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PEQui – Programa Estratégico de gestão da Qualidade

DIRETRIZ DE SUPORTE – DIS

Setor: CMTN Identificação: DIS xxx


Versão: 00
Assunto: Protocolo de realização de calorimetria indireta
Folha Nº: 1/6

1 OBJETIVO

Estabelecer o fluxo de indicação e manejo dos monitores com módulos com


calorimetria indireta (CI) para pacientes internados no Hospital Estadual de Urgências da
Região Noroeste de Goiânia Governador Otávio Lage de Siqueira (HUGOL). A CI é
padrão ouro para medida de gasto energético de repouso (GER) a beira leito. Fornece
medições precisas de GER para que os profissionais de saúde possam fornecer terapia
nutricional adequada baseada em dados e não em equações estimativas.
A CI utiliza medições de CO2 e O2 expirado e inspirado para calcular com precisão
o gasto de energia. O objetivo na medição do O2 inspirado (VO2) e do CO2 expirado
(VCO2) é calcular o GER e o Quociente Respiratório (RQ).
Os estudos de metanálise (DUAN et al., 2021; MOONEN et al., 2021) indicam que
a oferta calórica baseada em CI reduz mortalidade a curto prazo em pacientes críticos. A
Diretriz ESPEN (SINGER et al., 2019) para pacientes críticos recomenda a utilização de
CI para cálculo das necessidades calóricas de todos os pacientes críticos.
A CI é especialmente útil nos seguintes cenários:
 quando não pode estimar as necessidades calóricas;
 quando as equações preditivas produzem uma resposta clínica inadequada em um
paciente;
 quando o paciente apresenta sinais clínicos que sugerem sub ou
superalimentação.

2 DIRETRIZ

2.1 INDICAÇÕES

A CI deve ser realizada em todos os seguintes pacientes críticos em ventilação


mecânica invasiva:
 Grandes queimados (SCQ > 20% em adultos e SCQ > 15% em crianças)
 Obesos (IMC > 35)
 Amputados de membros superiores ou inferiores
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 Pacientes com resposta clínica inadequada a nutrição, segundo avaliação da


CMTN através da visita semanal a beira-leito ou através de parecer da nutrologia.

As avaliações de GER devem ser realizadas em torno do quarto dia de terapia


nutricional e posteriormente semanalmente, naqueles ainda sob ventilação mecânica.

2.2 PRECAUÇÕES

 Vazamentos no circuito do ventilador ou ao redor das vias aéreas artificiais ou


vazamentos parenquimatosos no pulmão devido fístulas, pneumotórax ou drenos
torácicos, etc., afetarão a medida da CI. Por esse motivo, não é aconselhável
realizar as medidas em pacientes ventilados com modo não invasivo;
 Evitar medidas entre 3 a 4 horas de hemodiálise intermitente ou diálise peritoneal
pois a filtração do sangue afetará a precisão da CI devido à remoção de CO2
através da membrana;
 Evitar fisioterapia motora cerca de 2 horas antes do exame;
 Evitar medidas entre 4 a 12 horas de anestesia geral. A CI não pode ser realizada
na presença de N2O e sua eliminação do corpo e também sua difusão não é
imediata;
 Evitar realizar se foram realizados ajustes ventilatórios nos últimos 90 minutos.
FiO2 deve ser < 85%, frequência respiratória máxima de 35 ipm. Volume corrente
mínimo deve ser de 200 ml para sensor D-lite adulto e de 15 ml para Sensor D-lite
pediátrico;
 Ausência de procedimentos dolorosos por 1 hora.

2.3 TÉCNICA DE UTILIZAÇÃO

As medições da CI devem ser feitas enquanto o paciente está em estado estável


para garantir a precisão dos dados. A definição de estado estável baseada em evidências
é que o coeficiente de variação para VO2 e VCO2 seja menor que 5% por 10 minutos
consecutivos.
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Os insumos consumíveis (linha de gases e linhas de espirometria) devem ser


prescritos pelo médico nutrólogo no prontuário eletrônico e retirados nas farmácias
satélites próximas às unidades de terapia intensiva. São de uso único e descartáveis.
A montagem do equipamento deve seguir os passos mostrados nas figuras 1, 2 e
3. O coletor de umidade D-Fend (3) deve ser mantido seco e conectado ao módulo de
gases. As 2 linhas de espirometria (4 a) devem ser conectadas ao sensor D-lite ou D-lite
Ped (4 b) e aos conectores de espirometria no módulo (2 d). A linha de amostragem de
gases (4c) deve ser conectada ao sensor D-lite ou D-lite Ped (4 b) e conectada a linha de
amostra de gases no D-Fend (2 c).

