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POLUIÇÃO

ATMOSFÉRICA
PADRÕES DE
QUALIDADE DO
AR
Prof. Wallisson
Introdução, contextualização e conceitos
Em 2018, a OPAS/OMS divulgou que a poluição do ar é
responsável, anualmente, por 320 mil mortes nas Américas e
51.000 mortes no Brasil.

Em mais recente levantamento realizado entre outubro


de 2018 e março de 2019 observou-se, que o monitoramento
da qualidade do ar é realizado em apenas 7 unidades: DF, ES,
MG, PE, RJ, RS e SP.

Em 2018 apenas SP e ES apresentavam um boletim


diário de qualidade do ar online de acesso público. Porém, a
publicação dos dados de monitoramento de qualidade do ar
em tempo real ocorria apenas em SP e RS.
A Resolução CONAMA Nº
05/1989 instituiu o Programa
Nacional de Controle da
Qualidade do Ar, o PRONAR
que determina a criação de
uma Rede Nacional de
Monitoramento da Qualidade
do Ar. Tal monitoramento no
Brasil é muito restrito.

Fonte: ISS, 20140


Estações de Monitoramento de Qualidade do Ar no Brasil
em 2014, por município e densidade populacional estadual
Gráfico: variação das concentrações médias anuais de MP10 em municípios
do estado de SP com vocações agrícolas e industrias, entre 2010 e 2019.

As concentrações quase sempre foram superiores ao preconizado pela


OMS de 20 µg/m3, e abaixo dos 40 µg/m3 preconizados pelas legislação
brasileira. Tal fato se repete para os demais poluentes.
Um dos fatores para não ocorrer melhoria da qualidade do ar Brasil,
refere-se ao alto padrão (muito permissivo) de concentração de poluentes
vigente durante anos e anos.
Em 2018 chegou-se à aprovação de uma nova Resolução. Mas
ela não foi bem aceita pela sociedade, ficou na contramão aos
melhores e mais recentes conhecimentos científicos e aos
avanços promulgados e experimentados por diversos países.

Assim, os padrões de qualidade do ar no Brasil são agora


Assim, os padrões
estabelecidos pela de qualidade
Resolução do ar no nº
CONAMA Brasil são agora
491/2018, que
estabelecidos pela Resolução
revogou e substituiu CONAMA
a Resolução CONAMA nº 491/2018,
nº 3/1990.que
revogou e substituiu a Resolução CONAMA nº 3/1990.
Resolução CONAMA Nº 491 de 19 de novembro
de 2018 - Dispõe sobre padrões de qualidade do ar,
Revoga a Resolução Conama nº 03/1990 e os itens
2.2.1 e 2.3 da Resolução Conama nº 05/1989.
Padrão de qualidade do ar é um dos instrumentos de gestão da
qualidade do ar, determinado como valor de concentração de um
poluente específico na atmosfera, associado a um intervalo de
tempo de exposição, para que o meio ambiente e a saúde da
população sejam preservados em relação aos riscos de danos
causados pela poluição atmosférica.

Episódio crítico de poluição do ar: situação caracterizada pela


presença de altas concentrações de poluentes na atmosfera em
curto período de tempo, resultante da ocorrência de condições
meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos mesmos
Os padrões nacionais de qualidade do ar são divididos
em duas categorias:
I - padrões de qualidade do ar intermediários - PI: padrões estabelecidos
como valores temporários a serem cumpridos em etapas; e

II - padrão de qualidade do ar final - PF: valores guia definidos pela


Organização Mundial da Saúde - OMS em 2005;

Os parâmetros regulamentados pela legislação ambiental são os


seguintes:
 partículas totais em suspensão (PTS),
 fumaça, partículas inaláveis (MP10 e MP2,5),
 dióxido de enxofre (SO2),
 monóxido de carbono (CO),
 ozônio (O3), dióxido de nitrogênio (NO2) e
 chumbo (PB).
A Resolução CONAMA 491/2018 adotou como SEM PRAZOS definidos
para as mudanças para as etapas posteriores.
Padrões de qualidade do ar estabelecidos na Resolução
CONAMA 491/2018 (intermediários e finais).

1 - média aritmética anual, 2 - média horária, 3 - máxima média móvel obtida no dia, 4 - média
geométrica anual, 5 - medido nas partículas totais em suspensão.
A Tabela abaixo mostra as diferenças dos níveis de concentração de
MP recomendados pela OMS, comparadas aos padrões adotados pela
Resolução CONAMA 491/2018.

Nossos limites de Padrão Intermediário (e que não foi estabelecidos


prazos para mudanças para o Padrão Final) são muito mais
permissivos do que aqueles estabelecidos pela OMS. Vejam
comparação com outros poluentes e também com outros países.
Padrões de qualidade do ar adotados do Brasil comparados aos de outros
países e também pela OMS.

Nota-se que os parâmetros recomendados pela OMS são os mais


restritivos para todos os poluentes.
O objetivo da adoção dos padrões intermediários e
finais no Brasil são os resultados dos planos de controle de
emissões atmosféricas e relatórios de avaliação de
qualidade do ar.
No entanto, quando se considera a realidade do
monitoramento, seja pela falta de dados e seja pela atual
estrutura e desempenho dos órgãos estaduais, esta
realidade se torna questionável.
Plano de Controle de Emissões Atmosféricas
Os órgãos ambientais estaduais e distrital deverão elaborar, em até 3
anos a partir da entrada em vigor desta Resolução, um Plano de
Controle de Emissões Atmosféricas que deverá ser definido em
regulamentação própria.
Os órgãos elaborarão, a cada 3 anos, relatório de acompanhamento
do plano, indicando eventuais necessidades de reavaliação, garantindo
a sua publicidade.

