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Mineração de Gipsita

O Gesso – Sua História


O gesso é um dos mais antigos materiais de construção
utilizados pelo homem. O uso do gesso remota ao 8° milênio
a.C. (nas ruínas na Síria e na Turquia).
As argamassas em gesso e cal serviram de suporte em
afrescos decorativos, na construção de pisos e mesmo na
fabricação de recipientes.
Foram encontrados em ruínas da Cidade de Jericó, no 6°
milênio a.C. em moldagens. Foi também utilizado na grande
pirâmide erguida por Quéops, rei do Egito, da quarta dinastia
em 2.800 a.C.
O filósofo Theofraste (entre sec. IV e III a.C.) escreveu o
Tratado da Pedra onde ele cita a existência de gesseiras em
Chipre, na Fenícia e na Síria, utilizadas em argamassa.
Mineração de Gipsita
Na França após os a Invasão Romana, principalmente na
região de Paris, o gesso foi utilizado na confecção de
sarcófagos decorados. Por toda a Idade Média as construções
utilizavam argamassa com gesso em estuques e alisamento.
No começo do sec. XIII existia 18 jazidas de pedra de gesso
na Região parisiense o gesso era empregado na fabricação
de argamassas, nas placas com madeira, ou no fechamento
de ambientes e construção de chaminés monumentais.
Mas o maior utilização no uso do gesso ocorreu a partir do
sec. XVII graças a uma Lei de Luiz XIV que concedia estímulo
ao uso do gesso na construção civil. Um século depois 75%
dos hotéis e a totalidade dos prédios públicos e populares
eram construídos com madeira e gesso.
Mineração de Gipsita
Coube a Lavoisier no sec. XVIII apresentar o primeiro estudo
científico dos fenômenos, que ocorrem na preparação do
gesso.
No séc. XIX diversos pesquisadores especialmente Van t´Hoff
e, o de Lê Chatelier, permitiu abordar uma explicação
científica para a desidratação da gipsita.
No Séc. XX a partir da evolução industrial, os equipamentos
para a fabricação do gesso passaram a agregar maior
tecnologia, e assim facilitar o uso do gesso em outras formas
de aplicação, como o gesso ortopédico e dental, ou gesso alfa
ou beta.
Mineração de Gipsita
Panorama Internacional
As reservas de gipsita são abundantes em muitos países
produtores, no entanto boa parte destas reservas internacionais
não está disponível. A produção mundial de gipsita em 2012 foi
de 150 milhões de toneladas, refletindo uma pequena elevação
em relação ao ano de 2011 (0,7%) (DNPM, 2013). Com relação
ao ranking dos países produtores da gipsita, a China continua
ocupando o primeiro lugar na produção desse bem mineral,
sendo sua produção em 2012 de 48 milhões de toneladas, o que
representou cerca de 32% de toda produção de gipsita mundial.
A grande disparada que a China tem dado na produção desse
mineral é resultado de um grande crescimento que esse país
vem passando nos últimos anos, principalmente na área
imobiliária, pois a demanda do gesso, que é o principal produto
da gipsita, é praticamente toda destinada as obras da construção
civil.
Mineração de Gipsita

Produção mundial de gipsita (103 t)


