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Imagem de Santarém
“Ai Santarém, Santarém, abandonaram-te,
mataram-te, e agora cospem-te no cadáver.
Santarém, Santarém, levanta a tua cabeça coroada
de torres e de mosteiros, de palácio e de templos!
Mira-te no Tejo, princesa das nossas vilas: e verás
como eras bela e grande, rica e poderosa entre todas
as terras portuguesas.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. XXVI)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Partida + Ribatejo
“Foi sempre ambiciosa a minha pena: pobre e soberba, quer assunto
mais largo. Pois hei de dar-lho. Vou nada menos que a Santarém: e
protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há de
fazer crónica.
Era uma ideia vaga, mais desejo que tenção, que eu tinha há muito de
ir conhecer as ricas várzeas desse Ribatejo, e saudar em seu alto cume a
mais histórica e monumental das nossas vilas. Abalam-me as instâncias de
um amigo, decidem-me as tonteiras de um jornal, que por mexeriquice
quis encabeçar em desígnio político determinado a minha visita.
Pois por isso mesmo vou: − pronunciei-me.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. I)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Terreiro do Paço
“São 17 deste mês de julho, ano da graça de 1843,
uma Segunda feira, dia sem nota e de boa estreia.
Seis horas da manhã a dar em S. Paulo, e eu a
caminhar para o Terreiro do Paço.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. I)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Azambuja + Pinhal
“Aí está a Azambuja, pequena mas não triste
povoação, com visíveis sinais de vida, asseadas e
com ar de conforto as suas casas. É a primeira
povoação que dá indício de estarmos nas férteis
margens do Nilo português.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. II)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Cartaxo
“Fomos dar, juntos, uma volta pela terra. É das povoações
mais bonitas de Portugal, o Cartaxo, asseada, alegre; parece o
bairro suburbano de uma cidade. Não há aqui monumentos,
não há aqui história antiga; a terra é nova, e a sua
prosperidade e crescimento datam de trinta ou quarenta
anos, desde que seu vinho começou a ter fama.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap.VII)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Charneca ribatejana
“Eram dadas cinco da tarde, a calma declinava, montamos a
cavalo, e cortamos por entre os viçosos pâmpanos que são a
glória e a beleza do Cartaxo; as mulinhas tinham refrescado e
tomado ânimo; breve, nos achamos em plena charneca.
Bela e vasta planície! Desafogada dos raios do Sol, como ela
se desenha aí no horizonte tão suavemente! que delicioso
aroma selvagem que exalam estas plantas, acres e tenazes de
vida, que a cobrem, e que resistem verdes e viçosas a um sol
português de julho!”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. VIII)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Ponte da Asseca
“Nesta desagradável disposição de ânimo
chegamos à ponte da Asseca.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. VIII)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Vale de Santarérm
“Cá estamos num dos mais lindos e deliciosos
sítios da terra: o vale de Santarém, pátria dos
rouxinóis e das madressilvas, cinta de faias belas e
de loureiros viçosos. Disto é que não tem Paris,
nem França, nem terra alguma do ocidente senão
a nossa terra, e vale bem por tantas, tantas coisas
que nos faltam.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. IX)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Igreja de Marvila
“Rodeámos o largo e fomos entrar em Marvila
pelo lado do norte. Estamos dentro dos muros da
antiga Santarém.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. XXVII)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Portas do Sol
“Chegamos à porta do Sol: sentamo-nos ali a gozar da
majestosa vista. É majestosa mas triste. (…) Esta porta do Sol
dizem que é onde se faziam as execuções em tempos antigos.
Foi bem escolhido o sitio; não o há mais triste e melancólico. Ao
pé está um torreão quadrado da muralha que aí forma canto
para seguir depois na direção de sul a norte. Deste lado as
fortificações e lanços de muro estão todas pouco estragadas; e
do mirante a que subimos, pode-se formar perfeita ideia do que
era uma antiga cidade murada.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. XXXI)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Convento de S. Domingos
“Saímos do Colégio, fomos direitos a S. Domingos, um dos mais
antigos estabelecimentos monásticos do reino e que eu tanto desejava
visitar. Não sei descrever o que senti quando a enferrujada chave deu
a volta na porta da igreja e o velho templo se patenteou aos nossos
olhos. Acabara de servir, não imaginam de quê... de palheiro! (…)
Respirando a custo aquele ar infecto, todo o tempo que lhe pudesse
resistir, quis aproveitá-lo em examinar a principal e mais interessante
relíquia da profanada igreja a capela e jazigo do grande bruxo e grande
santo, S. Frei Gil.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. XXXIX)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Convento de S. Francisco
(Junto ao Convento das Claras)
“Enfim, tornemos ao frade, e tornemos às minhas
viagens. Cheio dele e da sua memória, palpitando
com a recordação das tremendas cenas que, havia
tão poucos anos, se tinham passado em seu antigo
mosteiro, eu me aproximei enfim do real convento de
S. Francisco de Santarém.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. XLI)
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
Santarém
“Estou deveras fatigado de Santarém; vou-me
embora. Despedimo-nos saudosos daquela boa e
leal família que nos hospedara com tanto carinho,
com toda a velha cordialidade portuguesa;
partimos.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (cap. XLIII)
VIAGEM
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett