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Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu

Ana Patrícia Marques Tavares, nº 18001

QUALIDADE DO AR VS. SAÚDE HUMANA E BEM-ESTAR


DAS POPULAÇÕES

Trabalho teórico prático da unidade curricular: Qualidade do ar

Departamento Ambiente

Março, 2023
Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

Sumário

QUALIDADE DO AR VS. SAÚDE HUMANA E BEM-ESTAR DAS POPULAÇÕES 1

1 INTRODUÇÃO 3

2 PRINCIPAIS POLUENTES COM IMPACTE NA SAÚDE HUMANA 5

2.1 DIÓXIDO DE AZOTO (NO2) 5


2.2 DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2) 6
2.3 OZONO (O3) 6
2.4 MATERIAL PARTICULADO FINO (PM 2,5 E 10) 7
2.5 BENZENO (C6H6) E BENZOPIRENO (BAP) 7

3 ESTATÍSTICAS REFERENTES À QUALIDADE DO AR 8

3.1 SITUAÇÃO GLOBAL 8


3.2 SITUAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA 10
3.3 EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DO AR EM PORTUGAL 12
3.4 PREVISÕES FUTURAS 14

4 LEGISLAÇÃO 17

4.1 LEGISLAÇÃO PORTUGUESA RELATIVA À PROTEÇÃO DA QUALIDADE DO AR E DA SAÚDE HUMANA 17


4.2 QUADRO LEGAL NACIONAL RELATIVO À QUALIDADE DO AR 17

5 CONCLUSÕES 21

6 REFERÊNCIAS 22

Índice de figuras
Figura 1 - Adoção das orientações da qualidade do ar da OMS nas diferentes regiões do globo.
.....................................................................................................................................................9
Figura 2 – Anos de vida saudável perdidos devido à poluição do ar ambiente por cada cem
habitantes..................................................................................................................................10
Figura 3 - Evolução da qualidade do ar em Portugal .................................................................12
Figura 4 – Ultrapassagem dos padrões estabelecidos para o poluente ozono ao longo dos anos.
...................................................................................................................................................13
Figura 5 – Ultrapassagem dos padrões estabelecidos para o poluente PM10 ao longo dos anos
...................................................................................................................................................13
Figura 6 - Ultrapassagem dos padrões estabelecidos para o poluente dióxido de azoto ao
longo dos anos...........................................................................................................................14
Figura 7 - Metas a alcançar com o Zero Pollution Action Plan………………………………………………..16

Figura 8 – Concentração de PM 2.5 devido aos fogos na Sibéria em 2021……………………………...18

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1 INTRODUÇÃO

Apesar da qualidade do ar desde sempre ser alterada por fenómenos naturais a pequena e
grande escala, como erupções vulcânicas, incêndios florestais e tempestades de areia, a partir
do surgimento das primeiras revoluções industriais, no ínicio do século XVIII, na Inglaterra, e
espalhando-se a outras partes do mundo como a Europa e Estados Unidos, e
consequentemente o surgimento de grandes metrópoles, a presença de grande pressão
urbana e suas atividades diárias, aliada à concentração de industrias nestas zonas faz com que
atualmente uma proporção significativa da população urbana da Europa, assim como em
outros países como a China ou Índia viva em cidades onde a qualidade do ar é afetada (EAE,
2020) com prejuízo da saúde humana.

Entende-se como poluição do ar a existência de certos poluentes na atmosfera, em níveis que


afetam negativamente a saúde humana, o ambiente e o património material. Desde o ínicio da
primeira revolução industrial, o nível de industrialização, uso de combustíveis fósseis, o
processo evolutivo das tecnologias produtivas e o crescimento populacional acentuou-se, o
que significa que em cerca de 200 anos os níveis poluentes atmosféricos têm aumentado,
mesmo tendo em conta o facto de os poluentes terem ciclos de dispersão e de vida, sendo
transformados e desaparecendo através de processos oxidativos. Embora as primeiras
preocupações com a qualidade do ar já serem antigas constata-se que a nível de conhecimento
acerca da interação dos poluentes com a saúde humana, assim como a nível da
consciencialização e informação à população, e desenvolvimento de tecnologias para
resolução deste problema, ainda existe muito trabalho a ser realizado.

Os principais organismos que regulam esta temática, como a Organização Mundial de Saúde
(OMS), Organização Meteorológica Mundial da ONU (OMM), ou a União Europeia (UE) só
recentemente começaram a investigar mais exaustivamente a problemática, e a emitir
diretrizes e regulamentos que abordam esta temática. Estas, não tendo caráter legislativo,
precisam de ser acompanhadas de reuniões regionais e mundiais e serem aceites com
declaração de compromissos internacionais e consequente criação de leis nacionais para a
redução dos impactos da poluição do ar. Como resultado destas iniciativas documentos
importantes como a Declaração de Estocolmo sobre Ambiente Humano, resultante da
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (1972), que reconhece a
importância da qualidade do ar saudável e as Diretrizes da Organização Mundial da Saúde que
visam orientar os governos na definição de padrões e na implementação de políticas para
melhorar a qualidade do ar ou a Diretiva Europeia sobre Qualidade do Ar, que estabelece
padrões e metas de qualidade do ar na União Europeia, foram criadas (APA, 2023) .

Adicionalmente estas diretivas e metas foram, embora a tempos diferentes, adotadas e


transcritas para normas nacionais de qualidade do ar em vários países e houve um aumento
nos estudos epidemiológicos acerca dos efeitos dos poluentes na saúde humana. Existe
também cada vez mais informação, estatísticas e ferramentas disponíveis à consulta e
informação pública assim como há maior desenvolvimento nas redes que controlam os níveis
da presença dos poluentes atmosféricos de relevo. Cada vez mais, a informação e a previsão
do estado do ar encontram-se disponível nas diferentes cidades e os cidadãos são agora
informados em casos críticos assim como recomendações a seguir.