Países 2011 (r) 2012 (p) (%)
Brasil 3.223 3.759 2,5
China 48.000 48.000 32
Irã 13.000 14.000 9,3
Espanha 11.500 11.500 7,7
Tailândia 9.900 10.000 6,7
Estados
8.900 9.900 6,6
Unidos
Japão 5.600 5.700 3,8
Itália 4.130 4.100 2,7
México 3.840 3.850 2,6
Rússia 3.000 3.100 2,1
Austrália 3.500 3.000 2
Turquia 3.200 3.000 2
Índia 2.700 2.750 1,8
Arábia
2.100 2.300 1,5
Saudita
França 2.300 2.300 1,5
Outros
24.100 22.750 15,2
Países
Mineração de Gipsita
PANORAMA NACIONAL
O Brasil é o maior produtor da América do Sul com
aproximadamente 3,7 milhões de toneladas, valor que
representa 2,5% do total mundial e o coloca no ranking dos
dez maiores produtores de gipsita do mundo (DNPM, 2013).
A capacidade nacional de produção da gipsita apresenta um
grande potencial de crescimento, uma vez que grande parte
das nossas reservas ainda não foram exploradas e com essa
crescente utilização da gipsita na construção civil, na
produção de insumos para a agricultura, com as melhorias da
tecnologia e do preço dos produtos manufaturados o Brasil
ocupará cada vez mais lugares de destaque entre os
produtores mundiais.
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PRODUÇÃO NACIONAL
De acordo com o Sumário mineral de 2013, a produção
brasileira de gipsita bruta ROM alcançou 3.749.860 t no ano
de 2012, apresentando um expressivo crescimento da ordem
de 16,3 % em relação ao ano anterior. Pernambuco é o
principal estado produtor de gipsita do Brasil, sendo
responsável, em 2012, por 89,5% do total produzido. O
destaque de toda essa produção é do polo gesseiro do
Araripe, situado no extremo oeste pernambucano e formado
pelos municípios de Araripina, Trindade, Ipubi, Bodocó e
Ouricuri. Os demais estados produtores de gipsita são:
Maranhão (6,8%), Ceará (2,0%) e Amazonas (1,7%).
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Gipsita no Araripe
HISTÓRICO:
As primeiras explorações de gipsita no estado de
Pernambuco foram realizadas no município de Ouricuri,
nas Fazendas Pitombeiras e Pajeú, por volta de 1942.
Desta data até 1950, poucos interesses despertaram
essas minas, em virtude das dificuldades surgidas
comumente em todo início de mineração, enquanto as
jazidas do Ceará e Rio Grande do Norte já se
apresentavam em franco estado de desenvolvimento.
Mas, a partir de 1962 a gipsita do Oeste de Pernambuco
teve a sua exploração impulsionada e numerosas minas
foram abertas, sendo novas ocorrências assinaladas
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Gipsita no Brasil
O Polo Gesseiro de Pernambuco que abrange os municípios
de Araripina, Bodocó, Exu, Ipubi, Ouricuri e Trindade é o
maior produtor de gipsita do Brasil e um dos maiores e mais
importantes do mundo, destacando-se pelo alto teor da
pureza do minério e pelas boas condições técnico econômico
que as jazidas se apresentam, favorecendo assim o seu
aproveitamento pela indústria extrativista.
Segundo dados fornecidos pelo Sindicato da Indústria do
Gesso do Estado de Pernambuco (Sindusgesso), 30% das
reservas de gipsita do país, reserva estimada em 1,22 bilhões
de toneladas, produzindo atualmente cerca de 95% do gesso
consumido no território brasileiro
Mineração de Gipsita
Gipsita no Brasil
As principais empresas produtoras de gipsita do Brasil
são: Mineradora São Jorge S/A, Votorantim Cimentos
N/NE, Mineração Alto Bonito LTDA, CBE - Companhia
Brasileira de Equipamento (Grupo João Santos), Rocha
Nobre Mineração LTDA e Mineração Pernambucana de
Gipsita LTDA. Juntas elas produziram mais de 50% de
toda a produção nacional, sendo que outras 27
empresas completaram a produção (DNPM, 2013).
A pesar da grande importância que o polo gesseiro
apresenta para o estado e para o país, as condições de
operação de algumas minas e calcinadoras ainda são
precárias, sendo responsáveis por graves problemas de
segurança e higiene do trabalho, além dos impactos
ambientais que são bem visíveis naquela região
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Cidades do polo gesseiro do Araripe


Mineração de Gipsita
O Polo Gesseiro Pernambucano movimenta cerca de US$ 364
milhões por ano, gerando por volta de 13.200 empregos
diretos e aproximadamente 66 mil indiretos.
Diante do último levantamento feito, o Polo Gesseiro, conta
com cerca de 39 minas de gipsita, 139 indústrias de
calcinação e aproximadamente 726 indústrias de pré-
moldados, além do restante da cadeia produtiva do setor
(APL-Gesso / Arranjo Produtivo Local do Gesso), que inclui
diversas empresas do setor de construção civil, fertilizantes,
indústrias de máquinas e ferramentas, fabricantes de
explosivos, transportadoras, oficinas mecânicas, hotéis,
indústria química e fabricantes de embalagens.
De acordo com o DNPM, o consumo interno de gipsita em
2012 foi de aproximadamente 3,8 milhões de toneladas,
crescimento de 15% em relação a 2011
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Geologia
De acordo com a UNESP, a Fórmula Química da gipsita, que é
um sulfato de cálcio hidratado, é CaSO4.2H2O, cuja sua
Composição teórica é 46,6% SO3, 32,5% CaO, 20,9% H2O.
Sua cristalização é no sistema monoclínico. A dureza varia de
1,5 a 3 e sua densidade relativa é 2,32. A fratura é conchoidal
e apresenta brilho vítreo, nacarado e sedoso. Indo do branco
a cinza, amarelo, castanho, podendo até ser incolor.
A gipsita é encontrada com calcários, folhelhos e argilas, em
depósitos evaporíticos, constituídos por minerais-minérios
dos grupos dos cloretos e sulfatos de Ca-Mg-K, formados por
evaporação de águas salinas em ambientes restritos, com
pouca profundidade e sob climas secos. Os depósitos de
gipsita apresentam, anidrita, argilas, quartzo, carbonatos de
cálcio e magnésio, cloretos e outros sulfatos.
Mineração de Gipsita
O clima característico da região é o semi-árido tipo
estepe, com chuvas de verão segundo a classificação de
Salomão Serebrenick. As temperaturas médias anuais
variam de 25 a 35 graus Celsius. A temperatura máxima
em média alcança 34,5˚C, sendo facilmente superado
esse valor nos meses de outubro e novembro.
A falta de chuva que é a principal característica no
sertão contribui de maneira favorável a extração da
gipsita no polo gesseiro do Araripe, uma vez que os
equipamentos se movem com uma maior eficiência em
solo seco.
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Mineralogia
A gipsita, ou sulfato de cálcio é o sulfato mais comum na crosta
terrestre, cuja composição química corresponde a fórmula Ca(SO4)
2H2O apresenta-se na coloração variando de branca a translucida.
A cristalização da gipsita é monoclínica da classe pristmática e pode
se apresentar sob formas variadas:
• Espato Acetinado: variedade com aspecto fibroso e brilho
sedoso;
• Alabastro: variedade maciça, microgranular e transparente,
usada em esculturas;
• Selenita: cristais com clivagens largas, incolores e transparentes.
A cristalização apresentada pela gipsita tem grande influência no
processo da queima para a fabricação do gesso, pois o alabastro
apesar de apresentar grande pureza, devido a sua cristalografia,
não desidrata homogeneamente, inviabilizando assim sua
utilização na produção de gesso.
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Mineralogia
A composição química teórica da gipsita é apresentada na
Tabela a seguir:

