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CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL PROVOCADA

PELO DESCARTE NÃO-CONTROLADO DE


LÂMPADAS DE MERCÚRIO NO BRASIL

Cláudio Raposo
raposoc@urano.cdtn.br

Palestra apresentada ao CONAMA


SET/2001
OBJETIVO PRIMÁRIO

Examinar a questão que envolve a


contaminação ambiental
provocada pelo descarte de
resíduos de lâmpadas.
FOCO DO PROBLEMA
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL

LÂMPADAS DE MERCÚRIO

Manejo inadequado
• Liberação do Hg (acumulação em solo e água);
• Organificação/Metilação do Hg (bactérias);
• Absorção e ligação a proteínas da biota aquática;
• Contaminação de ecossistemas e do Homem.
ALCANCE DO OBJETIVO

ETAPAS DE TRABALHO

1 Estudo sobre as práticas de descarte

2 Caracterização e classificação dos resíduos

3 Pesquisa de patentes sobre tecnologias

4 Análise qualitativa das espécies de Hg

5 Encaminhamento de Propostas (CONAMA e


ABNT)
1. ESTUDO PROSPECTIVO
ESTUDO PROSPECTIVO

Estudo Exploratório Pesquisa de Survey


Produção brasileira de lâmpadas Apoio e cooperação de entidades
Estimativa de descarte Carta-questionário
Principais pólos de descarte Plano amostral

Análise dos Resultados


Avaliação das respostas
Tratamento dos dados obtidos Projeções
para outras regiões/setores
ESTUDO PROSPECTIVO – Etapa
exploratória Produção: 48,5 milhões/ano
LF
15% (1998)
19% HID
80,0 milhões/ano
66% LF Compactas
(2000)
Produção brasileira de
lâmpadas de mercúrio (1998)
Hg: 20,6 mg/lâmpada (1998)
13,7 mg/lâmpada (2000)
Descarte per capta
I/C/P
0,3 - 0,57%(BR) 2,9 (EUA)
11% R
Demais Consumos
Canais de consumo
82%
Canais de distribuição de uso de
lâmpadas fluorescentes nos EUA
ESTUDO PROSPECTIVO - Pesquisa de
survey
PESQUISA QUANTITATIVA
(amostragem não-probabilística, com propósito definido
e sem intervenção do entrevistador)

Objetivos:

⇒ obtenção de parâmetros;

⇒ práticas gerenciais.
PESQUISA DE SURVEY
Apoio e cooperação
Fiemg Carta-questionário
Parte introdutória
FCEMG
AHMG 3 Questões básicas

AMM

Plano Amostral Avaliação dos dados Tratamento de dados


(Banco de dados)
Setor industrial 514 Respostas 341
Setor Comercial 247 Práticas de descartes
Setor Hospitalar 234
Setor Público Não-respostas 774
(a) diretamente no lixo
– Prefeituras 70
(b) reciclagem
– Órgãos 50 Taxa de retorno 31%
(c) outra modalidade
TOTAL 1.115
MODALIDADES DE DESCARTE

DIRETAMENTE NO LIXO OUTRA MODALIDADE

As lâmpadas geralmente são Existe um certo manejo, mas o


quebradas antes mesmo da gerenciamento é inadequado
sua destinação final. e/ou inapropriado.
Agressão ao Meio Agressão ao Meio
Ambiente Ambiente

RECICLAGEM

Empresas preocupadas com SGR


e SGA-ISO 14.000
Preservação do Meio
Ambiente
PRÁTICAS DE DESCARTE
ENQUADRADAS EM OUTRA
MODALIDADE
“Em aterro particular; em fossas antigas e
desativadas; destruídas e enterradas em buracos;
incineradas em hospitais; descartadas em depósitos
de rejeitos de empresas siderúrgicas e mineradoras;
dispostas em pátios juntamente com sucatas;
descartadas em pilhas de matéria-prima de
empresas do setor cimenteiro; incineradas;
queimadas em lixões nas próprias empresas e
cedidas a artesãos.”
RECICLAGEM

Definição
(National Recycling Coalition, 1995)
“A reciclagem refere-se à uma série de atividades pelas quais os
materiais descartados são coletados, selecionados, processados e
convertidos em matérias primas, para serem utilizadas na
produção de novos produtos”.