A poluição do ar, além dos efeitos climáticos, tem grave prejuízo na saúde humana. De acordo
com a OMS é a causa de morte de mais de 6 milhões de pessoas por ano e é o maior problema

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ambiental que afeta diretamente a saúde das populações. Poluentes no ar são responsáveis
por cerca de um terço das mortes por acidentes cardiovasculares, doenças respiratórias
crônicas e cancro de pulmão, além de um quarto das mortes por ataque cardíaco (UNEP,
2017).

Episódios documentados revelam a relação entre a qualidade do ar e o grave prejuízo da saúde


humana. Um relato conhecido exemplificativo do prejuízo da má qualidade do ar ocorreu no
inverno de 1952 na cidade de Londres no qual quatro mil pessoas morreram derivado de um
fenômeno de 3 dias de inversão térmica que impediu a dispersão dos poluentes causados pela
atividade industrial aliados à combustão de carvão nos aquecedores domésticos.

Estes relatos são exemplos das consequências da pobre qualidade do ar e das suas
consequências, e também de como os efeitos da má qualidade do ar são muito potencializados
por fenómenos atmosféricos que não são possíveis de controlar.

Em relação às previsões da qualidade do ar, o cenário é constituído por variáveis diversas e


difíceis de quantificar como a evolução das alterações climáticas e a evolução da descida da
emissão de poluentes para a atmosfera nos anos futuros.

No boletim anual sobre a qualidade do ar, a OM avisa que centenas de milhões de pessoas,
serão afetadas pela deterioração da qualidade do ar prevista para este século, devido ao
aumento de incêndios e da intensidade e duração das vagas de calor.

Exemplificativo deste cenário tem-se relatos das consequências dos mais recentes grandes
incêndios na qualidade do ar. No oeste da América do Norte, os incêndios florestais entre maio
e setembro em algumas áreas causaram a subida para quatro vezes o nível recomendado pela
OMS nas concentrações de material particulado fino (PM2.5), sendo estes os mais nocivos para
a saúde humana. Adicionalmente "as alterações climáticas podem exacerbar os episódios de
poluição da superfície pelo ozono, resultando em efeitos adversos para a saúde de centenas
de milhões de pessoas", prevê a OMM. (WMO, 2022)

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2 PRINCIPAIS POLUENTES COM IMPACTE NA SAÚDE


HUMANA
Segundo a OMS e a Agência Europeia do Ambiente (AEA), autoridades de referência para as
temáticas de saúde, dos vários poluentes com impacto na qualidade do ar, destacam-se como
tendo especial impacto na saúde humana as partículas finas de diâmetro inferior a 10 e 2.5 μm
(PM10 e PM2,5), o dióxido de azoto (NO 2) e o ozono (O3) (EAE, 2020). No entanto, esta escolha
não implica que outros poluentes atmosféricos sejam irrelevantes. Fora do contexto da União
Europeia, nomeadamente em países menos desenvolvidos, com intenso uso de combustíveis
fosseis ou expansão do desenvolvimento industrial, poluentes como os compostos orgânicos
voláteis (COVs), também tem grande peso a nível da degradação da qualidade do ar e suas
consequências.

A exposição a curto e longo prazo a poluentes nocivos foi associada a uma série de problemas
de saúde, desde irritação nos olhos e nas vias respiratórias até doenças crônicas como doenças
cardiovasculares e pulmonares e aumento do risco de diferentes tipos de cancro. Além disso, a
poluição do ar pode afetar o desenvolvimento fetal e infantil, causando problemas de
desenvolvimento cognitivo e respiratório em crianças expostas a altos níveis de poluição
(EPRS, 2021). Estima-se que os problemas de saúde associados à poluição atmosférica custem
aos europeus até 940 mil milhões de euros por ano entre cuidados de saúde acrescidos,
pagamento de pensões devido as pessoas que ficam incapacitadas e perda de produtividade
decorrente da incapacidade temporária ou permanente decorrente dos problemas de saúde
associados a poluição do ar (Euronews, 2020 ).

Para melhor compreensão da temática são de seguida apresentadas descrições dos poluentes
e suas consequências a nível de saúde humana e estatísticas referentes a cada poluente.

2.1 DIÓXIDO DE AZOTO (NO2)

O dióxido de azoto é um gás que é libertado na atmosfera por processos de combustão,


especialmente por veículos motorizados e centrais elétricas com recurso a carvão. Quando
inalado, pode causar uma série de efeitos prejudiciais à saúde, especialmente nas vias
respiratórias (EPRS, 2021). O dióxido de aoto é um dos principais componentes do smog, que
pode causar irritação nos olhos, no nariz e na garganta, além de piorar os sintomas de doenças
respiratórias preexistentes como asma, provocando hospitalizações (EPRS, 2021). O dióxido de
azoto foi associado a 40.400 mortes prematuras (EPRS, 2021).

Adicionalmente, o dióxido de azoto é um composto precursor da formação de ozono também


este um poluente atmosférico que afeta a saúde humana.

É portanto importante limitar a exposição ao mesmo, especialmente em áreas urbanas com


tráfego intenso. Medidas como a implementação de regulamentações mais rigorosas sobre as
emissões de veículos e a promoção do uso de transporte público podem ajudar a reduzir a
exposição ao dióxido de azoto e melhorar a qualidade do ar.

