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Direito de Turismo PPT 2020-2021
Direito de Turismo PPT 2020-2021
Direito do Turismo
Este termo é utilizado na linguagem jurídica bem como na linguagem corrente com dois significados:
1. Direito objetivo
2. Direito subjetivo
I – Direito objetivo: traduz-se no corpo ou complexo de regras gerais e abstratas que organizam a vida em
sociedade, sob os mais diversos aspetos, e que, designadamente, definem o estatuto das pessoas e regulam
as relações entre elas.
II – Direito subjetivo: traduz-se na faculdade ou poder que, por aplicação das regras de direito objetivo,
são atribuídos a pessoas determinadas, uma vez verificados certos eventos previstos naquelas mesmas
regras.
O DIREITO E AS DEMAIS ORDENS NORMATIVAS
I – ORDEM RELIGIOSA
As normas religiosas são criadas por um Ser transcendente e ordenam as condutas dos crentes nas suas relações com Deus.
II – ORDEM MORAL
Traduz-se no conjunto de normas de conduta, costumes e atitudes éticas que visam o aperfeiçoamento do
ser humano.
A distinção entre Direito e Moral não se afigura muito simples, uma vez que existe uma interligação entre
as duas ordens em vários pontos. No entanto, têm sido apontados pelos estudiosos de Direito alguns
critérios:
A) Critério do mínimo ético: o direito limita-se a impor aquelas normas morais básicas cuja observância é
fundamental para que na vida social exista paz, liberdade e justiça. Assim, todas as normas jurídicas seriam
simultaneamente normas éticas.
Críticas: existem normas jurídicas moralmente indiferentes, bem como normas jurídicas contrárias à moral.
B) Critério da coercibilidade: segundo este critério, na moral não há uma autoridade a exigir o cumprimento
dos deveres de cada indivíduo. E no direito, quem se encontra juridicamente obrigado está sujeito a que outra
pessoa lhe exija o cumprimento da sua obrigação sob pena de o aparelho coercitivo lhe aplicar sanções.
Críticas: as normas morais não são criadas pelas pessoas que as devem cumprir, na medida em que se
fundam em exigências, ideias, valores e princípios das comunidades. Por outro lado, o direito tem também
uma certa dimensão de autonomia porque, para além de uma vinculação imposta por outrem, é preciso
criar na sociedade a convicção dessa obrigatoriedade.
D) Critério da exterioridade: segundo este critério a moral diz respeito às ações humanas internas ( foro íntimo), que ficam no plano da consciência.
E o direito diz respeito ao lado externo da conduta humana.
Críticas: existem situações em que o direito atende ao lado interno da conduta do agente e outras situações em que a moral atende ao lado externo
desta.
III – ORDEM DE TRATO SOCIAL
Traduz-se em práticas reiteradas e constantes no seio de uma comunidade que se refletem, por exemplo, na forma de
vestir, saudações, oferecer presentes em certas épocas, retribuir uma visita, dar os pêsames aos familiares de um
falecido...
Características:
- Impessoais;
- Coativas (embora com meios de coação e sanções desorganizadas).
IV – ORDEM JURÍDICA
Ao direito está associada a ideia nuclear de um conjunto de normas estáveis num certo tempo denominado
direito positivo ou objetivo.
Características:
- imperatividade;
- generalidade e abstração;
- coercibilidade.
RAMOS DO DIREITO
A ordem jurídica é única, mas as normas que a constituem tomam por objeto da sua
regulamentação problemas e matérias muito diversas.
Para a distinção entre os dois grandes ramos são apresentados vários critérios, sendo
o mais divulgado e praticado o da posição dos sujeitos.
Critério da Posição dos Sujeitos:
A) Direito Público:
- relações entre entes públicos e os particulares, quando aqueles estão a agir revestidos de poder de autoridade (ou seja, quando o ente público está
numa posição de supremacia, existindo, assim, uma relação de desigualdade).
B) Direito Privado:
1. O Estado português queria ceder um edifício a uma instituição pública, mas como não
tinha nenhum disponível, decide arrendar um. Para isso contacta o Sr. A e celebra com ele
um contrato de arrendamento, pagando logo dois meses antecipados de renda, tal como
determina a lei. No mês seguinte, porém, não paga a terceira renda. O Sr. A decide exigir o
pagamento da renda.
2. A Câmara Municipal do Porto, para construir a Casa da Música e os espaços envolventes, expropria o Sr. A, retirando-
lhe o direito de propriedade por ato de autoridade. A única coisa que o Sr. A pode fazer é recorrer ao Tribunal para
discutir o montante da indemnização.
I – Direito Constitucional:
- conjunto de normas que disciplinam a organização e a atividade da Administração Pública, bem como
o seu relacionamento com os particulares.
IV – Direito Penal:
Complexo de normas que indicam quais as condutas consideradas como crime (lesão de um bem jurídico
essencial na comunidade) e quais as respetivas sanções (pena de prisão ou pena de multa e medidas de
segurança).
V – Direito Processual:
Disciplina a forma como os atos se desenrolam durante o exercício da ação jurisdicional, isto é, a forma como os
processos evoluem quando alguém exerce um direito judicialmente.
I – Direito Civil: é o chamado direito privado comum ou direito regra. Pode definir-se como um
conjunto de regras que disciplina as relações entre os sujeitos.
Tem como principal fonte o Código Civil, que se divide da seguinte forma:
- Parte Geral (arts. 1.º a 396.º CC);
- Parte Especial:
- Direito das Obrigações (arts. 397.º a 1250.º CC);
- Direitos Reais ou Direito das Coisas (arts. 1251.º a 1575.º CC);
- Direito da Família (arts. 1576.º a 2020.º CC);
- Direito das Sucessões (arts. 2024.º a 2334.º CC).
II – Direito Comercial: ramo do Direito que regula os atos de comércio e os comerciantes. É um
ramo de direito especial, na medida em que face ao direito privado comum consagra uma
disciplina diversa, mas não oposta, para círculos mais restritos de pessoas, coisas ou relações.
