhe oferecem os fornecedores de produtos e serviços turísticos;
 b) Beneficiar de produtos e serviços turísticos nas condições e preços convencionados;
 c) Receber documentos que comprovem os termos da sua contratação e preços convencionados;
 d) Fruir de tranquilidade, privacidade e segurança pessoal e dos seus bens;
154 Agentes do turismo
Agentes privados do turismo

Direitos dos utilizadores turísticos


 e) Formular reclamações inerentes ao fornecimento de produtos e prestação de serviços turísticos, de
acordo com o previsto na lei, e obter respostas oportunas e adequadas;
 f) Fruir dos produtos e serviços turísticos em boas condições de manutenção, conservação, higiene e
limpeza;
 g) Obter a informação adequada à prevenção de acidentes, na utilização de serviços e produtos turísticos.
155 Agentes do turismo
Agentes privados do turismo

Deveres dos utilizadores turísticos


 a) Cumprir a lei e os regulamentos vigentes;
 b) Respeitar o património natural e cultural das comunidades, bem como os seus costumes;
 c) Utilizar e fruir dos serviços, produtos e recursos turísticos com respeito pelo ambiente e tradições
nacionais;
 d) Adotar hábitos de consumo ético e sustentável dos recursos turísticos.
156
REGIME JURÍDICO DA
INSTALAÇÃO, EXPLORAÇÃO E
FUNCIONAMENTO DOS
EMPREENDIMENTOS
TURÍSTICOS
 Decreto-Lei n.º 39/2008, de 7 de março
157 Empreendimentos turísticos e alojamento
local
 Noção de empreendimentos turísticos:
Consideram-se empreendimentos turísticos os estabelecimentos que se destinam a prestar serviços
de alojamento, mediante remuneração, dispondo, para o seu funcionamento, de um adequado
conjunto de estruturas, equipamentos e serviços complementares.
 Estabelecimento destinado a prestar serviços de alojamento;
 Mediante remuneração;
 Que dispõe de um adequado conjunto de estruturas, equipamentos e serviços complementares.
158 Empreendimentos turísticos

 Não se consideram empreendimentos turísticos:


a) As instalações ou os estabelecimentos que, embora destinados a proporcionar alojamento, sejam
explorados sem intuito lucrativo ou para fins exclusivamente de solidariedade social e cuja frequência seja
restrita a grupos limitados;
b) As instalações ou os estabelecimentos que, embora destinados a proporcionar alojamento temporário com
fins lucrativos, não reúnam os requisitos para serem considerados empreendimentos turísticos – Alojamento
local.
Regime jurídico dos empreendimentos turísticos
159
Tipos de empreendimentos (artigo 4.º):

a) Estabelecimentos hoteleiros – artigo 11.º


b) Aldeamentos – artigo 13.º
c) Apartamentos – artigo 14.º
d) Resorts – artigo 15.º
e) Turismo de habitação – artigo 17.º
f) Turismo rural – artigo 18.º
g) Parques de campismo – artigo 19.º
h) Turismo de natureza – artigo 20.º
160 Regime jurídico dos empreendimentos turísticos
Requisitos comuns – artigos 5.º a 10.º

 Cumprimento das regras urbanísticas, saúde e higiene do trabalho – artigo 5.º


 Condições de acessibilidade – artigo 6.º
 Unidade de alojamento - espaço delimitado destinado ao uso exclusivo e privativo do utente
do empreendimento; podem corresponder a quartos, suites, apartamento ou moradias – art.º.
7.º RJET
Requisitos da unidade de alojamento: uso privativo e exclusivo, identificação obrigatória,
segurança, insonorização e comunicação direta para o exterior
 Capacidade – artigo 8.º
161 Regime jurídico dos empreendimentos turísticos
Requisitos comuns – artigos 5.º a 10.º

 Determinação da capacidade:
A capacidade dos empreendimentos turísticos é determinada pelo correspondente
número de camas fixas instaladas nas unidades de alojamento.
Exceção: A capacidade dos parques de campismo e de caravanismo é
determinada pela área útil destinada a cada utilizador.
162 Regime jurídico dos empreendimentos turísticos
Requisitos comuns – artigos 5.º a 10.º

 Equipamentos de uso comum – artigo 9.º


 Possibilidade de estabelecimentos comerciais – artigo 10.º
Nos empreendimentos turísticos podem instalar-se estabelecimentos comerciais e
de prestação de serviços, incluindo os de restauração e de bebidas.
 Regime de instalação – artigo 23.º
163 Empreendimentos turísticos
Estabelecimentos Hoteleiros
 Alojamento temporário e outros serviços acessórios ou de apoio;
 Com ou sem fornecimento de refeições;
 Vocacionados para locação diária.
 Tipos:
 Hotéis;
 Aparthotéis (quando a maioria das unidades de alojamento é constituída por apartamentos);
 Pousadas (se explorados pela ENATUR ou por terceiros mediante contrato e instalados em
imóveis classificados como: - monumentos nacionais, - de interesse público, - de interesse
regional ou municipal, - edifícios representativos de determinada época, pela antiguidade, valor
arquitetónico ou histórico).
164 Empreendimentos turísticos
Estabelecimentos Hoteleiros
 Condições de instalação
 Mínimo de 10 unidades de alojamento – artigo 12.º
 Possibilidade de instalação de diferentes estabelecimentos num mesmo
edifício – artigos 11.º - 12.º
165 Empreendimentos turísticos
Aldeamentos turísticos
 Conjunto de instalações funcionalmente interdependentes;
 Com expressão arquitetónica coerente;
 Espaços de continuidade territorial, com vias de circulação interna que
permitam o trânsito de veículos de emergência;
 Os edifícios não podem exceder três pisos ;
 Mínimo de 10 unidades de alojamento (artigo 13.º);
166 Empreendimentos turísticos
Apartamentos turísticos
 Conjunto coerente de unidades de alojamento, do tipo apartamento;
 Parte de um edifício à qual se acede através de espaços comuns (átrio,
corredor, galeria ou patamar de escada).
 Podem ocupar parte de um edifício (parte contígua) ou a totalidade de um ou
mais edifícios, num conjunto harmonizado, articulado e funcionalmente
coerente.
 Mínimo de 10 unidades de alojamento - (artigo 14.º)
167 Empreendimentos turísticos
Resorts (conjuntos turísticos)
 Empreendimentos turísticos constituídos por núcleos de instalações funcionalmente
interdependentes,
 Situados em espaços com continuidade territorial,
 Destinados a proporcionar alojamento e serviços complementares de apoio a turistas,
 Sujeitos a uma administração comum de serviços partilhados e de equipamentos de uso
comum,
 Requisitos especiais – artigo 16.º
(artigo 15.º)
168 Empreendimentos turísticos
Resorts (conjuntos turísticos)

 Requisitos específicos dos resorts: (art.º. 16.º RJET)


a) Vias de circulação internas que permitam o trânsito de veículos de emergência;
b) Vias de circulação internas com uma largura mínima de 3 m ou 5 m, conforme sejam de sentido único ou
duplo, quando seja permitido o trânsito de veículos automóveis, salvo quando admitidos limites mínimos
inferiores em plano municipal de ordenamento do território aplicável;
c) Áreas de estacionamento de uso comum;
d) Espaços e áreas verdes exteriores envolventes para uso comum;
e) Portaria;
f) Piscina de utilização comum;
g) Equipamentos de desporto e lazer.
169 Empreendimentos turísticos
Empreendimentos de turismo de habitação
 Estabelecimentos de natureza familiar
 Instalados em imóveis antigos particulares que, pelo seu valor arquitetónico,
histórico ou artístico, sejam representativos de determinada época (v.g.,
palácios, solares),
 Localizados em espaços rurais ou urbanos;
(artigo 17.º)
170 Empreendimentos turísticos
Empreendimentos de turismo no espaço rural
Estabelecimentos situados em espaços rurais;
Destinados a prestar serviço de alojamento a turistas;
Podem ser classificados como:
i) casas de campo - imóveis situados em aldeias e espaços rurais que se integrem, pela sua
traça, materiais de construção e demais características, na arquitetura típica local.
ii) agro-turismo – imóveis situados em explorações agrícolas que permitam aos hóspedes
o acompanhamento e conhecimento da atividade agrícola, ou a participação nos trabalhos
aí desenvolvidos, de acordo com as regras estabelecidas pelo seu responsável.
iii) hotéis rurais - que cumpram simultaneamente os requisitos de classificação aplicáveis
aos estabelecimentos hoteleiros e dos empreendimentos no espaço rural, podendo instalar-
se ainda em edifícios novos, construídos de raiz, incluindo não contíguos .
171 Empreendimentos turísticos
Empreendimentos de turismo no espaço rural

 Caso em que há o dever de preservar, recuperar e valorizar o


património arquitetónico, histórico, natural e paisagístico. (artigo
18.º)

 Fala-se em turismo de aldeia quando as casas de campo se situam


em aldeias e são exploradas de forma integrada, por uma única
entidade.
172 Empreendimentos turísticos
Parques de campismo e de caravanismo
 Empreendimentos instalados em terrenos delimitados
 Dotados de estruturas destinadas a permitir a instalação de tendas, reboques,
caravanas ou autocaravanas e demais material e equipamento necessários
 Parques:
i) públicos
ii) privados – destinados apenas aos associados ou beneficiários das entidades proprietárias ou
exploradas
173 Empreendimentos turísticos
Parques de campismo e de caravanismo

 NOTA:
Nos parques de campismo e de caravanismo podem existir instalações de caráter
complementar destinadas a alojamento desde que não ultrapassem 25 % da área
total do parque destinada aos campistas
174 Empreendimentos turísticos
Empreendimentos de turismo de natureza
 Estabelecimentos que se destinem a prestar serviços de alojamento a turistas, em
áreas classificadas ou noutras áreas com valores naturais;
 Dispondo para o seu funcionamento de adequado conjunto de instalações,
estruturas, equipamentos e serviços complementares relacionados com animação
ambiental, visitas de áreas naturais, desporto de natureza, interpretação ambiental;
 Reconhecimento de turismo de natureza é da competência do Instituto de
Conservação da Natureza e das Florestas, I. P.ICNF (Portaria 261/2009, de 12/3).
(artigo 20.º)
175 Instalação de empreendimentos turísticos

 Regime do RJUE e RJET;


 A instalação de empreendimentos turísticos está sujeita a controlo administrativo prévio
 Noção de atos de controlo urbanístico: licença (loteamentos, obras de urbanização, construção e demolição),
comunicação prévia, pedido de informação prévia (artigos 4.º, 18.º-27.º e 41.º-61.º; 34.º-36.ºA, 14.º- 17.º RJUE;
 Interconexões procedimentais e simplificação
176 Instalação de empreendimentos turísticos