Figura 1. Conexões entre módulo de gases, linha de gases e sensor D-Fend.

LEGENDA:
2. Módulo Respiratório
a. Trinco do coletor de umidade
b. Coletor de umidade D-Fend
c. Linha de amostragem de gás
d. Conectores para espirometria do paciente
e. Tomada de amostragem de gás
3. Coletor de Umidade D-Fend descartável
4. Conjunto de espirometria descartável
a. 2 linhas de espirometria de plástico amarelo
b. Série D-lite ou Pedi-Lite de sensores
c. Linha de amostragem (plástico transparente)

Fonte: Manual do calorímetro (General Electric Healthcare).

Figura 2. Posicionamento do sensor de fluxos e linhas (Manual do Calorímetro).

Fonte: Manual do calorímetro (General Electric Healthcare).


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Figura 3. Conexão de sensor D-Fend ao filtro HME.

Obs.: o posicionamento deve


ser em torno de 45 graus
para evitar formação de
condensados.

Fonte: Manual do calorímetro (General Electric Healthcare).

Além do GER, o monitor informará o RQ que deverá ser interpretado segundo


figura 4.

Figura 4. Interpretação do coeficiente respiratório.

Fonte: Manual do calorímetro (General Electric Healthcare).

2.4 ARMAZENAMENTO E LIMPEZA DOS EQUIPAMENTOS

Os monitores com módulos de CI devem ser armazenados na sala de materiais da


UTI Queimados e da UTI Pediátrica G. Médico deverá realizar a limpeza do aparelho de
calorímetro utilizando antisséptico padronizado pela instituição. A limpeza do equipamento
deve ser realizada imediatamente após o uso, com tecido descartável para fricção com o
desinfetante padronizado, no mínimo três vezes, durante 10 segundos. Em casos de
eventuais resíduos visíveis remover com papel toalha ou pano picotado antes da
desinfecção.
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Fluxo de desinfecção do D-Lite


Após o uso, o médico ou nutricionista responsável, colocará o D-lite em um saco
plástico descartável e entregará o mesmo na UTI de queimados aos cuidados da
enfermeira plantonista para encaminhamento ao CME. A entrega deve ser registrada em
caderno de protocolo. Após desinfecção na CME (autoclave a vapor – temperatura
máxima 134 graus Celsius), o mesmo ficará armazenado em caixa plástica na UTI
queimados.

Fluxo de uso do coletor de água D-Fend


Após o uso e se D-Fend estiver seco, o médico colocará o mesmo em um saco
plástico descartável com etiqueta de identificação do paciente e deve armazená-lo em
conjunto com ambu e demais materiais respiratórios do paciente, para possível uso em
nova calorimetria. O D-Fend deverá ser desprezado quando paciente for de alta da UTI.

3. SIGLAS

CME: Central de Material Esterilizado


CMTN: Comissão Multidisciplinar de Terapia Nutricional
CI: Calorimetria Indireta
CO2: Gás carbônico
FiO2: Fração inspirada de O2
GER: Gasto energético de repouso
IMC: Índice de Massa Corpórea
IPM: Incursões por minuto
N2O: Óxido nitroso
O2: Oxigênio
RQ: Quociente Respiratório
SQC: Superfície Corporal Queimada
VO2: Oxigênio inspirado
VCO2: Gás carbônico expirado
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4. CONTROLE DE REGISTROS
Não aplicável.

5. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
DUAN, J. Y.; ZHENG, W. H.; ZHOU, H. et al. Energy delivery guided by indirect calorimetry
in critically ill patients: a systematic review and meta-analysis. Critical Care, v. 25, n. 88,
2021.

MOONEN, H. P. F. X.; BECKERS, K. J. H.; van ZANTEN, A. R. H. Energy expenditure and


indirect calorimetry in critical illness and convalescence: current evidence and practical
considerations. Journal of Intensive Care, v. 9, n. 8, 2021.

SINGER, P.; BLASER, A. R.; BERGER, M. M.; et al. ESPEN guideline on clinical nutrition
in the intensive care unit. Clinical Nutrition, v. 38, n. 1, p. 48 – 79, 2019.

6. ANEXOS
Não aplicável.

Elaborado por: Revisado por: Aprovado para uso:

Marília Arantes Rezio Nome de quem autorizou xx/xx/xxxx


Rodrigo Costa Gonçalves 01/07/2021
Gestor(es) do(s) processo(s) Data

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