III – Direito Internacional Privado: conjunto de normas que regula questões da vida privada
internacional, ou seja, aquelas questões que apresentam uma conexão com mais do que uma
ordem jurídica. Este ramo visa dirimir conflitos de concurso de leis, dizendo qual é aplicável a
cada situação (arts. 25.º a 65.º CC).
IV – Direitos de Autor: ramo de direito privado especial cujo código regula as obras
intelectuais, literárias e artísticas, regendo os direitos patrimoniais e não patrimoniais dos
seus criadores.
Breve referência às situações especiais dos ramos do Direito do Trabalho (ramo híbrido) e
do Direito Canónico (direito não estatal).
AS NORMAS JURÍDICAS
a) – previsão ou hipótese: refere uma situação de facto, uma certa conduta ou relação, cuja verificação em
concreto desencadeia a aplicação de uma consequência jurídica fixada na estatuição;
b) – estatuição: traduz-se no efeito jurídico, nas consequências que a norma associa à verificação ou
preenchimento da hipótese legal.
Exemplos:
- Art. 114.º, n.º 1 CC – Decorridos dez anos sobre a data das últimas notícias, ou passados cinco anos, se
entretanto o ausente houver completado oitenta anos de idade, podem os interessados a que se refere o art.
100.º requerer a declaração de morte presumida.
- Art. 177.º CC – As deliberações da assembleia geral contrárias à lei ou aos estatutos, seja pelo seu objeto,
seja por virtude de irregularidades havidas na convocação dos associados ou no funcionamento da
assembleia, são anuláveis.
II – Características:
2. Generalidade: as normas jurídicas destinam-se a uma categoria mais ou menos ampla de pessoas, ou
seja, não têm destinatários determinados;
I – sentido amplo: toda a situação ou relação da vida social juridicamente relevante, isto é, produtiva de
efeitos jurídicos e, portanto, regulada pelo Direito;
II – sentido restrito: relação da vida social disciplinada pelo Direito, mediante a atribuição a uma pessoa de
um direito subjetivo e a imposição a outra de um dever jurídico ou estado de sujeição.
Toda a relação jurídica existe entre dois sujeitos, nasce de um facto jurídico e incide
sobre um objeto. A sua efetivação pode fazer-se mediante o recurso a providências
coercitivas, adequadas a proporcionar e a proteger o direito do sujeito ativo da
relação jurídica (garantia).
I – Sujeitos (pessoas entre as quais se estabelece o vínculo jurídico):
- titular do direito subjetivo (sujeito ativo);
- titular do dever jurídico (sujeito passivo).
III – Objeto: aquilo sobre o qual incidem os poderes do titular ativo da relação jurídica.
Costuma distinguir-se entre o objeto imediato e o objeto mediato da relação jurídica. Possíveis
objetos mediatos da relação jurídica: coisas, prestações de facto, direitos, pessoas (duvidoso).
IV – Garantia: conjunto de providências coercitivas postas à disposição do titular ativo da relação jurídica, em ordem a obter a
satisfação do seu direito (que o titular passivo infringe ou ameaça infringir).
Características:
- existência autónoma ou separada;
- possibilidade de apropriação exclusiva por alguém;
- aptidão para satisfazer interesses ou necessidades humanas.
Classificação das Coisas:
Rui empresta a Olívia um quadro muito valioso, para que esta o possa expor na inauguração
do seu escritório. Ambos concordaram que Olívia teria de devolver o quadro um mês depois.
Os sujeitos da relação jurídica são os entes suscetíveis de serem titulares de direitos e obrigações.
As pessoas singulares têm personalidade jurídica, que se traduz na suscetibilidade de serem titulares
autónomos de relações jurídicas, isto é, na aptidão para serem sujeitos de direitos e de obrigações.
Podem surgir, neste sentido, incapacidades de gozo, ou seja, situações em que uma pessoa não
pode ser titular de certos direitos, por a lei, em certos casos, considerar que não possui as
qualidades necessárias para essa titularidade.
Incapacidades de Gozo:
As incapacidades de gozo são insupríveis, ou seja o incapaz de gozo não pode ser substituído
por outra pessoa que exerça por ele estes direitos (são de natureza estritamente pessoal).
Capacidade de Exercício de Direitos:
Podem surgir, neste sentido, incapacidades de exercício, ou seja, situações em que uma pessoa
não pode agir pessoal e autonomamente.
- Menoridade;
- Interdição;
- Inabilitação;
- Incapacidade acidental.
I – Menoridade:
Para participar no tráfico jurídico, exercendo direitos e cumprindo obrigações, é necessário que as pessoas
possuam maturidade e responsabilidade adequadas. A lei presume que tais qualidades só se adquirem aos
18 anos.
Cessação dos efeitos da menoridade: maioridade (art. 130.º CC) e emancipação pelo casamento (arts.
132.º e 133.º CC).
Efeitos da incapacidade dos menores – art. 125.º CC (os negócios jurídicos realizados pelo menor
são anuláveis).
- Administração de bens (art. 1922.º CC, podendo esta coexistir com a tutela ou com o poder paternal).
II – Interdição:
Podem ser interditos do exercício dos seus direitos todos aqueles que por anomalia psíquica, surdez-
mudez ou cegueira se mostrem incapazes de governar suas pessoas e bens (art.138.º, n.º 1 CC).
Para além destas qualidades minguantes é necessário que exista uma sentença judicial que, no termo de
um processo especial, declare esta incapacidade.
Legitimidade para intentar a ação – art. 141.º CC;
Tribunal competente – art. 140.º CC;
Publicidade da sentença – art. 147.º CC (sob pena de não poder ser invocada contra terceiros de boa fé).
Regime da interdição – equiparado ao da menoridade (art. 139.º CC):
Para além destas circunstâncias necessária uma sentença de inabilitação proferida no termo de um
processo judicial.
Conteúdo e alcance da inabilitação: abrange os atos de disposição de bens entre vivos e
todos os que forem especificados na sentença (art. 153.º CC). O inabilitado pode praticar
atos de mera administração do seu património, mas a administração dos seus bens
também pode ser entregue a um curador (art. 154.º CC).
