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Temas de Teologia Sistemática II

Dr. Hermisten Maia Pereira da Costa


O Arrependimento

• O arrependimento que marca o início da vida


cristã, a caracterizará para sempre.
• Ele é fundamental à nossa salvação.
• É parte essencial da mensagem do Evangelho
(Mt 3.2; 4.17; Mc 1.14-15; Lc 24.46-47; At
20.21; 26.18-20; Ap 3.19).
• Todos são notificados desta necessidade.
• Diz Paulo aos atenienses:
O Arrependimento

• Ora, não levou Deus em conta os tempos da


ignorância; agora, porém, notifica aos homens
que todos, em toda parte, se arrependam
(metanoe/w)” (At 17.30).
• O pregador do Evangelho tem a responsabilidade
de conclamar seus ouvintes ao arrependimento
(1Co 9.22; 2Co 5.20).
• No entanto, isso não é suficiente.
• O arrependimento só é possível por Deus.
O Arrependimento

• Ele consiste em uma mudança de mente,


ocasionando um sentimento de “tristeza piedosa”
(SPROUL, 2014, p. 43) pelos nossos pecados,
que se caracteriza de forma concreta em seu
abandono, refletindo isso na adoção de novos
valores, ideias, objetivos e práticas.
O Arrependimento

• O arrependimento, insisto, não é apenas


uma questão intelectual, antes envolve uma
revisão, reorganização e redirecionamento
de nossa vida a partir de nosso novo
nascimento espiritual operado pelo Espírito.
O Arrependimento

• O arrependimento marca o início da vida cristã e,


também, caracteriza a sua totalidade.
• A primeira evidência de nosso arrependimento é
uma nova visão a respeito de Deus e de seu
caráter.
• Pelo arrependimento, podemos constatar, com
vergonha e tristeza, que a essência de todo
pecado é que ele é contra Deus.
O Arrependimento

• Ainda que nossos atos pecaminosos sejam


justificados cultural e socialmente, se não forem
condizentes com a Palavra, serão atos maus
diante de Deus.
• Daí Davi, no alto de seu prestígio e poder,
arrependido, teve que confessar a Deus o seu
pecado que culminou em adultério com Bate-
Seba e a morte de Urias (2Sm 11):
O Arrependimento

• “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é


mal ([r;)(ra`) perante os teus olhos, de maneira
que serás tido por justo no teu falar e puro no teu
julgar” (Sl 51.4).
• O terrível é que muitas vezes usamos dos
recursos que Deus nos dá justamente para
ofendê-lo, blasfemando o seu nome:
• “Adestrei e fortaleci os seus braços; no entanto,
maquinam ([r;)(ra`) contra mim” (Os 7.15).
O Arrependimento

• Uma vez que Deus não é indiferente ao pecado,


ao povo rebelde, ordena: “Lavai-vos, purificai-
vos, tirai a maldade ([;ro) (roa`) de vossos atos
de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal
([[;r') (ra`a`)” (Is 1.16).
• Outro aspecto que quero destacar é que a
consciência da gravidade do pecado aumenta se
considerarmos corretamente a santidade absoluta
de Deus, o ofendido.
O Arrependimento
• A partir desta relação restabelecida com Deus é
que começamos a enxergar a realidade –
incluindo a nós mesmos em nossa
pecaminosidade – de forma diferente.
• Isto fará mudar a nossa forma de pensar e agir.
• No arrependimento não há mérito nem
arrogância, antes, vergonha e, em um segundo
momento, atitude de gratidão a Deus por nos ter
aceito, que se manifesta em frutos de obediência.
O Arrependimento

• Esta tristeza (remorso) pelo pecado faz parte do


arrependimento, contudo, ela sozinha é
insuficiente.
• Insisto: O arrependimento sincero é uma
“concessão”; um presente de Deus:
• “.... Porque a tristeza segundo Deus produz
arrependimento (meta/noia) para a salvação....”
(2Co 7.10/2Tm 2.25).
O Arrependimento

• “....a bondade de Deus é que te conduz ao


arrependimento (meta/noia)” (Rm 2.4/At 11.18;
Hb 12.17).
• A fé e o arrependimento são frutos da graça.
• O conceito de arrependimento, envolvendo uma
mudança radical na vida do homem é um
conceito cristão sem paralelo na literatura grega.
• O arrependimento bíblico consiste em voltar-se
total e integralmente para Deus.
O Arrependimento

