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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

DANIEL LEANDRO DE SOUZA GUIMARÃES

LEONARDO MIRANDA DA SILVA PAIXÃO

LUAN SANTOS BENEVIDES

JOÃO VICTOR DA SILVA PACIFICO

SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO EM SHOPPINGS CENTERS

JUAZEIRO - BA

2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

DANIEL LEANDRO DE SOUZA GUIMARÃES

LEONARDO MIRANDA DA SILVA PAIXÃO

LUAN SANTOS BENEVIDES

JOÃO VICTOR DA SILVA PACIFICO

SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO EM SHOPPINGS CENTERS

Trabalho apresentado à Universidade Federal do


Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus
Tecnológico, como requisito para obtenção de
nota na disciplina de Fenômenos de transporte.
Orientador: Prof. Dr. Jose de Castro Silva.

JUAZEIRO - BA

2023
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BA – Bahia

UNIVASF – Universidade federal do vale do São Francisco

UTA – Unidade de Tratamento de Ar

RTU – Roof Top Units


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1
2 METODOLOGIA 2
3 SISTEMA DE AR CONDICIONADO EM SHOPPINGS 3
3.1 IMPORTÂNCIA DO AR CONDICIONADO EM SHOPPINGS 3
3.2 COMPONENTES DO SISTEMA DE AR CONDICIONADO 4
3.2.1 Unidade de Tratamento de Ar (UTA) 5
3.2.2 Dutos de distribuição 7
3.2.2.1 Tipos de dutos de Ar 7
3.2.2.2 Sistema de distribuição de ar 9
3.2.2.3 Sistema de zonas múltiplas 10
3.2.2.4 Perdas de pressão nos dutos 10
3.2.2.5 Perdas de carga por atrito 11
3.2.2.6 Perdas de carga acidentais 11
3.2.2.7 Dimensionamento de dutos 12
3.2.2.8 Fluxo de ar nos dutos de distribuição 13
3.2.3 Ventiladores e exaustores 14
3.2.4 Serpentinas de resfriamento e aquecimento 15
3.2.5 Sistema de Controle 15
3.2.5.1 Termostatos e sensores de temperatura e umidade 15
3.2.5.2 Importância da manutenção e calibração adequadas 16
3.2.6 Chillers 16
3.2.7 Sistema de refrigeração de água gelada (expansão indireta) 19
4 FENÔMENOS DE TRANSPORTE ENVOLVIDOS 21
4.1 CALOR, ENERGIA E TEMPERATURA 21
4.2 CONDUÇÃO 22
4.3 CONVECÇÃO 23
4.4 TRANSFERÊNCIA DE CALOR NA SERPENTINA DE RESFRIAMENTO 24
4.5 DIFERENÇAS ENTRE ALUMÍNIO E COBRE 25
4.6 FILTRAGEM DE PARTÍCULAS NO AR 25
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 29
REFERÊNCIAS 30
1

1 INTRODUÇÃO

A refrigeração de um ambiente é essencial para o ser humano manter o


conforto térmico e desenvolver suas atividades diárias. No que diz respeito ao
conforto térmico, o propósito é um planejamento capaz de ofertar um ambiente
agradável e prazeroso. Resultando assim em trocas de calor entre o corpo humano
e o ambiente ocorram sem maior esforço, criando uma sensação de conforto térmico
pela parte do indivíduo, e sua capacidade de trabalho, desse ponto de vista é
maximizada, resultando num melhor desempenho das suas atividades.

Uma das formas de se atingir o conforto térmico é através do


condicionamento do ar. Ar condicionado é definido como o processo de
condicionamento de ar com o objetivo de controlar sua temperatura, umidade,
pureza e distribuição. O princípio de funcionamento do sistema se baseia na troca
de calor entre o ar a ser condicionado e o fluido usado no sistema, através da
serpentina do evaporador.

No mercado de climatização, existem diversos tipos de equipamentos para


fazer a refrigeração. Para utilização em grandes ambientes, como shoppings
centers, destacam-se os sistemas centrais, que contam com apenas uma unidade
externa (condensador) para controle de várias outras unidades internas
(evaporadores).

O Shopping Center é um estabelecimento em que os espaços comerciais são


alugados para criação de lojas. O objetivo principal desse tipo de construção seria
incentivar a visita de clientes com sua alta variedade de opções de lojas. Eles
possuem passagens interligadas que permitem aos visitantes caminharem de loja
em loja. Essas passagens geralmente são climatizadas e planejadas para oferecer o
máximo conforto térmico.

Como os shoppings centers são empreendimentos de grande porte e que


recebem um alto fluxo de pessoas diariamente, o sistema mais utilizado para
refrigeração é baseado em sistemas de expansão indireta, usando resfriadores tipo
chillers, os condicionadores de ar típicos são as unidades Fan Coil (Ventilador e
Serpentina) ou unidades de tratamento de ar (AHU – Air Handling Units).
2

2 METODOLOGIA

2.1 TIPO E NATUREZA DA PESQUISA

Após apresentação dos conceitos iniciais com relação aos sistemas de ar


condicionado de um shopping, apresenta-se agora a metodologia a ser utilizada na
pesquisa. Assim sendo, apresentando a maneira como será feito o seu
desenvolvimento. VERGARA (2000, p. 47) afirma que:

A investigação explicativa tem como principal objetivo tornar algo inteligível,


justificar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribuem,
de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno, por
exemplo: as razões do sucesso de determinado empreendimento.
Pressupõe pesquisa descritiva coma base para suas explicações.

Com base nessa explicação a pesquisa pode ser caracterizada, quanto aos
fins, de investigação explicativa, já que a base da pesquisa é tornar os conceitos de
refrigeração algo concreto e a maneira de abordar isso é expondo argumentos e
fatos correlatos ao tema. Contudo, segundo Vergara, uma pesquisa pode ter mais de
uma taxonomia, logo a pesquisa também pode ser caracterizada com descritiva,
pois expõem características do objeto a ser estudado. Além disso, a pesquisa pode
ser caracterizada quanto aos meios, nesse caso a pesquisa pode ser enquadrada
como pesquisa bibliográfica, pois o meio de levantamento de dados foi de meios
impressos e digitais.
3

3 SISTEMA DE AR CONDICIONADO EM SHOPPINGS

3.1 IMPORTÂNCIA DO AR CONDICIONADO EM SHOPPINGS

O ar condicionado desempenha um papel fundamental em shoppings,


proporcionando benefícios significativos para os clientes, a preservação de produtos
sensíveis à temperatura e a melhoria da qualidade do ar.

● Conforto térmico para os clientes

O ar condicionado possui um papel fundamental no controle da temperatura


ambiente, mantendo-a em níveis agradáveis, mesmo em condições externas de
muito calor. Isso garante um ambiente agradável com mais conforto térmico para os
visitantes, incentivando-os a permanecer mais tempo no shopping.

● Preservação de produtos sensíveis à temperatura

Muitos produtos vendidos em shoppings, como alimentos, cosméticos,


eletrônicos e roupas, são sensíveis à temperatura. O ar condicionado desempenha
um papel crucial na preservação desses produtos, mantendo-os em condições
ideais. Ao controlar a temperatura e a umidade, o ar condicionado evita danos
causados pelo calor excessivo, umidade ou variações extremas de temperatura,
garantindo a qualidade e a durabilidade dos produtos.

● Redução de odores e poluentes no ambiente

Os shoppings são locais com grande circulação de pessoas, o que pode


resultar em odores desagradáveis e acúmulo de poluentes no ar. O ar condicionado
ajuda a reduzir esses problemas, filtrando o ar e removendo partículas, poeira,
fumaça e odores indesejados. Isso cria um ambiente mais limpo e saudável para os
clientes, melhorando sua experiência de compra e bem-estar geral
4

3.2 COMPONENTES DO SISTEMA DE AR CONDICIONADO

O sistema de ar condicionado é composto por vários componentes que


trabalham juntos para fornecer conforto térmico e qualidade do ar. Vamos explorar
cada um desses componentes:

● Unidade de tratamento de ar (UTA)

A UTA é responsável por receber o ar externo, filtrá-lo e tratá-lo antes de distribuí-lo


para o ambiente. Ela consiste em filtros para remover partículas e impurezas do ar,
além de um sistema de resfriamento e/ou aquecimento para controlar a temperatura.
A UTA também pode incluir um umidificador para ajustar a umidade do ar,
dependendo das necessidades do ambiente.

● Ventiladores e exaustores

Os ventiladores são responsáveis por impulsionar o ar através dos dutos e


distribuí-lo nos ambientes. Eles ajudam a criar o fluxo de ar necessário para manter
o conforto térmico. Os exaustores, por sua vez, são responsáveis por remover o ar
viciado ou contaminado dos ambientes, garantindo a renovação do ar e a qualidade
do ar interior.

● Serpentinas de resfriamento e aquecimento

As serpentinas são componentes essenciais para o processo de resfriamento


e aquecimento do ar. Elas são responsáveis por transferir o calor entre o ar e o fluido
refrigerante, permitindo que o ar seja resfriado ou aquecido antes de ser distribuído
nos ambientes. As serpentinas podem estar localizadas na UTA, nos equipamentos
de ar condicionado ou em unidades de tratamento de ar específicas.