Valor dos atos praticados sem capacidade: anuláveis (arts. 156.º, 148.º, 149.º e 150.º CC).
A declaração negocial é manifestada por quem, devido a qualquer causa (embriaguez, estado
hipnótico, intoxicação ..) está transitoriamente incapacitado de entender o seu sentido ou não
tem o livre exercício da sua vontade (art. 257.º CC).
I – Substrato: elemento de facto, conjunto de elementos da realidade extrajurídica, elevado à qualidade de sujeito através
do reconhecimento (elemento material).
Tipos de Reconhecimento:
1 – Reconhecimento normativo: condicionado ou incondicionado
1 – Corporações: pessoas coletivas que têm um substrato integrado por um conjunto de pessoas
singulares que visam um interesse comum egoístico ou altruístico;
2 – Fundações: pessoas coletivas que têm um substrato integrado por um conjunto ou massa de
bens adstrito pelo fundador (pessoa singular ou coletiva) e um escopo ou interesse de natureza
social. As fundações estão sujeitas ao reconhecimento individual. Uma vez criada a fundação, o
fundador tem de atuar de acordo com o que ficou fixado no ato de instituição e nos estatutos.
III – Pessoas Coletivas de Direito Público e de Direito Privado:
São de Direito Público as pessoas coletivas que desfrutam em maior ou menor extensão do
chamado jus imperii, correspondendo-lhes certos direitos de poder público e certas funções
próprias da atividade estadual.
Exemplos:
- Pessoas coletivas de população e território: Estado e Autarquias Locais;
- Institutos públicos: serviços do Estado e das Regiões Autónomas dotados de personalidade
jurídica que integram a administração estadual indireta (como as Universidades Públicas).
São de Direito Privado todas as pessoas coletivas não integradas na definição anterior (ex. sociedades
civis e sociedades comerciais).
I – Associações: pessoas coletivas de substrato pessoal que não têm por fim a obtenção de lucros para
distribuir pelos seus associados (arts. 167.º a 184.º CC);
II – Fundações: pessoas coletivas que têm um substrato integrado por um conjunto ou massa de bens
adstrito pelo fundador (pessoa singular ou coletiva) e um escopo ou interesse de natureza social (arts.
185.º a 194.º CC).
III – Sociedades:
- sociedades anónimas;
Capacidade Jurídica das Pessoas Coletivas: princípio da especialidade do fim (art. 160.º CC).
DIREITOS SUBJECTIVOS
O sujeito ativo da relação jurídica é livre de exercer ou não o seu direito subjetivo e por isso se
diz que este é uma manifestação e um meio de atuação da autonomia privada.
Existem duas modalidades de direitos subjetivos:
1 – Direitos Relativos: corresponde-lhes do lado passivo uma obrigação (em sentido técnico). Ex.
Direitos de crédito.
2 – Direitos Absolutos: corresponde-lhes do lado passivo uma obrigação passiva universal. Ex.
Direitos reais, direitos de personalidade, direitos familiares pessoais.
Nos direitos subjetivos propriamente ditos podemos encontrar um poder de exigir (obrigações
civis) ou um poder de pretender (obrigações naturais – arts. 402.º a 404.º CC).
II – Direitos potestativos: poderes jurídicos de, por um ato de livre vontade, só de per si ou
integrado por um ato de autoridade pública (decisão judicial), produzir efeitos jurídicos que
inelutavelmente se impõem à outra parte.
Consoante os efeitos jurídicos que tendem a produzir, os direitos potestativos podem ser:
constitutivos, modificativos e extintivos.
Poderes jurídicos reconhecidos a todas as pessoas por força do seu nascimento completo e com
vida.
Art. 70.º CC – Tutela geral da personalidade (existe ainda a tutela penal e a tutela constitucional).
Ofensa a pessoas já falecidas: art. 71.º CC.
Sentindo-se lesado, pois habita um prédio ao lado da discoteca, Bernardo pretende recorrer ao
Tribunal. Poderá reagir? Como?
Exercício n.º 5:
Benedita é uma modelo famosa que, no apogeu da sua carreira, provocou um violento
incêndio em sua casa enquanto tentava cozinhar. Em consequência, sofreu gravíssimas
queimaduras que a deixaram muito desfigurada. Amargurada, Benedita retirou-se das
passerelles e do mundo em geral. Adquiriu uma pequena casa junto ao mar, num local
bastante isolado e comunicou não desejar ser mais fotografada. Uma tarde, enquanto passeava
numa praia deserta, foi fotografada por um fotógrafo profissional que, embora estivesse
escondido, conseguiu uma fotografia bastante nítida do seu rosto desfigurado. A fotografia foi
publicada numa revista. Poderá Benedita reagir contra a publicação?
Exercício n.º 6:
Lucília Ferreira, modelo célebre, encontrou numa loja um produto de emagrecimento com a marca
«Lucília Ferreira». Espantada, dirige-se à gerente que a informa de que se trata de um novo produto
que se tem vendido muito bem. Sentindo-se lesada, Lucília pretende reagir. Pode fazê-lo? E se o
produto tivesse apenas a marca «Ferreira»?
Imagine que, em alternativa, Lucília celebrara um contrato com a empresa fabricante, permitindo-lhe
apor o seu nome no produto durante dois anos, em troca de uma elevada quantia de dinheiro. Se,
dois meses após o lançamento do produto, Lucília resolvesse «desfazer o negócio», poderia fazê-lo?
TUTELA DO DIREITO
O Direito recorre à coação para obrigar ao cumprimento das suas normas jurídicas, fazendo-o através de um
aparelho de tutela.
MODALIDADES DE TUTELA:
I – Preventiva: funciona antes da violação da norma jurídica, procurando evitar ou dificultar o seu
incumprimento.
III – Reconstitutiva: visa colocar a pessoa lesada na situação em que estaria se a violação do seu direito não tivesse
ocorrido.
Exemplos: reconstituição natural, indemnização em dinheiro / reconstituição por “mero equivalente”, compensação.