• Envolve uma atitude de abandono do pecado e


uma prática da Palavra de Deus.
• Esta prática consiste nos “frutos do
arrependimento”.
• Paulo, testemunhando diante do rei Agripa a
respeito do seu ministério, diz:
O Arrependimento

• “19Pelo que ó rei Agripa, não fui desobediente à


visão celestial, 20mas anunciei primeiramente aos
de Damasco e em Jerusalém, por toda a região
da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e
se convertessem a Deus praticando obras dignas
de arrependimento (meta/noia)” (At 26.19,20.
Vejam-se também: At 20.21/Lc 3.8).
O Arrependimento

• “.... Julgo que aquele que aprendeu a ficar


profundamente insatisfeito consigo mesmo
aprendeu muito de proveito, não para
permanecer estacionado neste lamaçal, sem dar
um passo além; antes, pelo contrário, de modo
que se apresse para Deus e por ele suspire; para
que, enxertado na morte e na vida de Cristo, se
aplique ao perpétuo arrependimento....”
(CALVINO, 1985-1989, III.3.20).
O Arrependimento

• O arrependimento e a fé são passos iniciais,


inseparáveis e complementares da vida cristã
como resposta ao chamado divino.
• No entanto, ambos devem acompanhar a nossa
vida.
• Devemos continuar crendo em Deus em todas as
circunstâncias e cultivar, pelo Espírito, uma
atitude de arrependimento pelas nossas falhas.
O Arrependimento

• “O espírito quebrantado e o coração contrito são


as marcas permanentes da alma crente”
(MURRAY, 1993, p. 130).
• Isto indica o fato de que somos pecadores e,
ainda que não mais dominados pelo pecado,
continuamos mantendo esta luta em nosso
coração.
O Arrependimento

• As nossas quedas seguidas de um


arrependimento sincero, nos envergonha porque
percebemos o quão distante estamos do alvo
proposto por Deus para nós.
• O arrependimento pleno é um ideal da vida cristã
que jamais será concretizado neste estado de
existência.
O Arrependimento

• Olyott escreve sobre isso com a sua costumeira


sensibilidade:
• “Arrependimento é ter vergonha de quem você é.
Você faz o que você faz porque você é quem
você é. E o que você é, é o que Deus diz que
você é: um pecador! O evangelho é que Cristo
Jesus veio ao mundo para salvar pecadores! E
sem esse sentido claro de pecado, você não pode
ser salvo” (2012, p. 58).
O Arrependimento
• Temos uma boa síntese do significado bíblico de
arrependimento no Catecismo Menor de
Westminster.
• Em resposta à pergunta 87: “O que é
arrependimento para a vida?”, responde:
O Arrependimento

• “Arrependimento para a vida é uma graça


salvadora, pela qual o pecador, tendo uma
verdadeira consciência de seu pecado, e
percepção da misericórdia de Deus em Cristo, se
enche de tristeza e de aversão pelos seus
pecados, os abandona e volta para Deus,
inteiramente resolvido a prestar-lhe obediência”
(At 11.18; At 2.37; Jl 2.13; 2Co 7.11; Jr
31.18,19; At 26.18; Sl 119.59).(1991, p. 87).
O Arrependimento

• O famoso pregador londrino, D.M. Lloyd-Jones


(1899-1981), na sua juventude tinha como pastor
um homem que, conforme nos conta o seu
principal biógrafo, Iain Murray, enchia os seus
sermões “com muitas anedotas e ilustrações.
Sensação e emoção eram o que ele visava
alcançar”. Mais tarde, Lloyd-Jones rememorando
este período, testificou com certa tristeza:
O Arrependimento

• “O que eu precisava era de pregação que me


convencesse de pecado e me fizesse enxergar a
minha necessidade, que me levasse ao
arrependimento e me dissesse algo sobre
regeneração. Mas eu nunca ouvi isso. A pregação
que tínhamos era sempre baseada na suposição
de que todos nós éramos cristãos, que não
estaríamos ali na congregação a não ser que
fôssemos cristãos” (Apud MURRAY, 2014, p.
56).
O Arrependimento

• Lloyd-Jones está correto.