 Regime de licenciamento
 Pedido de licença – artigo 23.º, n.º 2 RJET e 24.º, n.º 1 RJUE;
 Instrução: o parecer do Turismo de Portugal, IP
 Obrigatório: artigos 4.º, n.º 1 a) a d) RJUE e 26.º, RJET;
 Parcialmente vinculativo – artigo 26.º, n.º 3 RJET;
 Segue as regras do artigo 13.º do RJUE (20 dias)
 Conteúdo – artigo 26.º, n.ºs 2, 3 e 5 RJET
177 Instalação de empreendimentos turísticos

 Decisão: em regra a cargo da CM – artigo 23.º RJET:


 Se não observar o parecer obrigatório e vinculativo – decisão nula (artigo 68.º
RJUE)
 Se não observa parecer obrigatório mas não vinculante – poderes discricionários;
 Regime do silêncio – artigos 13.º, nº 6, e 111.º do RJUE:
Tratando -se de ato que devesse ser praticado por qualquer órgão municipal no
âmbito do procedimento de licenciamento, o interessado pode recorrer ao processo
regulado no artigo 112.º;
Tratando -se de qualquer outro ato, considera -se tacitamente deferida a pretensão,
com as consequências gerais.
178 Instalação de empreendimentos turísticos

 Pedido de informação prévia – artigo 25.º


 Emissão da informação pela CM;
 Vinculação por um ano;
 Definição de condicionamentos legais;
 Deve abranger todos os empreendimentos no caso de resort;
 Emissão de parecer pelo Turismo de Portugal, IP
179 Instalação de empreendimentos turísticos

 Comunicação prévia – artigo 4.º, n.º 4 do RJUE


 Parecer favorável do Turismo de Portugal, IP;
 Prazo de rejeição e possibilidade de deferimento tácito.
180 Isenção de controlo prévio

 Artigos 6.º e 6.º-A RJUE e 29.º do RJET;


 Esteja em causa um dos seguintes tipos de empreendimentos:

a) Estabelecimentos hoteleiros
b) Aldeamentos turísticos
c) Apartamentos turísticos
d) Resorts (conjuntos turísticos)
e) Hotéis rurais
Artigo 29.º
Processo
As obras realizadas nos empreendimentos turísticos referidos nas alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo 4.º, e na alínea c) do n.º 3 do artigo 18.º que, nos termos do regime jurídico da urbanização e da
edificação, estejam isentas de controlo prévio, são declaradas ao Turismo de Portugal, I. P., para os efeitos previstos no artigo 38.º, acompanhadas das respetivas peças desenhadas, caso existam,
mediante formulário a disponibilizar na página na Internet daquela entidade, no prazo de 30 dias após a sua conclusão, desde que:
a) Tenham por efeito a alteração da classificação ou da capacidade máxima do empreendimento;
b) Sejam suscetíveis de prejudicar os requisitos mínimos exigidos para a classificação do empreendimento, nos termos do presente decreto-lei e da respetiva regulamentação.
181 Isenção de controlo prévio

 Se forem:
 Obras tenham por efeito alterar a classificação ou a capacidade máxima do empreendimento
 Obras suscetíveis de prejudicar os requisitos mínimos exigidos para classificação do empreendimento
 Declaração dirigida ao Turismo de Portugal, IP. (mera comunicação no prazo de 30 dias, desde conclusão das
obras)
182 Utilização do empreendimento

 Requerimento de autorização de utilização para fins turísticos (arts. 30.º RJET e 62.º e ss. RJUE)
 Com termos de responsabilidade de:
 Autores de projeto de arquitetura de obras e diretor de fiscalização de obra
 Autor do projeto de segurança contra incêndios
 Autores dos projetos de especialidades …
 Prazo de decisão: 20 dias; 10 dias após a vistoria (art. 65.º RJUE), caso esta se realize.
 Alvará de autorização de utilização para fins turísticos depende de pagamento de taxa
 Turismo de Portugal é informado da sua emissão
183 Utilização do empreendimento

 Decorrido o prazo de 20 dias, sem decisão (ou sem fixação de vistoria), o


interessado pode comunicar, à CM, abertura do empreendimento ao
público – disto dá conhecimento também ao Turismo de Portugal
 É uma mera comunicação prévia, que deve ser acompanhada de:
 termos de responsabilidade do promotor de que o edifício é idóneo e com acessibilidades
para o fim a que se destina e respeita quadro legal
 Auto de vistoria favorável à abertura (64.º/65.º RJUE), quando tenha sido realizada, ou
termo de responsabilidade de que condicionantes do auto de vistoria estão cumpridas
184 Utilização do empreendimento

 Neste caso, o Presidente da CM tem 30 dias para emitir alvará;


 Caso não seja emitido, o interessado pode acionar intimação judicial para prática de ato legalmente
devido (112.º RJUE);
 Títulos de utilização caducam nas situações descritas no art.º. 33.º/1 RJET, de que decorre a cassação do
alvará pela CM e o encerramento do empreendimento

Artigo 33.º
Caducidade da autorização de utilização para fins turísticos
1 — A autorização de utilização para fins turísticos caduca:
a) Se o empreendimento não iniciar o seu funcionamento no prazo de um ano a contar da data da emissão do alvará de autorização de utilização para fins turísticos
ou do termo do prazo para a sua emissão;
b) [Revogada];
c) Quando seja dada ao empreendimento uma utilização diferente da prevista no respetivo alvará;
d) Quando, por qualquer motivo, o empreendimento não puder ser classificado ou manter a classificação de empreendimento turístico.
185 Classificação dos empreendimentos

 Classificação dos empreendimentos turísticos é obrigatória, e é feita segundo (art.º. 34.º RJET):
 Tipos
 Categorias (1 a 5 estrelas), para os seguintes tipos:
a) Estabelecimentos hoteleiros
b) Aldeamentos turísticos
c) Apartamentos turísticos
d) Resorts (conjuntos turísticos)
e) Hotéis rurais
186 Classificação dos empreendimentos