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2.2 DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2)

O dióxido de enxofre é um gás libertado para a atmosfera principalmente pela queima de


combustíveis fósseis contendo enxofre e por várias indústrias e por fatores naturais como
erupções vulcânicas. O SO2 é um precursor de outros poluentes atmosféricos, como o dióxido
de azoto e o ozono troposférico e a sua oxidação do leva à formação de ácidos de enxofre,
fontes de problemas ambientais.

Este pode ter impactos significativos na qualidade do ar e na saúde humana, especialmente


quando combinado com outros poluentes atmosféricos, como as partículas finas e tem
especial importância a nível global devido às características acima mencionadas e à ainda
elevada dependência de combustíveis fósseis em algumas partes do globo.

Quando inalado, o dióxido de enxofre pode causar uma série de efeitos prejudiciais à saúde,
especialmente nas vias respiratórias. Ele pode irritar os olhos, o nariz e a garganta, causando
tosse, falta de ar e chiado. Pessoas com asma ou outras condições respiratórias preexistentes
podem ser particularmente afetadas. A exposição crônica ao dióxido de enxofre pode levar a
danos pulmonares permanentes e aumentar o risco de infeções respiratórias.

De acordo com um estudo publicado pela OMS a exposição ao SO 2 é responsável por cerca de
12.000 mortes prematuras por ano em todo o mundo. No entanto, vale ressaltar que a
mortalidade relacionada ao SO2 pode variar significativamente dependendo do local e do nível
de exposição.

Para reduzir a exposição ao dióxido de enxofre, são necessárias medidas como a


implementação de regulamentações mais rigorosas sobre as emissões de poluentes por usinas
elétricas e refinarias, o incentivo ao uso de tecnologias mais limpas e a conscientização pública
sobre os efeitos da poluição do ar na saúde.

2.3 OZONO (O3)

O ozono e outros oxidantes fotoquímicos são poluentes que não são emitidos diretamente por
fontes primárias. Estes abrangem um grupo de espécies químicas formadas por meio de
reações que ocorrem quando a radiação solar interage com certos poluentes atmosféricos,
incluindo óxidos de azoto (NOx) e compostos orgânicos voláteis (COVs), que são libertados
principalmente por veículos, indústrias e atividades agrícolas.

Quando esses poluentes reagem por ação da radiação há formação de ozono no ar próximo ao
solo, onde ao ser inalado podem causar irritação nos olhos, no nariz e na garganta, além de
afetar os pulmões e o sistema respiratório em geral. O ozono no nível do solo foi associado a
16.800 mortes prematuras (EEA, 2020).

A formação de ozono ao nível do solo é mais comum em áreas urbanas, especialmente


durante os meses mais quentes do ano, quando as temperaturas são mais elevadas e a
radiação é mais intensa. Para reduzir a formação de ozono no solo, são necessárias medidas
como a redução das emissões de NOx e COVs, o uso de tecnologias de transporte mais limpas,
o controlo da poluição industrial e agrícola e o aumento da conscientização pública sobre os
efeitos nocivos do ozônio no solo na saúde humana.

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2.4 MATERIAL PARTICULADO FINO (PM 2,5 E 10)

O Material particulado fino, é uma forma de poluição do ar que consiste em partículas com
diâmetro menor ou igual a 10 e 2,5 micrómetros. Estas partículas são emitidas por diversas
fontes, como veículos, indústrias, queimas e tempestades de pó.

O material particulado fino é o poluente do ar que causa os problemas de saúde mais


significativos devido ao seu diminuto diâmetro e consequente capacidade de estas penetrarem
nos pulmões e corrente sanguínea, causando impactos cardíacos, respiratórios e vasculares.

A exposição a longo prazo a altos níveis de PM2,5 pode aumentar o risco de doenças
respiratórias bem como doenças cardíacas e cancro de pulmão, assim como pode piorar os
sintomas de condições de saúde existentes (EEA, 2020). As regiões mais afetadas são as áreas
urbanas de países como Ásia e África, onde este poluente é especialmente importante devido
à combinação de altas concentrações de poluentes e à grande densidade populacional.

A AEA estima que, em 2019, aproximadamente 307.000 mortes prematuras foram atribuíveis a
PM2,5 nos 27 Estados-Membros da EU e que mais de 90% da população global em 2019 vivia
em áreas onde as concentrações excediam a diretriz de qualidade do ar da OMS de 2005 (AEA,
2023). Já a OMS estima que a exposição ao PM2,5 cause cerca de 4,2 milhões de mortes
prematuras por ano em todo o mundo.

Para reduzir a exposição ao material particulado fino, são necessárias medidas como a redução
das emissões de poluentes por veículos e indústrias, a utilização de tecnologias de filtragem de
ar, o controlo de queimadas e a conscientização pública sobre os efeitos da poluição do ar na
saúde. Além disso, as pessoas podem tomar medidas individuais para proteger sua saúde,
como evitar atividades ao ar live em dias de alta poluição e usar máscaras de proteção
respiratória quando necessário.

2.5 BENZENO (C6H6) E BENZOPIRENO (BAP)

O benzo[a]pireno é frequentemente usado como um indicador da presença de emissões de


hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs) como o benzeno. Os HAPs são um grupo de
compostos químicos que incluem várias substâncias tóxicas e cancerígenas. O benzo[a]pireno
é um poluente atmosférico formado principalmente pela queima incompleta de combustíveis
fósseis e pela queima de biomassa e a partir de fontes naturais, como incêndios florestais e
erupções vulcânicas.