RECICLAGEM ≠ RECUPERAÇÃO
2.1 - CARACTERIZAÇÃO DOS
RESÍDUOS
MÉTODOS ANALÍTICOS UTILIZADOS
⇒ DIFRAÇÃO DE RAIOS X
determinação de fases cristalinas
⇒ ESPECTROMETRIA DE FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X
varredura de 30 elementos, Z > 12 (Mg) até Z= 92 (urânio)
⇒ ESPECTROMETRIA DE ENERGIA DE RAIOS X - KEVEX
varredura de elementos Z > 22 (Ti)
⇒ Ko-ATIVAÇÃO NEUTRÔNICA PARAMÉTRICA
Hg e 124Sb
203

⇒ CV-AAS e AAS
Cd, Hg e Pb
⇒ ICP (Análise elementar do pó de fósforo)
⇒ Gravimetria (SiO2)
⇒ Colorimetria (P2O5)
⇒ Potenciometria (F- , Cl- )
⇒ Cyclosizer (granulometria) e Sympatec (granulometria por difração a laser)
⇒ Picnômetro (determinação de densidade)
Componentes principais de uma lâmpada
Peso médio de uma lâmpada LF/40 W : 275 g

Peso médio de uma lâmpada VM/400 W: 250 g

⇒ Vidro (vidro soda e vidro sílica);


⇒ Pó de fósforo (clorofluorapatita e fosfato de ítrio vanadato);

⇒Metais pesados (Cd, Hg e Pb);


⇒ Base (latão e alumínio);
⇒ Gases de enchimento (Ne, Ar, Kr e Xe);
⇒ Cátodos (tungstênio ou de aço inox);
⇒ Poeira emissiva (carbonatos de Ba, Sr e tungstatos de Ca e Ba).
CARACTERIZAÇÃO DOS CONSTITUINTES

TIPO DE LÂMPADA
CONSTITUINTES
Lâmpada Fluorescente HID
Vidro soda Vidro soda (SiO2 71 %; PbO 5%)
Vidro
SiO2 69%; B2O3 16%; Na2O 3,5% Vidro sílica (SiO2 97%)
Ca5(PO4)3F (fluorapatita) YPO4 (xenotima ) Y 34%, P 6%
Pó de fósforo
Ca 38%; P 18%; F 3%; Mn 0,9%; Cl 0,7%; Sb 0,6% YVO4 (wakefeldita) Eu 3%, V 2%
Terminais: liga Al-Mg Bronze ou Ferro níquel
Pinos: Cu-Zn -
Material cimentante: CaCO3 e CaMg(CO3)2 material alumino-silicoso
Miscelânea Filamento: W Cu
Eletrodos: inox (Fe/Cr) W e aço inox
Emissores de elétrons: Ba2CaWO6 e BaCO3 -
Suporte interno: aço inox aço inox
Hg0 Hg0 e amálgama Hg-Na, no pellet
Metais pesados
Cd Pb no bulbo externo
FÓSFOROS
São compostos químicos inorgânicos processados sob a forma de pó.
Absorvem a radiação ultraviloleta (UV-C, 254 nm) e a transformam
em luz visível (380 - 780 nm).

. Willemita - Zn2SiO4:Mn2+

. Clorofluorapatita (halofósforo) - Ca5(PO4)3(Cl,F): Sb3+, Mn2+


banda azul devido ao íon Sb3+ - 254 nm

banda verm. alaranjada devido ao íon Mn2+ - 580 nm

. Trifósforos de TR (fósforos obtidos por síntese)

Emissor vermelho - (Y,Eu)2O3; Emissor azul - (Ba,Eu)MgAl10O17


Emissor verde - (Ce,Tb)MgAl11O19; (La,Ce, Tb)PO4; (Gd,Ce,Tb)(Mg,Zn)B5O10
2.1.1 – MERCÚRIO
OCORRÊNCIA DE Hg

MATRIZ CONCENTRAÇÃO (mg.kg-1)


Crosta terrestre 0,05
Granito 0,08
Basalto 0,012
Arenito 0,29
Solo 0,06
Argila marinha 0,08
Carvão 0,01 – 21
Petróleo 0,01 - 30
Fosforito típico 0,2
Água do mar 0,3 µg.L-1
Água fresca 0,1 µg.L-1
Fonte: OBERHANSLI, R. – 1995 – Mercury Profile, Lecture 14
TRANSPORTE E TRANSFORMAÇÃO do Hg
Ciclo de caráter global - vapor de mercúrio
Ciclo de caráter local - compostos voláteis de dimetilHg

Hg Hg2+ CH3Hg+ ou (CH3)2Hg


O3, luz solar,água (bacterias ou via enzimática)

Metilação do Hg
⇒ via bacterias anaeróbias - metanobactéria smeliansky (metilcobalamina)
⇒ via ação enzimática - em neurospora crassa (metilmercúrio homocisteína)

Hg2+ Hg0 (ação bacteriana - Pseudomonas)


BIOMAGNIFICAÇÃO

Biomagnificação - enriquecimento da concentração


de mercúrio ao longo da cadeia alimentar.

