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Grupo nº 03
Formador: Dr. Teka
INTEGRANTES DO GRUPO:
Grupo n°03
Curso Profissional de Jornalismo 2021 - 2022
Sala: 07
Turno: Nocturno
SUMÁRIO
Introdução
Ordenamento Jurídico. Conceitos
O direito internacional como fonte do direito interno em Angola
Lei do Repatriamento Voluntário (LRV): Um exemplo recente
O domínio romano/ europeu no campo do Direito
A influência portuguesa/ europeia no ordenamento angolano
Ordenamento jurídico angolano: elemento gerador de tensão
Considerações finais
Referências bibliográficas
INTRODUÇÃO
A maior parte dos países faz menção nas suas constituições de mecanismos que
transportam para os seus ordenamentos as normas do direito internacional e os
respectivos princípios. A sua maioria adopta o sistema de recepção do direito
internacional geral e convencional e não o sistema de transformação.
No que concerne aos direitos humanos, as constituições fazem menção à
protecção destes. Angola não é excepção, conforme assevera o artigo 13.º da
Constituição. Porém é diferente a recepção do direito internacional geral ou
comum, da recepção do direito convencional. As primeiras vigoram
automaticamente e o direito convencional para vigorar o estado angolano depende
de alguns factores e condições.
Em relação à hierarquia, a Constituição angolana é omissa, no entanto, não existe
nenhuma regra ou princípio de direito internacional que impeça o legislador
constituinte de atribuir o valor que entender dos compromissos internacionais que
os órgãos estaduais assumiram.
LEI DO REPATRIAMENTO VOLUNTÁRIO
(LRV): UM EXEMPLO RECENTE
A título de exemplo, trazemos a recente legislação sobre repatriamento de capitais em Angola, Lei
n.º 9/18, de 26 de Junho, que, apesar de ter optado pela amnistia fiscal e criminal total, ao
contrário da maioria dos países que preferiu conceder perdões fiscais parciais e dispensa de multas
ou penalizações, o Estado angolano claramente se inspirou na legislação análoga de outros países
que adoptaram há poucos anos programas extraordinários de regularização tributária.
Outros quatro países analisados, apenas um - o Zimbabué - segue o mesmo caminho que Angola.
África do Sul, Brasil e Portugal concedem perdões parciais e são mais rigorosos quanto à
proveniência do dinheiro. No caso do Brasil, que criou o Regime Especial de Regularização Cambial
e Tributária (RERCT) em 2016, o contribuinte tem de identificar a origem dos recursos e
apresentar uma declaração a atestar que os bens ou direitos têm "origem em actividade
económica lícita", podendo a adesão ao programa ser negada.
Todos eles têm em comum com Angola a garantia de sigilo, prevendo, no caso da legislação
brasileira, sanções a quem divulgar informações, que incluem a demissão do funcionário público.
O DOMÍNIO ROMANO/ EUROPEU NO
CAMPO DO DIREITO
Os séculos de colonização europeia ficaram marcados por um conjunto de aspectos. A
destacar a profunda dominação e influência cultural junto dos povos colonizados. Sobre
essas imperava a lógica cultural europeia, prevaleciam as instituições culturais –
“universos simbólicos” – do mundo europeu, nomeadamente, a religião; as línguas
imperiais; a literatura; o sistema de conhecimentos; o sistema de princípios e valores;
o sistema de Direito, entre outros elementos.
Esse enraizamento foi tal, que, actualmente, os contextos sociais da América Latina,
África, Ásia, entre outros, regem-se pelos princípios jurídicos europeus, inspirados pelo
Direito romano. Dizendo de outro modo, o mundo, fruto da larga expansão do Direito
romano, se apresenta tomado pelas tradições jurídicas europeias de base romana.
Nos países de cultura jurídica romana, sempre que um determinado operador do Direito
(um advogado, um auxiliar de justiça, um juiz, etc.) se vê diante da necessidade de se
esclarecer sobre uma determinada questão nebulosa relacionada à ciência do Direito,
este, via de regra, lança mão ao Direito romano – aos princípios jurídicos europeus.
A INFLUÊNCIA PORTUGUESA/
EUROPEIA NO ORDENAMENTO
JURÍDICO ANGOLANO
Os povos Bantu se caracterizam pelas peculiaridades dos seus usos e costumes. A sua rede de
parentesco, por exemplo, não se baseia exclusivamente na consanguinidade e adopção, na medida em
que o seu critério de estabelecimento de parentesco atende a outros aspectos, como o grupo étnico,
tribo, clã e linhagens.
Tal facto leva a que a rede de parentesco, no contexto dos povos Bantu, apresente uma grande
extensividade, fazendo com que as suas famílias tenham um carácter inclusivo e abrangente. Aliás, as
estruturas familiares alargadas, extensas e complexas é uma dimensão que caracteriza as sociedades de
origem Bantu, como é o caso de Angola
Todavia, tal aspecto não se acha reflectido na ordem jurídica oficial angolana. O conceito de família
previsto no artigo 7. ° e seguintes, do Código da Família Angolano, não reflecte o ideário ou a lógica de
família alargada, extensa e complexa que caracteriza a sociedade Bantu angolana. Trata-se, na verdade,
de um conceito euro-ocidental e hegemónico, incutido ao longo da história pelo colono português, e que
traduz o modelo restrito de organização familiar, típico das sociedades europeias e ocidentais,
nomeadamente, portuguesa.
A INFLUÊNCIA PORTUGUESA/ EUROPEIA NO
ORDENAMENTO JURÍDICO ANGOLANO
Outrossim, a sociedade Bantu angolana também se caracteriza pela prática de
casamentos bígamos, dado que a poligamia se apresenta como uma prática frequente.
Contudo, esta não se acha reconhecida na ordem jurídica angolana, de tal modo, que
o Código Penal vigente datado de 1886, no capítulo dos “crimes contra o estado civil
das pessoas”, prevê o crime de “Bigamia”. Ou seja, o artigo 337. ° e seguintes deste
diploma pune, com pena de prisão maior (dois a oito anos e com a máxima de multa).
Os exemplos apontados, dão-nos uma ideia do cenário de dependência e influência
portuguesa que caracteriza o Direito positivo angolano. E, por conta disso, o mesmo
Direito se mostra impregnado de instituições, tradições e princípios jurídicos euro-
ocidentais, estranhos, na maior parte dos casos, aos costumes de vida dos seus
povos.
O ordenamento jurídico angolano tem sido palco de alguma tensão entre o Direito
positivo e o Direito costumeiro angolanos, pelo que se assiste à indiferença da
população angolana em relação ao Direito positivo angolano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS