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BACHARELADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

HENRIQUE NEHRKE SALERNO

O ESTUDO DO IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID 19 E ADEQUAÇÕES


LEGAIS NA CLIMATIZAÇÃO E NOS SISTEMAS DE AR-CONDICIONADO

Porto Alegre
08/2022
HENRIQUE NEHRKE SALERNO

O ESTUDO DO IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID 19 E ADEQUAÇÕES


LEGAIS NA CLIMATIZAÇÃO E NOS SISTEMAS DE AR-CONDICIONADO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro Universitário Ritter
dos Reis, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Sergio Luiz Telles Bartex

Porto Alegre
08/2022
RESUMO

A pandemia de Covid 19, impactou de forma significativa a realidade de todos os


habitantes do planeta, desde março de 2020. A partir do surgimento em Wuhan,
capital da província de Hubei, na China, no final de 2019, foi percebido como um surto
de síndrome respiratória aguda grave, com alta transmissibilidade, adquiriu contornos
de uma pandemia planetária. Estudos recentes têm demonstrado que essa
transmissão do vírus SARS-CoV-2 ocorre de forma célere entre seres humanos, por
permanecer viável em aerossol por horas e em superfícies por tempo prolongado. As
patologias transmitidas por contato interpessoal como a Covid, são frutos de uma
contaminação que ocorre em ambiente interno. Ou externo se houver aglomerações.
O presente estudo teve como objetivo analisar a legislação que regulamenta o
controle da qualidade do ar nos ambientes climatizados, bem como, demonstrou de
que forma diferentes agentes atuaram na prevenção à contaminação do COVID-19.
Cabe destacar o levantamento de dados referente a pandemia, recomendações
adotadas legalmente para combater a proliferação de ameaças biológicas e os
estudos da qualidade do ar em diferentes aspectos, tais como: níveis aceitáveis de
temperatura, umidade, velocidade do ar e fator de renovação. Os resultados da
pesquisa apontam que a legislação acerca dos sistemas de climatização, destacando
a renovação do ar, filtragem, controle de temperatura e umidade e o monitoramento
da qualidade do ar parecem trazer recomendações muito “tímidas” e incipientes para
fazer frente a situações, como a apresentada pela Pandemia de Covid 19. As
principais iniciativas para obter melhorias na qualidade do ar interno parecem
motivadas pela sociedade civil, através de órgãos técnicos representativos.

Palavras-chave: Climatização. Pandemia de Covid 19. Qualidade do Ar.


ABSTRACT

The Covid 19 pandemic has significantly impacted the reality of all the inhabitants of
the planet since March 2020. From the emergence in Wuhan, capital of Hubei province,
China, at the end of 2019, it was perceived as an outbreak of severe acute respiratory
syndrome, with high transmissibility, has acquired the contours of a planetary
pandemic. Recent studies have shown that this transmission of the SARS-CoV-2 virus
occurs quickly between humans, as it remains viable in the aerosol for hours and on
surfaces for a prolonged time. Pathologies transmitted by interpersonal contact such
as Covid, are the result of contamination that occurs in an internal environment. Or
external if there are agglomerations. The present study aimed to analyze the legislation
that regulates the control of air quality in air-conditioned environments, as well as
demonstrated how different agents acted in preventing the contamination of COVID-
19. It is worth mentioning the collection of data regarding the pandemic,
recommendations legally adopted to combat the proliferation of biological threats and
studies of air quality in different aspects, such as: acceptable levels of temperature,
humidity, air speed and renewal factor. The research results indicate that the
legislation on air conditioning systems, highlighting air renewal, filtration, temperature
and humidity control and air quality monitoring, seem to bring very "timid" and incipient
recommendations to face situations, such as the one presented by the Covid 19
Pandemic. The main initiatives to obtain improvements in indoor air quality seem to be
motivated by civil society, through representative technical bodies.

Keywords: Air conditioning. Covid 19 Pandemic. Air Quality.


LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Referência à Renovação do Ar nos ambientes climatizados........49

TABELA 2 – Filtragem dos Sistemas de Climatização.....................................51

TABELA 3 – Referência ao Controle da Temperatura e Umidade....................54

TABELA 4 – Referência ao Monitoramento da Qualidade do Ar.......................57


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ABRAVA - Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação


e Aquecimento.

ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar.

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

CEVS - Centro Estadual de Vigilância em Saúde.

CO₂ - Dióxido de carbono.

CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia.

CREA - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia.

EPI - Equipamento de Proteção Individual.

HEPA - Hight Efficiency Particulate Air.

HVAC - Heating, Ventilating and Air Conditioning.

NR - Norma Regulamentadora.

OMS - Organização Mundial da Saúde.

PEC - Proposta de Emenda Constitucional.

PMOC - Plano de Manutenção, Operação e Controle.

SES-RS - Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul.

UV – Ultravioleta.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Classificação dos filtros de ar.

Figura 2 - Ilustração de um sistema centralizado de água gelada.

Figura 3 - Ilustração sistema centralizado VRF.

Figura 4 – Ilustração de equipamento split descentralizado.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA 13
1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 13
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA 14
1.3.1 Objetivo geral 14
1.3.2 Objetivos específicos 14
1.4 JUSTIFICATIVA 15
2 REVISÃO DE LITERATURA 17
2.1 HISTÓRICO DA PANDEMIA NO MUNDO E NO BRASIL 17
2.2 ESTÁGIO ATUAL DA PANDEMIA 21
2.3 FORMAS DE TRANSMISSÃO DA COVID 23
AÇÕES DE CONTENÇÃO DA CONTAMINAÇÃO ATRAVÉS DE AR-
2.4 26
CONDICIONADO
SOLUÇÕES PROPOSTAS PARA PREVENÇÃO EM SISTEMAS DE
2.5 27
VENTILAÇÃO E AR-CONDICIONADO
2.6 TIPOS DE FILTRAGEM 28
2.7 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO CENTRAL 30
2.8 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO DESCENTRALIZADO 32
2.9 CLIMATIZAÇÃO DE AMBIENTES 34
2.10 CLIMATIZAÇÃO NA PANDEMIA 34
2.11 MARCO LEGAL DAS ADEQUAÇÕES 40
2.12 LUZ ULTRAVIOLETA NO COMBATE AO COVID-19 43
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 45
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 47
3.2 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS 47
3.3 DEFINIÇÃO OPERACIONAL DAS VARIÁVEIS 48
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 51
4.1 RENOVAÇÃO DO AR 51
4.2 FILTRAGEM 54
4.3 CONTROLE DA TEMPERATURA E UMIDADE 57
4.4 MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR 60
4.5 LUZ ULTRAVIOLETA 64
4.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 65
5 CONCLUSÕES 68
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 70
REFERÊNCIAS 71
1 INTRODUÇÃO

A refrigeração é uma área da Engenharia Mecânica voltada aos sistemas de


climatização. Abrange criação, instalação, produção, funcionamento e manutenção
dos equipamentos, seja para prédios residenciais, empresariais ou embarcados. A
especialidade requer conhecimentos de termodinâmica bem como procedimentos de
segurança (normas técnicas, legislação ambiental e de saúde) para aplicação prática
da climatização.
Campos e Guedes (2021) destacam que o aumento na renda média das
famílias brasileiras proporcionou importantes mudanças no cotidiano e, dentre as
demandas por conforto, é notório o aumento da presença de sistemas de climatização
nas residências.
O ar-condicionado, transformou-se em um dos pilares do bem-estar
contemporâneo. E nas condições climáticas de um país tropical como o Brasil reveste-
se de um importante aliado para suportar as altas temperaturas, nas diferentes regiões
e estações de nosso país. Para além das questões de climatização dos ambientes, a
preocupação com a umidade do ar e a ventilação encontram-se na perspectiva dos
estudos da Engenharia destes sistemas.
ABRAVA (2020) destaca que o ar-condicionado no ambiente desempenha um
papel importante e pode proporcionar mais conforto aos visitantes do ambiente, seja
em casa, indústria, escritório, hospital, escola etc. Para garantir a qualidade do ar
interno, a temperatura, a umidade e a renovação do ar devem ser controladas. No
entanto, o ar-condicionado é mais do que apenas controlar a temperatura. Em cada
ambiente, a forma de execução do ar-condicionado pode ser diferente e, após a
pandemia vivenciada desde 2020, tem sido debatido qual o seu papel como difusor
(ou não) do vírus nos ambientes climatizados.
Desde os primeiros meses do ano de 2020 todo planeta se vê, de alguma
maneira, impactado pela pandemia de COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2,
ameaça concreta à saúde pública pela sua alta transmissibilidade, em distintos
ambientes. Como ressalta Monte (2020)

No final do ano de 2019, vários casos de uma pneumonia viral e


desconhecida começaram a surgir em Wuhan, província de Hubei, na China.
A maioria das pessoas infectadas trabalhavam ou viviam no mercado
atacadista local de frutos do mar Huanan, onde vendiam-se peixes e animais
vivos, incluindo aves, morcegos e cobras (MONTE, 2020, p.11).

Pandemia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), pode ser


compreendida como a epidemia de doença infecciosa que se dissemina para vários
países, com frequência para mais de um continente e que afeta, geralmente, um
grande número de pessoas (WHO, 2021)
A OMS acreditava na contenção do vírus se medidas de diagnóstico em massa,
isolamento, tratamento dos pacientes, rastreamento de casos, distanciamento social,
fossem adotadas em larga escala pelos países. A forma adotada por cada país variou
imensamente. Do lockdown ao negacionismo, os líderes mundiais conduziram
distintas estratégias de prevenção e combate à pandemia.
Pesquisa da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado,
Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) destacou que 75% da venda de ar-condicionado
no Brasil são para pequenas instalações, que não envolvem a troca do ar interno com
o externo. Isso tanto para instalações comerciais quanto residenciais. Em ambientes
confinados e coletivos a preocupação deve ser maior com a higiene e manutenção
dos aparelhos para combater poluentes, como vírus, bactérias e fungos (ABRAVA,
2020).
A transmissão da COVID-19 tem sido descrita principalmente por contato direto
de pessoa a pessoa por gotículas respiratórias, aerossóis, mãos e superfícies
contaminadas, ou pelo contato com as membranas das mucosas oral, nasal e ocular.
A literatura mostra que o SARS-CoV-2 pode permanecer viável em aerossóis por até
três horas, em condições experimentais, e por até nove dias em superfícies como
metal, vidro ou plástico, dependendo das condições da superfície e do ambiente
(CAMPOS e GUEDES, 2021).
Desde o diagnóstico dos primeiros casos de Covid 19, manifesta-se a
preocupação em relação à difusão (ou não) do vírus nos ambientes climatizados. De
maneira geral, as partículas que ficam em suspensão no ar podem ter de 1 a 3 micras.
Um único espirro pode conter três mil partículas, de 1 a 3 micras. Por isso, o uso de
máscaras é imprescindível para impedir que essas partículas contaminem o ar e
cheguem ao contato humano.
Chen et al (2020) referem que a sobrevida do SARSCoV-2 no ar é de três
horas, em superfícies de cobre é de 4 horas. No papelão é de 24 horas e no plástico
é de dois a três dias.
Profissionais da climatização desempenham um grande papel. Muito além de
jogar ar frio dentro de determinados ambientes, têm preocupações com as condições
e qualidade do ar, em estreita conexão com a saúde dos usuários. Os elevadores, por
exemplo, são vetores de contaminação muito intensos porque aproximam pessoas de
partículas (passíveis de estarem contaminadas). Outros estudos referem que a
umidade necessária para destruir quaisquer vírus é de 56%.

Mariani (2021) destaca algumas leis e normas que, em um período de quatro


décadas, orientam as condições para qualidade interna do ar: Norma
Regulamentadora (NR) 17 Ergonomia (Ministério do Trabalho) de 1978, Portaria 3523
do Ministério da Saúde, de 1998, RE-09, Regulamento Técnico da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA) de 2003, NBR 16401-3, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas de 2008. No ano de 2018 foi instituído o Plano de Manutenção,
Operação e Controle (PMOC), através da Lei 13.589/18. Tais legislações receberão,
nesta proposta de pesquisa, um maior detalhamento e análise.

Embora muitas tecnologias e métodos já tenham sido pesquisados, alguns


estão atualmente disponíveis no mercado, mas suas preocupações de eficácia e
segurança não foram totalmente investigadas. Faz-se necessário discutir as várias
tecnologias e métodos viáveis para combater vírus transportados pelo ar, por
exemplo, COVID-19, nos sistemas de ventilação, espaços fechados e sistemas
embarcados. Essas tecnologias e métodos incluem um aumento na ventilação,
filtragem de ar, ionização do ar, controle de condições ambientais, irradiação
germicida ultravioleta, plasma não térmico e espécies reativas de oxigênio,
revestimentos de filtros, desinfetantes químicos e inativação por calor.

Diante destas questões, surgem vários questionamentos. O que fazer nesses


casos de lugares que dispõem de um ar-condicionado que não foi pensado para ter
uma renovação adequada do ar? Nos locais onde estão instalados, os sistemas de
ventilação e ar-condicionado são operados e utilizados corretamente?
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Mahase (2020) destaca que a Organização Mundial de Saúde declarou o surto


de Coronavírus uma emergência de saúde pública de interesse internacional devido
ao grande e crescente número de vítimas fatais e infectados pela doença. A principal
preocupação era que o vírus se espalhasse para países que não possuíam estrutura
de saúde capaz de suportar a demanda que lhe requer. O vírus, que começou a
circular no final de 2019, já estava presente em mais de 100 países até o abril de
2020.

Em tempos de pandemia os usuários devem tomar todos os cuidados para que


o conforto da climatização não espalhe partículas nocivas. As recomendações mais
recorrentes sobre a utilização do ar-condicionado neste período ressaltam: a
necessidade de limpeza contínua dos filtros de ar, regularmente; a renovação do ar,
abrindo portas e janelas, sempre que possível e a importância de evitar ambientes
com aglomeração de pessoas, sem distanciamento (OMS, 2020).

As recomendações não podem omitir outras preocupações. A opção de acionar


o sistema de ar-condicionado com as janelas dos ambientes abertas, por exemplo,
implica maiores gastos energéticos, o que traz mais preocupações para o cenário
atual de crise energética. Contudo, parece evidente que abordar todas estas questões
assume relevância, justifica e motiva essa pesquisa.

O presente projeto de pesquisa pauta-se pela seguinte questão norteadora: De


que forma as orientações legais da ANVISA para climatização estão adequadas à
prevenção da Covid 19, em ambientes que utilizam ar-condicionado?

1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Mesmo com debates que não convergiram para o mesmo ponto, alguns
consensos foram sendo formados ao longo da pandemia de Covid 19. Um desses
consensos, expresso pela Organização Mundial de Saúde, é o de que a transmissão
do vírus ocorre de uma forma particularmente eficaz em espaços confinados e
aglomerados, onde há pouca ou nenhuma ventilação. Nesse sentido, para reduzir o
risco, ficou evidenciado que era essencial garantir ventilação e filtragem como
componentes de um plano abrangente para a reabertura de edifícios e suas
operações.
Silva (2021) ressalta que a transmissão da COVID-19 tem sido descrita
principalmente por contato direto de pessoa a pessoa por gotículas respiratórias,
aerossóis, mãos e superfícies contaminadas, ou pelo contato com as membranas das
mucosas oral, nasal e ocular. A autora pesquisou a transmissibilidade do vírus nos
ambientes odontológicos e enumerou medidas de contingência para adaptar as
necessidades de protocolo sanitário e de biossegurança à realidade e infraestrutura
dos serviços pesquisados.
Mais do que nunca, parece evidente que o sistema de aquecimento, ventilação
e ar-condicionado requer medidas de higiene capazes de minimizar risco à saúde.
Nesse sentido, cabe resgatar as formulações legais colocadas para o setor no sentido
de garantir tal controle. Destacam-se o PMOC, Plano de Manutenção, Operação e
Controle instituído pela Lei 13.589/18, a NBR 16401-3 de 2018 e a Resolução número
9 de 2003 da Agência de Vigilância Sanitária, ANVISA, como salvaguardas do
acompanhamento que garanta a qualidade do ar dentro dos ambientes. Os artigos
desta lei apresentam um check list para os técnicos realizarem seu controle.