• O arrependimento é o início da vida cristã e nos
acompanhará para sempre neste estágio de vida,
no qual mudamos de rumo, entristecidos com o
nosso pecado e, alegres em podermos seguir a
Cristo.
• E esta restauração, na verdade, não se consuma
em um momento, ou em um dia, ou em um ano.
O Arrependimento

• “Arrependimento, como descrito na Bíblia, é um


ideal alto, temos que tentar revelá-lo
continuamente, mas jamais o faremos
completamente nesta vida. (...) Arrependimento
é, na verdade, necessário para a salvação, mas
não precisa ser um arrependimento perfeito. Se
isso fosse necessário, quem seria salvo?”
(HOEKEMA, 1997, p. 137-138).
O Arrependimento

• O conforto é que Deus em Cristo nos perdoará


sempre que o fizermos com sinceridade.
• Pela graça somos salvos, somente pela soberana
graça!
Fé salvífica

• “Enquanto o Senhor não os abrir, os olhos de


nosso coração são cegos” (CALVINO, 1998, p.
41).
• A fé é a boa obra do Espírito Santo em nós (Jo
6.29).
• Esta fé pressupõe a nossa condição de pecadores,
necessitados de salvação, e, também, a livre
graça de Deus.

Fé salvífica

• A fé é a nossa declaração de que Deus efetuou de


forma poderosa e eficaz o nosso novo
nascimento. Passamos a ter vida.
• A fé é, portanto, o nosso primeiro ato após a
nossa ressurreição espiritual.
• “A fé salvadora, desde o início, dirige os olhos
de nossa mente e de nosso coração para longe de
nós mesmos e na direção da graça de Deus em
Cristo” (BAVINCK, 2012, v. 4, p. 223).
Fé salvífica
• Assim sendo, denominamos de fé salvífica
aquele dom da graça de Deus, por meio do qual
somos habilitados a receber a Jesus Cristo como
nosso único e suficiente Salvador e, a crer em
todas as promessas do Deus Triúno, conforme
estão registradas nas Escrituras.
• A genuína fé, identificada como salvadora, não é
uma crença qualquer, cujo teor seja indefinido,
tendo como virtude apenas o fato de poder crer,
uma espécie de fé na fé.
Fé salvífica

• Ao contrário disso, tem como conteúdo, a Jesus


Cristo como Senhor e Salvador.
• Fé é o abandono de toda confiança em obra
produzida por nós mesmos como fundamento de
nossa justificação e salvação.
• Ela também está convencida intelectualmente de
sua veracidade e incontestabilidade (Hb 11.1).
Fé salvífica

• Além deste elemento intelectual, consiste em


uma rendição incondicional ao seu Senhor, em
quem descansa de forma amorosa e confiante.
• A fé que não parte de um conhecimento
verdadeiro e, por isso mesmo, não é vivencial,
não é a verdadeira fé bíblica.
• A fé é persuadida pelo conhecimento que a
possibilitou crer.
Fé salvífica

• Quando Paulo e Barnabé chegam à igreja de


Antioquia, fazem um relato sumário de seu
trabalho.
• Eles desejam compartilhar com todos.
• Registra Lucas:
• “Ali chegados, reunida a igreja, relataram
quantas coisas fizera Deus com eles e como
abrira aos gentios a porta da fé” (At 14.27).
Fé salvífica

• Enfatizam o poder soberano e operante de Deus


em seu ministério e, como Deus operou
eficazmente chamando os seus pela fé.
• É por meio da Palavra que Deus nos gerou
espiritualmente, tornando-nos seus filhos.
• Deus providencia os meios para que os seus
eleitos ouçam o Evangelho e, ao mesmo tempo,
os chama poderosamente, aplicando a Palavra
aos seus corações.
Fé salvífica

• A fé é a causa instrumental de nossa salvação.


• Todavia, a causa essencial é a nossa eleição.
• A fé e o arrependimento são resultados da
eleição.
• Usando uma expressão de Calvino, podemos
dizer que a “eleição é mãe da fé”.
Fé salvífica

• A fé não é precondição da eleição, no entanto, ela


evidencia e confirma como um selo a nossa
eleição.
• A fé não tem nada de meritória.
• Ela nada tem a ver com a nossa perspicácia ou
intuição, antes acentua a graça de Deus.
Fé salvífica

• Desse modo, percebemos como Deus em sua


misericórdia em tudo se antecipou a nós; a fé é dos
eleitos de Deus (Tt 1.1).
• Aquele que crê é um eleito de Deus.
• No entanto, devemos enfatizar que esta relação não
é mecânica: eleição e fé.
• Os eleitos “não são eleitos porque creram, mas são
eleitos para que cheguem a crer” (AGOSTINHO,
1999, p. 194).
Fé salvífica

• A Palavra nos ensina que, fomos eleitos para que


tivéssemos fé, e esta fé é gerada e sedimentada
em nossos corações pelo Espírito por meio do
conhecimento de Cristo.
• “A fé salvadora é um salto à luz porque se baseia
no conhecimento do Senhor Jesus Cristo”
(KUIPER, 1985, p. 230).
• O conhecimento de Cristo deve ser a nossa
vocação incondicional.
Fé salvífica

• “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o


único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem
enviaste” (Jo 17.3).
• Paulo considerou todas as outras coisas como
perda, diante da realidade sublime do
conhecimento de Cristo.
• Conhecer a Cristo era a sua prioridade.
• Ele declara:
Fé salvífica

• “Sim, deveras considero tudo como perda, por


causa da sublimidade do conhecimento de Cristo
Jesus meu Senhor: por amor do qual, perdi todas
as cousas e as considero como refugo, para
ganhar a Cristo” (Fp 3.8).
• Deus não nos elegeu na eternidade porque um dia
teríamos fé, mas, sim, para que tivéssemos fé:
sem a graça de Deus não haveria fé.
Fé salvífica

• A fé não tem méritos salvadores. Ela é apenas o


instrumento gracioso de Deus para a apropriação
da salvação preparada pelo Trino Deus para o seu
povo escolhido (Lc 8.12; At 16.31; 1Co 1.21; Ef
2.8; 2Ts 2.13).
• Deus é quem abre o nosso coração e mente para
que possamos entender salvadoramente a
mensagem do Evangelho.
• Ilustremos isso com alguns episódios narrados
por Lucas.
Fé salvífica

• Após a ressurreição de Cristo os discípulos


ainda não entendiam adequadamente as
Escrituras em relação ao Messias, Jesus
Cristo.
• Com dois deles, no caminho de Emaús, o
Senhor abriu-lhes os olhos para que a
compreendessem e cressem por meio da
exposição das Escrituras.
• Foi esta a percepção deles.
Fé salvífica

• Agora, com os demais discípulos, Jesus mostra


como as Escrituras se cumpriram em seu
ministério, vida, morte e ressurreição.
• Lucas resume:
• “Então, lhes abriu (dianoi/gw) o entendimento
(nou=j) para compreenderem (Suni/hmi) as
Escrituras” (Lc 24.45).
Fé salvífica
• “E aconteceu que, quando estavam à mesa,
tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o
partido, lhes deu; então, se lhes abriram
(dianoi/gw) os olhos, e o reconheceram; mas
ele desapareceu da presença deles. E
disseram um ao outro: Porventura, não nos
ardia o coração, quando ele, pelo caminho,
nos falava, quando nos expunha (dianoi/gw)
as Escrituras?”(Lc 24.30-32).
Fé salvífica
 De passagem, podemos observar que o caminho
para atingir a mente e o coração das pessoas é a
exposição da Palavra.
 O Espírito que opera por meio dela não força as
evidências, nem nos obriga a diminuir a nossa
capacidade de pensar, antes, nos faz enxergar e
crer nas evidências que estão ali diante de nós
tão eloquentemente (At 3.16; 16.14; 18.27; Rm
4.16; 1Co 3.5; Fp 1.29).
Fé salvífica
• A fé salvadora exige conhecimento da Palavra
de Deus.
• A fé é uma relação de confiança.
• Como acreditar em alguém que não
conhecemos?
• A fé consiste no conhecimento do Pai e do Filho
pelo testemunho do Espírito (Jo 17.3/Jo 15.26;
16.13-14).
• É impossível crer e nos relacionar pessoalmente
com um Deus desconhecido.
Fé salvífica
• A fé, portanto, não é apenas um saber, mas,
também, um relacionar-se com Deus.
• Somente quando conhecemos a Deus poderemos
amá-lo: nos relacionando pessoalmente com ele,
experimentando existencialmente deste
privilégio, conhecendo as suas promessas,
levando a sério a sua Palavra, tendo o
discernimento claro de sua majestade e
integridade.
Fé salvífica
 Deste modo, o que importa não é o que
pensamos, mas, sim, o que Deus prometeu:
 Deus sempre cumpre a sua promessa, não
necessariamente as nossas expectativas.
 Deus não tem compromisso com a nossa fé,
mas, sim, com a sua Palavra e,
consequentemente, com a fé que brota da
Palavra.
Fé salvífica
• Todavia, é importante ressaltar que não
conhecemos tudo a respeito de Deus e da sua
Palavra, mas devemos ter por certo, que o limite
da fé está circunscrito pelos parâmetros das
Escrituras (Dt 29.29).
 Ou seja: não podemos crer além do que Deus
nos revelou na Bíblia.
• Fazer isto, não é ter fé, mas, sim, especular sobre
os mistérios de Deus.
Fé salvífica
• Todavia, é importante ressaltar que não
conhecemos tudo a respeito de Deus e da sua
Palavra, mas devemos ter por certo, que o limite
da fé está circunscrito pelos parâmetros das
Escrituras (Dt 29.29).
• Ou seja: não podemos crer além do que Deus nos
revelou na Bíblia.
• Fazer isto, não é ter fé, mas, sim, especular sobre
os mistérios de Deus.
Fé salvífica
• Os discípulos no caminho de Emaús revelaram
ao Senhor a sua frustração justamente porque
eles se iludiram com as suas próprias
expectativas, não com as promessas de Jesus.
• Daí dizerem de forma patética:
• “Ora, nós esperávamos que fosse ele quem
havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo
isto, é já este o terceiro dia desde que tais cousas
sucederam” (Lc 24.21).
Fé salvífica
• Jesus Cristo jamais havia lhes prometido isso,
pelo contrário, o caminho descrito por Cristo
envolvia o sofrimento, a morte e a ressurreição
(Mt 16.21).
• Se a Palavra for o fundamento de nossa
esperança, podemos descansar confiantes: Deus
cumpre a sua Palavra!
• Deus sempre age de modo consistente com a sua
natureza. Ele não se desvia do que é.
Fé salvífica
• Por isso, devemos estar atentos à Palavra de
Deus, para entendê-la e praticá-la (Js 1.8; Sl
119.97; Fp 3.15-16; Tg 1.22-25).
• O que é trágico, é que a razão estigmatizada pelo
pecado, que se mostra tão eficaz nas coisas
naturais, perde-se diante do mistério de Deus
revelado em Cristo e, também diante da
Revelação Geral na natureza.
• Somente pela graça, mediante a fé, podemos
entender a revelação de Deus.
Fé salvífica