O benzo[a]pireno é considerado um dos poluentes atmosféricos mais prejudiciais à saúde


humana. É um carcinógeno conhecido e a exposição a longo prazo pode levar a uma série de
outros efeitos negativos na saúde, incluindo danos ao sistema imunológico, cardiovascular e
respiratório, irritação nos olhos e nas vias respiratórias.

Para reduzir a exposição ao benzeno, é importante tomar medidas para controlar as fontes de
emissão, como a regulamentação de indústrias e veículos, o uso de tecnologias de controlo de
poluição e a promoção de fontes de energia limpa. Além disso, é importante promover a
redução à sua exposição, como evitar áreas de tráfego intenso quando este poluente sobe
acima dos valores definidos.

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3 ESTATÍSTICAS REFERENTES À QUALIDADE DO AR

3.1 SITUAÇÃO GLOBAL

Desde 1987, a OMS publica periodicamente diretrizes de qualidade do ar com base em estudos
epidemiológicos para ajudar os governos e a sociedade civil a reduzir a exposição humana à
poluição do ar e os seus efeitos adversos. As diretrizes de qualidade do ar da OMS foram
publicadas pela última vez em 2021.

As recomendações destas diretrizes de qualidade do ar da OMS baseiam-se em efeitos graves


na saúde como mortalidade ou internações hospitalares numa população em geral e não
foram concebidas para se concentrarem na proteção de grupos sensíveis. Estas diretrizes não
incluem recomendações sobre misturas de poluentes ou os efeitos combinados de exposições
a poluentes.

Como consequência a implementação da diretriz de 2005 teve um impacto significativo nas


políticas de redução da poluição em todo o mundo e espera -se que a implementação da sua
atualização (2021) produza efeitos ainda mais significativos.

Esta resoluções e diretrizes afirmam a necessidade de continuar os esforços para proteger as


populações dos riscos à saúde causados pela poluição do ar por meio de metas específicas.

Abordando as estatísticas referentes à situação global da qualidade do ar é importante


referenciar que existe uma enorme variação na forma como os riscos à qualidade do ar e à
população são medidos, legislados e comunicados nas diferentes partes do globo. Além das
grandes disparidades sociais, económicas, tecnológicas, culturais e de desenvolvimento
mundial verificam-se também grandes variações a nível da qualidade do ar entre as diferentes
regiões do globo devido a inúmeros fatores. O caso do Leste e Sudeste da Europa, do
Continente africano e sul americano pela dependência dos combustíveis fosseis e expansão
industrial, assim como atrasos na implementação de legislação que siga as recomendações da
OMS, o nível de ocorrências de fenómenos que afetem de forma natural a qualidade do ar e
vários outros fatores como transporte de poluição, fazem destas regiões especialmente
preocupantes a nível dos efeitos da má qualidade do ar quando em comparação com outras.

De acordo com o Programa Ambiental das Nações Unidas, em países menos desenvolvidos
98% das cidades com mais de 100.000 habitantes não cumprem as diretrizes de qualidade do
ar da Organização Mundial da Saúde (UNEP, 2017).

A nível de controlo e adoção de limites da qualidade do ar a informação da tabela comprova


que países menos desenvolvidos ou em desenvolvimento tem mais dificuldades ou encontram-
se atrasados na implementação de medidas a nível da qualidade do ar, o que é verificado com
a%

de países sem padrões de qualidade do ar de 45% na região africana e apenas 4% na região


europeia.

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Figura 1 -
Adoção das orientações da qualidade do ar da OMS nas diferentes regiões do globo.

Fonte: WHO global air quality guidelines, 2021.

Verifica-se que existe ainda um número significativo de países, de entre os membros da


Organização Mundial de Saúde, que não possuem padrões de qualidade do ar a seguir. Estas
situações contribuem, por ação da dispersão dos poluentes pelo globo, para dificultar o
progresso rumo a um ar mais saudável.

Embora a qualidade do ar tenha melhorado gradualmente nos países de alta renda nas últimas
décadas, as concentrações de poluentes ainda excedem os níveis publicados no Global update
2005 para vários poluentes em muitas áreas. A qualidade do ar de forma global piorou na
maioria dos países de baixa e média renda, acompanhando a urbanização em larga escala e o
desenvolvimento econômico que depende amplamente dos combustíveis fósseis.

Avaliações globais da poluição do ar ambiente sugerem entre 4 milhões e 9 milhões de mortes


anualmente e centenas de milhões de anos perdidos de vida saudável conforme mostra a
figura 2.

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Figura 2 – Anos de vida saudável perdidos devido à poluição do ar ambiente por cada cem habitantes.
Fonte: Relatório especial do Tribunal de Contas Europeu (2018)

Em 2018, verifica-se que os países desenvolvidos estão com melhor posição a nível de anos de
vida saudável perdidos devido à qualidade do ar por cada cem habitantes, enquanto que
países como a Índia, Polónia e China devido à grande industrialização dependente de
combustíveis fósseis possuem menor qualidade do ar que se traduz em efeitos concretos na
saúde das suas populações. A figura em análise é exemplificativa das grandes discrepâncias
que existem a nível de qualidade do ar pelo globo.

3.2 SITUAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA

A União Europeia (UE) também estabeleceu padrões para os principais poluentes atmosféricos
baseados nas diretrizes de qualidade do ar da OMS de 2005, porém adaptados às realidades
de viabilidade técnica e econômica dos Estados-Membros, logo menos exigentes que as
diretrizes de qualidade do ar da OMS.

As mortes prematuras custaram, aos vários países europeus, cerca de 1,3 biliões de euros, de
acordo com o primeiro estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde, em 2010. Este é
um valor quase equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia em 2013
(OMS, 2010).