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

Os objetivos do presente trabalho foram divididos em objetivo geral e objetivos


específicos, os quais são apresentados a seguir.

1.3.1 Objetivo geral

Contribuir com o aporte técnico da Engenharia para qualificar os processos de


prevenção à contaminação de COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2, nos sistemas
de climatização, nos períodos de pandemia, como os que estamos vivenciando desde
2020.

1.3.2 Objetivos específicos

- Analisar a legislação que regulamenta o controle da qualidade do ar nos


ambientes climatizados, em especial a Resolução 176/200 da ANVISA, a
Resolução 9/2003, da ANVISA, a NBR 16.401-3/2008 da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) e a Lei Federal 13.589/2018 e demais orientações
ou alterações na legislação pertinente;
- Possibilitar que a argumentação de diferentes atores envolvidos no processo
de prevenção à contaminação de COVID-19 possa ser contextualizada:
fabricantes de ar-condicionado, engenheiros encarregados de projetos de
instalação e manutenção dos aparelhos e usuários de sistemas de
climatização, em distintos ambientes.
- Levantar dados sobre a Pandemia de Covid 19 que se relacionem à
prevenção em eventual contaminação de usuários dos sistemas de
climatização.
- Resgatar estudos sobre a qualidade do ar em ambientes climatizados,
particularmente no que se refere a níveis aceitáveis de temperatura, umidade,
velocidade do ar e fator de renovação, à luz da legislação acima mencionada.
- Apresentar as recomendações adotadas legalmente e outra com
recomendações indicadas pela academia para combater a proliferação de
ameaças biológicas.

1.4 JUSTIFICATIVA

As autoridades de saúde buscam, desde 2020 medidas eficazes para prevenir


a transmissão comunitária da síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2
(SARS-CoV-2), reconhecida como surto global e uma das principais questões de
saúde pública.
O cenário de pandemia vivenciado em distintos lugares do planeta, aponta
evidências de transmissão pelo ar e identifica fatores de risco em ambientes
climatizados que não possuem sistema de adequado de renovação e tratamento de
ar. Nessa proposta de pesquisa prioriza-se a abordagem do meio de transmissão
efetivado através de gotículas respiratórias provenientes de indivíduos infectados.
Campos e Guedes (2021) destacam que a pandemia de Covid-19, vem
produzindo repercussões não apenas de ordem biomédica e epidemiológica em
escala planetária, mas também repercussões e impactos sociais, econômicos,
políticos, culturais e históricos sem precedentes na história recente das epidemias.
No entanto, a conjuntura atual demanda uma revisão do que é aceitável, pois
convive-se atualmente com uma pandemia de uma doença respiratória grave,
com fortes indícios de transmissão aérea e não somente por contato, como
imaginava-se originalmente. Sendo assim, ambientes climatizados que não
possuem condição adequada de renovação e/ou tratamento de ar são fator
de risco adicional de transmissão desse tipo de doença. (CAMPOS e
GUEDES, 2021, p.2)

Nesse contexto, no qual são percebidas repercussões em todas as áreas da


sociedade, a ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado,
Ventilação e Aquecimento destaca cuidados que devem ser observados:

Diante de cenário de pandemia, a ABRAVA destaca que algumas medidas


preventivas podem contribuir para o funcionamento de um ambiente com
segurança, controle do contágio por meio do vírus, e, principalmente a
garantia de uma qualidade do ar adequada em favor da saúde das pessoas.
Quatro itens são determinantes para que se garanta a qualidade do ar a ser
respirado: Renovação do Ar, Filtragem, Controle de temperatura e umidade
e Monitoramento da Qualidade do ar. (ABRAVA, 2021, p.1)

Essa associação nacional procura representar os fabricantes e orientar os


profissionais do setor para as boas práticas em Engenharia. Através de veiculações
em sua página na internet, expressa o entendimento dos fabricantes acerca de
determinados assuntos técnicos, relativos à refrigeração, ar-condicionado, ventilação
e aquecimento.
Apesar de todas as campanhas de prevenção e esclarecimentos quanto ao alto
poder de disseminação da doença, não foi possível conter a propagação inicial e
maciça da COVID-19. Por diversos meses foi possível comprovar unidades de saúde
superlotadas, profissionais de saúde altamente pressionados, unidades de tratamento
intensivo (UTI’s) sem vagas, falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI),
insuficiência de testagem diagnóstica, que compunham um quadro nada alentador.
Em junho de 2021 chegou-se a um total de 500 mil vítimas fatais da Covid 19 no Brasil.

A presente proposta de estudo se justifica pela importância de se aprofundar


um aspecto deste cenário: a climatização em ambientes fechados, no contexto da
pandemia. Parece evidenciar-se que uma nova adaptação para tempos de COVID-19
traga desafios de adaptação para o setor. Entretanto, na perspectiva das indústrias
fabricantes, tais adaptações não podem ser inviabilizadas por custos, sejam eles de
instalação, seja com o maior gasto de energia.
2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 HISTÓRICO DA PANDEMIA NO MUNDO E NO BRASIL

De acordo com Barreto (2020), no final do ano de 2019, mais precisamente no


dia 31 de dezembro, foi detectado o primeiro caso de pneumonia na cidade de Wuhan,
com causas desconhecidas, dos quais necessitavam de atenção. Logo, no início de
janeiro de 2020, foram notificados 41 pacientes confirmados com essa doença
misteriosa, no dia 7, a China descobriu a identidade do microrganismo, o SARS-CoV-
2, mais conhecido como o novo coronavírus.
No dia 12 de janeiro, a OMS (Organização Mundial da Saúde) faz o primeiro
alerta sobre o surto do novo coronavírus. No mesmo dia, foi compartilhada a primeira
informação para auxiliar os países dos cinco continentes a testar e rastrear o vírus.
No dia 13, a Tailândia enfrentou seu primeiro caso, no Japão (16) e Coreia do Sul
(20). Já no dia 22 de janeiro, o Comitê de Emergência adiou uma decisão
recomendando que o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus,
declarasse o surto uma emergência pública de interesse internacional. Em 30 de
janeiro, Tedros mudou de posição, elevando o nível de alerta para todo o mundo.
Neste momento, o número de casos ultrapassava mais de 8 mil, com 171 vítimas
fatais, só na China.
Em 10 de fevereiro, já eram mais de 40 mil casos registrados, com 454 casos
externos à China, quatro dias mais tarde, a OMS define o surto de coronavírus como
controlado, devido aos poucos casos fora a China. No dia 24, o número de casos
externos a China cresce de forma sem precedente. Os países que têm o maior
aumento são Itália, que passaram de 79 casos para 222 em apenas dois dias, e Irã,
que contabilizou 12 mortes e fechou as fronteiras. No mesmo dia, a OMS declara que
países devem se preparar para uma possível pandemia, e, no dia 26, com mais de
81.300 casos confirmados em mais de 44 países.
Em 11 de março, a OMS define o surto como pandemia, apontando mais de
118 mil casos em 114 países, com 4.291 vítimas fatais. Conforme anunciado em
entrevista coletiva no dia 13, pelo diretor-geral da OMS disse que os casos da Europa
superavam a quantidade diária da China no pico da epidemia, se tornando assim o
novo epicentro da pandemia no mundo. No dia 23, a OMS alertou para o crescimento
exponencial no número de casos no mundo, o número de pessoas infectadas chegou
a 100.000, e levou apenas 11 dias para chegar a 200.000, e, em apenas 4 dias o total
de indivíduos infectados chegou a mais de 300 mil em quase todos os países do
mundo.
Já em 1º de abril, mais de 1 milhão de casos são registrados no mundo. O país
com maior número de pessoas contaminadas é o Estados Unidos, com mais de 200
mil casos, seguido de Espanha (mais de 117 mil), Itália (mais de 115 mil), Alemanha
(mais de 85 mil).
Conforme os dados apresentados pelas Nações Unidas Brasil, depois de dois
anos de pandemia, são quase 500 milhões de casos de covid confirmados no mundo,
dos quais pelo menos 6 milhões são de óbitos. (NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2022)

No dia 27 de janeiro de 2020, a OMS (Organização Mundial da Saúde) alterou


o seu posicionamento sobre o surto do novo tipo de coronavírus, passando de uma
emergência de risco moderado para emergência de nível elevado. Com a adoção de
novo posicionamento sobre os casos de infecção, começam a aparecer suspeitas de
contaminação no Brasil. Até o dia 29 de janeiro, eram nove suspeitas, sem nenhuma
confirmação (Barreto, 2020).

O primeiro caso confirmado no Brasil pelo novo coronavírus foi em 26 de


fevereiro de 2020, na cidade de São Paulo (FERNANDES et al, 2021, p.6).

No Brasil, o contexto da pandemia foi marcado pelas divergências entre


gestores públicos, das diferentes esferas. Especialmente no que se refere à abertura
(ou não) do comércio, das escolas, das universidades, dos shopping centers, das
academias de ginástica, dos restaurantes, entre outros locais de aglomeração
humana. Das aberturas graduais até a situação de lockdown (fechamento quase total
de todas as atividades econômicas), (FERRARI, CUNHA, 2021).

Tais divergências políticas e administrativas determinaram que a mais alta corte


do país, o Supremo Tribunal Federal (STF) ratificasse a competência de estados e
municípios de tomar medidas com o objetivo de conter a pandemia do coronavírus.
Contrariando intenção do Governo Federal, entes da federação poderiam determinar
quarentenas, isolamento, protocolos, restrição de atividades, sem que a União
pudesse interferir no assunto.
Barreto (2020), destaca que a primeira morte confirmada no Brasil foi registrada
no estado de São Paulo no dia 17 de março de 2020, levando apenas 6 dias desde o
diagnóstico até o óbito. São Paulo já registrava mais de 150 casos, segundo dados
da Secretaria Estadual de Saúde, e mais de 1.400 suspeitos. Logo no dia 20 de março,
três dias depois da primeira morte registrada no Brasil, já havia mais de 900 casos e
11 óbitos.

O crescimento exorbitante nos casos de infecções pelo novo coronavírus era


sem precedente, com mais de 101.147 casos confirmados da doença e 7.025 óbitos,
em 3 de março de 2020 (Barreto, 2020).

Rodrigues et al (2022) analisa a evolução espacial da Covid-19 no Rio Grande


do Sul entre os meses de março a outubro de 2020, destacando a existência de
padrões geográficos de expansão, perpassando estruturas socioespaciais e
socioeconômicas peculiares. No sentido de monitorar a incidência da distribuição do
novo coronavírus no Estado do Rio Grande do Sul, algumas ações foram feitas por
parte do Governo Estadual, notadamente a proposta do distanciamento controlado.
Nesta, distintas regiões do território estadual são identificadas a partir de cores
representadas por bandeiras que mostram o risco de contágio (RS, 2020). Entretanto,
os autores referem as limitações desta ação de monitoramento.

Por fim, a análise da Covid-19 no estado do Rio Grande do Sul até o final de
outubro de 2020 indica que o modelo de distanciamento controlado proposto
pelo governo não se mostrou eficiente na contenção da disseminação do
Sars-Cov-2, pois não contempla questões espaciais fundamentais para a
compreensão das realidades e particularidades regionais, tais como: as
migrações pendulares de trabalhadores e os centros geográficos médios de
incidência de casos no espaço-tempo (...) Fica evidenciada a incapacidade
de entendimento sobre a dinâmica espacial do novo coronavírus
estabelecendo divisões territoriais estanques, que não se relacionam, pois
este recorte não representa a realidade vivida, tampouco age como fator
limitador da locomoção humana sobre o território (RODRIGUES ET AL, 2022,
p.6)

No Rio Grande do Sul, a Secretaria da Saúde do Estado (SES-RS), por meio


do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), confirmou no dia 10 de março de
2020 o primeiro caso de infecção pelo novo Coronavírus (Covid-19) no Rio Grande do
Sul. Um homem de 60 anos residente em Campo Bom com histórico de viagem para
Milão, na Itália. No início de fevereiro, foi lançado o Plano de Ação e Contingência
Estadual para preparar o monitoramento, controle e assistência a possíveis casos no
Estado. O segundo caso do Estado do Rio Grande do Sul foi confirmado no dia
seguinte, 11 de março de 2020, por meio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e da
Secretaria Municipal de Saúde. Foi o primeiro caso de covid-19 em Porto Alegre
(PORTO ALEGRE, 2022)
No âmbito do município de Porto Alegre foi elaborada ainda no mês de fevereiro
de 2020 a primeira versão do Plano de Contingência Municipal de Porto Alegre para
infecção humana pelo novo Coronavírus (covid-19). Segundo a informação da
Secretaria Municipal de Saúde, esse foi o principal documento orientador, a partir do
qual se definiram os protocolos sanitários para os porto-alegrenses:

Descreve as ações de vigilância e atenção em saúde, em todos os


níveis de complexidade, para prevenção e enfrentamento ao Covid-
19. Estruturado pela Secretaria Municipal de Saúde encontra-se em
conformidade com o Plano de Contingência e Ação Estadual,
desenvolvido pela Secretaria Estadual de Saúde, e o Plano de
Contingência Nacional para Infecção Humana pelo Novo
Coronavírus (covid-19), elaborado pelo Ministério da Saúde. Ele foi
concebido a partir da Declaração de Emergência em Saúde Pública
anunciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 30 de
janeiro de 2020, após casos detectados na China infectados pelo
SARS-Cov-2, então conhecido como Novo Coronavírus. (...) Esse
Plano encontra-se em constante avaliação e atualização, de acordo
com surgimento de fatos e novos conhecimentos sobre o SARS-
Cov-2. Através do Portal Coronavírus, disponibilizado
eletronicamente, é possível acompanhar os dados de
monitoramento e ações realizadas pela Secretaria Municipal de
Saúde. (PORTO ALEGRE, 2022, p. 3).

Como forma de prevenção, em fevereiro de 2020 a ANVISA e o Ministério da


Saúde alteraram os critérios para doação de sangue no país, mesmo sem evidência
que o vírus seja transmitido pela transfusão de sangue. Logo, no dia 9 de março o
Ministério da Saúde passou a adotar as novas recomendações da OMS, testagem
dos pacientes com síndrome respiratória aguda grave em cidades que já havia casos,
mesmo sem histórico de viagem (Barreto, 2020).

Cabe salientar, que no dia da declaração da pandemia, a Agência Nacional de


Saúde Suplementar (ANS), anuncia a cobertura obrigatória de exame de detecção do
coronavírus para os beneficiários de planos de saúde. Outrossim, no dia 13 de maço,
o Ministério da Saúde recomendou a antecipação de férias nas escolas, interrupção
de eventos e isolamento dos viajantes internacionais. Logo no dia 20 de maço, o
Ministério da Saúde decreta transmissão comunitária em todo o país, com mais de
900 casos no Brasil e 11 mortes, até aquele momento (Barreto, 2020).

Em julho de 2020, a ANVISA autorizou o primeiro teste com a vacina contra


Covid-19 no Brasil, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a
Fundação Oswaldo Cruz, em que produzirão os primeiros lotes até dezembro de 2020.
No mês seguinte, a ANVISA autoriza o uso de mais duas vacinas no Brasil, a BioNTec
em parceria com a Pfizer e a vacina chinesa Sinovac. O Ministério da Saúde torna
obrigatória a notificação de teste de Covd-19, mediante a Portaria Nº 1.792, no dia 21
de julho (Barreto, 2020).
Em outra perspectiva, Berry et al (2022) destacam que a ameaça representada
pelo potencial disseminação do vírus através de um modo de transmissão aérea via
sistemas de ventilação em edifícios e espaços fechados foi reconhecido como uma
justificada preocupação. Visando mitigar essa ameaça, pesquisadores voltaram-se
para diferentes tecnologias e métodos que podem atenuar a concentração do vírus
em sistemas de ventilação e ar-condicionado em espaços fechados.