 Classificação em categorias: em função da qualidade do serviço e das instalações, de acordo com requisitos
definidos em portaria, sobre características das instalações e equipamentos e serviços de receção e portaria, limpeza
e lavandaria, alimentação e bebidas, serviços complementares
 Procedimento de classificação visa atribuir, confirmar ou alterar a tipologia e categoria dos empreendimentos (arts.
34.º e 36.º RJET)
 Competência de classificação:
 Turismo de Portugal em relação a :
a) Estabelecimentos hoteleiros
b) Aldeamentos turísticos
c) Apartamentos turísticos
d) Resorts (conjuntos turísticos)
e) Hotéis rurais
187 Classificação dos empreendimentos

 Presidente da CM em relação a:
i) Turismo de habitação
ii) Turismo no espaço rural (com exceção dos hotéis rurais)
iii) Campismo e caravanismo

 Começa com auditoria de classificação, a realizar no prazo de 2 meses a contar da emissão do alvará de
autorização de utilização para fins turísticos ou da abertura do empreendimento
 Posteriormente, a entidade competente fixa a classificação e atribui placa identificativa, de afixação
obrigatória.
188 Classificação dos empreendimentos

 Revisão da classificação: de 5 em 5 anos (art.º. 38.º RJET), a pedido


(obrigatório) do interessado, ou a todo o tempo por alteração dos pressupostos
da classificação
 É possível a dispensa de requisitos para a classificação (se, por exemplo, a
sua observância afetar as características dos edifícios classificados de interesse
a nível nacional, regional ou municipal, ou que possuam valor histórico,
arquitetónico, etc.)- art.º. 39.º RJET
189 Regime jurídico de exploração e
funcionamento de empreendimentos turísticos
 Arts. 41.º a 51.º RJET
 Regras específicas sobre nomes dos empreendimentos (41.º), sobre
publicidade (42.º)
 Princípio da exploração unitária do empreendimento (por uma única
entidade) (44.º/1);
 exceções: resorts (44.º/3) e exploração de estabelecimentos comerciais e
de restauração ou bebidas (44.º/5)
190 Regime jurídico de exploração e funcionamento de
empreendimentos turísticos

 Cada empreendimento turístico deve ter um responsável (nomeado pela


entidade exploradora) pelo funcionamento e nível de serviço (art.º. 47.º)
 Princípio do livre acesso aos empreendimentos turísticos (48.º)

Artigo 47.º
Responsabilidade operacional
1 — Em todos os empreendimentos turísticos deve haver um responsável, nomeado pela entidade exploradora, a quem cabe zelar pelo seu funcionamento e nível de serviço.
2 — O responsável operacional dos empreendimentos turísticos de cinco, quatro e três estrelas designa-se por diretor de hotel.
191 Regime jurídico de exploração e funcionamento de
empreendimentos turísticos

 Princípio da continuidade na exploração dos empreendimentos turísticos (45.º/1):


dever de manter “a todo o tempo” as unidades de alojamento “mobiladas e equipadas em plenas
condições de serem locadas para alojamento a turistas e que nelas são prestados os serviços obrigatórios
da categoria respetiva” (45.º/2)
 Mas podem ter períodos de funcionamento (salvo: determinação legal ou contratual em contrário, por
exemplo, por força de financiamento público) – 49.º/1
192 Regime jurídico de exploração e funcionamento de
empreendimentos turísticos

 Deveres da entidade exploradora (46.º):


- publicitar preços de serviços oferecidos
- informar utentes sobre as condições de prestação dos serviços e preços, antes de contratação
- manter em bom estado de funcionamento as instalações, equipamentos e serviços
- facilitar acesso às instalações das autoridades fiscalizadoras
- dispor de livro de reclamações (51.º)
Regime jurídico do exercício da atividade turística

 Declaração de interesse para o turismo de:


 Estabelecimentos, iniciativas, projetos ou atividades de índole económica, cultural, ambiental e de animação, desde que:

i) Pela sua localização e características, complementem outras atividades ou empreendimentos turísticos, ou


ii) Constituam motivo de atração turística das áreas em que se encontram
[NOTA: ver Despacho n.º 17235/2009]
Regime jurídico do exercício da atividade turística

 A requerimento:
 do interessado
 do Município (CM)
 Competência: Turismo de Portugal, I.P.
 Prazo de 45 dias para decisão – deferimento tácito
 Consequências da declaração de interesse para o turismo:
 entidade exploradora de empreendimento que exerça atividade assim declarada tem de obter licença como
empresa de animação turística – cfr. DL 108/2009, de 15/05
Regime jurídico do exercício da atividade turística

 Exemplos de estabelecimentos ou atividades suscetíveis de serem assim declaradas:


marinas, portos de recreio e docas, autódromos e kartódromos, campos de golfe,
estabelecimentos de restauração e bebidas, centros equestres, instalações e equipamentos
de apoio a certas práticas desportivas, etc.
Regime jurídico do exercício da atividade turística

 A declaração de interesse para o turismo é condição para a:


 Obtenção de apoios financeiros no sector do turismo
 Obtenção da qualificação como conjunto turístico
Regime jurídico do exercício da atividade turística

 Utilidade turística corresponde a uma qualificação atribuída aos empreendimentos


turísticos – e que envolve um conjunto de benefícios fiscais, e a possibilidade de requerer a
expropriação por utilidade pública ou constituição de servidões sobre bens imóveis
necessários à construção, ampliação ou beneficiação dos empreendimentos
 É atribuído por membro do Governo
 Podendo ser emitida a título prévio, antes da aprovação do projeto do empreendimento
(art.º. 10.º)
Regime jurídico do exercício da atividade turística