Para dar uma idéia da magnitude a respeito da biomagnificação,


considera-se o seguinte:

– água fresca 10 ppt de Hg


– algas 28 a 34 ppb de Hg
– músculo de peixes 230 a 500 ppb de Hg

Relação 1:50.000
EFEITOS TOXICOLÓGICOS
ESPÉCIE EFEITOS À SAÚDE HUMANA

Bronquite aguda, cefaléia, catarata, tremor,


fraqueza, insuficiência renal crônica, edema
Hg metálico
pulmonar agudo, pneumonia, diminuição da libido e
capacidade intelectual, parestesia (alucinações) e
insegurança;

Cegueira, dermatite esfoliativa, gastroenterite


Sais inorgânicos de Hg aguda, gengivite, nefrite crônica, síndromes
neurológicas e psiquiátricas diversas;

Dano cerebral e físico ao feto, síndromes


MetilHg neurológicas múltiplas com deterioração física e
(efeitos irreversíveis) mental (tremores, disfunções sensoriais,
irritabilidade, perdas da visão, audição e memória,
convulsões e morte).
DESINTOXICAÇÃO PELO MERCÚRIO
Selênio - forma um composto insolúvel com Hg
Metionina de selênio (aminoácido) e
Selenite ou selenato de sódio;

Vitaminas
Vitamina E - aumenta o tempo de coagulação sanguínea;
Vitamina C - antioxidante e ajuda a rearmazenar a vitamina E;
Vitamina B - B1 (tiamina), B3, B6 e B12 (sistema nervoso);
Zn e Mg - antioxidantes, essenciais para o sistema imunológico;

Quelatos (ligam firmemente com o Hg, sendo depois expelidos)


sulfanato de dimercaptopropano (DMPS)
ácido dimercaptosussínico (DMSA)
MERCÚRIO EM LÂMPADAS - EUA

LÂMPADAS FLUORESCENTES

Ano Hg (mg) Ano Hg (mg)


1985 48,2 1995 27,0
1990 41,6 2000 20,0
Fonte: Nema 1994.

LÂMPADAS HID
Vapor
Multivapores Metálicos
Hg Na
16-185 mg 16-31 mg 20-250 mg
Fonte: Truesdale et al. 1993; Nema 1994
Hg EM LÂMPADAS FLUORESCENTES

Lâmpada F40T12 - vida útil de 20.000 horas

⇒ necessita no mínimo de 10 mg de Hg (0,7 µL);


⇒ assegurar que o mecanismo limitador do tempo de vida seja a
depleção da poeira emissiva de elétrons e não o mercúrio;
⇒ variações no processo mecânico requer que o nível de dose média
não seja inferior a 15 mg.

(Nema/Usepa 1998f)
2.2 - CLASSIFICAÇÃO DOS
RESÍDUOS DE LÂMPADAS
METAIS PESADOS

MERCÚRIO CHUMBO
Pó de fósforo e pellet Vidro de lâmpadas HID

CÁDMIO
Pó de fósforo
TESTES DE LIXIVIAÇÃO E
SOLUBILIZAÇÃO

Testes de Lixiviação - Norma ABNT NBR 10.005

Testes de Solubilização - Norma ABNT NBR 10.006


TESTES DE
LIXIVIAÇÃO

TESTES TCLP* EM RESÍDUOS (USA)

lâmpada circular de 32 W, Westinghouse 0,75 mg.L-1

lâmpada tubular de 40 W, Sylvania 0,86 mg.L-1

* Teste semelhante ao Teste de Lixiviação - Norma ABNT NBR 10.005


CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE LF
NORMA ABNT 10.004

Concentração Massa Conteúdo de Hg Classificação


Amostra de Hg no Pó na massa bruta
Pó Massa
Hg total de
Lâmpada do resíduo
(No) (µg.g-1) (g) (mg) (kg) (mg.kg-1)
analisado
2 3 2x3 = 4 5 4:5 = 6
LF40/08 4.850 ±180 6,02 29,20 0,280 104,28 Perigoso
LF40/11 4.000 ±400 6,06 24,24 0,281 86,26 Não-perigoso
LF40/13 8.900 ±900 6,04 53,76 0,278 193,37 Perigoso
LF40/16 13.300 ±1.300 6,02 80,07 0,292 274,20 Perigoso
LF40/18 750 ±80 6,04 4,53 0,293 15,46 Não-perigoso
LF40/21 330 ±30 5,35 1,77 0,255 6,94 Não-perigoso