Existem várias organizações que fornecem classificações e rankings da qualidade do ar em


diferentes países e regiões do mundo. De entre dos rankings mais usados têm-se o Índice de
Qualidade do Ar AirVisual que é um ranking anual de qualidade do ar dos países, que conta
com dados de mais de 10.000 estações de controlo de qualidade do ar em todo o mundo, o
Índice de Qualidade do Ar da OMS que fornece um ranking anual dos países com base na
média de concentrações de PM2,5 nas principais cidades, o IQArb que é um índice regional de
qualidade do ar que avalia a qualidade do ar em países do Médio Oriente e Norte da África, o
Air Quality Life Index que avalia a expectativa de vida em relação à qualidade do ar em
diferentes partes do mundo ou o IQAir AirVisual que é uma ferramenta online que classifica as

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Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

cidades com base em seu Índice de Qualidade do Ar e fornece dados em tempo real sobre a
qualidade do ar em mais de 100 países.

Estes são apenas alguns exemplos de rankings e índices disponíveis para avaliar a qualidade do
ar a nível global, regional ou local, cada um tem suas próprias metodologias e critérios de
avaliação, havendo por isto necessidade de homogeneizar estas ferramentas para facilitar a
interpretação e comparação de dados.

Referente as estatísticas nacionais, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA),


Portugal tem uma das taxas de mortalidade por poluição do ar mais altas da Europa, o que em
parte pode ser explicado pelo envelhecimento da população portuguesa e maior interação
entre os poluentes atmosféricos com doenças preexistentes e com o facto de a qualidade do
ar em algumas áreas urbanas ainda estar longe dos padrões de qualidade do ar da União
Europeia.

De acordo com dados recentes do Índice de Qualidade do Ar Mundial (AQI World), Portugal
está classificado na posição 66 entre 106 países avaliados em termos de qualidade do ar. O AQI
World usa dados oficiais de estações de monitoramento de qualidade do ar para calcular o
índice de qualidade do ar de cada país. O índice varia de 0 a 500, com valores mais altos
indicando uma qualidade do ar mais baixa (AQI,2023).

É importante notar que a qualidade do ar pode variar de acordo com a localização geográfica e
as condições meteorológicas. Em Portugal, as áreas urbanas e industriais tendem a ter piores
índices de qualidade do ar do que as áreas rurais.

Além disso, as mudanças climáticas podem ter impacto na qualidade do ar, devido à elevada
suscetibilidade de Portugal a incêndios florestais que ocorrem com mais frequência.

No relatório "Inquiry on the Implementation of EU Air Quality Legislation", divulgado em 2020


pela Comissão Europeia, Portugal ficou em 11º lugar entre os países da União Europeia com
maior número de mortes prematuras por poluição do ar em relação à população.

Segundo o mesmo relatório, em Portugal foram registadas cerca de 12.000 mortes prematuras
por ano atribuídas à poluição do ar.

De acordo com o relatório "The State of Global Air 2021", publicado pelo Instituto de Saúde
Global da Universidade de Washington em 2021, Portugal ocupa a 21ª posição no ranking de
mortalidade por poluição do ar entre 204 países analisados. O relatório estima que em 2019 a
poluição do ar tenha sido responsável por cerca de 7.900 mortes em Portugal, o que
representa 7,1% de todas as mortes no país.

No entanto, em termos de ranking mundial de mortalidade por qualidade do ar, Portugal não
aparece entre os países mais afetados.

É importante destacar que a comparação entre países em relação à mortalidade por qualidade
do ar pode ser complexa, pois depende de fatores como a densidade populacional, a estrutura
demográfica e condições climáticas.

Embora Portugal esteja em uma posição relativamente melhor em comparação com muitos
outros países, a mortalidade por poluição do ar ainda é um grande problema de saúde pública
no país.

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3.3 EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DO AR EM PORTUGAL

Em Portugal estão estabelecidos objetivos de qualidade do ar ambiente e limiares de


informação e alerta para os níveis de qualidade do ar a curto prazo e a longo prazo
relativamente aos poluentes relevantes. Os objetivos de qualidade do ar ambiente incluem
valores-limite, valores-alvo e valores críticos consoante o poluente. Este controlo é legislado a
nível europeu e posteriomente transcrito para legislação nacional sob forma de Decretos-Lei e
cabe às comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR) e as direções regionais
de ambiente das Regiões Autónomas (DRA), adotar as medidas necessárias para garantir que
as concentrações dos poluentes atmosféricos cumprem os objetivos de qualidade do ar
estipulados (Decreto Lei nº102, 2010).

Referente à qualidade do ar em Portugal, de acordo com o último relatório do estado do


ambiente emitido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) houve melhorias ao longo dos
últimos anos, embora ainda haja desafios a enfrentar em algumas áreas do país
nomeadamente nos centros urbanos com tráfego intenso e nos meses de Inverno onde se
verifica o aumento de queimadas e maiores necessidades energéticas para aquecimento
doméstico quer por queima de madeira quer por dispositivos elétricos. A figura 3 demosntra a
evolução segundo o índice português de qualidade do ar dos ultimos anos.

Figura 3 -Evolução da qualidade do ar em Portugal .


Fonte: Relatório Estado Ambiente Portugal, 2021

De acordo com a figura 3, desde 2002 até 2020, a percentagem de dias com índice de
qualidade de ar bom aumentou de cerca de 35% para cerca de 80% e em contrapartida os dias
com índice de má qualidade do ar desceram dos 10% para cerca de metade e encontra-se
sobretudo nas grandes metrópoles portuguesas.