• A graça, portanto, antecede à fé e ao


conhecimento.
• “Se Deus não se antecipasse aos homens com
sua graça, todos eles pereceriam totalmente”
(CALVINO, 1999, v. 1, p. 548).
• A fé consiste na convicção de que a salvação
está além de nossos recursos.
• No caso da fé salvadora, significa que
depositamos nossa fé em Deus por intermédio de
Cristo.
Fé salvífica

• Biblicamente falando, a fé salvífica é uma fé


Teológica e, esta, é Cristocêntrica.
• A Teocentricidade da fé é Cristocêntrica.
• Crer no Pai é o mesmo que crer no Filho (Jo
5.24; 12.44; 14.1; Mc 11.22; At 20.21; Rm
3.22, 26; 4.24; Gl 2.20; 1Pe 1.21; 1Jo 3.23).
• Sem Jesus Cristo o Pai continua inacessível
a nós (Lc 10.22; Jo 8.12; 14.6; 1Tm 2.5; 6.16).
Fé salvífica

• Uma fé supostamente depositada no “Pai” sem a


aceitação do Filho como Senhor e Salvador, não
é a genuína fé bíblica: É impossível ter a Deus
como Pai sem o Filho como irmão primogênito
(Rm 8.29).
• O fundamento da fé é o Deus fiel: aquele que a
gerou e a sustenta (1Co 2.4,5; Hb 11.11; 1Pe
1.21).
Fé salvífica
• A nossa fé encontra o seu amparo na veracidade
e fidelidade de Deus.
• A fidelidade de Deus se revela nas suas
promessas, como expressão de sua fidelidade a si
mesmo.
• Deste modo, podemos dizer que "a fé verdadeira
é aquela que ouve a Palavra de Deus e descansa
em sua promessa” (CALVINO, 1997, p. 318).
Fé salvífica
• Sem a graça de Deus jamais creríamos na
mensagem do Evangelho, jamais poderíamos
entendê-la de forma salvadora, portanto, de
modo algum seríamos salvos.
• Assim sendo, não é demais enfatizar: não há
mérito na fé.
• Por sua vez, esta Palavra uma vez ouvida e
entendida, produz frutos em seus receptores.
• Paulo dá graças a Deus pela vida dos colossenses
a esse respeito:
Fé salvífica