 Só é atribuída a:
a) Estabelecimentos hoteleiros
b) Estabelecimentos similares aos hoteleiros classificados como restaurantes
c) Conjuntos turísticos
d) Equipamentos de animação, culturais e desportivos, não integrados em conjuntos turísticos *
e) Instalações termais *
f) Casas afectas a turismo de habitação
 Nota: * têm de ser considerados de interesse para o turismo
Contrato de trabalho e as atividades
turísticas: breves notas
 Contrato de trabalho a termo resolutivo

 Contrato de muito curta duração

 Contrato intermitente
Contrato a termo resolutivo

 art.º. 140.º Código do Trabalho


 só pode ter por causa: satisfação de necessidade temporária da empresa e pelo período
estritamente necessário à satisfação dessa necessidade
 Designadamente: atividade sazonal (art.º. 140.º/2/e), ou acréscimo excecional da
atividade da empresa (art.º. 140.º/2/f)
 Mas também serve para: situação de primeiro emprego e início de atividade de empresa
(art.º. 140.º/4)
Contrato de muito curta duração

 art.º. 142.º Código do Trabalho


 Tem por causa: atividade sazonal agrícola ou para realização de evento turístico de duração
não superior a 15 dias
 Não está sujeito a forma escrita
 Máximo: empregador por recorrer a este contrato várias vezes, com máximo de 70
dias/ano
Contrato intermitente

 : art.º. 157.º e ss. Código do Trabalho


 Prestação de trabalho intercalada por um ou mais períodos de inatividade
 Só para empresas que exercem atividades com descontinuidade ou intensidade variável
 Envolve duas fases:
 Inatividade
 Prestação de serviço laboral
Contrato intermitente

 A fase de prestação de trabalho:


 pode estar (contrato intercalado) ou não pré-definida no contrato (“contrato à chamada” – com 20
dias de antecedência)
 tem de corresponder a mínimo de 6 meses
 4 dos 6 meses têm de ser consecutivos (art.º. 159.º)
 Na fase de inatividade:
 trabalhador mantém direitos e deveres laborais;
 Tem direito a remuneração (na falta de acordo, 20% salário base)
 Pode ter outro trabalho
Património Cultural e Turismo

 Classificação de bens imóveis (monumento, conjunto ou sítio) como:


 Interesse nacional
 Interesse público
 Interesse municipal
 (art.º. 15.º Lei 107/2001, de 8/9, arts. 1.º-3.º DL 309/2009, de 23/10)
 Competência: IGESPAR, IP
Património Cultural e Turismo

 Abertura do procedimento de classificação tem por efeito:


 Bem imóvel em vias de classificação (estatuto – 14.º/2 Lei 107/2001)
 Suspensão de licenças ou autorizações sobre operações urbanísticas
 Beneficiam de zona geral de proteção de 50m (=servidão administrativa que impede
autorizações de obras urbanísticas) (43.º/2 e 4e 5 Lei 107/2001)
 Beneficiam de zona especial de proteção a fixar por portaria (43.º/3 e 4 e 5 Lei 107/2001)
Património Cultural e Turismo

 Efeitos da classificação de bens imóveis de interesse cultural:


 Zona geral e especial de proteção – servidão administrativa – 43.º Lei 107/2001
 Plano de pormenor de salvaguarda para a área a proteger – 53.º Lei 107/2001
 Direitos especiais dos detentores dos imóveis (20.º Lei 107/2001)
 Deveres especiais dos detentores (21.º Lei 107/2001)
 Deveres especiais da Administração ( 22.º Lei 107/2001)
 Insusceptíveis de aquisição por usucapião
 Direitos de preferência (art.º. 37.º Lei 107/2001)
207 Contraordenações (breves notas)

 As contra-ordenações: noção
 Distinção da contraordenação da infração penal
 Ramo do direito sancionatório público;
 Conexão com o direito penal e processo penal;
 Equiparação de garantias
 Autonomia
208 Contraordenações (breves notas)

 Princípio da legalidade;
 Princípio de tempus regit actum;
 Princípio da territorialidade;
 Momento da prática do facto;
 Lugar da prática do facto.
209 Contraordenações (breves notas)

 Procedimento administrativo e depois processo judicial


 Conexão com o RJUE
Contraordenações (breves notas)

 As contraordenações no RJET
 Fiscalização: ASAE /DG do Consumidor (art.º. 66.º RJET)
 Sancionamento: contraordenações: art.º. 67.º RJET
 Competência: (art.º. 70.º RJET)
Contraordenações (breves notas)

 Comissão de aplicação de coimas em matéria económica e de publicidade (CACMEP)


 CM – para empreendimentos do art.º 4.º/1/g) RJET (turismo rural)

 A imputação subjetiva – artigo 69.º


Contraordenações (breves notas)

 sanções:
 Coimas
 Sanções acessórias (68.º RJET)
Animação Turística e Operadores
Marítimo Turísticos