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Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

Referente aos dados dos vários poluentes de interesse obtidos pelas redes de monitorização,
tanto a figura 4, 5 e 6 demonstram que as excedências aos objetivos de qualidade do ar a nível
do ozono, matéria fina e dióxido de azoto.

Figura 4 – Ultrapassagem dos padrões estabelecidos para o poluente ozono ao longo dos anos.
Fonte: Relatório Estado Ambiente Portugal, 2021

Figura 5 – Ultrapassagem dos padrões estabelecidos para o poluente PM10 ao longo dos anos.
Fonte: Relatório Estado Ambiente Portugal, 2021

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Figura 6 - Ultrapassagem dos padrões estabelecidos para o poluente dióxido de azoto ao longo dos anos.
Fonte: Relatório Estado Ambiente Portugal, 2021

Analisando as figuras nota-se a evolução positiva das últimas duas décadas a nível dos
poluentes dióxido de azoto, ozono e PM10, que se consideram ser dos mais prejudiciais à
saúde humana. Nota-se também que as áreas ainda que concentram mais poluentes são as
grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto à exceção do poluente PM10 que é mais
significativo nas áreas litorais de Portugal devido à proximidade com o mar, que provoca a
formação deste tipo de material.

3.4 PREVISÕES FUTURAS

De acordo com o relatório State of Global Air de 2020, mais de metade da população mundial
está exposta a níveis de poluição do ar que excedem os padrões recomendados pela
Organização Mundial da Saúde. O relatório prevê que, se as tendências atuais continuarem, a
poluição do ar será responsável por cerca de 7,5 milhões de mortes prematuras por ano em
todo o mundo em 2030. Já para o ano de 2060 segundo o relatório da OMS aponta que, se as
tendências atuais continuarem, a poluição do ar será responsável por 9 milhões de mortes
prematuras por ano.

As previsões futuras globais quanto à qualidade do ar variam dependendo de muitos fatores,


incluindo o nível de investimento em tecnologias limpas, a adoção de políticas públicas para
reduzir as emissões de poluentes e a conscientização da população sobre os impactos da
poluição do ar na saúde pública e no meio ambiente.

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Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

No entanto, há sinais positivos de que a qualidade do ar pode melhorar em algumas partes do


mundo. Por exemplo, o relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) de 2021 indica que,
graças à crescente adoção de energias renováveis e à implementação de políticas climáticas, as
emissões globais de dióxido de carbono relacionadas à energia podem ter atingido seu pico em
2019 e podem cair em 2020.

Também o cumprimento dos planos de ação sobre qualidade do ar influenciam os cenários


futuros. Referente ao Plano de Ação de Poluição Zero do Pacto Verde Europeu, a Comissão
Europeia estabeleceu a meta de 2030 de reduzir o número de mortes prematuras causadas
por PM2.5 em pelo menos 55% em comparação com os níveis de 2005.

Figura 7 - Metas a alcançar com o Zero Pollution Action Plan.

Fonte: Air pollution: how it affects our health (EEA, 2022)

figura 7 mostra graficamente o número de mortes prematuras expetáveis para o ano de 2030
através do cumprimento do Zero Pollution Action Plan na Europa. Espera-se um cenário em
que as mortes prematuras na Europa para reduzam cerca de metade. Assim sendo, percebe-se
a importância do cumprimento dos planos de ação para a evolução dos cenários futuros da
qualidade do ar.

Outro fator de relevo nas previsões futuras de qualidade do ar são as alterações climáticas. Por
um lado, o aumento da temperatura média global pode agravar a poluição do ar uma vez que
altas temperaturas e radiação solar intensa podem aumentar a formação de ozono e outros
poluentes atmosféricos. Além disso, eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas
e incêndios florestais, também podem aumentar a concentração de poluentes no ar. A figura
abaixo evidencia o aumento e dispersão de PM2,5 pelo globo decorrente de incêndios
florestais mais frequentes e intensos.

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Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

Figura 8 – Concentração de PM 2.5 devido aos fogos na Sibéria em 2021.

Fonte: Organização Meteorológica Mundial.

Verifica-se que a maior concentração de PM2,5 em geral ocorrem no sudeste asiático porém a
figura evidencia como um fenómeno deste tipo pode aumentar exponencialmente e de forma
global a concentração deste poluente que causa particular dano à saúde.

Por outro lado, a melhoria da qualidade do ar pode contribuir para mitigar as alterações
climáticas. Isto ocorre porque a poluição do ar é frequentemente causada pela queima de
combustíveis fósseis, que também são a principal fonte de gases de efeito estufa responsáveis
pelo aquecimento global. Portanto, a redução da poluição do ar pode ajudar a diminuir as
emissões de gases de efeito estufa e, consequentemente, mitigar as alterações climáticas.

Além disso, algumas políticas de mitigação das alterações climáticas, como a promoção de
fontes de energia limpa e o desenvolvimento de sistemas de transporte público eficientes,
também podem contribuir para melhorar a qualidade do ar através da redução das emissões
de poluentes atmosféricos, Em resumo, as alterações climáticas e a qualidade do ar estão
interligadas e precisam ser abordadas de forma conjunta.

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Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

4 LEGISLAÇÃO

4.1 LEGISLAÇÃO PORTUGUESA RELATIVA À PROTEÇÃO DA QUALIDADE


DO AR E DA SAÚDE HUMANA

Portugal, sendo membro da União Europeia, e estando esta a desenvolver esforços para
resolver a problemática da poluição do ar através da implementação das diretrizes da OMS
para a qualidade do ar, adotada os padrões de qualidade do ar e metas estabelecidos pela EU
nomeadamente pela mais recente Proposta de Diretiva do Parlamento Europeu e do Conselho
relativa à qualidade do ar ambiente e a um ar mais limpo na Europa de 26.10.202.