2.2 ESTÁGIO ATUAL DA PANDEMIA

A pandemia da doença causada pelo novo coronavírus 2019 (COVID-19)


tornou-se um dos grandes desafios do século XXI (MAHASE, 2020, OMS, 2021a;
OMS, 2021b; PASSOS, 2020; SILVA, 2021, WHO 2021a; WHO, 2021b). Seus
impactos ainda são inestimáveis, mas afetam direta e indiretamente a saúde e a
economia da população mundial. Tal pandemia é um exemplo daquilo que
especialistas em relações internacionais chamariam de “desafio global”, que obriga a
população humana a repensar sua forma de viver.

A ocorrência de pandemia não pode ser considerado fato isolado. Em


diferentes momentos da história, epidemias “disseminaram-se a partir de uma área
restrita e atingiram outros territórios, nações e continentes” (UJVARI, 2003, p.297). A
peste negra, a gripe russa, a gripe espanhola, podem ser referidas como ocorrências
anteriores de fenômeno pandêmico que impactou a vida em sociedade, causando
mudanças no convívio cotidiano das pessoas nos mais diferentes grupos sociais
A Organização Mundial de Saúde (OMS) caracteriza de uma doença como
pandêmica quando estabelece um estágio de atenção, a partir do qual países e
governantes podem criar mecanismos de proteção para suas populações, estabelecer
protocolos sanitários, além de instituir cooperação internacional com a finalidade de
coordenar esforços e aumentar a eficácia das medidas de controle da doença.
Na primeira semana de fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde declarou
Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da
infecção humana pelo Novo Coronavírus (Covid-19), por meio da Portaria MS n° 188,
e conforme Decreto n° 7.616. O primeiro caso no país foi confirmado no dia 26 de
fevereiro de 2020, em São Paulo. Um homem de 61 anos e histórico de viagem para
Itália, região da Lombardia (BRASIL, 2020).

No caso do novo coronavírus, causador da Covid-19, transformado em


pandemia, traz um quadro muito mais agressivo em ação, sobretudo pela capacidade
de transmissibilidade do vírus mesmo por indivíduos assintomáticos, como de seu
longo tempo de incubação no corpo humano. Se no início houve uma transmissão
exógena, capaz de ser mapeada, rastreada e isolada, no qual o meio de difusão foi
sobretudo o transporte aéreo, na transmissão comunitária, com uma primazia dos
transportes terrestres. (Passos, 2020)

Rodrigues et al (2022) analisam a evolução espacial da Covid-19 no Rio


Grande do Sul entre os meses de março a outubro de 2020, destacando a existência
de padrões geográficos de expansão, perpassando estruturas socioespaciais e
socioeconômicas peculiares. No sentido de monitorar a incidência da distribuição do
novo coronavírus no Estado do Rio Grande do Sul, algumas ações foram feitas por
parte do Governo Estadual, notadamente a proposta do distanciamento controlado.
Nesta, distintas regiões do território estadual são identificadas a partir de cores
representadas por bandeiras que mostram o risco de contágio (RS, 2020). Entretanto,
os autores referem as limitações desta ação de monitoramento.

A Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (SES-RS), por meio do


Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), confirmou no dia 10 de março de
2020 o primeiro caso de infecção pelo Novo Coronavírus (Covid-19) no Rio 7 Grande
do Sul. Um homem de 60 anos residente em Campo Bom com histórico de viagem
para Milão, na Itália. No início de fevereiro, foi lançado o Plano de Ação e Contingência
Estadual para preparar o monitoramento, controle e assistência a possíveis casos no
Estado. O segundo caso do Estado do Rio Grande do Sul foi confirmado no dia
seguinte, 11 de março de 2020, por meio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e da
Secretaria Municipal de Saúde. Foi o primeiro caso de covid-19 em Porto Alegre
(PORTO ALEGRE, 2022)
Em outra perspectiva, Berry et al (2022) destacam que a ameaça representada
pelo potencial disseminação do vírus através de um modo de transmissão aérea via
sistemas de ventilação em edifícios e espaços fechados foi reconhecido como uma
justificada preocupação. Visando mitigar essa ameaça, pesquisadores voltaram-se
para diferentes tecnologias e métodos que podem atenuar a concentração do vírus
em sistemas de ventilação e ar-condicionado em espaços fechados.

2.3 FORMAS DE TRANSMISSÃO DA COVID

As evidências atuais sugerem que o vírus se espalha principalmente entre


pessoas que estão em contato próximo, por exemplo, a uma distância de
conversação. O vírus pode se espalhar da boca ou nariz de uma pessoa infectada em
pequenas partículas líquidas quando tosse, espirra, fala, canta ou respira. Outra
pessoa pode então contrair o vírus quando partículas infecciosas que passam pelo ar
são inaladas a curto alcance (isso geralmente é chamado de aerossol de curto alcance
ou transmissão aérea de curto alcance) ou se partículas infecciosas entrarem em
contato direto com os olhos, nariz ou boca (transmissão de gotículas) (BULUT; KATO,
2020).
O vírus também pode se espalhar em ambientes fechados mal ventilados e/ou
lotados, onde as pessoas tendem a passar mais tempo. Isso ocorre porque os
aerossóis podem permanecer suspensos no ar ou viajar mais longe do que a distância
de conversação (isso geralmente é chamado de aerossol de longo alcance ou
transmissão aérea de longo alcance) (RYU; CHUN, 2020).
As pessoas também podem ser infectadas ao tocar seus olhos, nariz ou boca
após tocar superfícies ou objetos que foram contaminados pelo vírus. Mais pesquisas
estão em andamento para entender melhor a propagação do vírus e quais
configurações são mais arriscadas e por quê. A pesquisa também está em andamento
para estudar as variantes de vírus que estão surgindo e por que algumas são mais
transmissíveis (BAHIA, 2020).
Independentemente de apresentarem ou não sintomas, as pessoas infectadas
podem ser contagiosas e o vírus pode se espalhar delas para outras pessoas. Dados
laboratoriais sugerem que as pessoas infectadas parecem ser mais infecciosas pouco
antes de desenvolverem sintomas (ou seja, 2 dias antes de desenvolverem sintomas)
e no início de sua doença. As pessoas que desenvolvem doenças graves podem ser
infecciosas por mais tempo. Embora alguém que nunca desenvolva sintomas possa
transmitir o vírus para outras pessoas, ainda não está claro com que frequência isso
ocorre e são necessárias mais pesquisas nessa área (GASPARYAN, 2020).
Qualquer situação em que as pessoas estejam próximas umas das outras por
longos períodos de tempo aumenta o risco de transmissão. Locais internos,
especialmente locais onde há pouca ventilação, são mais arriscados do que locais
externos. Atividades em que mais partículas são expelidas da boca, como cantar ou
respirar pesadamente durante o exercício, também aumentam o risco de transmissão
(RYU; CHUN, 2020).
De acordo com Bulut e Kato (2020), as formas em que a transmissão do vírus
COVID-19 se espalha mais facilmente são:
• Lugares cheios;
• Configurações de contato próximo, especialmente onde as pessoas conversam
muito próximas umas das outras;
• Espaços confinados e fechados com pouca ventilação.

O risco de propagação do COVID-19 é especialmente alto em locais onde


essas possibilidades se sobrepõem. Nas unidades de saúde onde as pessoas estão
recebendo tratamento para COVID-19, há um risco aumentado de infecção durante
procedimentos médicos chamados procedimentos de geração de aerossóis. Estes
podem produzir gotículas muito pequenas que podem ficar suspensas no ar por
longos períodos de tempo e se espalhar além das distâncias de conversação
(normalmente 1 metro) (GASPARYAN, 2020).
É por isso que os profissionais de saúde que realizam esses procedimentos ou
em ambientes onde esses procedimentos são realizados devem tomar medidas
específicas de proteção aérea, incluindo o uso de equipamentos de proteção
individual adequados, como respiradores. É também por isso que os visitantes não
são permitidos nas áreas onde esses procedimentos estão sendo realizados (BULUT;
KATO, 2020).
Variações podem ser implementadas para manter as pessoas protegidas do
COVID-19. De acordo com Bahia (2020), as precauções básicas necessárias são:
• Siga as orientações locais: Verifique para ver o que as autoridades nacionais,
regionais e locais estão aconselhando para que você tenha as informações
mais relevantes;
• Mantenha distância: Fique a pelo menos 1 metro de distância das outras
pessoas, mesmo que não pareçam estar doentes, pois as pessoas podem ter
o vírus sem apresentar sintomas.
• Use uma máscara: use uma máscara de três camadas bem ajustada,
especialmente quando não puder se distanciar fisicamente ou se estiver em
ambientes fechados. Limpe as mãos antes de colocar e tirar a máscara;
• Evite lugares lotados, mal ventilados, locais fechados e evite contato
prolongado com outras pessoas. Passe mais tempo ao ar livre do que dentro
de casa;
• A ventilação é importante: Abra as janelas quando estiver dentro de casa para
aumentar a quantidade de ar externo;
• Evite tocar em superfícies, especialmente em ambientes públicos ou unidades
de saúde, caso pessoas infectadas com COVID-19 as tenham tocado. Limpe
as superfícies regularmente com desinfetantes padrão;
• Limpe frequentemente as mãos com água e sabão ou com álcool gel. Se puder,
leve consigo um gel à base de álcool e use-o com frequência
• Cubra a tosse e espirro com um cotovelo dobrado ou lenço de papel, jogando
os lenços usados em uma lixeira fechada imediatamente. Em seguida, lave as
mãos ou use um desinfetante para as mãos à base de álcool;
• Vacina: siga as orientações e recomendações locais sobre vacinação.
2.4 AÇÕES DE CONTENÇÃO DA CONTAMINAÇÃO ATRAVÉS DE AR-
CONDICIONADO

A disseminação do COVID-19 ocorre através de partículas e gotículas


transportadas pelo ar. As pessoas infectadas com COVID podem liberar partículas e
gotículas de fluidos respiratórios que contêm o vírus covid-19 no ar quando expiram
(por exemplo, respiração silenciosa, fala, canto, exercício, tosse, espirro). As gotículas
ou partículas de aerossol variam em uma ampla gama de tamanhos – do visível ao
microscópico. Uma vez que as gotículas e partículas infecciosas são exaladas, elas
se movem para fora da pessoa (a fonte). Essas gotículas carregam o vírus e
transmitem a infecção. No interior, as gotículas e partículas muito finas continuarão a
se espalhar pelo ar da sala ou espaço e podem se acumular (LI et al., 2020).
Como o COVID-19 é transmitido através do contato com fluidos respiratórios
que transportam o vírus infeccioso SARS-CoV-2, uma pessoa pode ser exposta por
uma pessoa infectada tossindo ou falando perto dela. Eles também podem ser
expostos pela inalação de partículas de aerossol que estão se espalhando para longe
da pessoa infectada. A transmissão do COVID-19 por inalação de vírus no ar pode
ocorrer a distâncias superiores a um metro e oitenta. As partículas de uma pessoa
infectada podem se mover por uma sala inteira ou espaço interno (CDC, 2020).
As partículas também podem permanecer no ar depois que uma pessoa sai da
sala – elas podem permanecer no ar por horas em alguns casos. Alguém também
pode ser exposto por meio de respingos e sprays de fluidos respiratórios diretamente
em suas membranas mucosas. A disseminação também pode ocorrer às vezes
através do contato com superfícies contaminadas, embora essa rota seja agora
considerada menos provável (CRISPIM, 2020).
Embora o risco de infecção pela inalação de partículas portadoras do vírus
geralmente diminua com a distância das pessoas infectadas e com o tempo, algumas
circunstâncias aumentam o risco de infecção, de acordo com Li et al. (2020):
• Estar em ambientes fechados e não ao ar livre, principalmente em ambientes
internos onde a ventilação com ar externo é inadequada;
• Atividades que aumentam a emissão de fluidos respiratórios, como falar alto,
cantar ou se exercitar;
• Tempo de exposição prolongado (por exemplo, mais do que alguns minutos);
• Espaços lotados, principalmente se as coberturas faciais forem usadas de
forma inconsistente ou inadequada.
Existem medidas diretas que podem ser tomadas para reduzir o potencial de
transmissão aérea do COVID-19 e o foco deste material está nessas medidas. O
layout e o design de um edifício, bem como a ocupação e o tipo de sistema de
aquecimento, ventilação e ar condicionado, Heating, Ventilating and Air Conditioning
(HVAC), podem afetar a disseminação potencial do vírus no ar. Embora as melhorias
na ventilação e na limpeza do ar não possam, por si só, eliminar o risco de transmissão
aérea do vírus SARS-CoV-2, recomenda-se aumentar a ventilação com ar externo e
filtragem de ar como componentes importantes de uma estratégia maior que pode
incluir distanciamento físico, uso de coberturas faciais de pano ou máscaras, limpeza
de superfícies , lavagem das mãos e outras precauções (CRISPIM, 2020).

2.5 SOLUÇÕES PROPOSTAS PARA PREVENÇÃO EM SISTEMAS DE


VENTILAÇÃO E AR-CONDICIONADO

Garantir a ventilação adequada com ar externo pode ajudar a reduzir os


contaminantes transportados pelo ar interno, no entanto por si só, aumentar a
ventilação não é suficiente, contudo, em conjunto com outras práticas, como
distanciamento físico e evitar espaços internos lotados, uso de máscaras e lavagem
das mãos, aumentar a ventilação pode fazer parte de um plano para proteger a todos.
A direção em que o ar sopra pode mudar as vezes, se essas mudanças forem
frequentes, deve-se mover a ventilação para outro local. Para ajudar a reduzir os
riscos de transmissão aérea, direcione o fluxo de ar do ventilador para que não sopre
diretamente de uma pessoa para outra (CDC, 2020).

Em um local público, para aumentar a ventilação, não se deve abrir janelas e


portas se isso representar um risco à segurança ou à saúde de um grupo de pessoas,
considere, utilizar ventiladores internos, ventiladores de janela especializados,
ventiladores de caixa ou ventiladores de torre podem ser colocados na frente de uma
janela. Contudo, se não for esse o caso, a combinação de ventiladores internos com
portas ou janelas abertas para aumentar ainda mais a ventilação. Para janelas duplas,
do tipo mais comum favorece a ventilação. Mesmo ao usar uma única janela, abrir
parcialmente o caixilho superior e inferior pode ajudar a melhorar a ventilação.
(CRISPIM, 2020).

Para aumentar a ventilação natural, abra mais de uma janela ou porta, se


possível. Abrir as janelas mais altas e mais baixas de uma casa ao mesmo tempo
(especialmente em andares diferentes) também pode ajudar a aumentar a ventilação.
Para ventilação adicional, vários ventiladores podem ser usados para empurrar o ar
para fora de uma janela e atraí-lo de outra. Se um único ventilador for usado, ele deve
estar voltado (e soprando ar) na mesma direção em que o ar está se movendo
naturalmente (LI et al., 2020).

2.6 TIPOS DE FILTRAGEM

A Norma Técnica (NBR 16401-3) de 2008 sobre instalações de ar condicionado


e qualidade do ar interior, exarada pela ABNT e elaborada pelo Comitê Brasileiro de
Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento consolida-se como
importante referência para tratamento do tema dessa pesquisa. Para abordar os
impactos da pandemia de Covid 19 e adequações legais na climatização e sistemas
de ar condicionado, não se pode desconsiderar a existência de normativas técnicas
que, se observadas no contexto da pandemia, contribuem para prevenção da
contaminação.
Na parte inicial deste documento ressalta-se:
O sistema de ar condicionado controla a qualidade do ar interior
por meio da renovação por ar exterior e pela filtragem de todo ar
insuflado. A renovação reduz a concentração no ambiente de
poluentes gasosos, biológicos e químicos, que não são retidos
nos filtros. A filtragem do ar tem como função, reduzir a
concentração no ambiente dos poluentes trazidos do ar exterior
e os gerados internamente, os quais são transportados pelo ar
recirculado, evitando sua acumulação no sistema. (ABNT, 2008,
p.3)

A referência desta norma técnica coloca-se no sentido de evidenciar a


relevância da filtragem. O filtro mantém a poeira atmosférica e outros poluentes fora
de contato com o ventilador do ar-condicionado. Dito de outra forma, a limpeza do
filtro do ar-condicionado é muito importante por uma variedade de razões: o conforto
térmico, a eficiência energética, a proteção de componentes internos, a longevidade
do aparelho e para preservar a saúde das pessoas que utilizam o equipamento.