Decreto-Lei n.º 108/2009, republicado pelo Decreto-Lei n.º 95/2013


Quem pode levar a cabo a atividade

 Empresa, seja pessoa singular ou coletiva (fim lucrativo) – art. 2º, n.º 1, al. a)
 Regime especial para associações, clubes desportivos, misericórdias, mutualidades,
IPSS e sem fins lucrativos – não necessitam de registo – art. 5º, n.º 4
Artigo 2.º, nº 1, a) «Empresa de animação turística», a pessoa singular ou coletiva que desenvolva, com caráter comercial, alguma das atividades de animação turística referidas no artigo
seguinte, incluindo o operador marítimo –turístico”.
Artigo 5.º, nº 4 — “As associações, clubes desportivos, misericórdias, mutualidades, instituições privadas de solidariedade social e entidades análogas podem exercer atividades próprias de
animação turística estando isentas de inscrição no RNAAT, desde que cumpram cumulativamente os seguintes requisitos:
a) A organização e venda das atividades não tenham fim lucrativo;
b) As atividades se dirijam única e exclusivamente aos seus membros ou associados e não ao público em geral;
c) As atividades tenham caráter esporádico e não sejam realizadas de forma contínua ou permanente, salvo se forem desenvolvidas por entidades de cariz social, cultural ou desportivo;
d) Obedeçam, na realização de transportes, ao disposto no artigo 26.º, com as devidas adaptações;
e) No caso de serem utilizadas embarcações e demais meios náuticos, estes cumpram os requisitos e procedimentos técnicos, designadamente em termos de segurança, regulados por diploma
próprio”.
Que atividades?

 Atividades de turismo de ar livre – espaço natural, organização


logística ou supervisão, interação (art. 3º, n.º 2, al. a) – ver anexo.
 Atividades de turismo cultural – art. 3º, n.º 2, al. b)
 Atividades marítimo-turísticas – art. 4º, n.º 1 e 2.
 Exclusão – art. 3º, n.º 3 [atenção a exceção final art. 3º, n.º 3, al.
c)]
Registo Nacional de Agentes de Animação
Turística (RNAAT) – art. 5º e 9º

 Registo por mera comunicação prévia – art. 11º


 Registo por comunicação prévia com prazo – art. 13º (turismo de natureza –
vd. art. 20 - 24º)
 Escopo limitado MT – art. 5º, n.º 2
 Concorrência comunitária – livre prestação de serviços, art. 29º
Acesso à atividade – requisitos específicos
 Registo – art. 11º e 13º
 Informação – art. 6º
 Aprovação de projecto de conservação de natureza para turismo de natureza – art. 21º, al. c)
e 22, n.º 1, e cumprimento de código de conduta (Portaria n.º 651/2009)
 Pagamento de taxas – art. 16º (prévio, vd. art. 11º, n.º 3, al. h) e 12º)
 Garantias financeiras – art. 27º
 Empresas proprietárias ou exploradoras de empreendimentos turísticos – isentas, vd. art. 5º,
n.º 3.
 Regime especial para microempresas – art. 16º, n.º 3 e 6 (registo junto do IAPMEI, menos
de 10 pessoas e volume de negócios inferior a € 2.000.000,00)
Acesso à atividade – requisitos genéricos

 Licenças e autorizações de equipamentos, infraestruturas ou implementação


prática de estabelecimentos – exemplo, RJUE – Regulamento Jurídico de
Urbanização e Edificação; vd. art. 25º
 Licença para utilização de meios de transporte públicos (art. 26º)
Porquê o registo?

 Entrada livre em museus e afins – art. 5º, n.º 6


 Denominação – art. 8º
 Conhecimento pelo público – art. 9º (pp. n. º 2), 10º-A
 Obrigação de celebração de contratos de seguro ou garantias financeiras – art. 27º, 28º
 Seguro de acidentes pessoais (…) – anual de € 3.500,00 de tratamento e € 20.000,00 em caso de morte ou
invalidez permanente;
 Seguro território estrangeiro – repatriamento e € 3.500,00 de tratamento;
 Responsabilidade civil - € 50.000,00 por sinistro (regulamentado por Turismo de Portugal, IP).
Exemplos de contraordenações – art. 31º

Exercício actividade sem licença


 Exercício de actividade sem contratar seguros ou garantias válidas
 Exercício de actividade por IPSS com carácter permanente
 Exercício de actividade mencionando “empresa de animação turística” sem registo
 Utilização de marcas sem comunicação – art. 10º
 Utilização indevida de designação “Turismo de Natureza”
Exemplos de contraordenações – art. 31º

 Exercício de actividades em Rede Nacional de Área Protegida sem


autorização para tal
 Falta de licenças de utilização de infra-estruturas
 Uso de veículo de transporte com capacidade superior a nove pessoas sem
licenciamento pelo IMT
 Não disponibilização de livro de reclamações (art. 37º, coima até 15.000,00)
Consequências

 Coimas – montante variável considerada a natureza do sujeito


 Excepção al. h) e n) art. 31º - se praticada por pessoas singulares, de € 300,00
a € 3.740,00 (PS) ou € 500,00 a € 15.000,00 (PC)
 Sanções acessórias, ex: suspensão de exercício de actividade – art. 32º.
ALOJAMENTO LOCAL
Decreto-Lei n.º 128/2014, alterado por Decreto-Lei n.º 71/2018
Objetivo

 Enquadramento de realidades de prestação de serviços de alojamento a turistas que não são


enquadráveis pelo RJET, permitindo a manutenção da prestação de serviços
 Realidade fiscal inaplicável a alguns figurinos anteriores – apartamentos intermediados digitalmente
 Integração dos hostels.
Noção

 Estabelecimento de alojamento local (AL):


1- estabelecimento destinado a prestar serviços de alojamento;
2- mediante o pagamento de um preço (com intuito lucrativo);
3- não reunindo os requisitos para se enquadrar no RJET mas reunindo os requisitos do Decreto-Lei n.º
128/2014.
 Proibição de exploração como AL de estabelecimento enquadrável no RJET

Artigo 2.º
1 - Consideram-se «estabelecimentos de alojamento local» aqueles que prestam serviços de alojamento temporário, nomeadamente a turistas, mediante remuneração,
e que reúnam os requisitos previstos no presente decreto-lei.
2 - É proibida a exploração como estabelecimentos de alojamento local de estabelecimentos que reúnam os requisitos para serem considerados empreendimentos
turísticos, nos termos do Decreto-Lei n.º 39/2008, de 7 de março, na sua redação atual.
226 Alojamento Local

 Conceito: As moradias, apartamentos estabelecimentos de hospedagem e


quartos que, dispondo de autorização de utilização, prestem serviços de
alojamento temporário, mediante remuneração, mas não reúnam os requisitos
para serem considerados empreendimentos turísticos.
227 Alojamento Local

 Deveres:
 Respeitar os requisitos mínimos de segurança e higiene definidos por lei.
 Proceder ao seu registo na câmara municipal territorialmente competente, na sequência de mera
comunicação prévia – apenas com o registo podem ser comercializados para fins turísticos.
 Identificar-se como alojamento local, não podendo, em caso algum, utilizar a qualificação turismo e ou
turístico, nem qualquer sistema de classificação.
 Afixar, no exterior, junto à entrada principal, placa identificativa, cujo modelo é aprovado por portaria,
e da qual consta o respetivo número de registo na câmara municipal, no prazo máximo de 10 dias após a
atribuição do registo por esta.
Modalidades – art. 3º

 Moradia – unidade de alojamento é um edifício autónomo unifamiliar;


 Apartamento – unidade de alojamento é uma fração autónoma de edifício ou parte de prédio urbano
independente;
 Estabelecimento de hospedagem – AL com unidades de alojamento que sejam quartos;
 Quartos - a exploração de alojamento local feita na residência do locador, que corresponde ao seu
domicílio fiscal, sendo a unidade de alojamento o quarto e só sendo possível, nesta modalidade, ter um
máximo de três unidades – artigo 3º, nº 7.
 Hostel – o estabelecimento cuja unidade de alojamento predominante seja o dormitório, considerando-
se predominante sempre que o número de utentes em dormitório seja superior ao número de utentes em
quarto – artigo 3º, nº 6.
Hostel

 Unidade de alojamento predominante ou única – dormitório com ventilação e iluminação direta


acrescido de compartimento individual por cada cama;
 N.º mínimo de 4 camas ou inferior se em beliche;
 Espaços sociais comum, cozinha e área de refeição para uso dos hóspedes
Prestação de serviços – art. 4º

 Presumida quando haja publicidade por qualquer forma, inclusive em internet ou


 Estando a unidade de alojamento mobilada, sejam oferecidos serviços de dormida e complementares
ao alojamento por períodos inferiores a 30 dias.
 Mera presunção – pode ser ilidida, nomeadamente através de apresentação de contrato de
arrendamento urbano
Procedimento

 Registo por comunicação prévia dirigida ao Presidente da Câmara Municipal – condição obrigatória e
necessária, realizada exclusivamente através do Balcão Único Eletrónico – art. 5º.
 Munida de:
 Autorização de utilização;
 Identificação de titular de exploração e seu endereço;
 Nome, capacidade e data de abertura ao público, bem como nome, morada e número de telefone em caso de
emergência.
Procedimento

 Identificação PS ou PC
 Termo de responsabilidade
 Caderneta predial urbana ou contrato de arrendamento
 Declaração de início de actividade apresentada junto da AT
 Entregue através de Balcão Único Electrónico
 Realização de vistoria no prazo de 30 dias – art. 8º; possibilidade de cooperação do Turismo de
Portugal; pode conduzir a cancelamento de registo – art. 9º ou regularização nos termos do RJET – art.
21º, n.º 4.
Requisitos – art. 11º
 Máximo de capacidade – 9 quartos e 30 utentes.
 Exceção – mais de 9 apartamentos se não corresponderem a 75% do
número de apartamentos existentes no edifício
 Entendem-se apartamentos comuns também os detidos por pessoas
coletivas distintas em que haja sócios em comum.
Requisitos – art. 12º

 Estabelecimento – 12º, n.º 1:


Os estabelecimentos de alojamento local devem obedecer aos seguintes requisitos:
a) Apresentar adequadas condições de conservação e funcionamento das instalações e equipamentos;
b) Estar ligados à rede pública de abastecimento de água ou dotados de um sistema privativo de
abastecimento de água com origem devidamente controlada;
c) Estar ligados à rede pública de esgotos ou dotados de fossas sépticas dimensionadas para a capacidade
máxima do estabelecimento;
d) Estar dotados de água corrente quente e fria.
Requisitos – art. 12º

 Unidade de alojamento – 12º, n.º 2


As unidades de alojamento dos estabelecimentos de alojamento local devem:
a) Ter uma janela ou sacada com comunicação direta para o exterior que assegure as adequadas condições de
ventilação e arejamento;
b) Estar dotadas de mobiliário, equipamento e utensílios adequados;
c) Dispor de um sistema que permita vedar a entrada de luz exterior;
d) Dispor de portas equipadas com um sistema de segurança que assegure a privacidade dos utentes.
 Privacidade sanitária (12º, nº 3)- As instalações sanitárias dos estabelecimentos de alojamento local devem dispor
de um sistema de segurança que garanta privacidade.
 12º, nº 4 - Os estabelecimentos de alojamento local devem reunir sempre condições de higiene e limpeza.
Requisitos – art. 12º