Assim estes padrões são aplicados e transpostos para normas nacionais pelas autoridades
reguladoras e definem o nível aceitável de um poluente atmosférico, como uma concentração
medida no ar ambiente por um tempo médio específico e incluem um número permitido de
excedências num determinado período.

No entanto as normas dentro dos diferentes países da EU podem diferir derivados de aspetos
jurídicos, custo-benefício ou custo-efetividade, viabilidade tecnológica, medidas de
infraestrutura e considerações sociopolíticas nível de desenvolvimento econômico do país, da
capacidade de gestão da qualidade do ar e de populações que possam ser mais suscetíveis aos
efeitos da poluição do ar (APA, 2023).

4.2 QUADRO LEGAL NACIONAL RELATIVO À QUALIDADE DO AR

O Regime jurídico que regulamenta a temática de qualidade do ar ambiente em Portugal é o


Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de setembro, atualizado pelo Decreto-Lei n.º 47/2017 de 10
de maio. O conteúdo deste decreto prende-se de forma global com a avaliação e gestão da
qualidade do ar, combate às emissões de poluentes na sua origem e à aplicação de medidas de
redução das emissões, a nível local e nacional, como formas de proteção da saúde humana e
ambiente. Adicionalmente são estabelecidos objetivos de qualidade do ar ambiente, para os
poluentes dióxido de enxofre (SO2), dióxido de azoto (NO2), óxidos de azoto (NOx), benzeno
(C6H6), monóxido de carbono (CO), ozono (O 3), partículas PM10 e PM2.5 e para os poluentes
chumbo (Pb), arsénio (As), cádmio (Cd), níquel (Ni), mercúrio (Hg) e hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos (HAP).

Em Portugal estão estabelecidos objetivos de qualidade do ar ambiente e limiares de


informação, ou seja limites acima do qual uma exposição de curta duração apresenta riscos
para a saúde humana e é necessária a divulgação imediata de informações adequadas e
limiares de alerta que são o nível acima do qual uma exposição de curta duração apresenta
riscos para a saúde humana e devem ser adotadas medidas imediatas para os níveis de
qualidade do ar a curto prazo e a longo prazo relativamente aos poluentes relevantes
(Decreto-Lei n.º 47/2017 de 10 de maio).

Os objetivos de qualidade do ar ambiente incluem valores-limite, ou seja valores a não exceder


numa determinado período de tempo e valores-alvo, ou seja níveis fixados com o intuito de
prevenir os efeitos nocivos na saúde (Decreto-Lei n.º 47/2017 de 10 de maio).

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Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

A tabela abaixo permite a comparação entre os valores limites para os poluentes definidos na
legislação portuuesa que regulamenta a qualidade do ar assim como os valores a atingir pela
EU até 2030 e os valores definidos como sendo os padroes de qualidade do ar da antiga e mais
recente versão da guidelines da OMS.

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Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

Tabela 1 - Valores limites para a concentração dos principais poluentes atmosféricos e metas das diretrizes da
qualidade do ar.

Valor
Meta Metas Metas
Limiar limite
Período de Valor Limiar de AQG AQG provisorias
Poluente de até 1
referência limite informação (OMS) (OMS) (OMS)
alerta janeiro
2021 2005 2021
2030
350 350
1 hora
Dióxido de (1) (10)
enxofre 125 500 125
1 dia 50 (11) 40 (a) 20
ug/m3 (2) 50
1 ano 20
200
1 hora 200 (8)
(3)
Dióxido de 120
azoto 1 dia 400 50 (9) 25 (a) -------- 50
ug/m3
40
1 ano 40 20 10 40
20
150
1 dia 50 (4) 45 (7) 45 (a) 50
PM 10 50
ug/m3 70
1 ano 40 20 15 20
20
75
1 dia 25 (6) 15 (a) 25
PM 2.5 25
ug/m3 35
1 ano 20 10 5 10
15
Média
máxima
Monóxido diária por 10 10 4 (a) -------- 7
carbono períodos
mg/m3 de 8 horas
1 dia 4 (12)
Época 60 -------- 100
pico (b) -- 70
Média
Ozono
máxima
ug/m3 240 100 160
diária por 120 180 (5) 100
(5) (a) 120
períodos
de 8 horas
Benzeno 5
1 ano 3,4
ug/m3 ug/m3
Benzo[a]pireno
1 ano 1 1
ng/m3
Níquel
1 ano 20 20
ng/m3
Cádmio
1 ano 5 5
ng/m3
Arsénio
1 ano 6 6
ng/m3
Chumbo
1 ano 0,5 0,5
ug/m3

(1) A não exceder mais de 24 vezes por ano civil. (2) A não exceder mais de 3 vezes por ano civil. (3) A não exceder mais de 18
vezes por ano civil. (4) A não exceder mais de 35 vezes por ano civil. (5) A não exceder mais de 18 vezes por ano civil (6) A não

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Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

exceder mais de 18 vezes por ano civil. (7) A não exceder mais de 18 vezes por ano civil. (8) A não exceder mais de 1 vez por ano
civil. (9) A não exceder mais de 18 vezes por ano civil. (10) A não exceder mais de 1 vez por ano civil. (11) A não exceder mais de 18
vezes por ano civil. (12) A não exceder mais de 18 vezes por ano civil. (a) A não exceder 3 a 4 vezes por ano. (b) media diária do
máximo 8 horas, com a maior média de concentração em 6 meses consecutivos.