Composto Composição (%)

Cao 32,5

SO3 46,6

H2O 20,9
Mineração de Gipsita
A Tabela mostra as principais características físicas
do mineral.
PROPRIEDADES FÍSICAS CARACTERÍSTICAS
Incolor, branco a cinza,
Cor amarelo, vermelho,
castanho
Brilho Vítreo, nacarado e sedoso
Dureza (Escala de Mohs) 1,5 – 3
Densidade 2,32
Fibroso, prismático,
Hábito
lamelar a tabular, maciço.
Clivagem Em quatro direções
Varia de acordo com as
Morfologia e tamanho dos
condições ambientais de
cristais
formação
Mineração de Gipsita
A composição química média das reservas de gipsita pode
ser vista na tabela abaixo:

Determinações Cocadinha Pedra Rapadura Alabastro Pedra Composição


branca ruim química média
para a reserva
Umidade(60C) 0,07 0,05 0,06 0,05 0,16 0,08
Água combinada (225C) 20,02 19,75 19,82 20,05 18,64 19,58
Perda ao fogo(1000C) 0,92 1,08 1,74 1,29 2,66 1,62
Resíduos Insolúveis 0,13 0,25 0,20 0,47 0,38 0,28
Sílica (SiO2) 0,19 0,27 0,08 0,13 0,83 0,32
Ferro e Alumínio (R2O3) 0,19 0,22 0,20 0,17 0,18 0,20
Cálcio (CaO) 32,70 32,54 32,24 32,30 32,52 32,43
Magnésio (MgO) 0,06 0,33 0,08 0,01 0,81 0,31
Sulfatos (SO3) 46,00 45,70 44,91 45,88 43,60 45,04
Cloretos (NaCl) - - - - - 0,15
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Mineralogia
A cristalização da gipsita faz com que ela apresente
diferentes aparências e devido a esse fato, no polo gesseiro
do Araripe, a gipsita recebe nomes populares para facilitar a
seleção do material após ser britado secundariamente, uma
vez que, dependendo do tipo, a gipsita segue para diferentes
destinos.
Os nomes populares dados as diferentes formas de
cristalização da gipsita são: Boró, Cocadinha, Rapadura,
Estrelinha, Johnson e minério do piso que são apresentados
nas figuras a seguir. O modo de ocorrência destas variedades
de gipsita nos bancos de minério geralmente ocorre na
sequência citada acima, topo até a base da bancada.
Mineração de Gipsita

Boró

Boró
O Boró é um material de baixa qualidade, onde a gipsita se
encontra misturada com alto teor de argila. Normalmente é
usada como matéria prima na fabricação de cimento
Portland, incorporado ao clinquer, para corretivo de solos,
para o gesso agrícola ou é descartado pelos produtores.
Mineração de Gipsita
Os tipos Cocadinha, Rapadura e Estrelinha são utilizados para
o processo de calcinação do gesso tipo Beta (gesso de
fundição, gesso de revestimento e gessos aditivados: gesso
projetado e o gesso cola). Este processo de calcinação é
realizado mediante a calcinação controlada da gipsita bruta
em diversos tipos de fornos.
Mineração de Gipsita

Estrelinha Minério de piso


Devido a grande abundância de material na região, os produtores e
consumidores classificam como material de boa qualidade a
espécie que produz um material final mais alvo e dentro das
diversas formas que a gipsita se encontra, o minério de piso é o
que apresenta produto mais escuro, sendo assim considerado um
material de baixo valor de mercado e quase que em toda sua
totalidade é usado para gesso de fundição.
Mineração de Gipsita

Johnson, também conhecida como pedra branca é a


variedade mais pura e de maior dureza. Normalmente é
utilizado para se fazer gesso tipo Alfa (gesso ortodôntico e
gesso ortopédico). Ele apresenta o maior valor agregado
entre todas as variações que a gipsita apresenta na natureza.
Mineração de Gipsita

Na indústria, além de produção de gesso e cimento, a


gipsita é utilizada como matéria em diversos processos
como carga de papel, na fabricação de tintas, disco,
pólvora, botões de fósforos, no acabamento de tecidos de
algodão e como distribuidor e carga de inseticidas.
Pode também ser adicionada à água na fabricação da
cerveja para aumentar sua dureza
Mineração de Gipsita

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