IV – Punitiva: no caso de violações mais graves da ordem jurídica, o Direito recorre
à aplicação de sanções que implicam a privação de um bem e a reprovação da
conduta do infrator.
Determina a frustração dos objetivos daquele que pretende obter determinado resultado jurídico,
mas omite os pressupostos que a lei exige ou não satisfaz os requisitos por ela impostos.
I – PRIVADA: Nos termos do art. 1.º Código de Processo Civil, «a ninguém é lícito o recurso à força com o
fim de realizar ou assegurar o próprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites declarados na lei».
Através:
- Garantias graciosas dos cidadãos: traduz-se na impugnação das decisões ou deliberações
perante a própria Administração (Modalidades: reclamação e recurso hierárquico);
- Recurso contencioso: os particulares recorrem aos meios judiciais para fazerem valer os seus
direitos contra a Administração.
B) Tutela Judiciária: cabe aos Tribunais.
Art. 202.º, n.º 1 CRP – «Os tribunais são os órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nom
do povo».
Estrutura:
A) Tribunais de 1.ª Instância: são, em regra, os tribunais de comarca e designam-se pelo nome da
circunscrição onde estão instalados.
Podem ser de competência genérica ou de competência especializada (instrução criminal, família,
menores, trabalho, comércio, marítimo e execução de penas). Nas instâncias locais, as secções de
competência genérica podem ainda desdobrar-se em secções cíveis, em secções criminais e em
secções de pequena criminalidade, quando o volume ou a complexidade do serviço o justifiquem.
B) Tribunais de 2.ª Instância: são os Tribunais da Relação e designam-se pelo município onde
estão instalados. Funcionam em várias secções (civil, penal, social, família e menores, comércio,
etc.). Os juízes são chamados de desembargadores. Em Portugal existem cinco Relações: Porto,
Lisboa, Évora, Coimbra e Guimarães.
C) Supremo Tribunal de Justiça (órgão superior da hierarquia): só conhece matéria de direito nas
suas secções civil, penal e social, havendo ainda uma secção para o julgamento dos recursos das
deliberações do Conselho Superior da Magistratura. O pleno das secções é competente para
uniformizar a jurisprudência mediante acórdãos. Os juízes são chamados de conselheiros.
ALÇADAS:
Os tribunais judiciais encontram-se hierarquizados para efeito de recurso das suas decisões. Em
regra, o Supremo Tribunal de Justiça conhece, em recurso, das causas cujo valor exceda a alçada
dos Tribunais da Relação e estes das causas cujo valor exceda a alçada dos Tribunais Judiciais de
1.ª Instância. Recurso é o meio pelo qual a parte vencida requer a revisão da decisão judicial que
lhe é desfavorável, revisão essa que será da competência do tribunal hierarquicamente superior.
Tribunais com características especiais e competência para resolver causas com valor
reduzido, de natureza civil, de forma rápida e com custos reduzidos.
Julgam, entre outras questões, litígios respeitantes a relações de vizinhança, ações
possessórias, responsabilidade civil, acidentes de viação. Apenas podem julgar ações
declarativas civis de valor não superior a 15000€.
É possível recorrer das suas decisões para o Tribunal de 1.ª Instância (se o valor da causa
exceder metade do valor da sua alçada). O Juiz é designado por Juiz de Paz.
TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
Formam uma hierarquia que compreende:
- Tribunais Administrativos de Círculo
- Tribunais Centrais Administrativos
- Supremo Tribunal Administrativo
- Tribunais Tributários
TRIBUNAL DE CONTAS
TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
As suas competências mais importantes são a apreciação da inconstitucionalidade e da ilegalidade das normas
jurídicas.
MINISTÉRIO PÚBLICO – representa o Estado, defende os interesses que a lei determinar,
participa na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania, exerce a ação
penal orientada pelo princípio da legalidade e defende a legalidade democrática, nos termos
da CRP, do respetivo estatuto e da lei. Goza de autonomia em relação aos demais órgãos do
poder central, regional e local. Está exclusivamente vinculado a critérios de legalidade e
objetividade e às diretivas, ordens e instruções previstas na lei.
São magistrados do Ministério Público (art. 9.º Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto): o
Procurador-Geral da República, o Vice-Procurador-Geral da República, os Procuradores-
gerais-adjuntos, os Procuradores da República e os Procuradores- adjuntos.
FONTES DO DIREITO
O problema das fontes do direito diz respeito à forma como determinadas regras se transformam em
normas jurídicas.
São modos de revelação do direito (objetivo): positivação dos comportamentos e regras de conduta e
da forma como se tornam historicamente vigentes como normas de direito.
Elenco das Fontes do Direito:
- Lei
- Costume
- Usos
- Jurisprudência *
- Doutrina *
- Princípios Gerais de Direito
- Equidade.
Nota: Normas Corporativas – o sistema corporativo foi abolido na sequência do 25 de Abril de 1974, mas o
CC continua a considerá-las como fontes do direito. Devemos fazer uma interpretação corretiva e considerar
esta referência como não escrita.
LEI:
No Estado Moderno, o Direito provém na sua maior parte da produção legislativa, acabando
por ser a Lei a mais importante fonte do direito.
1. Leis Constitucionais: fixam os grandes princípios da organização política e da ordem jurídica, bem
como os direitos fundamentais dos cidadãos.
A par destas, com a mesma força vinculativa, surgem certas normas do Direito da União Europeia,
como os regulamentos.
Todas as restantes Leis lhes devem obediência, sob pena de inconstitucionalidade (orgânica, formal e
material).
2. Leis Ordinárias: estabelecem as normas e os princípios necessários para a resolução de problemas.
Têm igual valor: sem prejuízo do respeito pelas matérias que fazem parte da reserva (relativa ou
absoluta) da Assembleia da República (arts. 164.º e 165.º CRP)e das matérias da reserva do Governo
(art. 198.º, n.º 2 CRP).
3. Decretos Legislativos das Regiões Autónomas: disciplinam matérias de interesse exclusivo das
Regiões Autónomas e devem obediência à CRP, bem como às leis ordinárias (art. 232.º CRP).