Fontes: Decreto-Lei n.º 47/2017 de 10 de maio; Air quality guidelines OMS.

Analisando a tabela verifica-se a evolução dos limites recomendáveis para valores mais baixos
com o passar dos anos. A diminuição destes valores pretede reduzir as consequências da
poluição atmosférica o que com o passar dos anos é acompanhado e possível pelo
desenvolvimento de ferramentas e tecnologias que permitem o melhor controlo da emissão d
poluentes, implementação de leis mais restritivas e pelas ferramentas de aviso e sensibilizãçao
à população.

Relativamente ao chumbo, arsénio, níquel e cádmio uma vez que se tratam de metais pesados,
com grande poder de bioacumulação e persistencia nos organismo humano, com caraterísticas
cancerígenas e mutagénicas o decreto lei preve concentrações na ordem dos nanogramas/m 3
ou seja grandezas de concentracões 1000 vezes menores relativamente a outros poluentes.
(DL)

As metas próvisorias apresentadas na tabela exemplificam, segundo cálculos da OMS, a


mortalidade da população consoante as concentrações de poluentes. Segundo estes cálculos
se ao limite de 5 ug/m3 de PM2.5 corresponder uma mortalidade de 100% , se a concentração
de PM2.5 passar a corresponder à das metas provisórias (35, 25, 15 e 10 ug/m 3) irá haver uma
mortalidade respetiva de 124, 116, 108 e 104 por cento consoante os estudos epidemiológicos
concretizados até ao momento (OMS, 2021). Entende-se assim a importância e as
consequências reais de respeitar os limites estabelecios para os poluentes.

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Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

5 CONCLUSÕES

A maioria dos países tem problemas a pequena ou grande escala relacionados com a qualidade
do ar. Estes problemas são mais elevados em paises em desenvolvimento com recurso
combustiveis fosseies e em paises com grandes áreas urbanas e industriais. Verifica-se que as
emissões de poluentes atmosféricos estão ligadas à queima de combustíveis fósseis, à
produção industrial e à agricultura intensiva e a eventos climáticos extremos, como incêndios
e secas.

A redução da poluição do ar pode melhorar significativamente a saúde pública e proteger o


meio ambiente assim como permite poupar nos custos inerentes as consequências da pobre
qualidade do ar. Para este objetivo é necessário reduzir as emissões de poluentes atmosféricos
o que só pode ser alcançado por meio de políticas e tecnologias que promovam fontes de
energia limpa , e com recurso à implementação global de diretrizes e legislação cada vez mais
ajustadas às consequências da exposição a poluentes atmosféricos uma vez que as massas de
ar não são estáticas, movimentando-se e dispersando assim poluentes de regiões para outras.

Em resumo, a qualidade do ar é um desafio global que exige uma ação coordenada em nível
local, regional e global. A proteção da qualidade do ar é vital para proteger a saúde pública,
garantir a sustentabilidade ambiental e promover o desenvolvimento sustentável uma vez que
necessita de soluçoes inovadoras e incentiva líderes e instituições à ação.

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Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

6 REFERÊNCIAS

Agência Portuguesa do
Ambiente. (2021). Relatório do Estado Ambiente Portugal. Obtido de
https://sniambgeoviewer.apambiente.pt/GeoDocs/geoportaldocs/rea/REA2020/REA2020.pdf

Parlamento Europeu. (2022). Anexos da Proposta de Diretiva do Parlamento Europeu e do


Conselhorelativa à qualidade do ar ambiente e a um ar mais limpo na Europa (reformulação).
Bruxelas. https://eur-lex.europa.eu/resource.html?uri=cellar:2ae4a0cc-55f8-11ed-92ed-
01aa75ed71a1.0018.02/DOC_2&format=PDF
World Health Organization. (2021). WHO global air quality guidelines. Obtido de
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/345334/9789240034433-eng.pdf?
sequence=1&isAllowed=y
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https://www.unep.org/pt-br/explore-topics/air/por-que-poluicao-do-ar-importa?
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Poluição atmosférica mata 4 mil pessoas por dia na China | Exame. (2015). Obtido de
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Obtido de https://pt.euronews.com/green/2020/09/09/eliminar-a-poluicao-atmosferica-e-
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Objetivos de qualidade do ar | Agência Portuguesa do Ambiente. (2023). Obtido de
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Poluição Atmosférica | Agência Europeia do Ambiente (2020, November 23). Obtido de 2023,
https://www.eea.europa.eu/pt/themes/air/intro
As Mortes Prematuras devido à Poluição Atmosférica continuam a diminuir na ue | Agência
Europeia do Ambiente (2023, March 30). Obtido de
https://www.eea.europa.eu/pt/highlights/as-mortes-prematuras-devido-a
Gestão da qualidade do ar | Agência Portuguesa do Ambiente. (2023). Obtido de
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Health Effects Institute. 2020. State of Global Air 2020. Special Report. Boston, MA:Health
Effects Institute. Obtido de https://fundacionio.com/wp-content/uploads/2020/10/soga-2020-
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Trabalho teórico prático poluição e qualidade do ar março de 2023

RE nº 23/2018: "Poluição atmosférica: a nossa saúde ainda não está suficientemente


protegida". (2023). Obtido de https://op.europa.eu/webpub/eca/special-reports/air-
quality-23-2018/pt/

Portugal índice de Qualidade do ar (AQI): Nível de Poluição do ar em tempo real. (2023).


Obtido de https://www.aqi.in/pt/dashboard/portugal

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