 Possibilidade de instalação de estabelecimentos de restauração e bebidas nos


estabelecimentos de hospedagem – art. 15º
Nos estabelecimentos de alojamento local referidos na alínea c) do n.º 1 do
artigo 3.º e desde que a autorização de utilização o permita, podem instalar -se
estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, incluindo os de
restauração e de bebidas, sem prejuízo do cumprimento dos requisitos
específicos previstos na demais legislação aplicável a estes estabelecimentos.
Exploração

 Responsabilidade do titular pelos danos causados independentemente de


existência de culpa – art. 16º, n.º 3 (responsabilidade pelo risco)
Sem prejuízo de outras obrigações previstas no presente decreto-lei, o titular da
exploração do estabelecimento de alojamento local responde, independentemente da
existência de culpa, pelos danos causados aos destinatários dos serviços ou a
terceiros, decorrentes da atividade de prestação de serviços de alojamento, em
desrespeito ou violação do termo de responsabilidade referido na alínea b) do n.º 2
do artigo 6.º.
Exploração

 Responsabilidade do titular pelos danos causados independentemente de existência de culpa – art. 16º,
n.º 3 (responsabilidade pelo risco)
Sem prejuízo de outras obrigações previstas no presente decreto-lei, o titular da exploração do
estabelecimento de alojamento local responde, independentemente da existência de culpa, pelos danos
causados aos destinatários dos serviços ou a terceiros, decorrentes da atividade de prestação de serviços
de alojamento, em desrespeito ou violação do termo de responsabilidade referido na alínea b) do n.º 2 do
artigo 6.º.
 Identificação limitada a AL
 Obrigatoriedade de identificação por placa
 Obrigatoriedade de livro de reclamações
Exploração

 Responsabilidade do titular pelos danos causados independentemente de


existência de culpa – art. 16º, n.º 3 (responsabilidade pelo risco)
Sem prejuízo de outras obrigações previstas no presente decreto-lei, o titular da
exploração do estabelecimento de alojamento local responde,
independentemente da existência de culpa, pelos danos causados aos
destinatários dos serviços ou a terceiros, decorrentes da atividade de prestação
de serviços de alojamento, em desrespeito ou violação do termo de
responsabilidade referido na alínea b) do n.º 2 do artigo 6.º.
Fiscalização
 Art. 21º
1 - Compete à ASAE fiscalizar o cumprimento do disposto no presente decreto -lei, bem como instruir os
respetivos processos e aplicar as respetivas coimas e sanções acessórias.
2 - Compete à AT fiscalizar, nos termos da legislação em vigor, o cumprimento das obrigações fiscais
decorrentes da atividade exercida ao abrigo do presente decreto-lei, nomeadamente através do uso da
informação recebida nos termos do artigo 10.º
3 - A ASAE pode solicitar ao Turismo de Portugal, I. P., a qualquer momento, a realização de vistorias
para a verificação do cumprimento do estabelecido no n.º 2 do artigo 2.º.
4 - Se da vistoria referida no número anterior, no n.º 2 do artigo 8.º ou no n.º 3 do artigo 11.º se concluir
pelo incumprimento do estabelecido no n.º 2 do artigo 2.º, o Turismo de Portugal, I.P., fixa um prazo não
inferior a 30 dias, prorrogável, para que o estabelecimento inicie o processo de autorização de utilização
para fins turísticos legalmente exigido.
Fiscalização

 Sanções acessórias – art. 24º


Em função da gravidade e da culpa do agente, podem ser aplicadas as seguintes sanções acessórias:
a) Apreensão do material através do qual se praticou a infração;
b) Suspensão, por um período até dois anos, do exercício da atividade diretamente relacionada com a
infração praticada;
c) Encerramento, pelo prazo máximo de dois anos, do estabelecimento ou das instalações onde estejam a
ser prestados serviços de alojamento, de angariação de clientela ou de intermediação de estabelecimentos
de alojamento local.
Fiscalização – art. 23º
1 — Constituem contraordenações:
a) A oferta, disponibilização, publicidade e intermediação de estabelecimentos de alojamento local não registados ou com registos
desatualizados;
b) A oferta, disponibilização, publicidade e intermediação de estabelecimentos de alojamento local em violação, desrespeito ou incumprimento:
i) Do contrato de arrendamento;
ii) Da autorização de exploração;
c) A prática de atos de angariação de clientela para estabelecimentos de alojamento local não registados ou com registos desatualizados;
d) A violação do disposto no n.º 4 do artigo 4.º
e) A violação do disposto nos n.os 3 e 4 do artigo 6.º;
f) A violação do disposto nos n.os 1, 3 e 4 do artigo 11.º;
g) O não cumprimento pelo estabelecimento de alojamento local dos requisitos previstos nos artigos 12.º a 14.º;
h) A violação das regras de identificação e publicidade, nos termos previstos no artigo 17.º;
i) A não afixação no exterior da placa identificativa tal como previsto no artigo 18.º;
j) A não publicitação do período de funcionamento tal como previsto no artigo 19.º;
k) A violação do disposto no n.º 4 do artigo 33.º
Fiscalização

 Contraordenações puníveis também por negligência e tentativa – art. 25º


1 — A negligência é punível, sendo os limites mínimos e máximos das coimas
reduzidos para metade.
2 — A tentativa é punível com a coima aplicável à contraordenação consumada,
especialmente atenuada
Regime jurídico do exercício da atividade turística

 Consequências da declaração de utilidade turística:


 Condição de acesso a benefícios fiscais
 Implica possibilidade de requerer a expropriação por utilidade pública ou constituição de
servidões

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