Limite Regulatório: 100 mg de Hg/massa bruta de resíduo - Anexo I, Listagem no. 9


CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE LVM
NORMA ABNT 10.004

C oncentração de H g
T ipo de C lassificação do resíduo
lâm pada M assa L âm pada M assa bruta N orm a AB N T 10.004
(g) (m g) (m g.kg -1 )
VM -400/P 250 60 240 P erigoso
VM -400/S 250 75 300 P erigoso
F on te: U sep a 1997b

Limite Regulatório
100 mg de Hg/massa bruta de resíduo - Anexo I, Listagem no. 9
CÁDMIO E CHUMBO EM
LÂMPADAS
ANÁLISES PRELIMINARES

CÁDMIO CHUMBO
Pó de fósforo de LF Vidro externo de lâmpadas HID

0,14 e 0,22 % 4,5 e 4,8 %


CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE LVM
PARA O CHUMBO*
Concentração de Pb mv mt mv/mt Ajuste no TL Classificação
Amostra
(mg.L-1) (kg) (kg) (%) (mg.L-1) do resíduo
2 4 5 4 :5 = 2x6=7 analisado
VM 01 11,44 ±0,04 0,178 0,250 71,2 8,12 Perigoso
VM 02 9,76 ±0,01 0,169 0,242 69,8 6,78 Perigoso
VM 03 5,89 ±0,03 0,171 0,244 70,1 4,13 Não-perigoso
VM 04 18,30 ±0,04 0,153 0,240 63,8 11,68 Perigoso
VM 05 25,37 ±0,05 0,164 0,254 64,6 16,39 Perigoso

Limite Regulatório em TL: 5 mg.L-1 - Anexo G, Listagem no. 7

* Persistent Bioaccumulative Toxic (PBT) Chemicals


CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE LF
PARA O CÁDMIO

Classificação do resíduo
Amostra Concentração (mg.L-1) Teste
Norma ABNT NBR 10.004
LF40/05 (0,259 ±
0,003) Lixiviação Resíduo classe II ou III
LF40/06 (0,337 ±
0,001) Lixiviação Resíduo classe II ou III
LF40/22 (0,002 ±
0,001) Solubilização Resíduo classe III - Inerte
LF40/23 (0,003 ±
0,001) Solubilização Resíduo classe III - Inerte

Limite Regulatório em TL (Norma 10.005): 0,5 mg.L-1 - Anexo G, Listagem no. 7

Limite Regulatório em TS (Norma 10.006): 0,005 mg.L-1 - Anexo H, Listagem no. 8


3. PESQUISA DE PATENTES SOBRE
TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE
LÂMPADAS
PESQUISA DE PATENTES

BASE DE DADOS

Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)

US Patent & Trademark Office (USPTO)

European Patent Office (EPO)

World Intelectual Property Organization (WO)

Japanese Patent Office (JP)


PATENTES PARA PROCESSAMENTO DE
RESÍDUOS DE LÂMPADAS DE MERCÚRIO

País de registro Número de patentes Percentagem

EUA (US) 30 73,17


Japão (JP) 06 14,63
Alemanha (DE) 03 7,32
Brasil (BR) 01 2,44
Holanda (NL) 01 2,44
Total 41 100,00
DISTRIBUIÇÃO DE PATENTES

32 patentes (78%)
⇒ 1o Grupo - patentes que descrevem tecnologias para
quebramento, esmagamento, cominuição de lâmpadas,
envolvendo operações unitárias de britagem, moagem,
peneiramento, separação eletrostática, ciclonagem e exaustão.

9 patentes (22%)
⇒ 2o Grupo - patentes que descrevem tecnologias para
recuperação do mercúrio contido em lâmpadas, por processo
térmico (8 patentes) e processo químico (1 patente).
Tecnologias para tratamento de resíduos de
Hg

Best Demonstrated Available Technology (BDAT) - USEPA

1) Reciclagem (tratamento térmico e químico);


Em desuso ou proibidas

2) Solidificação (cimento e ligantes orgânicos);


3) Vitrificação;
4) Adsorção (carvão ativado, esponjas, amido);
5) Troca de íons (resinas de troca iônica);
6) I n c i n e r a ç ã o.
Reciclagem em alguns países (106 lâmpadas)

País Descarte/Produção Reciclagem % Resp.