Publicada em 2012 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a


(NBR 16101) é uma norma regulamentadora constituída por diversos avanços
propostos pela norma EN 779. A NBR 16101 fala em específico sobre os filtros de ar
para partículas em suspensão, empregados para viabilizar a renovação de ar,
especialmente em ambientes profissionais. É wnecessário ter atenção, porém, para
algumas diferenças existentes entre a (NBR 16101) de 2012 e a (NBR 16401-3) de
2008. Elas se distinguem em relação a nomenclatura dos filtros da classe F5 e F6,
que atualmente são intitulados de M5 e M6. Eles têm as mesmas definições de
eficiência média que possuíam anteriormente e, por isso, começaram a ser chamados
de filtros médios.

Figura 1 – Classificação dos filtros de ar.

Fonte: ABNT NBR 16101:2012.


2.7 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO CENTRAL

Gomez; Chaves (2012) afirmam que o avanço tecnológico dos sistemas


de ar condicionado foram pautados pela estratégia de climatização mais adequada
para cada peculiaridades. Todos os sistemas de ar condicionado baseiam-se na troca
de calor do ar com um ciclo de refrigeração, que consiste em um conjunto de
processos termodinâmicos em um determinado fluido refrigerante. Para atender as
normas técnicas quanto à qualidade do ar, os splits e os sistemas de vazão variável
de fluido refrigerante, necessitam de um sistema auxiliar de renovação de ar.

Souza (2010) caracteriza o sistema de ar condicionado central como um


sistema que utiliza uma unidade condensadora ao mesmo tempo em que se vale de
distintas evaporadoras espalhadas nos diferentes ambientes. Nesse sentido, tem
como princípio um projeto de climatização específico, que busca levar em conta
diversos fatores. Outrossim, o sistema de água gelada para ar condicionado funciona
com base no princípio básico de refrigeração. Sendo assim o ar condicionado central,
a água gelada que é expelida pelo sistema é distribuída pelo edifício dentro de
tubulações, com um ventilador que joga o ar pela tubulação. O ar perde o calor e é
conduzido à rede de dutos espalhada pelo andar.

No sistema centralizado é indispensável inteirar-se do projeto a partir de sua


planta, analisando quais as melhores propostas para o projeto. O objetivo do projeto
será atender as solicitações do cliente, respeitando as normas e recomendações dos
fabricantes e geralmente será de resfriar ou aquecer o ambiente. No entanto, todo
projeto apresenta diferentes circunstâncias que requerem diferentes soluções.
Pena (2002) salienta que o sistema centralizado de água gelada é sugerido
para projetos de grandes, por causa do seu valor elevado, resultando em mais
eficiência quando se trata de consumo de energia. Esse tipo de sistema é detectado
quando utilizam máquinas de grande porte. Usualmente, os trocadores de calor são
colocados no alto do edifício, com o condensador integrado à torre de arrefecimento,
recebendo água à temperatura ambiente ao gás refrigerante, diminuindo a sua
temperatura.
Figura 2 – Ilustração de um sistema centralizado de água gelada.

Fonte: Graciliano da Silva, 2012.

Ribeiro (2009) destaca o sistema VRF (Variable Refrigerant Flow) como um


sistema capaz de controlar a quantidade de refrigerante que flui para as unidades
internas/evaporadores, que podem ser muitas e de diferentes capacidades e
configurações, com controle do conforto de forma individualizada, resfriamento e
aquecimento simultâneos em diferentes zonas com recuperação de calor de uma zona
a outra.
Figura 3 – Ilustração sistema centralizado VRF.

Fonte: Northec, 2019.


2.8 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO DESCENTRALIZADO

Pena (2002) esclarece que, diferentemente do sistema de ar condicionado


central, os aparelhos de ar condicionado descentralizados podem ser instalados em
salas, residências e locais de menor área. A instalação é menos complicada do que
com aparelhos centrais. O apelo comercial em favor desses aparelhos dá-se por conta
de aparentes vantagens em sua implementação. A primeira delas é o custo. É inegável
que os sistemas descentralizados ofereçam menor custo do que uma solução central.
O usuário/cliente identifica que estes sistemas podem eleger ambientes que
necessitem de climatização, em detrimento de outros que não tenham a mesma
necessidade. Isso impacto no custo total de instalação. Percebida como mais fácil.
De outra parte, podem ser apontadas como desvantagens destes sistemas
descentralizados a necessidade de vários aparelhos para climatizar diversas salas.
Como uma solução mais “doméstica”, o aparelho de ar condicionado (descentralizado)
é percebido muito mais como um eletrodoméstico daquele determinado ambiente do
que um aparelho que pode trazer severas consequências para a qualidade do ar.
Os chamados “ar condicionado de janela” são os modelos mais tradicionais, já
que concentram todos os componentes num mesmo aparelho, fazendo a compressão,
condensação, evaporação e ventilação. Trata-se de um sistema de ar
condicionado limitado, normalmente instalado em escritórios menores e em prédios
antigos que não possuem o sistema central.
Gomez; Chaves (2012, p.40) reforçam que, “embora apresentem custo e nível
de ruído reduzidos, são equipamentos com baixo grau de eficiência energética e
filtragem do ar”. A diferença do split para o ar-condicionado de janela é que este tem
todas as peças em uma única unidade, que é instalada em um vão na
parede do cômodo refrigerado
Ribeiro (2009, p.31-2) destaca:

O condicionador de ar foi inventado no início do século passado


pelo engenheiro Willis Haviland Carrier, cujo objetivo era
solucionar os problemas de impressão de uma gráfica
americana, que ocorriam devido às variações de temperatura Tal
advento tornou Carrier conhecido como o “pai do ar
condicionado”.
Split vem da língua inglesa e significa divisão. Daí a origem do nome desses
condicionadores nos quais há uma separação entre as unidades evaporadora (parte
fria) e condensadora (parte quente). Quando comparados aos condicionadores de
janela, além do aspecto estético, os splits apresentam a vantagem de serem mais
silenciosos, pois a unidade condensadora, que comporta o ruidoso compressor, fica
afastada do ambiente condicionado.

Ribeiro (2009) destaca que os splits caracterizam-se por uma deficiência


significativa: a ausência de renovação de ar exterior. Assim, o ar do ambiente fica
sendo recirculado, todo o tempo. Inviabiliza as exigências de filtragem e renovação de
ar preconizadas na legislação. Em um contexto de pandemia, como o experimentado
desde 2020, pode-se afirmar que tais sistemas apresentam risco à saúde dos
usuários, especialmente em espaços onde há aglomeração de pessoas. Ribeiro
ressalta que, para contornar a ausência de renovação de ar, os projetistas são
forçados a utilizar sistemas complementares para insuflação de ar, onde se faz
necessário a instalação de volumosas caixas de ventilação, filtros, intertravamentos
elétricos etc.

Figura 4 – Ilustração de equipamento split descentralizado.

Fonte: Frcbrasil, 2019.


2.9 CLIMATIZAÇÃO DE AMBIENTES

Quando se pensa em climatização de ambientes é importante diferenciar que


os sistemas de ar-condicionado e ventilação têm objetivos distintos: ventilação
especial, qualidade do ar interno e conforto térmico. A maioria dos equipamentos de
uso geral é usada para conforto térmico e utiliza principalmente sistemas
independentes, incluindo fechado, dividido e chillers. Nas últimas décadas, com a
aplicação de novos compressores, melhorando os acionamentos, otimizando a
eficiência e a recuperação de calor, tais sistemas têm se desenvolvido vigorosamente
(CARRIER, 2014).
O desenvolvimento do sistema geotérmico pode economizar até 50% da
eletricidade residencial, portanto, a comparação com outros sistemas mostra que a
taxa de emissão de dióxido de carbono foi reduzida. Em termos de consumo de
energia, o sistema geotérmico apresenta vantagens óbvias sobre os sistemas
tradicionais. Porém, por se tratar de um sistema relacionado às condições climáticas
e geológicas da região, sua implantação requer pesquisas para avaliação de sua
viabilidade. No Brasil, pouco se sabe sobre desempenho e sobrevivência (SILVA e
BRESCANSIN, 2015).
Como ressaltam Fernandes et al (2021, p.3) “o engajamento de pesquisadores
no enfrentamento à covid-19 propiciou à sociedade resultados imediatos, a começar
pela disseminação de informações confiáveis sobre a doença”.

2.10 CLIMATIZAÇÃO NA PANDEMIA

A pandemia de Covid 19 trouxe à tona diversos aspectos de uma crise


societária global. Passos (2020) destaca que a ameaça representada pelo COVID-19
vem mobilizando diversas áreas do conhecimento. Desde as contestações aos
governos que impuseram medidas que espalhariam um clima de pânico, legitimando
um Estado de exceção, até àqueles para quem as orientações de confinamento e
quarentena representaram, de forma mais relevante, impacto sobre setores da
economia, o desemprego, a crise econômica e social. Destacando-se a noção de
comunidade entre todas as nações, desde que a epidemia no novo coronavírus surgiu,
configurando uma ameaça potencial às vidas e modos de viver em todo o planeta.
Varella (2002) há quase duas décadas, defendia o argumento de que, sem a
presença de agentes etiológicos (microrganismos), não há doenças respiratórias. A
maior parte das infecções nos meses de inverno está relacionada com a aglomeração
de pessoas em locais fechados e mal ventilados. A proximidade entre as pessoas
facilita a transmissão de vírus e bactérias
A influência do ar condicionado na incidência de doenças respiratórias,
entretanto, não segue a lógica anterior. A exposição a ele realmente favorece
o aparecimento de infecções respiratórias agudas, mas não pelo fato de
baixar a temperatura do ambiente (o ar quente exerce o mesmo efeito
deletério), e sim porque o ar condicionado desidrata o ar e resseca o muco
protetor que reveste as mucosas das vias aéreas. O ressecamento da
superfície do epitélio respiratório destrói anticorpos e enzimas que atacam
germes invasores, predispondo-nos às infecções. (VARELLA, 2002, p.2)

No mês de julho de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu


"evidências emergentes" de transmissão pelo ar da COVID-19. Isso significa que são
necessários mais cuidados em ambientes fechados. Na época, uma especialista da
Organização Mundial de Saúde afirmou que a transmissão aérea "é uma possibilidade
entre os modos de transmissão" do novo coronavírus. No mês de novembro, em carta
aberta à OMS, 239 cientistas de 32 países pediam o reconhecimento do potencial
significativo de propagação pelo ar do vírus. (OMS, 2021)

Entre as recomendações disseminadas constava não, exatamente, a utilização


do ar-condicionado, mas sim, a necessidade de um confinamento coletivo. Em outras
palavras, ratificava-se a ideia de que seu uso em ambientes fechados, em que há
pouca ou nenhuma circulação de ar, aliado a um elevado número de pessoas
respirando próximas umas das outras, seria um cenário a ser fortemente evitado.

Parece evidente que as recomendações que garantem a ventilação e


circulação do ar, além da diluição do ar no interior do ambiente, destacam a
possibilidade de concentração de poluentes, fator que provoca agravos à saúde dos
ocupantes; Filtragem – ação que tem por objetivo reter partículas e micro gotículas,
que podem carregar poluentes ou microrganismos como o COVID-19; Controle de
temperatura e umidade – fatores de necessidade física que contribuem com a saúde
das pessoas, assim como, também podem inibir a proliferação de determinados
organismos como o COVID 19; “monitoramento da qualidade do ar – manter o nível
de Dióxido de carbono (CO₂) dentro dos índices determinados para ambientes é uma
das formas de garantia da qualidade do ar respirado em ambientes”. (ABRAVA, 2021,
p.1).

Os sinais indicativos de que a transmissão do vírus SARS-CoV-2, causador da


pandemia de covid-19, pode ser realizada por vias aéreas despertaram a necessidade
de investigação acerca de práticas e da infraestrutura de climatização de locais
fechados. (CAMPOS e GUEDES, 2021). O portal da Universidade Federal de Juiz de
Fora publicou com o título “Impactos da pandemia de covid 19 sobre sistemas de ar
condicionado e climatização”, um estudo sobre o tema em foco nesta proposta de
pesquisa. Elaborado sob a forma de relatório técnico, sob autoria do engenheiro
mecânico Erick Campos e do professor do departamento de Ciências Básicas da Vida,
Bruno Guedes, apresentam um estudo publicado pelo Centro de Controle e
Prevenção de Doenças de Guangzhou, na China, que evidenciou a influência do fluxo
de ar do sistema de ar condicionado de um restaurante na contaminação de três
famílias diferentes por um indivíduo.

A emergência da pandemia de uma doença respiratória grave, com fortes


indícios de transmissão aérea e não exclusivamente por contato, como se imaginava
numa fase mais incipiente leva-nos a especular sobre quais seriam as condições
adequadas de renovação e/ou tratamento de ar em ambientes climatizados. Também,
percebe-se como legítima a preocupação sobre o fator de risco adicional de
transmissão que pode representar tais sistemas de climatização na propagação dessa
doença. A conjuntura atual demanda uma revisão do que é aceitável, notadamente,
acerca da influência da renovação de ar sobre sistemas já instalados.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), entidade privada filiada


à ISO (International Organization for Standardization), estabelece normas técnicas,
estuda e propõe formas de sistematizar processos, sejam eles de caráter acadêmico,
tecnológico, industrial ou relacionados à produção de serviços. No Brasil a ABNT
normatiza projetos de climatização, considerando o parâmetro da renovação de ar, no
intuito de garantir a qualidade do ar interior dos ambientes. A regulamentação da NBR
16401-3, desde 2008 é uma importante referência para projetos de instalações de ar-
condicionado. Refere aspectos importantes sobre a renovação de ar através de
infiltração por frestas de portas, janelas, pela entrada e saída de pessoas.
Como refere a NBR 16401-5:
O sistema de ar-condicionado controla a qualidade do ar por meio da
renovação por ar exterior e pela filtragem de todo ar insuflado. A renovação
reduz a concentração no ambiente de poluentes gasosos, biológicos e
químicos que não são retidos nos filtros. :A filtragem do ar tem como função
reduzir a concentração de poluentes trazidos do ar exterior e os gerados
internamente, os quais são transportados pelo ar recirculado, evitando sua
acumulação no sistema. (ABNT, 2008, p.3)

Na perspectiva desta conceituação, os projetos de sistemas de ar-condicionado


que consideram renovação de ar utilizam equipamentos que insuflam o ar exterior de
acordo com as condições de projeto. A renovação mecânica está mais presente em
ambientes dotados de sistema de climatização central e em instalações que seguem
normatização Quando o ambiente é dotado de ar-condicionado do tipo split ou mesmo
modelos de janela, não é incomum haver equipamentos adicionais como gabinetes
de ventilação ou exaustores/insufladores de ar. É importante esclarecer que é possível
a instalação de equipamentos de renovação em ambientes que não os possuem
atualmente, mas existem alguns cuidados que devem ser observados. (CAMPOS e
GUEDES, 2021),

No que se refere à adaptação de ambientes para que passe a contar com


renovação mecânica de ar, é preciso estimar o impacto da injeção de ar exterior, numa
temperatura mais elevada, e se os equipamentos atuais suportarão o consequente
aumento da carga térmica.

Seguindo a lógica dos autores, parece evidente afirmar que a inserção de ar


externo com a frequência requerida na conjuntura atual de risco alto de contaminação
pelo vírus SARS-CoV-2, equivalente à troca por completo do ar ambiente várias vezes
por hora, tem potencial para aumentar a carga térmica do ambiente a um patamar
maior do que os projetos instalados de climatização comportam. Em outras palavras,
Campos e Guedes (2021) chamam a atenção para o fato de que, como os espaços
não foram pensados para a atual realidade de enfrentamento de uma pandemia de
doença respiratória aguda grave, com fortes indícios de transmissão aérea, é preciso
garantir que há potência suficiente para alcançar os mesmos parâmetros.