4. Regulamentos: servem para possibilitar a aplicação ou execução das leis e dos decretos-lei, não
violando os seus conteúdos, sob pena de ilegalidade:
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS:
- Critério de superioridade;
- Critério da posteridade;
- Critério da lei especial.
ASPETO DINÂMICO DA LEI:
VACATIO LEGIS – tempo que decorre entre a publicação e a entrada em vigor da lei.
Art. 5.º CC – fixado pela própria lei; 5 dias, a contar desde a sua publicação (art. 2.º, n.º 4
Lei n.º 74/98, de 11 Novembro).
II – Cessação da vigência da Lei (art. 7.º CC):
- Caducidade;
- Revogação: expressa ou tácita, total ou parcial.
Nota: não há lugar à repristinação de leis (Ex. A Lei A revoga a Lei B. Mais tarde a Lei A é revogada: a Lei
B não “renasce”).
COSTUME: define-se como uma prática social, reiterada e constante, acompanhada da convicção
da sua obrigatoriedade.
Composto por dois elementos: corpus e animus.
USOS: traduzem-se numa prática mais ou menos reiterada, mas desacompanhada do sentimento
ou convicção de obrigatoriedade jurídica (existe um corpus mas falta o animus).
Art. 3.º CC: a lei reconhece o carácter de fonte mediata do direito aos usos que não sejam
contrários aos princípios da boa fé.
JURISPRUDÊNCIA: conjunto das decisões que exprime a orientação seguida pelos
tribunais no julgamento dos casos concretos que lhes são submetidos. Não é fonte do direito.
Breve referência ao desaparecimento dos assentos como fonte do direito – art. 2.º CC.
EQUIDADE: fonte mediata do direito (art. 4.º CC). Pode ser definida como a resolução do
caso concreto segundo uma ideia de justiça e igualdade, abstraindo-se das circunstâncias
rígidas e inflexíveis das normas jurídicas.
CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES DO DIREITO:
Daí a necessidade de interpretação – atividade do jurista que se destina a fixar o sentido e o alcance
com que o texto deve valer ou, pelo menos, dos vários sentidos que o texto pode comportar.
MODALIDADES:
- Interpretação autêntica: é feita pelo órgão competente que criou a lei e tem força vinculativa (art. 13.º
CC);
- Interpretação doutrinal: é feita por qualquer jurista, em obediência aos cânones de uma metodologia
correta e não tem força vinculativa (art. 9.º CC).
- Interpretação declarativa;
- Interpretação extensiva;
- Interpretação restritiva;
- Interpretação enunciativa:
- três argumentos: a maiori ad minus, a minori ad maius, a contrario.
Direções Doutrinais ou Escolas Interpretativas:
I – Subjetivista: defende que, de entre as várias aceções que o texto comporta, deve prevalecer aquela que
corresponde à vontade e ao pensamento real do legislador, dando menos peso à objetivação linguística
dessa vontade no texto da lei;
II – Objetivista: defende que intérprete não está vinculado à vontade real do legislador, mas apenas ao
sentido objetivado no texto.
Posição do CC – Art. 9.º CC:
Não toma posição por nenhuma das correntes, na medida em que não se refere nem “à vontade
da lei”, nem “à vontade do legislador”, mas antes aponta como escopo da atividade
interpretativa a descoberta do “pensamento legislativo”.
O intérprete deverá procurar reconstituir o pensamento do legislador a partir dos textos da lei
(correspondência verbal).
20 de fevereiro – 27 de fevereiro – 6 de março de 2014
109
O negócio jurídico
110 I – Noções gerais. Enquadramento jurídico.
1. O negócio jurídico
1.1 Conceito e princípios fundamentais
Três pressupostos:
1- Uma vontade dirigida aos efeitos pretendidos e manifestada numa
declaração de vontade;
2- A garantia da produção dos efeitos jurídicos pela ordem jurídica, pelo
direito objetivo.
3- Uma declaração de vontade – Exteriorização daquilo que, segundo a
intenção do declarante, deve acontecer ou não. Tem dois elementos: a
vontade e a declaração (manifestação).
111 A eficácia do negócio jurídico
A formação do negócio jurídico
O negócio jurídico depende de uma declaração de vontade.
A declaração pode ser expressa, tácita ou através da atribuição de valor declarativo ao
silêncio – artigo 217.º, nº 1 do Código Civil.
A declaração é expressa quando é feita por palavras, escrito ou qualquer outro meio direto
de manifestação da vontade (gestos ou sinais). É uma manifestação direta da vontade.
A declaração negocial é tácita quando se deduz de factos que, com toda a probabilidade
revelam a existência da vontade. É uma manifestação indireta da vontade. Ex:
estacionamento em parque automóvel.
O silencio, por via de regra, não tem valor declarativo. No entanto, por vezes, a lei ou as
partes preveem que o silêncio tenha o valor de manifestação de vontade. Ex: aceitação da
atualização da renda. Ratificação de negócio celebrado sem poderes.
112 Negócio jurídico
Sujeitos
Regime legal: 1) regime específico do tipo contratual (arts. 874 a 1250º CC e outros
diplomas); 2)regras gerais dos arts. 405º a 456º CC; 3) regime do negócio jurídico
em geral (arts. 217º a 294º CC)
Modalidades de incumprimento:
não cumprimento definitivo (798º; 799º; 801º)
atraso no cumprimento (804º)
cumprimento defeituoso (não há previsão geral específica)
Pressupostos da responsabilidade civil contratual
127 Facto; ilicitude; culpa; nexo de causalidade entre facto e dano; dano
Surge quando, por causa imputável ao devedor, a prestação ainda possível não foi
efetuada no tempo devido (804º, n.º 2, CC)
O devedor fica obrigado a reparar os danos causados ao credor (804º, n.º 1).