Alemanha 100,0 50,0 50,0 F
Bélgica 12,0 6,0 50,0 F
Brasil 48,5 1,5 3,1 G
Espanha 35,0 5,0 14,3 G
EUA 802,7 120,4 15,0 G
França 50,0 5,0 10,0 F
Holanda 24,0 20,0 83,3 F
Itália 45,0 5,0 11,1 F
Noruega 6,0 2,0 33,3 F
Reino Unido 50,0 5,0 10,0 F
Suécia 14,0 7,0 50,0 F
Suíça 8,0 7,0 87,5 G
RECICLAGEM - PROCESSO TÉRMICO
Lâmpadas fluorescentes

Mercúrio puro Quebramento


Quebramento

Metais (5%) Vidro (93%)

Separação
Pó de fósforo

Pó de fósforo

Destilação
com Hg

Destilação Pó de fósforo com Hg


(2%)

Ciclo de operações envolvidas nas fases


de esmagamento e tratamento térmico
ETAPAS DA FASE PREPARATÓRIA
1) Implosão e quebra das lâmpadas (dois estágios) em pequenos
fragmentos (10 e 1,5 cm) por trituradores (tambor giratório e rolo);

2) Peneiramento para separação do pó de fósforo dos demais


constituintes; o pó é levado a um filtro por um sistema de exaustão;

3) Ciclonagem para separação de partículas;

4) Separação eletrostática dos constituintes ferro-magnéticos;

5) Coleta de particulados em filtros e posterior retirada utilizando-se


pulsação reversa;

6) Transferência do material particulado para uma unidade de


destilação a fim de recuperar o mercúrio (2o estágio do processo).
RECICLAGEM
Sistema de coleta de lâmpadas fluorescentes

Estação central Transporte até a unidade


de coleta de reciclagem

99% do Hg que entra no


sistema é recuperado
Pó de fósforo com Hg a ser destilado,
aproximadamente 2% do total

Vidro para reciclagem,


Pó de fósforo destilado aproximadamente 93% do total Unidade de processamento
(reutilizado em aterros
(quebra e esmagamento e
sanitários e base de tintas) Materiais magnéticos,
aproximadamente 2% do total separação de subprodutos)
Material não-magnético,
aproximadamente 3% do total
ETAPAS DE RECUPERAÇÃO DO Hg
(Processo térmico)

Aquecimento (600 0C)

*Combustão de partículas orgânicas

Resfriamento (5 0C)
Condensação (Hg metálico)
2

Particulados

Particulados
Hg residual

Hg residual
Gases e
1 particulados

Gases
3 Gases Gases
Particulados 4 5 6 Atmosfera
Particulados

Legenda
Hg líquido
1 - Forno a vácuo (retorta)
Água 8 9 2 - Câmara de combustão
7
3 - Condensador (água fria)
4 - Filtro de manga
5 - Filtro de carvão ativado
Fluxograma do sistema de recuperação de 6 - Bomba de vácuo

mercúrio - MRT (Suécia) 7 - Coletor de mercúrio


8 - Destilador secundário
9 - Reservatório de Hg puro
RECICLAGEM - PROCESSO
QUÍMICO
RECICLAGEM - PROCESSO QUÍMICO

FASES

⇒ Pré-tratamento
Quebra e lavagem das lâmpadas

⇒ Operações
a) peneiramento, b) agitação, c) centrifugação, d) decantação, e) tratamento
químico com Na2S, Na2SO3 ou NaHSO3; o mercúrio é oxidado para formar
HgS (precipitado), um composto sólido insolúvel em água e f) filtragem.
4. ANÁLISE QUALITATIVA DAS
ESPÉCIES DE MERCÚRIO
OBJETIVO
1. Grau de oxidação do Hg em matrizes de pó de fósforo e vidro
2. temperaturas de dessorção de Hg (subsidiar a fase de destilação)

TÉCNICA
Termodessorção/AAS

EQUIPAMENTO
Forno acoplado a um equipamento de AAS - GBC 380
EQUIPAMENTO

chapa metálica
material isolante

bobina Ni-Cr

termopar computador
Inter-
AAS face

N2 termograma

termopar

controlador tiristor
de temperatura
TERMOGRAMAS DE AMOSTRAS
DOPADAS

3,0 3,0
Sample doped with Sample doped with
0
Hg Hg2Cl2
2,5 2,5

2,0

EXTINCTION
2,0
EXTINCTION

1,5 1,5

1,0 1,0

0,5 0,5

0,0 0,0
100 200 300 400 500 100 200 300 400 500
0 o
TEMPERATURE ( C) TEMPERATURE ( C)

3,0
3,0
Sample doped with
Sample doped with HgO
HgCl2 2,5
2,5
EXTINCTION
2,0
EXTINCTION

2,0

1,5
1,5

1,0 1,0

0,5 0,5

0,0 0,0
100 200 300 400 500 100 200 300 400 500
o
TEMPERATURE ( C) 0
TEMPERATURE ( C)
TEMPERATURAS DE DESSORÇÃO DE
AMOSTRAS DOPADAS COM PADRÕES DE
Hg