Um dos estudos relacionados com maior repercussão até o momento, e


mencionado por OMS (2021), Mariani (2021), Campos e Guedes (2021) relata o
rastreamento de três famílias contaminadas por um único indivíduo através do sistema
de ar-condicionado de um restaurante. Descrevendo os elementos frequentes entre
os indivíduos contaminados constatou-se que as mesas das três famílias se
encontravam em diagonal com a mesma unidade evaporadora do sistema de ar-
condicionado. Todas recebiam a projeção do mesmo fluxo de ar. Não foi observado
qualquer contato físico entre os contaminados ou compartilhamento de objetos,
descaracterizando a forma de contágio conhecida até então, ou seja, através de
gotículas de saliva. Nenhum outro indivíduo presente no restaurante naquela ocasião,
clientes ou funcionários, se contaminou.
Campos e Guedes (2021) referem:

A conclusão do estudo foi de que gotículas aerossóis (abaixo de 5μm) que


são capazes de permanecer por longos períodos suspensos no ar e alcançar
longas distâncias foram propagadas pelo ar-condicionado para as outras
mesas, assim como suspeita-se que tenha ocorrido durante as epidemias de
SARS e MERS. (CAMPOS e GUEDES, 2021, p.14)

Entretanto, parece evidente que o controle da qualidade do ar interior pela


renovação e filtragem do ar do ambiente é e será uma preocupação tão importante
quanto o controle de temperatura e umidade do ar do ambiente interno, uma vez que
existem, além da COVID-19, outras patologias contagiosas transmissíveis pelo
aerossol ou particulado em suspensão, algumas até mais letais.

Nesse sentido, faz-se necessário ressaltar a necessidade de observar a


recomendação dos órgãos de saúde sobre um outro quesito relacionado à circulação
de ar nos ambientes e na interação entre as pessoas: o uso de máscaras. Elas atuam
como uma barreira física fundamental para a liberação de gotículas no ar, quando há
tosse, espirros e até mesmo durante as conversas.

Fernandes et al (2021) destacam que a utilização de máscaras é importante,


principalmente em locais nos quais não é possível manter uma distância mínima de
segurança. Outras vantagens são o fato de possuírem um baixo custo, terem uma
possibilidade de implementação imediata, não haver necessidade de intervenção na
infraestrutura dos ambientes.

Nos primeiros momentos de propagação da epidemia esse uso era comum em


ambientes hospitalares ou em estabelecimentos da área da saúde, principalmente
pelos profissionais. As máscaras N95 ou PFF2 têm sido as mais recomendadas por
especialistas. Elas possuem poder de filtragem maior do que as máscaras cirúrgicas
e são consideradas um Equipamento de Proteção Individual (EPI). Ao cobrir
totalmente o nariz e boca, de forma muito mais ajustada e firme ao rosto, retém as
gotículas, ainda protegem os usuários dos aerossóis, que são partículas minúsculas
que ficam suspensas no ar por alguns minutos. Por outro lado, a versão com a válvula,
que chegou a ser proibida pela agência reguladora nos aeroportos e aviões, parece
não filtrar as partículas de dentro para fora (por causa da válvula), podendo contaminar
o ambiente caso a pessoa esteja doente.

Monte (2020) ressalta que o isolamento social foi, entre todos os meios de
prevenção, aquele que mais impactou a sociedade, inclusive economicamente. Em
especial ao longo de 2020, muitas pessoas experimentaram a perda da renda, quando
não a própria perda do emprego. Ainda que muitos profissionais tenham tido a
oportunidade de exercer seu trabalho em casa, muitos não se beneficiaram dessa
medida.

Ferrari e Cunha (2021) expressaram esse dilema entre a necessidade de


isolamento social, por recomendação médica, e as demandas da economia.
Em síntese, não praticar o isolamento social temporário pode produzir uma
catástrofe social que, por decorrência, também será econômica. E não
preservar as rendas de trabalhadores e empreendedores em um contexto de
isolamento agravará ainda mais um quadro que já é suficientemente
dramático. Serão três ou quatro meses nos quais só teremos uma certeza:
não há espaço para se imaginar saídas meramente individuais. O COVID-19
está nos deixando uma mensagem dura, mas clara: ou construímos
alternativas melhores em conjunto, ou pereceremos coletivamente.
(FERRARI e CUNHA, 2021, p.3)

As evidências mencionadas pelos autores apontam que o vírus é transmitido


pelo ar, pode ser “impulsionado” pela ventilação mecânica, mas isso estaria favorecido
pelo modo de utilização do equipamento e pela ausência de uso de máscaras, tanto
pelo infectado como pelos outros usuários.

Para esses autores, a crítica à estratégia do isolamento social se fundamenta,


em termos gerais, na ideia de que os impactos econômicos do isolamento são maiores
do que os seus benefícios em termos de saúde pública. Esse embate entre as
necessidades econômicas e as recomendações da comunidade científica dominou os
debates no ano de 2020 e prosseguiram em 2021. Entretanto, ganharam muitas
motivações políticas, defendo ora o isolamento social (e o lockdown), ora a
normalização de todas as atividades.
2.11 MARCO LEGAL DAS ADEQUAÇÕES

A ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, elaborou a nota técnica


número 03 no mês de março de 2020, em plena emergência do contexto pandêmico,
com a preocupação de orientar sobre a adequação ou não do uso de sistemas de
climatização em operação, devido aos cenários iniciais da pandemia de Covid 19.
Essa nota técnica fundamenta a Portaria Ministerial 454, de 20 de março de 2020
(ABRAVA, 2020)
A seção das conclusões desta nota técnica traz um significativo posicionamento
sobre o tema:
Com as informações sobre a transmissão do vírus SARS-Cov-2 até o
momento, fica demonstrado que ela ocorre por meio de gotículas respiratórias
(expelidas durante a fala, tosse ou espirro) e também pelo contato direto com
pessoas infectadas ou indireto por meio das mãos, objetos ou superfícies
contaminadas. Neste contexto, o sistema de climatização pode ser um aliado
importante quando corretamente instalado e mantido dentro das condições
adequadas de higiene e operação. (ABRAVA, 2020, p. 4)

Fica evidenciado, naquele momento inicial, a percepção de que os sistemas de


climatização, ao influenciar na qualidade do ar interior, não eliminam a presença do
vírus no ambiente, apenas pelo seu sistema de filtragem ou pelo controle de umidade
e temperatura. Prossegue a nota, detalhando:
A orientação é que, os sistemas de climatização, inclusive os do tipo mini-
split, sejam mantidos sempre limpos e com renovação de ar externo. Para
maior renovação do ar, adicionalmente, recomenda-se manter abertas as
portas e janelas. Os operadores dos sistemas de climatização, de áreas não
críticas, devem garantir a máxima renovação do ar dos ambientes. Além
disso, deve-se aumentar a frequência de inspeções com intuito de verificar a
necessidade de substituição de filtros e higienização dos equipamentos.
(ABRAVA, 2020, p. 5)

Nos parágrafos finais desta nota, são referidas preocupações com um tema
que ganha proporções maiores com o cenário de crise hídrica vivenciado pelo país,
bem como com a elevação dos custos de energia elétrica. No decorrer do ano de 2020
e 2021 tem se tornado mais aguda esta crise e, evidentemente, as preocupações com
dispêndio de energia assumem grande relevância. Este tema será retomado em
outros momentos da presente proposta de pesquisa. Na análise da nota da Anvisa,
cabe destacar a preocupação com a operação dos pontos de entrada, como níveis
baixos de ventilação motivados exclusivamente pelo consumo reduzido de energia. E
no final destaca a importância de uma permanente avaliação pelo responsável técnico
nos sistemas de climatização.
Entretanto, é importante destacar a anterioridade da Lei Federal 13.589, de 04
de janeiro de 2018 (BRASIL, 2018) conhecida como Plano de Manutenção, Operação
e Controle, a PMOC. Em linhas gerais, essa determinação legal destaca que todos os
edifícios de uso público e coletivo que possuem ambientes climatizados artificialmente
devem dispor de um Plano de Manutenção, Operação e Controle – PMOC dos
respectivos sistemas de climatização. Neste plano constam todos os dados da
edificação, do sistema de climatização, do responsável técnico, bem como
procedimentos e rotinas de manutenção que comprovem sua execução.
Segundo este regramento legal, os sistemas de climatização e seus planos de
manutenção, operação e controle devem obedecer a parâmetros de qualidade do ar
em ambientes climatizados artificialmente, em especial no que diz respeito a
poluentes de natureza física, química e biológica, suas tolerâncias e métodos de
controle, assim como obedecer aos requisitos estabelecidos nos projetos de sua
instalação. Os padrões, valores, parâmetros, normas e procedimentos necessários à
garantia da boa qualidade do ar interior, inclusive de temperatura, umidade,
velocidade, taxa de renovação e grau de pureza, são os regulamentados pela
Resolução 9, desde 16 de janeiro de 2003, da ANVISA.
Nas definições da orientação técnica desta resolução constam as seguintes
conceituações:

Ar-condicionado: é o processo de tratamento do ar, destinado a manter os


requerimentos de Qualidade do Ar Interior do espaço condicionado,
controlando variáveis como a temperatura, umidade, velocidade, material
particulado, partículas biológicas e teor de dióxido de carbono (CO 2). (...)
Padrão Referencial de Qualidade do Ar Interior: marcador qualitativo e
quantitativo de qualidade do ar ambiental interior, utilizado como sentinela
para determinar a necessidade da busca das fontes poluentes ou das
intervenções ambientais. (BRASIL, 2003, p.3)

Romano (2010, p.1) destaca que “o Brasil tem peculiaridades jurídicas que
ninguém entende, nem os profissionais da área e muito menos a população”. Segundo
a autora, em nossa cultura jurídica e política, algumas leis “pegam” e algumas leis
“não pegam”. Essa variação de possibilidades parece bastante condicionada ao
contexto em que são criadas e aplicadas essas regulamentações. O desrespeito a
essas leis está relacionado, via de regra, à “dificuldade de fiscalização que toda norma
exige e que o Estado não está aparelhado” para que se efetive o cumprimento às
mesmas.

No caso do Plano de Operação Manutenção e Controle, já foram determinadas


diversas questões acerca deste regulamento técnico por parte do governo. A
legislação mais recente relativa ao PMOC é a Lei n° 13.589, de 4 de janeiro de 2018,
que destaca os benefícios advindos de um plano de manutenção bem executado:
a boa qualidade do ar, o conforto térmico dos usuários, a eficiência energética, a
otimização de processos que garantam a utilização do ar condicionado na sua melhor
performance, mas também a possibilidade de evitar possíveis multas, com a chancela
das assinaturas de responsabilidade técnica de engenharia mecânica e de outras
áreas (farmácia, bioquímica, microbiologia). Em síntese, a eficácia da lei fica na
dependência de distintos atores, capazes de garantir eficácia ao sistema. O principal
órgão de fiscalização em sistemas de ar-condicionado no Brasil é a vigilância
sanitária.

Campos e Guedes (2021) sintetizam:


O ineditismo e dinamismo da situação atual ainda não permitiram a existência
de soluções exaustivamente validadas para a adequação de espaços de uso
coletivo climatizados. Portanto, é necessária a construção das soluções
considerando o conjunto de características específicas de cada cenário.
(CAMPOS e GUEDES, 2021, p.5).

A sugestão apresentada por Mariani (2021), na mesma direção da lei que


divulga e publiciza o conteúdo nocivo do fumo, estampada nos maços de cigarro,
propõe divulgação nos elevadores dos prédios. Ou seja, que nos sistemas de
ventilação e ar-condicionado dos ambientes, existam informações em placas e
etiquetas, sobre número máximo de ocupantes da sala (climatizada), temperatura de
ajuste 24oC, ventilação com ar exterior 3000m3 por hora para 100 pessoas, filtro no
equipamento M5.

A sugestão do autor ratifica a importância de mencionar a fonte de onde se


origina tal indicação. Referir a legislação que embasa estas especificações: “os
parâmetros foram estabelecidos considerando as condições de conforto expressas na
norma ABNT NBR 16.401”.
Para o autor, existem duas formas de manter um prédio e seu ambiente interno
em boas condições: o primeiro é promovendo uma limpeza e aspiração constante.
Nesse sentido, se poderia falar em “prédios doentes” quando não há uma adequada
renovação do ar. Entretanto, o questionamento de Mariani (2021) projeta-se mais
além: o que veio de novo nessa pandemia? O Covid é a paralisação dos ambientes
fechados. É reprovável andar no ônibus, no metrô, trabalhar no escritório. No SARS-
Cov-1 em 2002 houve evidências de transmissão por sistemas de ar-condicionado
que não foram bem planejados, prédios antigos, que não tinham uma ventilação
adequada.

Apontando para os caminhos metodológicos da investigação, próxima etapa


desta proposta de pesquisa, evidencia-se a necessidade de aprofundar a análise
sobre as diversas leis, decretos, recomendações técnicas referidas.

2.12 LUZ ULTRAVIOLETA NO COMBATE AO COVID-19

Durante a pandemia do Coronavírus, diversas pesquisas foram e estão sendo


feitas para descobrir maneiras eficazes para o controle da doença. Diante deste
contexto, pesquisadores fazem uso de diferentes ferramentas, como é o caso da luz
ultravioleta.

De acordo com D’Orazio e D’Alessandro (2020), que avaliou a eficácia do uso


de lâmpadas Ultravioleta (UV) posicionadas de forma diferente do convencional, ou
seja, em posição de irradiar diretamente a superfície dos filtros Hight Efficiency
Particulate Air (HEPA). Constatou que pelo menos em condições experimentais, a
radiação na superfície do filtro reduz significativamente a carga microbiana, em
comparação com uma situação de filtros HEPA não irradiados.

A principal dificuldade para a implementação dessa metodologia é que na


grande parte dos estudos experimentais referentes à inativação do vírus SARS-CoV-
2 por irradiação direta sob UV foi realizada em um ambiente in vitro controlado.
Estudos relacionados ao emprego de UV em sistemas de climatização têm sido
realizados utilizando outros vírus e bactérias menos infecciosos. Assim, a eficiência
de inativação do vírus SARS-CoV-2 usando irradiação UV sob condições de fluxo de
ar HVAC precisa ser determinada, como afirma Shamim JA et al. (2022).
É indispensável evidenciar que há diversos riscos à saúde, quanto à exposição
de seres humanos à luz UV. A sua eficiência está diretamente vinculada ao tempo de
exposição das superfícies à luz, à distância dos objetos e às zonas de sombra, pois
nas superfícies em que a luz não chega, não há ação de combate aos micro-
organismos. Um estudo feito por Juchem PP et al. (1998), mostra que a exposição à
radiação ultravioleta sem meios apropriados de proteção pode ser extremamente
danosa à pele e à saúde.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente trabalho de conclusão de curso constitui-se em uma pesquisa de


revisão de literatura e de análise documental, visando identificar o aporte da
Engenharia Mecânica, sobretudo na relação dos sistemas de refrigeração, ar
condicionado e ventilação, na prevenção às formas de propagação da Covid 19. Em
um cenário específico que emerge com a pandemia, desde o início do ano 2020, com
desdobramentos até o presente.

A proposta apresentada, qual seja, a de responder à pergunta: de que forma


as orientações legais da ANVISA para climatização estão adequadas à prevenção da
Covid 19, em ambientes que utilizam ar condicionado? pressupõe uma opção por um
caminho metodológico. Essa trajetória visa analisar de forma detalhada artigos e
parágrafos de leis, decretos e recomendações técnicas que tenham como tema a
preparação de ambientes para climatização, bem como os movimentos para
manutenção e adaptação a condições específicas, como aquela ocorrida na
pandemia.