O devedor torna-se responsável pelo risco da deterioração ou perda da coisa (807º, n.º 1)
Segundo o art. 806º, n.º 1, “na obrigação pecuniária a indemnização corresponde aos juros
a contar da data da constituição em mora”
Os juros devidos são, na falta de estipulação em contrário das partes, os juros legais (806º,
n.º 2; 559º; Portaria n.º 291/2003, de 8 de Abril)
Quanto ao atraso de pagamentos efetuados como remuneração de transação comercial
aplica-se o regime definido pelo decreto-lei n.º 62/2013, de 10 de Maio, que transpôs para
a ordem jurídica nacional a Diretiva 2011/7/UE, Parlamento Europeu e Conselho, relativa
ao estabelecimento de medidas de luta contra os atrasos de pagamento nas transações
comerciais. Os juros aplicáveis são os estabelecidos no Código Comercial (art. 102º, §§ 3,
4 e 5, CCom; Portaria n.º 277/2013, de 26 de Agosto; Aviso DGT n.º1019/2014, de 3 de
janeiro).
Cumprimento defeituoso
1)Excepção
1)Caso fortuito oudedenão cumprimento
força maior
do contrato (428º a 431º)
2) Facto de terceiro
2) Direito de retenção (754º a
3) Facto imputável ao credor
761º)
3) Falta de cooperação do credor
(787º; 1168º)
Inadimplemento não imputável ao devedor
I
Joana dirigiu-se a uma livraria e pediu: “Queria um Código Civil, o mais atualizado e
baratinho que tiverem que aquilo é só para usar seis meses”. Henrique, o funcionário que a
atendeu, mostrou-lhe um exemplar e disse: “Temos este aqui, atualizado, que só custa 10€,
pode ser?”. Joana folheou o código e disse “Está bem”. Henrique passou o livro pelo leitor de
infravermelhos, colocou-o numa saca e entregou-o a Joana. Esta, de seguida, pagou o livro.
Diga se ficou concluído algum contrato e, em caso de resposta afirmativa, qual o momento
dessa conclusão.
139 Casos práticos
II
João é estilista e explora um estabelecimento comercial. Concebeu um vestido original para senhora para a
coleção Primavera/Verão 2014 e expôs o mesmo na sua montra com indicação de que o seu preço era de €
1.500.
Maria, que explora uma sofisticada loja de roupa, dirigiu no dia 1 de Março um fax a João, que o recebe no
mesmo dia, onde lhe dá conta da vontade de comprar o vestido mas, como se trata de uma comerciante e
pretende revender o mesmo, que apenas o faria se João lho vendesse por € 1.250, a pagar por meio de cheque.
João responde a Maria, por fax, no dia 8 de Março dizendo que concordava com a proposta e que iria mandar
alguém entregar o vestido na loja de Maria nesse mesmo dia.
Maria, que nem sequer havia lido este último fax, ficou muito surpreendida quando um estafeta se apresentou
na sua loja para entregar o vestido e a pedir o cheque destinado ao pagamento do mesmo, tendo afirmado “já
não estar interessada no vestido” e, como tal, tendo-se recusado a entregar o cheque. Ficou concluído algum
contrato?
140 Casos práticos
III
No dia 3 de Fevereiro, Evaristo enviou a Francisca um catálogo de serviços de louça para hotelaria, com os
respetivos preços.
No dia seguinte, Francisca enviou um fax para o escritório de Evaristo, mostrando-se interessada em adquirir
alguns serviços de louça, mas por preço inferior. O fax chegou ao escritório de Evaristo às 20 horas, numa
altura em que já ninguém se encontrava no estabelecimento.
Na manhã seguinte, Evaristo escreveu a Francisca concordando com os novos preços. A carta foi enviada na
quarta-feira, por correio normal, e foi depositada na casa de Francisca na sexta-feira. Na quinta-feira, porém,
Francisco havia morrido de ataque cardíaco.
Terá ficado concluído algum contrato? Caracterize os vários momentos da negociação apresentada.
141 Casos práticos
IV
António enviou ao alfarrabista de que era cliente frequente, por fax, uma comunicação onde identificava
determinado livro que o alfarrabista detinha e propunha a compra do mesmo por um preço inferior ao
constante do catálogo disponível no site da internet. O fax foi enviado às 22h00m de quinta-feira (dia 1) e
recebido logo depois no alfarrabista. Às 9h00m de sexta-feira (dia 2) o funcionário do escritório enviou aos
serviços comerciais do alfarrabista o fax para que estes procedessem à venda do livro. Os serviços comerciais
emitiram a factura e embalaram o livro, tendo colocado o mesmo na estação dos correios.
Na segunda-feira seguinte, foi emitido novo catálogo de preços do alfarrabista pela internet. Apercebendo-se,
os serviços comerciais do alfarrabista dirigiram-se aos correios a fim de evitar o envio da encomenda para
corrigirem o preço. Quando lá chegaram, descobriram que a carrinha transportadora do livro enviado na sexta
já havia saído da estação, tido um acidente e ardido, destruindo o livro.
Quid iuris?
142
O DIREITO DO TURISMO
Operadores turísticos
- Empresários que desenvolvem a sua atividade no âmbito do turismo
ou com relevância para o turismo.
- Fornecedores de serviços e produtos turísticos.
148 Agentes do turismo
Agentes privados do turismo
Utilizadores turísticos
«Turista», a pessoa que passa pelo menos uma noite num local que
não seja o da residência habitual e a sua deslocação não tenha como
motivação o exercício de atividade profissional remunerada no local
visitado;
«Utilizador de produtos e serviços turísticos», a pessoa que, não
reunindo a qualidade de turista, utiliza serviços e facilidades turísticas.
153 Agentes do turismo
Agentes privados do turismo
Determinação da capacidade:
A capacidade dos empreendimentos turísticos é determinada pelo correspondente
número de camas fixas instaladas nas unidades de alojamento.
Exceção: A capacidade dos parques de campismo e de caravanismo é
determinada pela área útil destinada a cada utilizador.