• “3Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso


Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós,
4
desde que ouvimos (a)kou/w) da vossa fé em
Cristo Jesus e do amor que tendes para com
todos os santos; 5por causa da esperança que vos
está preservada nos céus, da qual antes ouvistes
(proakou/w) pela palavra da verdade do
evangelho, 6 que chegou até vós; como também,
em todo o mundo, está produzindo fruto e
crescendo, tal
Fé salvífica

• acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes


(a)kou/w) e entendestes (e)piginw/skw =
conhecer acuradamente) a graça de Deus na
verdade” (Cl 1.3-6).
Fé salvífica
• A fé é um compromisso com Deus em resposta
ao seu compromisso conosco manifestado de
forma cabal na cruz.
• Consequentemente a fé tem também
compromissos existenciais irrevogáveis.
• A nossa cosmovisão consciente deve estar
comprometida com a busca de coerência
perceptiva e existencial.
• Isso nós chamamos de integridade, o não
esfacelamento condescendente e excludente
daquilo que cremos, falamos e fazemos.
Fé salvífica
• Ainda que não haja a ideia de orgulho meritório
na fé, ela é responsável pelo nosso agir e pensar.
• “A fé não concerne a um setor particular da vida
denominado religioso, ela se aplica à existência
em sua totalidade” (BARTH, 2006, p. 24).
Fé salvífica
• Contudo, a genuína fé não pode ser
autorreferente.
• Ela não pode se contentar em uma suposta
relação mística com Deus e uma ética construída
a partir de suas preferências e gosto pessoal.
• A verdadeira fé parte da Palavra e para lá se
direciona.
Referências

• AGOSTINHO, S. A Graça (II). São Paulo:


Paulus, 1999.
• BARTH, K. Esboço de uma Dogmática. São
Paulo: Fonte Editorial, 2006.
• BAVINCK, Herman. Dogmática Reformada.
São Paulo: Cultura Cristã, 2012, 4v.
• BOOTH, A. Somente pela Graça. São Paulo:
Publicações Evangélicas Selecionadas, 1986.
Referências

• CALVINO, J. As Institutas ou tratado da


Religião Cristã. Campinas, SP.; São Paulo: Luz
para o Caminho; Casa Editora Presbiteriana,
1985-1989, 4v.
• CALVINO, J. Efésios. São Paulo: Paracletos,
1998.
• CALVINO, J. Exposição de Hebreus. São
Paulo: Paracletos, 1997.
Referências

• CALVINO, João. O Livro dos Salmos. São


Paulo: Paracletos, 1999, v. 1.
• Catecismo Menor de Westminster. In: A
Confissão de Fé, O Catecismo Maior e o Breve
Catecismo. São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, 1991, (Edição Especial).
• HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São
Paulo: Editora Hagnos, 2001.
• HOEKEMA, Anthony A. Salvos Pela Graça.
São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997.
Referências

• KUIPER, R.B. El Cuerpo Glorioso de Cristo.


Michigan: Subcomision Literatura Cristiana de la
Iglesia Cristiana Reformada, 1985.
• LLOYD-JONES, D.M. Deus o Espírito Santo.
São Paulo: Publicações Evangélicas
Selecionadas, 1998.
• LLOYD-JONES, D.M. Estudos no Sermão do
Monte São Paulo: Editora Fiel, 1984.
Referências

• MURRAY, Iain H. A Vida de Martyn Lloyd-


Jones 1899-1981: Uma biografia. São Paulo:
Publicações Evangélicas Selecionadas, 2014.
• MURRAY, John. Redenção: Consumada e
Aplicada. São Paulo: Editora Cultura Cristã,
1993.
• OLYOTT, Stuart. Jonas – O Missionário bem
sucedido que fracassou. São José dos Campos,
SP.: Fiel, 2012.
Referências

• SCHAEFFER, Francis A. O Deus Que


Intervém. São Paulo: Refúgio; ABU, 1981.
• SPROUL, R.C. O que é arrependimento? São
José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2014.
• STOTT, John R.W. A Mensagem do Sermão do
Monte. 3. ed. São Paulo: ABU., 1985.
Referências

• SCHAEFFER, Francis A. O Deus Que


Intervém. São Paulo: Refúgio; ABU, 1981.
• SPROUL, R.C. O que é arrependimento? São
José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2014.
• STOTT, John R.W. A Mensagem do Sermão do
Monte. 3. ed. São Paulo: ABU., 1985.

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