Sá-Silva; Almeida e Guindani (2009, p.6) destacam a análise documental. Ela


pode ser desenvolvida a partir de várias fontes, distintos documentos, “não somente
o texto escrito”, uma vez que excluindo livros e matérias já com tratamento analítico.
Destaca-se, portanto, a pesquisa qualitativa como percurso metodológico a ser
utilizado, sendo assim, entendida como instrumento de compreensão detalhada, em
profundidade dos fatos que estão sendo investigados.

A pesquisa qualitativa no entendimento de Minayo (2009, p. 21) “[...] trabalha


com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos
valores e das atitudes”. Minayo (2009) afirma que a diferença entre os métodos
quantitativos e qualitativos é quanto à natureza e não quanto à hierarquia.
Para a revisão bibliográfica, efetuada no capítulo anterior, foram realizadas
buscas, incluindo teses, artigos e livros que contemplassem o tema em estudo. Essa
revisão pode ser descrita como narrativa, pois através da pesquisa e análise de
publicações, buscou-se maior conhecimento sobre o tema e mapear o "estado da
arte". A revisão de literatura foi feita principalmente através do site Scielo e google
acadêmico, com os seguintes termos: “sistemas de refrigeração”, “ar condicionado”,
“impactos da pandemia de Covid 19”, “legislação sobre qualidade do ar”, “orientações
da ANVISA para climatização”. Foram incluídos nesta revisão teses e dissertações,
cuja busca se deu com as mesmas expressões nas bases Scielo e Google Acadêmico,
bem como capítulos de livros localizados através das referências dos artigos lidos.
Os textos localizados foram selecionados pela sua relevância para o presente
estudo e depois, organizados de forma a considerar os que traziam a evolução das
preocupações com a qualidade do ar, em normativas do Ministério da Saúde e
Associação Brasileira de Normas Técnicas, notas técnicas, projetos de lei. Tal
levantamento enquadra-se como análise documental, elaborada a partir de materiais
que não receberam tratamento analítico.
Para Gil (1999, p.66), a pesquisa é “um processo formal e sistemático de
desenvolvimento de métodos científicos. O objetivo básico da pesquisa é usar
procedimentos científicos para encontrar respostas às perguntas”. Segundo o autor,
o método científico é um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos utilizados
para atingir o conhecimento. Abranger a máxima amplitude na descrição, explicação
e compreensão do objeto de estudo.

Goldenberg (2011, p.62) ressalta que o sentido da pesquisa é abordar a


complexidade de um problema que se quer responder. Nesse sentido, “não há uma
única técnica, um único meio válido de coletar os dados”. Prossegue a autora
afirmando que é o próprio “processo da pesquisa que qualifica as técnicas e os
procedimentos necessários para as respostas que se quer alcançar”.

Para Gil (1999, p.66), a pesquisa é pragmática, é “um processo formal e


sistemático de desenvolvimento de métodos científicos. O objetivo básico da pesquisa
é usar procedimentos científicos para encontrar respostas às perguntas”.

Segundo o autor, o método científico é um conjunto de procedimentos


intelectuais e técnicos utilizados para atingir o conhecimento. Abranger a máxima
amplitude na descrição, explicação e compreensão do objeto de estudo.

A proposta apresentada neste projeto, qual seja, a de responder à pergunta: de


que forma as orientações legais da ANVISA para climatização estão adequadas à
prevenção da Covid 19, em ambientes que utilizam ar condicionado? pressupõe uma
opção por um caminho metodológico. Essa trajetória visa “esmiuçar” de forma
detalhada artigos e parágrafos de leis, decretos e recomendações técnicas que
tenham como tema a preparação de ambientes para climatização, bem como os
movimentos para manutenção e adaptação a condições específicas, como aquela
ocorrida na pandemia.

Sá-Silva; Almeida e Guindani (2009, p.6) destacam a análise documental. Ela


pode ser desenvolvida a partir de várias fontes, distintos documentos, “não somente
o texto escrito”, uma vez que excluindo livros e matérias já com tratamento analítico.
Destaca-se, portanto, a pesquisa qualitativa como percurso metodológico a ser
utilizado, sendo assim, entendida como instrumento de compreensão detalhada, em
profundidade dos fatos que estão sendo investigados.

A pesquisa qualitativa no entendimento de Minayo (2009, p. 21) “[...] trabalha


com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos
valores e das atitudes”. Minayo (2009) afirma que a diferença entre os métodos
quantitativos e qualitativos é quanto à natureza e não quanto à hierarquia.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Essa pesquisa pode ser definida como pesquisa aplicada. O objetivo desta
investigação é resgatar orientações, normas de procedimentos, práticas, condutas
técnicas para aplicações práticas e resolver problemas específicos. Levantar dados
(legais) para problemas específicos (qualidade do ar), num contexto de uma pandemia
que trouxe impactos para todas as áreas da sociedade. Segundo Roesch (1996, p.
60), “a fonte dos problemas de pesquisa concentra-se nos problemas e preocupações
das pessoas e o objetivo é fornecer soluções potenciais para os problemas humanos”.

3.2 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Essa pesquisa pode ser definida como pesquisa qualitativa. Na síntese de Gil
(1999), a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são
fundamentais no processo de pesquisa qualitativa. A partir da coleta de dados, o
pesquisador é instrumento chave. Triviños (1987) afirma que a descrição qualitativa
busca captar a aparência do fenômeno e sua essência. Busca também explicar a
origem, relações e mudanças e tenta intuir suas consequências.
Sá-Silva; Almeida e Guindani (2009) destacam:
A etapa de análise dos documentos propõe-se a produzir ou reelaborar
conhecimentos e criar novas formas de compreender os fenômenos. É
condição necessária que os fatos devem ser mencionados, pois constituem os
objetos da pesquisa, mas, por si mesmos, não explicam nada. O investigador
deve interpretá-los, sintetizar as informações, determinar tendências e na
medida do possível fazer a inferência. (SÀ-SILVA: ALMEIDA, GUINDANI,
2009, p.16)

Essa pesquisa pode ser definida como pesquisa exploratória. Nessa pesquisa,
pretende-se contribuir com o aporte técnico da Engenharia para qualificar os
processos de prevenção à contaminação de COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2,
observando o teor das orientações, normas de procedimentos, práticas, condutas
técnicas para aplicações práticas no período de pandemia, como os que estamos
vivenciando desde 2020.

A pesquisa exploratória visa aumentar a compreensão dos pesquisadores


sobre questões específicas ou estudos de caso. Eles podem ser compostos por meio
de revisão de literatura, análise de documentos, etc. Utiliza ferramentas padronizadas
para realizar pesquisas descritivas para coleta de dados, levantamentos de
questionários, planilhas, entrevistas ou observações (GIL, 2002).
A partir da revisão bibliográfica sobre o assunto parte-se para aprofundar os
marcos legais da regulamentação sobre a climatização e a qualidade do ar nos
ambientes. A pesquisa exploratória proporciona maior proximidade com o problema.

3.3 DEFINIÇÃO OPERACIONAL DAS VARIÁVEIS

O método adotado para o desenvolvimento deste estudo foi uma pesquisa que
concilia aspectos bibliográficos e documentais. O procedimento para a coleta de
dados foi a busca em banco de dados digitais, os quais disponibilizam estudo
empíricos e de revisão de literatura sobre o tema abordado no presente estudo.

Os procedimentos adotados foram a seleção e leitura de artigos, monografias,


teses, dissertações e livros que discutem a relação entre ensino e literatura do tema.
Nesta seleção foram incluídos estudo que se apresentam de forma integral em
domínio público. A busca foi realizada em bases de dados como Scientific Electronic
Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico em que foram encontrados:
monografias, dissertações, artigos científicos. Os critérios de inclusão dos estudos
para o levantamento bibliográfico serão textos completos, na língua portuguesa e
inglesa, com acesso livre e gratuito nas bases de dados acima citadas. Os critérios de
exclusão foram estudos que não atendam aos objetivos do estudo. Artigos de mais de
uma década foram utilizados apenas quando ofereciam parâmetros para
compreensão de alterações introduzidas pela legislação, em situações para as quais
não havia previsão de procedimento ou normatização.

Segundo Gil (1994), a coleta de dados pode ser feita por meio de diversos
procedimentos como: coleta bibliográfica, análise documental e observações. A
operacionalização da coleta de dados, iniciada na pesquisa bibliográfica, na qual
houve uma aproximação com os dados sobre a pandemia de Covid 19, no município
de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil e em outros países, por
conta dos relatos da Organização Mundial de Saúde, apresenta para a pesquisa
dados importantes que serão melhor analisados em outros momentos desta pesquisa.

A etapa da análise documental seleciona notas técnicas, portarias ministeriais


e legislação exarada em nível nacional acerca do monitoramento da qualidade do ar,
das condições técnicas da climatização, níveis de filtragem dos aparelhos de ar
condicionado, para além do controle de temperatura e umidade.

Em relação à etapa de observação da coleta de dados, é imprescindível


mencionar meu envolvimento profissional com o tema. Desenvolvo,
profissionalmente, projetos de Engenharia desde novembro de 2017. Tais projeto tem
a finalidade de produzir conforto térmico nos ambientes, bem como cálculo de carga
térmica, cálculos para seleção de difusores e grelhas, cálculos para exaustão e
renovação de ar. Projetos elaborados de acordo com normas técnicas e
especificações.

Nessa observação participante, como destaca Chizzotte (2001) o contato direto


do investigador com o fenômeno observado atribui importância ao processo da
pesquisa. Utiliza os sentidos do pesquisador com vistas a adquirir conhecimentos do
cotidiano.
Chizzotte (2001) destaca que a análise dos dados reúne as informações de
forma coerente e organizada, visando responder o problema da pesquisa. É o
momento em que o pesquisador transforma os dados em informação para a pesquisa
e responde ao questionamento formulado na etapa inicial da investigação.

Então, nessa fase, tem-se o objetivo de organizar todos os dados que foram
coletados para que, a partir disso, seja possível alcançar os objetivos da pesquisa.
Seja para confirmar ou refutar as hipóteses. Segundo Gil (2002) é importante lembrar
que a análise de dados deve se desenvolver principalmente em alinhamento
à metodologia da pesquisa e à fundamentação teórica.

É sabido que pesquisas científicas geram um grande acúmulo de dados. Nesse


sentido, é importante não perder de vista a possibilidade de que esses dados aferidos
possam ser empregados como fontes de informação para avaliação do processo de
desenvolvimento científico e tecnológico em qualquer que seja a área.

A fim de apresentar de forma mais clara e precisa o conteúdo das normas,


orientações, recomendações e artigos da legislação acerca dos temas abordados,
serão formulados quadros e tabelas explicativos. Especialmente daqueles itens (dos
sistemas de refrigeração) que atuam como prevenção à transmissão de Coronavírus.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tema da presente pesquisa: “impactos da pandemia de Covid 19 e


adequações legais na climatização e nos sistemas de ar condicionado” aponta para
aspectos importantes que serão, neste capítulo, destacados e analisados à luz da
legislação. É sabido que os operadores dos sistemas de climatização possuem
estreito compromisso com a preservação da boa qualidade do ar interior, o que implica
conhecimento acerca de padrões valores, normas e procedimentos necessários para
sua garantia.

Nos capítulos anteriores, procurou-se justificar a relevância do tema da


pesquisa, bem como sua interação com aspectos da Engenharia Mecânica.
Entretanto, foi necessário pesquisar na área da saúde, especialmente, muitas
fundamentações que dão sentido às preocupações da Engenharia. Presente nos
protocolos sanitários e nas recomendações técnicas do contexto da pandemia de
Covid 19, algumas das advertências e procedimentos serão mais detalhadas e
analisadas neste capítulo. Os parâmetros legais que servirão para fundamentar essa
análise, serão, basicamente, quatro documentos: a Resolução no 176, de 24 de
outubro de 2000 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA; a Resolução
no 9, de 16 de janeiro de 2003, da ANVISA; a NBR 16401-3, de 04 de setembro de
2008, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT e a Lei Federal 13.589/18,
de 04 de janeiro de 2018, legislação que regulamenta o PMOC (Plano de Manutenção,
Operação e Controle em Sistemas de Ar Condicionado).

Os itens destacados a serem relacionados com a legislação mencionada serão:


a renovação do ar, a filtragem, o controle da temperatura e umidade e o
monitoramento da qualidade do ar.

4.1. RENOVAÇÃO DO AR

A taxa de renovação de ar afeta diretamente a qualidade do ar interior. Em


lugares de pouca ventilação e com pessoas aglomeradas, em interação, é bastante
provável que, se uma delas apresentar um quadro gripal, possivelmente outras se
contaminarão. Doenças respiratórias como rinite, bronquite, asma e sinusite também
podem ser transmitidas em locais com baixa circulação de ar. Situações como essa
evidenciam a importância da renovação do ar em ambientes climatizados
(VARELLA,2002).

Locais fechados com circulação intensa de pessoas possuem ar parado,


dificultando a respiração e resultando em riscos à salubridade do ambiente. Por esse
e outros motivos, a renovação do ar é vital em espaços climatizados

Sobre a renovação do ar, podem-se salientar os seguintes destaques no


escopo da legislação:

Tabela 1 – Referência à Renovação do Ar nos ambientes climatizados

Referência Alterações trazidas na Legislação

Resolução no 176, de 24/10/2000, da ANVISA (...) A Taxa de Renovação do Ar adequada


de ambientes climatizados será, no mínimo,
de 27 m3/hora/pessoa, exceto no caso
específico de ambientes como lojas, centros
comerciais, bancos e outros, onde a taxa de
ocupação de pessoas por m2 é crítica.
Nestes casos a Taxa de Renovação do Ar
mínima será de 17 m3/hora/pessoa, não
sendo admitido em qualquer situação que os
ambientes possuam uma concentração de
CO2, maior ou igual a estabelecida nesta
Orientação Técnica como Valor Máximo
Recomendável. (BRASIL, 2000, p.4)

Resolução no 9, de 16/01/2003, da ANVISA (...) A Taxa de Renovação do Ar adequada


de ambientes climatizados será, no mínimo,
de 27 m3/hora/pessoa, exceto no caso
específico de ambientes com alta
rotatividade de pessoas. Nestes casos a
Taxa de Renovação do Ar mínima será de 17
m3/hora/pessoa, não sendo admitido em
qualquer situação que os ambientes
possuam uma concentração de CO2, maior
ou igual a estabelecida em IV-2.1, desta
Orientação Técnica. (BRASIL, 2003, p.3)

NBR 16401-3, de 04/09/2008 da ABNT O sistema de ar condicionado controla a


qualidade do ar interior por meio de
renovação por ar exterior e pela filtragem de
todo ar insuflado. A renovação reduz a
concentração no ambiente de poluentes
gasosos, biológicos, e químicos, que não são
retidos nos filtros. (...) a vazão eficaz do ar
exterior Vef é considerada constituída pela
soma de duas partes, avaliadas
separadamente: a vazão relacionada às
pessoas (admitindo pessoas adaptadas ao
recinto) e a vazão relacionada à área
ocupada. (ABNT, 2008, p.3)

Lei Federal 13.589, de 04/01/2018 PMOC Art. 3º Os sistemas de climatização e seus


Planos de Manutenção, Operação e Controle
- PMOC devem obedecer a parâmetros de
qualidade do ar em ambientes climatizados
artificialmente, em especial no que diz
respeito a poluentes de natureza física,
química e biológica, suas tolerâncias e
métodos de controle, assim como obedecer
aos requisitos estabelecidos nos projetos de
sua instalação.

Parágrafo único. Os padrões, valores,


parâmetros, normas e procedimentos
necessários à garantia da boa qualidade do
ar interior, inclusive de temperatura,
umidade, velocidade, taxa de renovação e
grau de pureza, são os regulamentados pela
Resolução nº 9, de 16 de janeiro de 2003, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
ANVISA, e posteriores alterações, assim
como as normas técnicas da ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
(BRASIL, 2018, p. 1)

Fonte: dados coletados pelo autor.