Relatório de Avaliação da Qualidade do Ar

Os órgãos ambientais estaduais e distrital elaborarão o Relatório


de Avaliação da Qualidade do Ar anualmente, garantindo sua
publicidade.
Monitoramento da qualidade do ar
O MMA, em conjunto com os órgãos ambientais estaduais e
distrital, deverá elaborar até novembro de 2019, um Guia
Técnico contendo, dentre outros, os métodos de referência
adotados e os critérios para utilização de métodos equivalentes,
da localização dos amostradores e da representatividade
temporal dos dados e sistematização do cálculo do índice de
qualidade do ar (IQAr).

https://www.mma.gov.br/images/
agenda_ambiental/qualidade-do-
ar/
Guia_Tecnico_para_o_Monitoram
ento_e_Avaliacao_da_Qualidade_
do_Ar.pdf
Índice de Qualidade do Ar (IQAr)
O Índice de Qualidade do Ar (IQAr) é um valor utilizado para fins
de comunicação e informação à população que relaciona as
concentrações dos poluentes monitorados aos possíveis efeitos
adversos à saúde.

Os poluentes que fazem parte do IQAr são os seguintes: Material


particulado (MP10); Material particulado (MP2,5); Ozônio (O3);
Monóxido de carbono (CO); Dióxido de nitrogênio (NO2); e Dióxido de
enxofre (SO2).
Para cada poluente medido é calculado um índice (adimensional).
Dependendo do índice obtido, o ar recebe uma qualificação, que consiste
em uma nota para a qualidade do ar, além de uma cor - Quadro abaixo.

Os valores de concentração que classificam a qualidade do ar como “boa”


são os valores recomendados pela OMS, como sendo os mais seguros à
saúde humana para exposição de curto prazo. Esses mesmos valores são
os Padrões Finais estabelecidos na Resolução Conama nº 491/18.
Plano para Episódios Críticos de Poluição do Ar
Os órgãos ambientais deverão elaborar, com base nos níveis de
atenção, de alerta e de emergência, um Plano para Episódios
Críticos de Poluição do Ar, visando medidas preventivas com o
objetivo de evitar graves e iminentes riscos à saúde da
população (Anexo III).

Os níveis de atenção, alerta e emergência serão declarados


quando, prevendo-se a manutenção das emissões, bem como
condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos
poluentes nas 24 horas subsequentes, for excedida uma ou
mais das condições especificadas no Anexo III.
ANEXO III: Níveis de Atenção, Alerta e Emergência para
poluentes e suas concentrações
SO2 MP10 MP2,5 CO O3 NO2
(µg/m³) (µg/m³) (µg/m³) (ppm) (µg/m³) (µg/m³)
Nível média média
média de média de média de média
móvel de móvel de
24h 24h 24h de 1h
8h 8h
Atenção 800 250 125 15 200 1.130
Alerta 1.600 420 210 30 400 2.260
Emergência 2.100 500 250 40 600 3.000
SO2 = dióxido de enxofre; MP10 = material particulado com diâmetro aerodinâmico
equivalente de corte de 10 µm; MP2,5 = material particulado com diâmetro aerodinâmico
equivalente de corte de 2,5 µm; CO = monóxido de carbono; O 3 = ozônio; NO2 = dióxido
de nitrogênio µg/m³; ppm = partes por milhão.
Os países mais atualizados são os europeus. Os EUA, China e Índia,
por exemplo, estão revisando seus parâmetros. Países da América do
Sul, como Chile possuem níveis críticos mais atualizados que o Brasil.

Fonte: Instituto Saúde e Sustentabilidade

Pode-se fazer alguns questionamentos. Veja que os padrões de qualidade do ar


do MP10 nacional (PI de 120 μg/m³ em 24 horas), que está em vigor hoje, são
superiores aos episódios de alerta na França (União Europeia), de 80 μg/m³.
O Guia Técnico apresenta uma tabela em que para cada nível tem-se a
descrição dos efeitos sobre a saúde das pessoas.

Relação entre valor do IQAr e possíveis efeitos à saúde.

Fonte: Cetesb, 2019


Individualmente, cada poluente apresenta diferentes efeitos sobre a saúde da
população para faixas de concentração distintas, identificados por estudos
epidemiológicos desenvolvidos dentro e fora do país. Tais efeitos sobre a saúde
requerem medidas de prevenção a serem adotadas pela população afetada.

Qualidade do ar e efeitos à saúde por nível do poluente (Cetesb).


Para cada nível do poluente da qualidade do ar, pode-se sugerir
também prevenções de riscos à saúde.
Tais efeitos sobre a saúde requerem medidas de prevenção a serem
adotadas pela população afetada (Cetesb).
Divulgação
Segundo a Resolução 491/2018, os órgãos ambientais
deverão divulgar, em sua página da internet, dados de
monitoramento e informações relacionados à gestão da
qualidade do ar.
Os órgãos ambientais estaduais e distrital deverão
divulgar também o Índice de Qualidade do Ar - IQAR.

O MMA elaborará relatório anual de acompanhamento e o


apresentará na última reunião ordinária do CONAMA.

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