Hg0 < Hg2Cl2 < HgCl2 < HgO


TA – 180 oC 100 – 250 oC 150 – 340 oC 250 – 500 oC
150 oC 225 oC 275 oC 400 oC
Leptocúrtica Leptocúrtica Platicúrtica Platicúrtica
TERMOGRAMAS - Matriz de pó de
fósforo
3,0
3,0
LF07 1,00
LF12 LF02
2,5
2,5

0,75
2,0

EXTINCTION
2,0

EXTINCTION
EXTINCTION

1,5
1,5 0,50

1,0 1,0

0,25

0,5 0,5

0,0 0,0 0,00


0 100 200 300 400 500 100 200 300 400 500 0 100 200 300 400 500 600
o o o
TEMPERATURE ( C) TEMPERATURE ( C) TEMPERATURE ( C)
3,0 2,0
3,0
LF17 LF06 LF03
2,5 2,5
1,5

2,0 2,0

EXTINCTION
EXTINCTION

EXTINCTION

1,5
1,0
1,5

1,0 1,0
0,5

0,5 0,5

0,0
0,0 0,0
0 100 200 300 400 500 0 100 200 300 400 500 0 100 200 300 400 500
o o
TEMPERATURE ( C) TEMPERATURE ( C)
o TEMPERATURE ( C)
TERMOGRAMA - Matriz de Vidro
Lâmpada fluorescente usada/queimada
3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0
100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
TEMPERATURA ( C)
ESPECIAÇÃO DE Hg
matrizes de pó de fósforo e vidro
Amostra Descrição Concentração Espécie de Hg
(µg.g-1) P S
Pó de fósforo de lâmpada fluorescente usada/queimada
2+
LF02 F40T12/LDP usadas/queimadas
8.900 ±900 Hg
LF03 F40T12/LD/U 3.500 ±400 Hg0 Hg1+; Hg2+
1+
LF05 F40T12/LDE 6.700 ±700 Hg
LF06 F40T12/LDE 13.300 ±1.300 Hg1+ Hg2+
LF15 F40T10/LDE 2.100 ±200 Hg0 Hg2+
Pó de fósforo de lâmpada fluorescente nova
LF11 F40T12/SLD 800 ±50 Hg0
LF14 F40T10/LDE 300 ±30 Hg0
Vidro soda de lâmpada fluorescente (ng.g-1)
V1 LF U/Q 4.300 ±400 Hg1+; Hg2+
V2 LF N 18 ±2 -
5. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
LIMITES DE CONCENTRAÇÃO DE HG
BRASIL x EUA

Exposição ocupacional 40 µg.cm-3 (50 µg.cm-3 - EUA)


Água potável (Portaria 36/90 - MS) 1 µg.L-1 (2 µg.L-1 - EUA)
Resolução CONAMA 20/86 0,1 µg.L-1 (Classe 1)
Resíduo sólido 100 ppb (200 ppb - EUA)
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Descarte de lâmpadas de mercúrio

LEGISLAÇÃO NORTE-AMERICANA
LEI FEDERAL - RESÍDUO PERIGOSO - 06/01/2000
Disposição somente em aterros de resíduos perigosos ou por reciclagem

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
(contempla somente lâmpadas fluorescentes)
Lei 11.187/98 - Estado do Rio Grande do Sul
Projeto de Lei 6/99 - Estado de Minas Gerais
Projeto de Lei 11.305/97 - Estado da Bahia
Lei Municipal 12.653/98 - Cidade de São Paulo
LEGISLAÇÃO COMPARATIVA DE
LIMITES REGULATÓRIOS
(EUA x BR)

LEGISLAÇÃO NORTE-AMERICANA (Doc. Traduzido)


0,2 mg.L-1 em Testes TCLP (USEPA)

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
(ABNT NBR 10.004 – em revisão)

0,1 mg.L-1 (Teste de Lixiviação)


100 mg de Hg/kg de massa bruta do resíduo
CONCLUSÕES
QUANTO AO DESCARTE

⇒ No Brasil, o descarte dos resíduos de lâmpadas de


mercúrio vem sendo feito, preferencialmente,
preferencialmente no lixo
comum.

⇒ Existe uma lacuna na legislação ambiental brasileira.