A renovação de ar, um dos parâmetros fiscalizados pela ANVISA, possui,


desde as duas primeiras resoluções mencionadas acima, um valor máximo
recomendável de taxa de renovação de ar em ambientes climatizados de 27 m3
/hora/pessoa. Entretanto, nos locais com grande circulação de pessoas esta taxa de
renovação deve ser de 17 m3 /hora/pessoa. (BRASIL, 2003).

Com maiores detalhamentos técnicos, a NBR 16401-3 (ABNT 2008) destaca


no item 5.2.3 a importância em observar a vazão de ar exterior. Para que seja eficaz
há necessidade de um cálculo estipulado para cada condicionador ou conjunto de
condicionadores agrupados (𝑉𝑒𝑓 = 𝑃𝑧 × 𝐹𝑝 + 𝐴𝑧 × 𝐹𝑎 ). Sendo:
• 𝑉𝑒𝑓 é a vazão eficaz de ar exterior, expressa em litros por segundo (L/s);
• 𝐹𝑝 é a vazão por pessoa, expressa em litros por segundo (L/s x pessoa);
• 𝐹𝑎 é a vazão por área útil ocupada (L/s x m2);
• 𝑃𝑧 é o número máximo de pessoas na zona de ventilação;
• 𝐴𝑧 é a área útil ocupada pelas pessoas, expressa em metros quadrados
(m²).

Retomando a conceituação de Mariani (2021) sobre “prédios doentes”,


evidencia-se a importância de uma adequada renovação do ar. O contexto de
pandemia reforçou a necessidade de planejar uma ventilação adequada, tanto em
residências, quanto em prédios com maior circulação e interação de pessoas. Em
diversos momentos da pandemia, vivenciamos a “paralisação” dos ambientes
fechados. Em função disso, justificou-se a preocupação em compartilhar com outras
pessoas o ônibus, o metrô, o ambiente do escritório. Fazem todo sentido as
advertências da legislação com a renovação do ar. Se cumpridas e devidamente
fiscalizadas essas orientações, poderiam, seguramente, evitar contaminação do vírus
SARS-CoV-2.

4.2 FILTRAGEM

Como já mencionado em capítulos anteriores é fundamental evidenciar a


relevância da filtragem. O filtro mantém a poeira atmosférica e outros poluentes fora
de contato com o motor do ar-condicionado. Em função disso, a limpeza do filtro do
ar-condicionado é muito importante por uma variedade de razões: o conforto térmico,
a eficiência energética, a proteção de componentes internos, a longevidade do
aparelho, mas, sobretudo, para preservar a saúde das pessoas que utilizam o
equipamento

Sobre a filtragem do ar, podem-se salientar os seguintes destaques na


legislação:

Tabela 2 – Filtragem dos Sistemas de Climatização

Referência Alterações trazidas na Legislação


Resolução no 176, de 24/10/2000, da ANVISA Para os ambientes climatizados de uso
restrito, com exigências de filtros absolutos
ou instalações especiais, tais como os que
atendem a processos produtivos, instalações
hospitalares e outros, sejam aplicadas as
normas e regulamentos específicos.
(BRASIL, 2000, p.2)

3.5 - o Grau de Pureza do Ar nos ambientes


climatizados será obtido utilizando-se, no
mínimo, filtros de classe G-3 nos
condicionadores de sistemas centrais.
(BRASIL, 2000, p.4)

Resolução no 9, de 16/01/2003, da ANVISA (filtragem de material particulado)

Manter filtragem de acordo com NBR 6402


da ABNT; evitar isolamento termo-acústico
que possa emitir fibras minerais, orgânicas
ou sintéticas para o ambiente climatizado;
reduzir as fontes internas e externas;
higienizar as superfícies fixas e mobiliários
sem o uso de vassouras, escovas ou
espanadores; selecionar os materiais de
construção e acabamento com menor
porosidade; adotar medidas específicas para
reduzir a contaminação dos ambientes
interiores (vide biológicos); restringir o
tabagismo em áreas fechadas. (BRASIL,
2003, p.6)

NBR 16401-3, de 04/09/2008 da ABNT O sistema de ar condicionado deve filtrar


continuamente o material particulado trazido
pelo ar exterior e os gerados internamente e
transportados pelo ar recirculado a fim de
reduzir a acumulação de poluentes nos
equipamentos e dutos do sistema e contribuir
para reduzir sua concentração de poluentes
no recinto a níveis aceitáveis.

(...) Esta parte da NBR 16401 adota a


classificação de filtros da EN779, que
determina a eficiência dos filtros grossos por
ensaio gravimétrico com poeira padronizada
e a eficiência dos filtros finos em relação à
retenção de partículas de 0,4 µm produzidas
por dispersão de aerossol líquido (DEHS). A
classificação dos filtros deve ser
determinada conforme procedimento de
ensaio estipulado na EN 799, por laboratório
devidamente aparelhado e aceito pelo
contratante. (ABNT, 2008, p.10)

Lei Federal 13.589, de 04/01/2018 PMOC Art. 3º Os sistemas de climatização e seus


Planos de Manutenção, Operação e Controle
- PMOC devem obedecer a parâmetros de
qualidade do ar em ambientes climatizados
artificialmente, em especial no que diz
respeito a poluentes de natureza física,
química e biológica, suas tolerâncias e
métodos de controle, assim como obedecer
aos requisitos estabelecidos nos projetos de
sua instalação.

Parágrafo único. Os padrões, valores,


parâmetros, normas e procedimentos
necessários à garantia da boa qualidade do
ar interior, inclusive de temperatura,
umidade, velocidade, taxa de renovação e
grau de pureza, são os regulamentados pela
Resolução nº 9, de 16 de janeiro de 2003, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
ANVISA, e posteriores alterações, assim
como as normas técnicas da ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
(BRASIL, 2018, p. 1)

Fonte: dados coletados pelo autor

Em relação à filtragem, a NBR 6401 e 6402, substituídas pela parte 3 da NBR


16401, definia uma classificação restrita para os filtros de ar-condicionado. A antiga
norma se baseava na eficiência e na aplicação mais apropriada desses filtros. Ela
designava locais e tipos de aparelhos mais adequados para comportar este ou aquele
filtro. A NBR 16101 norma atual avançou nesta diferenciação e se baseia na
capacidade de absorção do filtro, separando entre os mais grossos, representados
pelas classes G1, G2, G3 e G4 e os mais finos, M5, M6, F7 e F8 e F9.

A ENN799 que embasa a Norma Técnica brasileira é norma europeia que se


refere a filtros de ar particulados para ventilação geral. Esses filtros são classificados
de acordo com seu desempenho medido em procedimento de teste para medir o
desempenho do filtro. Crispim (2020) reforça a ideia de que, embora as melhorias na
ventilação e na limpeza do ar não possam, por si só, eliminar o risco de transmissão
aérea do vírus SARS-CoV-2, recomenda-se aumentar a ventilação com ar externo e
filtragem de ar como componentes imprescindíveis de uma estratégia maior que pode
ser observada nos protocolos sanitários e recomendações do contexto da pandemia:
o distanciamento físico, o uso de máscaras, a higienização das superfícies e a
lavagem das mãos.

O contexto de pandemia ratificou a necessidade de manter filtros de aparelho


de ar condicionado no melhor estado possível, para desempenhar suas funções, tão
importantes na busca por níveis desejáveis de qualidade do ar. Os operadores dos
sistemas de climatização encontram, nessa conjuntura, argumentos satisfatórios para
que sejam elaborados planos de manutenção, operação e controle (PMOC) que
prevejam a revisão e substituição destes filtros, com uma periodicidade inferior aos
seis meses, referidos na legislação.

4.3 CONTROLE DA TEMPERATURA E UMIDADE

O controle de temperatura e umidade constituem fatores de necessidade física


que, para além de sensação de conforto e bem-estar, contribuem com a sanidade dos
ambientes, bem como podem inibir a proliferação de determinados organismos como
o COVID 19.

Afirmando que a umidade do ar é constituída pelo vapor de água presente no


ambiente. A quantidade desse elemento depende de alguns fatores, mas guarda
estreita vinculação com a temperatura. À medida que a temperatura do ar aumenta,
sua capacidade de manter a umidade também cresce.
Campos e Guedes (2021) recordam que o aumento de doenças respiratórias
em condições secas está relacionado à baixa umidade, que irrita as vias aéreas.
Quando as vias respiratórias estão irritadas, elas ficam menos capazes de resistir a
infecções. Assim, os microrganismos aéreos ganham uma entrada muito mais fácil
nos tecidos de indivíduos afetados, e a doença se espalha. Uma umidade relativa
baixa (ar muito seco) também causa ressecamentos e desconfortos no nariz, na boca
e em alguns pontos da pele. Tudo isso prejudica o bem estar das pessoas que
convivem e interagem em ambientes climatizados.
Corrigir a umidade ambiental e proporcionar condições desejáveis de
temperatura no ambiente, fazem da climatização um recurso importante, tanto para
famílias em suas residências, quanto para ambientes mais amplos e com maior
circulação e aglomeração humana (escritórios, lojas comerciais, bancos, escolas,
aeroportos, hospitais).

A preocupação com a saúde, a segurança, o bem-estar e o conforto dos


ocupantes dos ambientes climatizados não podem prescindir dos cuidados com o
controle de temperatura e umidade. Quando elevada aos extremos, a umidade do ar
pode provocar: proliferação de fungos, resultando em odores nos espaços mal
ventilados; incremento das populações de ácaros de poeira, que podem afetar
pessoas asmáticas ou com outros problemas respiratórios. Elevações da umidade
estão fortemente relacionadas ao aumento nas populações de pragas, como insetos,
caracóis e outros seres vivos, porque as condições locais propiciam reproduzirem.

Sobre o controle da temperatura e umidade do ar, podem-se salientar os


seguintes destaques na legislação:

Tabela 3 – Referência ao Controle da Temperatura e Umidade

Referência Alterações trazidas na Legislação

Resolução no 176, de 24/10/2000, da ANVISA Ar condicionado: é o processo de tratamento


do ar, destinado a manter os requerimentos
de Qualidade do Ar Interior do espaço
condicionado, controlando variáveis como a
temperatura, umidade, velocidade, material
particulado, partículas biológicas e teor de
dióxido de carbono (CO₂). (...) Os valores
recomendáveis para os parâmetros físicos
de temperatura, umidade, velocidade e taxa
de renovação do ar e de grau de pureza do
ar, deverão estar de acordo com a NBR 6401
Instalações Centrais de Ar Condicionado
para Conforto Parâmetros Básicos de
Projeto da ABNT Associação Brasileira de
Normas Técnicas (BRASIL, 2000, p. 3)

3.2 - a faixa recomendável de operação da


Umidade Relativa, nas condições internas
para verão, deverá variar de 40% a 65%,
com exceção de ambientes de arte que
deverão operar entre 40% e 55% durante
todo o ano. O valor máximo de operação
deverá ser de 65%, com exceção das áreas
de acesso que poderão operar até 70%. A
seleção da faixa depende da finalidade e do
local da instalação. Para condições internas
para inverno, a faixa recomendável de
operação deverá variar de 35% a 65%.
(BRASIL, 2000, p.4)

Resolução no 9, de 16/01/2003, da ANVISA a faixa recomendável de operação das


Temperaturas de Bulbo Seco, nas condições
internas para verão, deverá variar de 230C a
260C, com exceção de ambientes de arte
que deverão operar entre 210C e 230C. A
faixa máxima de operação deverá variar de
26,50C a 270C, com exceção das áreas de
acesso que poderão operar até 280C. A
seleção da faixa depende da finalidade e do
local da instalação. Para condições internas
para inverno, a faixa recomendável de
operação deverá variar de 200C a 220C.
(BRASIL, 2003, p. 3)

A faixa recomendável de operação da


Umidade Relativa, nas condições internas
para verão, deverá variar de 40% a 65%,
com exceção de ambientes de arte que
deverão operar entre 40% e 55% durante
todo o ano. O valor máximo de operação
deverá ser de 65%, com exceção das áreas
de acesso que poderão operar até 70%. A
seleção da faixa depende da finalidade e do
local da instalação. Para condições internas
para inverno, a faixa recomendável de
operação deverá variar de 35% a 65%.
(BRASIL, 2003, p.4)

NBR 16401-3, de 04/09/2008 da ABNT Não são admissíveis umidificadores do tipo


bandeja aquecida. Devem ser utilizados
umidificadores a vapor com tubo difusor. O
arraste de gotículas de água ou a
condensação de umidade em partes do
sistema não é admissível. Deve se prover
para tanto: uma distribuição homogênea do
vapor; espaçamento entre o difusor de vapor
e as partes do sistema a jusante suficiente
para garantir a completa mistura do vapor
com o ar, resultando em umidade relativa
não superior a 90%, a fim de possibilitar
qualquer possibilidade de condensação.
(ABNT, 2008, p. 15)
Lei Federal 13.589, de 04/01/2018 PMOC Parágrafo único. Os padrões, valores,
parâmetros, normas e procedimentos
necessários à garantia da boa qualidade do
ar interior, inclusive de temperatura,
umidade, velocidade, taxa de renovação e
grau de pureza, são os regulamentados pela
Resolução nº 9, de 16 de janeiro de 2003, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
ANVISA, e posteriores alterações, assim
como as normas técnicas da ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
(BRASIL, 2018, p. 1)

Fonte: dados coletados pelo autor

A busca pela climatização dos ambientes parece revelar que o que as pessoas
priorizam é o conforto térmico e nem dimensionam que esse é apenas um pedaço,
possivelmente o mais atrativo, mas não o mais importante, dessa tecnologia. Desde
os primeiros meses de pandemia houve diferentes considerações sobre a forma mais
eficaz de filtrar parte da “sujeira” que veio da rua. Recomendações técnica dos
fabricantes, manifestaram a importância de, nesses casos, o mais aconselhável é
trocar o tempo inteiro o ar do interior, dispersando partículas e poluentes que
comprometem a qualidade do ar. ABRAVA (2020).

Ainda que os parâmetros de temperatura das resoluções da Anvisa pareçam


adequados a um país como o Brasil, com seu clima majoritariamente tropical, há que
se considerar que simplesmente desligar o ar condicionado central, ou optar por uma
mescla de procedimentos que mantem o ar condicionado ligado, mas escancara
portas e janelas “para melhorar a ventilação”, pode não ser a forma mais adequada
de conduzir a questão. O mais importante, parece ser garantir o acionamento do modo
renovação de ar dos aparelhos.

4.4. MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR

A qualidade do ar interno pode ser monitorada com instrumentos que medem,


entre outros parâmetros, CO2, umidade e temperatura. Esses parâmetros podem ser
usados para otimizar os sistemas de ventilação e gerenciamento de edifícios, no que
tange à qualidade do ar interno. Desde o início da Pandemia de Covid 19,
preocupações com a qualidade do ar interno afetaram fortemente a motivação das
pessoas para frequentar espaços públicos (fechados) ou mesmo para atividades de
lazer nesses espaços fechados.
ABRAVA (2020) ressalta que o monitoramento do nível de CO2 (dióxido de
carbono) dentro dos índices determinados para ambientes é uma das formas de
garantia da qualidade do ar respirado em ambientes. O ar em um ambiente interno
cuja qualidade esteja comprometida, principalmente em tempos de pandemia, pode
trazer prejuízos à saúde dos colaboradores, reduzir a produtividade e, por tabela,
ocasionar prejuízo às empresas. Entretanto, cabe reafirmar que a qualidade do ar é,
antes de tudo, uma questão de saúde e deve ser tratada com a devida importância.
Mesmo que exista uma lei que determina um Plano de Manutenção (PMOC) para
edifícios de uso público e coletivo, o assunto precisa ter o devido tratamento junto aos
órgãos competentes.