162 Regime jurídico dos empreendimentos turísticos
Requisitos comuns – artigos 5.º a 10.º
NOTA:
Nos parques de campismo e de caravanismo podem existir instalações de caráter
complementar destinadas a alojamento desde que não ultrapassem 25 % da área
total do parque destinada aos campistas
174 Empreendimentos turísticos
Empreendimentos de turismo de natureza
Estabelecimentos que se destinem a prestar serviços de alojamento a turistas, em
áreas classificadas ou noutras áreas com valores naturais;
Dispondo para o seu funcionamento de adequado conjunto de instalações,
estruturas, equipamentos e serviços complementares relacionados com animação
ambiental, visitas de áreas naturais, desporto de natureza, interpretação ambiental;
Reconhecimento de turismo de natureza é da competência do Instituto de
Conservação da Natureza e das Florestas, I. P.ICNF (Portaria 261/2009, de 12/3).
(artigo 20.º)
175 Instalação de empreendimentos turísticos
Regime de licenciamento
Pedido de licença – artigo 23.º, n.º 2 RJET e 24.º, n.º 1 RJUE;
Instrução: o parecer do Turismo de Portugal, IP
Obrigatório: artigos 4.º, n.º 1 a) a d) RJUE e 26.º, RJET;
Parcialmente vinculativo – artigo 26.º, n.º 3 RJET;
Segue as regras do artigo 13.º do RJUE (20 dias)
Conteúdo – artigo 26.º, n.ºs 2, 3 e 5 RJET
177 Instalação de empreendimentos turísticos
a) Estabelecimentos hoteleiros
b) Aldeamentos turísticos
c) Apartamentos turísticos
d) Resorts (conjuntos turísticos)
e) Hotéis rurais
Artigo 29.º
Processo
As obras realizadas nos empreendimentos turísticos referidos nas alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo 4.º, e na alínea c) do n.º 3 do artigo 18.º que, nos termos do regime jurídico da urbanização e da
edificação, estejam isentas de controlo prévio, são declaradas ao Turismo de Portugal, I. P., para os efeitos previstos no artigo 38.º, acompanhadas das respetivas peças desenhadas, caso existam,
mediante formulário a disponibilizar na página na Internet daquela entidade, no prazo de 30 dias após a sua conclusão, desde que:
a) Tenham por efeito a alteração da classificação ou da capacidade máxima do empreendimento;
b) Sejam suscetíveis de prejudicar os requisitos mínimos exigidos para a classificação do empreendimento, nos termos do presente decreto-lei e da respetiva regulamentação.
181 Isenção de controlo prévio
Se forem:
Obras tenham por efeito alterar a classificação ou a capacidade máxima do empreendimento
Obras suscetíveis de prejudicar os requisitos mínimos exigidos para classificação do empreendimento
Declaração dirigida ao Turismo de Portugal, IP. (mera comunicação no prazo de 30 dias, desde conclusão das
obras)
182 Utilização do empreendimento
Requerimento de autorização de utilização para fins turísticos (arts. 30.º RJET e 62.º e ss. RJUE)
Com termos de responsabilidade de:
Autores de projeto de arquitetura de obras e diretor de fiscalização de obra
Autor do projeto de segurança contra incêndios
Autores dos projetos de especialidades …
Prazo de decisão: 20 dias; 10 dias após a vistoria (art. 65.º RJUE), caso esta se realize.
Alvará de autorização de utilização para fins turísticos depende de pagamento de taxa
Turismo de Portugal é informado da sua emissão
183 Utilização do empreendimento
Artigo 33.º
Caducidade da autorização de utilização para fins turísticos
1 — A autorização de utilização para fins turísticos caduca:
a) Se o empreendimento não iniciar o seu funcionamento no prazo de um ano a contar da data da emissão do alvará de autorização de utilização para fins turísticos
ou do termo do prazo para a sua emissão;
b) [Revogada];
c) Quando seja dada ao empreendimento uma utilização diferente da prevista no respetivo alvará;
d) Quando, por qualquer motivo, o empreendimento não puder ser classificado ou manter a classificação de empreendimento turístico.
185 Classificação dos empreendimentos
Classificação dos empreendimentos turísticos é obrigatória, e é feita segundo (art.º. 34.º RJET):
Tipos
Categorias (1 a 5 estrelas), para os seguintes tipos:
a) Estabelecimentos hoteleiros
b) Aldeamentos turísticos
c) Apartamentos turísticos
d) Resorts (conjuntos turísticos)
e) Hotéis rurais
186 Classificação dos empreendimentos
Classificação em categorias: em função da qualidade do serviço e das instalações, de acordo com requisitos
definidos em portaria, sobre características das instalações e equipamentos e serviços de receção e portaria, limpeza
e lavandaria, alimentação e bebidas, serviços complementares
Procedimento de classificação visa atribuir, confirmar ou alterar a tipologia e categoria dos empreendimentos (arts.
34.º e 36.º RJET)
Competência de classificação:
Turismo de Portugal em relação a :
a) Estabelecimentos hoteleiros
b) Aldeamentos turísticos
c) Apartamentos turísticos
d) Resorts (conjuntos turísticos)
e) Hotéis rurais
187 Classificação dos empreendimentos
Presidente da CM em relação a:
i) Turismo de habitação
ii) Turismo no espaço rural (com exceção dos hotéis rurais)
iii) Campismo e caravanismo
Começa com auditoria de classificação, a realizar no prazo de 2 meses a contar da emissão do alvará de
autorização de utilização para fins turísticos ou da abertura do empreendimento
Posteriormente, a entidade competente fixa a classificação e atribui placa identificativa, de afixação
obrigatória.
188 Classificação dos empreendimentos
Artigo 47.º
Responsabilidade operacional
1 — Em todos os empreendimentos turísticos deve haver um responsável, nomeado pela entidade exploradora, a quem cabe zelar pelo seu funcionamento e nível de serviço.
2 — O responsável operacional dos empreendimentos turísticos de cinco, quatro e três estrelas designa-se por diretor de hotel.
191 Regime jurídico de exploração e funcionamento de
empreendimentos turísticos
A requerimento:
do interessado
do Município (CM)
Competência: Turismo de Portugal, I.P.