QUANTO AOS RESÍDUOS

 Os resíduos de lâmpadas de mercúrio são classificados


duplamente como resíduos perigosos – Classe I; primeiro,
pelo mercúrio e, segundo, pelo chumbo;

 Esses resíduos necessitam de um gerenciamento


adequado e diferenciado.
QUANTO À ESPECIAÇÃO DO
MERCÚRIO
 As espécies de mercúrio na matriz de pó de fósforo são Hg0, Hg+1
e Hg+2 , em lâmpadas usadas/queimadas e Hg0 , em lâmpadas
novas;

 Existe forte tendência de que as concentrações mais elevadas de


mercúrio estejam associadas às condições onde prevalecem formas
oxidadas de Hg+1 e Hg+2;

 As temperaturas de dessorção do mercúrio podem atingir


valores superiores a 400 0C (pó de fósforo), e 800-850 0C (vidro).
QUANTO AOS PROCESSOS PARA
DESCONTAMINAÇÃO DOS RESÍDUOS
 A RECICLAGEM é a tecnologia mais indicada. O processo térmico
predomina amplamente sobre o processo químico;

 No Brasil, o ônus pela reciclagem é suportado, voluntariamente, pelos


geradores de resíduos.

 A baixa taxa de reciclagem existente é reflexo da falta de conscientização


ambiental e de lei específica;
QUANTO À LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

 Está segmentada e restrita aos níveis estadual e


municipal.

 Somente dizem respeito às lâmpadas fluorescentes e


gerenciamento em conjunto com outros tipos de resíduos, tais
como baterias de telefone celular e pilhas.
SUGESTÕES
⇒ Desenvolver pesquisas a respeito do comportamento do
mercúrio liberado a partir de produtos manufaturados ao fim da
sua vida útil, principalmente seus reflexos em ecossistemas
tropical e semitropical, como o nosso;

⇒ Estudar da eficiência/eficácia do uso de complexantes e/ou


anti-oxidantes a serem incorporados nas lâmpadas;

⇒ Intensificar o controle de qualidade sobre os reatores utilizados


em lâmpadas;
⇒ Estimular à substituição de lâmpadas incandescentes por
lâmpadas fluorescentes, no bojo do programa de contingência para
economia de energia, semelhante ao Programa Green Lights
(EUA);

⇒ A procura pela eficiência dos sistemas de iluminação (economia de


energia), deve vir acompanhada de monitoração e fiscalização
pelos órgãos ambientais no que concerne à fabricação e
importação de lâmpadas.

Conciliar economia de energia e proteção ambiental será o


novo desafio para o Desenvolvimento Sustentado.
PROPOSTA DE LEGISLAÇÃO
ENCAMINHADA AO CONAMA
CONSIDERANDO
(1) as características de persistência química, toxicidade e
capacidade de bioacumulação do Hg e Pb no meio ambiente;
(2) as características específicas e a fragilidade das lâmpadas de
mercúrio;

(3) os impactos negativos causados à saúde pública e ao meio


ambiente pelo descarte não-controlado de tais tipos de lâmpadas;

(4) as concentrações de mercúrio (substância tóxica - U151) e


chumbo nesses tipos de resíduos;
(5) a necessidade de procedimentos especiais e diferenciados
para tratar as lâmpadas e seus resíduos,
“Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à qualidade de vida.”

C. F. de 1988, Capítulo VI, Art. 225


DIRETRIZES APONTADAS
PARA A PROPOSTA
DIRETRIZES BÁSICAS PARA O GERENCIAMENTO DOS
RESÍDUOS DE LÂMPADAS DE MERCÚRIO

⇒ Cuidado especial deve-se dar ao vapor de mercúrio e pó de fósforo


(material poluente) que são desprendidos das lâmpadas quebradas;

⇒ As lâmpadas inservíveis devem ser mantidas intactas, acondicionadas e


armazenadas, preferencialmente em suas embalagens originais ou
colocadas em containers especiais de aço;

⇒ A estocagem deve ser em áreas separadas e demarcadas. Em nenhuma


hipótese as lâmpadas devem ser quebradas para serem armazenadas, o
que pode contaminar o ambiente e expor o trabalhador a riscos à saúde;

⇒ Cuidados especiais em operações com carregamento, manuseio e


transporte de containers ou pallets de lâmpadas, evitando-se choques e
tombamentos, o que poderia ocasionar a implosão de muitas lâmpadas.
⇒ Em locais contaminados, procedimentos específicos devem ser
adotados como, por exemplo: (a) usar soluções aquosas de sulfeto
de cálcio (CaS) sobre o material espalhado em conseqüência da
quebra acidental de lâmpadas objetivando inibir a vaporização do
mercúrio, (b) limpar as superfícies expostas com solução de fosfato
de sódio (Na3PO4) e (c) utilizar esponjas absorventes de mercúrio;
⇒ Quanto ao transporte dos resíduos, devem ser levados em
consideração dois pontos básicos:

1) a característica de periculosidade apresentada pelo resíduo (Resíduo


Classe I) e

2) sua toxicidade para o mercúrio e para o chumbo. O transporte deve


ser enquadrado, com base na Portaria 204, de 20 de maio de 1997,
do Ministério dos Transportes, na Classe 6 – substâncias tóxicas,
infectantes e irritantes, mais precisamente, na Subclasse 6.1,
números ONU 2024 e/ou 2025 (Ministério dos Transportes 1997).
⇒ Os trabalhadores devem usar material de segurança e serem
impedidos de comer e fumar durante as operações que envolvam o
gerenciamento dos resíduos de lâmpadas e, ainda serem submetidos
a exames médicos periódicos, incluindo a determinação de mercúrio e
avaliação neurológica, para as pessoas expostas de forma repetida.

Saúde ocupacional (limites de tolerância -


Mtb)

– de tolerância biológica para o ser humano, a taxa de 35 µg de mercúrio


por grama de creatinina urinária e 10 mg de chumbo por grama de
creatinina urinária (Programas de Controle Médico de Saúde
Ocupacional/NR-7, Anexo I, Quadro I);

– de tolerância no ambiente de trabalho, a taxa de 0,04 mg de mercúrio


por metro cúbico de ar e 0,1 mg de chumbo por metro cúbico de ar, para
48 horas semanais de exposição (Atividades e Operações
PONTOS IMPORTANTES A
SEREM INCLUÍDOS NA
PROPOSTA
1) a fabricação e importação de lâmpadas deverão atender
aos seguintes limites (princípio da precaução):

ž até 0,01% em massa de mercúrio, quando forem dos tipos


fluorescentes, fluorescentes compactas, vapor de mercúrio, vapor de
sódio, mista e multivapores metálicos;

ž até 5,0 mg.L-1 de chumbo (limite máximo no lixiviado), quando forem


dos tipos vapor de mercúrio, vapor de sódio, mista e multivapores
metálicos;

ž até 0,5 mg.L-1 de cádmio (limite máximo no lixiviado), quando forem


dos tipos fluorescentes (tubular, circular e compactas);
2) o gerenciamento ambientalmente adequado para esses
tipos de resíduos, objetivando reduzir os efeitos deletérios à
saúde humana e garantir o equilíbrio de ecossistemas.

Assim, ficarão proibidas as seguintes formas de destinação final:

• lançamento “in natura” a céu aberto, tanto em áreas urbanas como


rurais;
• queima a céu aberto ou em incineradores e coprocessadores;
• lançamento em corpos d’água, praias, manguezais, terrenos baldios,
fossas, poços ou cacimbas, cavidades subterrâneas e em redes de
drenagem de águas pluviais e esgotos;
• reutilização do tubo de vidro de lâmpadas fluorescentes para fins
artesanais (fabricação de pingômetros, castiçais etc);
3) a destinação final dos resíduos será assumida:

⇒ pelos geradores* de resíduos nos setores I e P;

⇒ pelos fabricantes** de lâmpadas nos setores C, H, R e


geradores de pequeno porte nos setores I e P, por meio da
estrutura inversa de comercialização;

⇒ pelos importadores**, no ato da importação dos produtos,


mediante taxação de cunho ambiental.

PRINCÍPIOS NORTEADORES
POLUIDOR-PAGADOR *
RESPONSABILIDADE ESTENDIDA PELO PRODUTO **
4) os órgãos ambientais deverão envidar esforços
para promulgar as melhores técnicas para
descontaminação dos resíduos de lâmpadas,
evitando-se, com isso, práticas inadequadas e a
proliferação de equipamentos sem o devido
controle de emissões e imissões de mercúrio ao
meio ambiente;
5) os incentivos fiscais e parafiscais ao
desenvolvimento sustentável da reciclagem, como
forma de descontaminar o meio ambiente e
propiciar a reutilização de subprodutos oriundos
dessa atividade.
PROPOSTA À NORMA DE
RESÍDUOS SÓLIDOS ABNT NBR
10.004
(Norma em processo de revisão)
INCLUIR NO ANEXO A, LISTAGEM
1
ANEXO A, Listagem no 1 – Resíduos perigosos de fontes não-específicas

Código do Código de
Indústria
resíduo perigoso
Resíduo Perigoso periculosidade

Resíduos de lâmpadas de mercúrio


(fluorescentes, a vapor de mercúrio,
F… vapor de sódio, mista e
Genérica
multivapores metálicos), que
(T)
(a ser definido)
contêm mercúrio, cádmio e
chumbo.

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