Sobre o monitoramento da qualidade do ar, podem-se salientar os seguintes


destaques na legislação:

Tabela 4 – Referência ao Monitoramento da Qualidade do Ar

Referência Alterações trazidas na Legislação

Resolução no 176, de 24/10/2000, da ANVISA 1.Estabelecer critérios que informem a


população sobre a qualidade do ar interior
em ambientes climatizados artificialmente de
uso público e coletivo, cujo desequilíbrio
poderá causar agravos a saúde dos seus
ocupantes;

2.Instrumentalizar as equipes profissionais


envolvidas no controle de qualidade do ar
interior, no planejamento, elaboração,
análise e execução de projetos físicos e nas
ações de inspeção de ambientes
climatizados artificialmente de uso público e
coletivo.

f) Padrão Referencial de Qualidade do Ar


Interior: marcador qualitativo e quantitativo
de qualidade do ar ambiental interior,
utilizado como sentinela para determinar a
necessidade da busca das fontes poluentes
ou das intervenções ambientais g) Qualidade
do Ar Ambiental Interior: Condição do ar
ambiental de interior, resultante do processo
de ocupação de um ambiente fechado com
ou sem climatização artificial.

Os padrões referenciais adotados


complementam as medidas básicas
definidas na Portaria GM/MS n.º 3.523/98, de
28 de agosto de 1998, para efeito de
reconhecimento, avaliação e controle da
Qualidade do Ar Interior nos ambientes
climatizados. Deste modo poderão subsidiar
as decisões do responsável técnico pelo
gerenciamento do sistema de climatização,
quanto a definição de periodicidade dos
procedimentos de limpeza e manutenção
dos componentes do sistema, desde que
asseguradas as frequências mínimas para
os seguintes componentes, considerados
como reservatórios, amplificadores e
disseminadores de poluentes. BRASIL
(2000, p.2,3,4)

Resolução no 9, de 16/01/2003, da ANVISA Considerando a necessidade de revisar e


atualizar a RE/ANVISA nº 176, de 24 de
outubro de 2000, sobre Padrões
Referenciais de Qualidade do Ar Interior em
Ambientes Climatizados Artificialmente de
Uso Público e Coletivo, frente ao
conhecimento e a experiência adquiridos no
país nos dois primeiros anos de sua vigência;
considerando o atual estágio de
conhecimento da comunidade científica
internacional, na área de qualidade do ar
ambiental interior, que estabelece padrões
referenciais e/ou orientações para esse
controle;

Recomenda os seguintes Padrões


Referenciais de Qualidade do Ar Interior em
ambientes climatizados de uso público e
coletivo. 1 - O Valor Máximo Recomendável
- VMR, para contaminação microbiológica
deve ser 750 ufc/m3 de fungos, para a
relação I/E 1,5, onde I é a quantidade de
fungos no ambiente interior e E é a
quantidade de fungos no ambiente exterior.
NOTA: A relação I/E é exigida como forma de
avaliação frente ao conceito de normalidade,
representado pelo meio ambiente exterior e
a tendência epidemiológica de amplificação
dos poluentes nos ambientes fechados. 1.1 -
Quando o VMR for ultrapassado ou a relação
I/E for > 1,5, é necessário fazer um
diagnóstico de fontes poluentes para uma
intervenção corretiva. 1.2 - É inaceitável a
presença de fungos patogênicos e
toxigênicos. BRASIL (2003, p. 4)

NBR 16401-3, de 04/09/2008 da ABNT A manutenção do sistema de ar


condicionado deve ser cuidadosamente
planejada e executada. A manutenção não
tem apenas a finalidade de manter os
equipamentos e a instalação em condições
de funcionamento mecânico e elétrico. De
igual importância, sua finalidade é também
garantir a qualidade do ar de interior. Uma
manutenção inadequada pode ser a causa
principal de uma má qualidade do ar. (ABNT,
2008, p.16)

Lei Federal 13.589, de 04/01/2018 PMOC III – manutenção: atividades de natureza


técnica ou administrativa destinadas a
preservar as características do desempenho
técnico dos componentes dos sistemas de
climatização, garantindo as condições de
boa qualidade do ar interior.

Art. 3º Os sistemas de climatização e seus


Planos de Manutenção, Operação e Controle
- PMOC devem obedecer a parâmetros de
qualidade do ar em ambientes climatizados
artificialmente, em especial no que diz
respeito a poluentes de natureza física,
química e biológica, suas tolerâncias e
métodos de controle, assim como obedecer
aos requisitos estabelecidos nos projetos de
sua instalação.

Parágrafo único. Os padrões, valores,


parâmetros, normas e procedimentos
necessários à garantia da boa qualidade do
ar interior, inclusive de temperatura,
umidade, velocidade, taxa de renovação e
grau de pureza, são os regulamentados pela
Resolução nº 9, de 16 de janeiro de 2003, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
ANVISA, e posteriores alterações, assim
como as normas técnicas da ABNT –
Associação Brasileira de Nomas Técnicas.
(BRASIL, 2018, p.1)

Fonte: dados coletados pelo autor


Tributário dos três itens anteriores, o monitoramento da qualidade do ar vem a
ser o próprio gerenciamento do sistema de climatização. As normas brasileiras e
documentos legais exigem a renovação bem como a filtragem do ar. Especificam os
parâmetros básicos para se obter uma qualidade do ar interno em um ambiente
climatizado. O conteúdo desta parte da norma apresenta as vazões mínimas de ar
exterior para ventilação, os níveis mínimos de filtragem de ar e os requisitos técnicos
dos sistemas e componentes que garantam uma boa qualidade do ar.
Reitera-se o que foi destacado no item 4.2. O contexto de pandemia ratificou a
necessidade de redobrar esforços na busca por níveis desejáveis de qualidade do ar.
Os operadores dos sistemas de climatização encontram, nessa conjuntura,
argumentos satisfatórios para que sejam elaborados planos de manutenção, operação
e controle (PMOC) que prevejam procedimentos e cuidados, para além do que
demanda a legislação.

4.5 LUZ ULTRAVIOLETA

As legislações atuais não foram muito efetivas em sugerir mudanças nos


sistemas de ar condicionado para tentar combater o COVID-19, apesar disso, como
observado no capitulo 2 de revisão bibliográfica os estudos avaliaram a eficácia das
lâmpadas UV em exposição direta com a superfície dos filtros HEPA, sendo
constatado uma redução significativa em cargas microbianas.

No entanto, o estudo foi realizado em ambientes controlados e utilizando outros


vírus e bactérias menos infecciosos, não sendo capaz de dimensionar a eficácia
contra o vírus SARS-CoV-2 utilizando radiação UV em ambientes normais. Cabe
destacar o risco à saúde com a exposição à radiação ultravioleta sem meios
apropriados, podendo causar danos à pele e à saúde.

O autor, com base nas pesquisas bibliográficas sugere a seguinte alternativa:


Colocar um sistema de lâmpadas UV em dutos de insuflamento e renovação de ar,
longe do contato direto com pessoas, para tentar diminuir a carga microbiana que
circula no ambiente atendido.
4.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A qualidade do ar interno é um grande desafio para o setor de climatização. O


tema é fundamental para a qualidade de vida, para o bem-estar, para a saúde e,
também, para a biossegurança. As pessoas passam a maior parte do tempo em
espaços fechados, seja no trabalho, nas escolas e universidades, nos locais de lazer
ou mesmo em casa. E essa preocupação fica ainda mais evidente e urgente em
contexto de pandemia, como a vivenciada pela Covid 19.

A Nota Técnica no 3 da ANVISA, publicada em abril de 2020, fase inicial da


pandemia de Covid 19 no país, foi um dos únicos documentos legais identificados por
esta pesquisa como orientador acerca da melhor utilização da climatização. Ainda
que, no seu preâmbulo, dirija seus cuidados a portos, aeroportos e passagens de
fronteira (BRASIL, 2020), a nota procura contemplar uma maior abrangência. Refere
todas as NBR elaboradas pela ABNT “no intuito de agregar conhecimento à
manutenção e operação desses sistemas”, desde a Portaria 3523 do Ministério da
Saúde 1998 (NBR 16.401/2008; NBR 15848/2010; NBR 14679/2012; NBR
16.1010/2012; NBR13.971/2014). Salienta que “os sistemas de climatização estão
sujeitos a medidas básicas referentes ao procedimento de verificação visual do estado
de limpeza, remoção de sujidades e manutenção do estado de integridade” (Brasil,
2020, p.2).

Assim, como evidenciado nos capítulos precedentes, a Covid 19 pode ser


transmitida por gotículas geradas pela nossa fala e respiração, transportadas por meio
do fluxo de ar dos aparelhos de ar condicionado. Foi referido que o intenso fluxo de ar
condicionado em um ambiente fechado (como em restaurantes, bares, entre outros)
é capaz de levar as gotículas respiratórias de uma mesa para outra, mesmo se ela
estiver a muitos metros de distância.

Os sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado (HVAC) são usados


como medida primária de controle de doenças infecciosas. No entanto, se não forem
usados corretamente, podem contribuir para a transmissão/disseminação de doenças
transmitidas pelo ar, conforme proposto no passado para a SARS. A transmissão de
pessoa para pessoa é aceita, mas a OMS só considera a transmissão por aerossol
quando são realizados procedimentos ou tratamentos de suporte que produzem
aerossol. O que a covid-19 faz é escancarar um problema, o da qualidade do ar.

A suposição dessa forma de transmissão embasaria uma grande mudança nas


medidas recomendadas para prevenir a infecção, como o uso disseminado de
máscaras e mudanças estruturais em hospitais e outras instalações com sistemas de
climatização.

A Organização Mundial de Saúde recomenda fortemente o aumento da taxa de


renovação do ar (WHO, 2020a, 2020b). O Ministério da Saúde foi, via de regra, e
apesar de implicações políticas, um defensor do distanciamento social, do uso de
máscaras, da higienização das mãos, da proteção de olhos e mucosas, bem como o
cuidado com os grupos vulneráveis. Contudo, é fundamental transformar
conhecimentos em ações práticas. As principais iniciativas parecem motivadas pela
sociedade civil. Órgãos como o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
(CONFEA), os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA) e a própria
entidade dos fabricantes, ABRAVA, têm defendido o Plano Nacional de Qualidade do
Ar Interno, reconhecendo a responsabilidade de todos os profissionais envolvidos.

A apresentação, no item anterior, da legislação acerca dos sistemas de


climatização, destacando a renovação do ar, filtragem, controle de temperatura e
umidade e o monitoramento da qualidade do ar parecem trazer recomendações muito
“tímidas” e incipientes para fazer frente a situações, como a apresentada pela
pandemia. Para além de uma nota técnica da ANVISA e dos protocolos sanitários
estabelecidos por Estados e Municípios, nos quais pouco ou quase nada foi advertido
em relação à climatização dos ambientes, justifica-se a alteração da legislação,
propondo que a taxa de renovação do ar adequada de ambientes climatizados seja
não 27 m3/hora/pessoa, mas, talvez o dobro ou mais, nos ambientes com alta
rotatividade.

Tramita no Senado Federal a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)


07/2021 para incluir na Constituição Federal o direito à qualidade do ar, entre os
direitos e garantias fundamentais. Tal inserção na lei maior, ratifica a importância do
tema e reconhece a responsabilidade de diferentes agentes nesse processo de
mudança.
A urgência da situação motiva a soma de esforços e articula conhecimentos.
Pensar as boas práticas, não pode ser tarefa exclusiva de uma determinada área. A
gravidade vivenciada no contexto da pandemia de Covid 19 que resultou em mais de
600 mil mortes no Brasil requer articulação. Não somente entre a Medicina e a
Engenharia, mas entre todas as áreas de conhecimento que tiverem colaboração a
aportar. E a legislação deveria, sempre que possível, antecipar os cuidados que
evitam os problemas, que desencadeiam cenários de crise. Muito além da fiscalização
de limpeza dos filtros de um aparelho de ar condicionado, é fundamental que
operadores do sistema estejam conscientes de que sua ação (ou omissão)
compromete a defesa da saúde e da vida.
5 CONCLUSÕES

No decorrer dessa pesquisa bibliográfica e documental, cujo objetivo principal


é o de contribuir com o aporte técnico da Engenharia para qualificar os processos de
prevenção à contaminação de COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2, nos sistemas
de climatização, nos períodos de pandemia, como os que estamos vivenciando desde
2020, obteve como principal resultado a percepção de que a legislação acerca dos
sistemas de climatização, parecem trazer recomendações muito “tímidas” e
incipientes para fazer frente a situações, como a apresentada pela pandemia.

Em relação ao objetivo específico de analisar a legislação que regulamenta o


controle da qualidade do ar nos ambientes climatizados, em especial a Resolução
176/200 da ANVISA, a Resolução 9/2003, da ANVISA, a NBR 16.401-3/2008 da ABNT
e a Lei Federal 13.589/2018 e demais orientações ou alterações na legislação
pertinente, destaca-se que há necessidade de ampliar as referências legais,
especialmente nos aspectos que podem fazer avançar a garantia da qualidade do ar:
renovação do ar, filtragem, controle da temperatura e umidade, monitoramento da
qualidade do ar.
No que tange ao objetivo de possibilitar que a argumentação de diferentes
atores envolvidos no processo de prevenção à contaminação de COVID-19 possa ser
contextualizada: fabricantes de ar-condicionado, engenheiros encarregados de
projetos de instalação e manutenção dos aparelhos e usuários de sistemas de
climatização, em distintos ambientes pode-se destacar que as principais iniciativas
para obter melhorias na qualidade do ar interno parecem motivadas pela sociedade
civil, através de órgãos como o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia,
CONFEA, os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia CREAs e a própria
entidade dos fabricantes, ABRAVA, que defendem o Plano Nacional de Qualidade do
Ar Interno, reconhecendo a responsabilidade de todos os profissionais envolvidos
O objetivo específico de levantar dados sobre a pandemia de Covid 19 que se
relacionem à prevenção em eventual contaminação de usuários dos sistemas de
climatização aponta para os dados da Organização Mundial de Saúde (WHO,
2020a,2020b) que recomenda o aumento da taxa de renovação de ar dos ambientes,
como estratégia fundamental para garantia de uma adequada qualidade do ar. Aliada
importante à prevenção de contaminação.
O objetivo de resgatar estudos sobre a qualidade do ar em ambientes
climatizados, particularmente no que se refere a níveis aceitáveis de temperatura,
umidade, velocidade do ar e fator de renovação, à luz da legislação referida, justifica
a referência teórica dos autores (VARELLA, 2002; RYU; CHUN, 2020; CAMPOS;
GUEDES, 2021; MARIANI, 2021). Tais estudos reforçam a ideia de que é
imprescindível a verificação de todos os sistemas de renovação e tomada de ar
externo, de maneira que estejam limpos, operacionais, com vazões adequadas, filtros
de ar em boas condições, bandejas de condensado limpas e com boa drenagem,
ventiladores e serpentinas limpos, e em bom estado. Essas condições asseguram que
o ar respirado no ambiente fechado está adequado às necessidades das pessoas que
circulam em ambientes climatizados.
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Em relação ao objetivo de criar uma planilha com recomendações adotadas


legalmente e outra com recomendações indicadas para combater a proliferação de
ameaças biológicas, coloca-se no horizonte de futuros trabalhos e pesquisas. Poderá
ser, inclusive, ponto de partida para posteriores análises e investigações.

No intuito de sugerir trabalhos futuros, reafirma-se a importância de


acompanhar a tramitação no Senado Federal da proposta de emenda à Constituição,
PEC 07/2021, para incluir na Constituição Federal o direito à qualidade do ar, entre os
direitos e garantias fundamentais. Tanto mais efetiva será a legislação quanto mais
expressar conhecimentos embasados na pesquisa acadêmica, mas não só. Que
levem em consideração a prática profissional da Engenharia e a interação com os
usuários dos sistemas de climatização e ar condicionado.

Finalmente, gostaria de destacar a preocupação, desde a etapa do projeto


desta pesquisa, da ideia que o conhecimento “acadêmico” esteja vinculado às
questões da sociedade e da coletividade. Para além da necessidade de pesquisar e
elaborar o texto, percebi a pesquisa como um processo de estudo e aprofundamento,
que não para aqui. Esse foi um exercício importante, mas, acredito, que a atividade
de Engenheiro Mecânico vai demandar pesquisas e investigações, todos os dias da
prática profissional. A pesquisa contínua, certamente, é o que qualifica e dá sentido a
essa prática.
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