Prazo de 45 dias para decisão – deferimento tácito
Consequências da declaração de interesse para o turismo:
entidade exploradora de empreendimento que exerça atividade assim declarada tem de obter licença como
empresa de animação turística – cfr. DL 108/2009, de 15/05
Regime jurídico do exercício da atividade turística
Só é atribuída a:
a) Estabelecimentos hoteleiros
b) Estabelecimentos similares aos hoteleiros classificados como restaurantes
c) Conjuntos turísticos
d) Equipamentos de animação, culturais e desportivos, não integrados em conjuntos turísticos *
e) Instalações termais *
f) Casas afectas a turismo de habitação
Nota: * têm de ser considerados de interesse para o turismo
Contrato de trabalho e as atividades
turísticas: breves notas
Contrato de trabalho a termo resolutivo
Contrato intermitente
Contrato a termo resolutivo
As contra-ordenações: noção
Distinção da contraordenação da infração penal
Ramo do direito sancionatório público;
Conexão com o direito penal e processo penal;
Equiparação de garantias
Autonomia
208 Contraordenações (breves notas)
Princípio da legalidade;
Princípio de tempus regit actum;
Princípio da territorialidade;
Momento da prática do facto;
Lugar da prática do facto.
209 Contraordenações (breves notas)
As contraordenações no RJET
Fiscalização: ASAE /DG do Consumidor (art.º. 66.º RJET)
Sancionamento: contraordenações: art.º. 67.º RJET
Competência: (art.º. 70.º RJET)
Contraordenações (breves notas)
sanções:
Coimas
Sanções acessórias (68.º RJET)
Animação Turística e Operadores
Marítimo Turísticos
Empresa, seja pessoa singular ou coletiva (fim lucrativo) – art. 2º, n.º 1, al. a)
Regime especial para associações, clubes desportivos, misericórdias, mutualidades,
IPSS e sem fins lucrativos – não necessitam de registo – art. 5º, n.º 4
Artigo 2.º, nº 1, a) «Empresa de animação turística», a pessoa singular ou coletiva que desenvolva, com caráter comercial, alguma das atividades de animação turística referidas no artigo
seguinte, incluindo o operador marítimo –turístico”.
Artigo 5.º, nº 4 — “As associações, clubes desportivos, misericórdias, mutualidades, instituições privadas de solidariedade social e entidades análogas podem exercer atividades próprias de
animação turística estando isentas de inscrição no RNAAT, desde que cumpram cumulativamente os seguintes requisitos:
a) A organização e venda das atividades não tenham fim lucrativo;
b) As atividades se dirijam única e exclusivamente aos seus membros ou associados e não ao público em geral;
c) As atividades tenham caráter esporádico e não sejam realizadas de forma contínua ou permanente, salvo se forem desenvolvidas por entidades de cariz social, cultural ou desportivo;
d) Obedeçam, na realização de transportes, ao disposto no artigo 26.º, com as devidas adaptações;
e) No caso de serem utilizadas embarcações e demais meios náuticos, estes cumpram os requisitos e procedimentos técnicos, designadamente em termos de segurança, regulados por diploma
próprio”.
Que atividades?
Artigo 2.º
1 - Consideram-se «estabelecimentos de alojamento local» aqueles que prestam serviços de alojamento temporário, nomeadamente a turistas, mediante remuneração,
e que reúnam os requisitos previstos no presente decreto-lei.
2 - É proibida a exploração como estabelecimentos de alojamento local de estabelecimentos que reúnam os requisitos para serem considerados empreendimentos
turísticos, nos termos do Decreto-Lei n.º 39/2008, de 7 de março, na sua redação atual.
226 Alojamento Local
Deveres:
Respeitar os requisitos mínimos de segurança e higiene definidos por lei.
Proceder ao seu registo na câmara municipal territorialmente competente, na sequência de mera
comunicação prévia – apenas com o registo podem ser comercializados para fins turísticos.
Identificar-se como alojamento local, não podendo, em caso algum, utilizar a qualificação turismo e ou
turístico, nem qualquer sistema de classificação.
Afixar, no exterior, junto à entrada principal, placa identificativa, cujo modelo é aprovado por portaria,
e da qual consta o respetivo número de registo na câmara municipal, no prazo máximo de 10 dias após a
atribuição do registo por esta.
Modalidades – art. 3º
Registo por comunicação prévia dirigida ao Presidente da Câmara Municipal – condição obrigatória e
necessária, realizada exclusivamente através do Balcão Único Eletrónico – art. 5º.
Munida de:
Autorização de utilização;
Identificação de titular de exploração e seu endereço;
Nome, capacidade e data de abertura ao público, bem como nome, morada e número de telefone em caso de
emergência.
Procedimento
Identificação PS ou PC
Termo de responsabilidade
Caderneta predial urbana ou contrato de arrendamento
Declaração de início de actividade apresentada junto da AT
Entregue através de Balcão Único Electrónico
Realização de vistoria no prazo de 30 dias – art. 8º; possibilidade de cooperação do Turismo de
Portugal; pode conduzir a cancelamento de registo – art. 9º ou regularização nos termos do RJET – art.
21º, n.º 4.
Requisitos – art. 11º
Máximo de capacidade – 9 quartos e 30 utentes.
Exceção – mais de 9 apartamentos se não corresponderem a 75% do
número de apartamentos existentes no edifício
Entendem-se apartamentos comuns também os detidos por pessoas
coletivas distintas em que haja sócios em comum.
Requisitos – art. 12º
Responsabilidade do titular pelos danos causados independentemente de existência de culpa – art. 16º,
n.º 3 (responsabilidade pelo risco)
Sem prejuízo de outras obrigações previstas no presente decreto-lei, o titular da exploração do
estabelecimento de alojamento local responde, independentemente da existência de culpa, pelos danos
causados aos destinatários dos serviços ou a terceiros, decorrentes da atividade de prestação de serviços
de alojamento, em desrespeito ou violação do termo de responsabilidade referido na alínea b) do n.º 2 do
artigo 6.º.
Identificação limitada a AL
Obrigatoriedade de identificação por placa
Obrigatoriedade de livro de reclamações
Exploração