● Sistema de controle

O sistema de controle desempenha um papel fundamental no monitoramento


e ajuste das condições de temperatura e umidade do ambiente. Ele é composto por
elementos como termostatos, sensores de temperatura e umidade, controladores e
atuadores. Os termômetros são dispositivos usados para medir a temperatura
ambiente, enquanto os termostatos são responsáveis por regular e controlar a
temperatura. Os controladores recebem os sinais dos termômetros e sensores de
5

temperatura e umidade, realizando os cálculos necessários para manter as


condições desejadas no ambiente. Os atuadores transformam os comandos do
controlador em ações físicas, controlando os componentes do sistema de ar
condicionado. O sistema de controle monitora constantemente as condições do
ambiente, ajustando as configurações do sistema de ar condicionado para
proporcionar conforto térmico e qualidade do ar no shopping.

● Chillers

Sistemas compostos por Chiller que consistem em uma central, na qual uma
ou mais unidades de tratamento de ar de expansão indireta, cada uma operada e
controlada independente das demais, são supridas com água gelada. Em um
sistema de expansão indireta, o fluido refrigerante troca calor com algum outro
fluido, normalmente a água ou ar, que consequentemente trocará calor com o
ambiente.

Nos tópicos abaixo serão explicados em detalhes cada um dos componentes


principais dentro de um sistema de refrigeração de um Shopping.

3.2.1 Unidade de Tratamento de Ar (UTA)

As Unidades de Tratamento de Ar (UTAs) são dispositivos usados para


condicionamento e circulação de ar, como parte de um sistema de aquecimento,
ventilação e ar condicionado (AVAC). Um dos aspectos mais importantes das UTAs é
a filtragem de partículas e impurezas presentes no ar. Elas são equipadas com filtros
de alta eficiência que capturam poeira, pólen, alérgenos e outros agentes nocivos,
impedindo sua circulação e contribuindo para a melhoria da qualidade do ar
respirado pelos ocupantes do ambiente.
Uma UTA geralmente é uma grande caixa de metal contendo um ventilador
mecânico, elementos de aquecimento e arrefecimento, racks ou câmaras de filtro e
atenuadores de ruído e grelhas de admissão e saída. As UTAs geralmente se
conectam a um sistema de ventilação de dutos que distribui o ar condicionado pelo
edifício, que posteriormente devolve à unidade. Porém, existem situações onde uma
UTA pode insuflar e extrair o ar diretamente para o espaço a ser ventilado, sem a
necessidade de condutas.
6

As pequenas unidades terminais de tratamento de ar terminais destinadas a


uso local são designadas "ventiloconvectores" ou "fan coils" e podem apenas incluir
um filtro de ar, uma serpentina e um ventilador. Por outro lado, as grandes unidades
de tratamento de ar que fornecem 100% de ar novo do exterior, sem recirculação,
são chamadas de "unidades de tratamento de ar novo (UTAN)". Além disso, existem
as unidades de tratamento de ar conhecidas como "roof top units (RTU)", que
possuem dispositivos autônomos de aquecimento ou resfriamento e são instaladas
na cobertura de um edifício.

Unidade de tratamento de ar do tipo RTU

Existem seis fatores para classificações das unidades de tratamento de ar e


determinam os tipos deles, com base em:

● Aplicação (uso da unidade de tratamento de ar)

● Controle de fluxo de ar (manipuladores de ar CAV ou VAV)

● Controle de zona (unidades de tratamento de ar de zona única ou multizona)

● Localização do ventilador (draw-through ou blow-through)

● Direção do fluxo de ar de saída (frente, para cima ou para baixo)

● Modelo de embalagem (horizontal ou vertical)


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3.2.2 Dutos de distribuição

3.2.2.1 Tipos de dutos de Ar

➔ Duto Cilíndrico

O duto cilíndrico é o mais eficiente (oferece a menor resistência) na


movimentação de ar porque tem a maior área de seção transversal e menor
superfície de contato. Usa menos material em relação ao quadrado ou retangular
para o mesmo volume de ar circulado.

Vantagens:

◆ Menor queda de pressão, requerendo menor potência para o motor do


ventilador.

◆ Se aplicável, requer menos isolamento térmico devido à menor


superfície externa.

◆ Dutos cilíndricos podem ter comprimentos maiores, eliminando juntas.

◆ Costuras em espiral adiciona rigidez e os dutos podem ser fabricados


usando bitolas mais leves.

◆ Os dutos espirais vazam menos e podem ser vedados mais facilmente


em comparação com os retangulares.

◆ Desempenho acústico superior porque superfícies curvas sem arestas


contêm melhor os sons de baixa frequência.

◆ Menor acúmulo interno de sujeira devido à menor superfície, ausência


de cantos e melhor fluxo de ar.

Desvantagem:

◆ Requer mais altura livre de forro para instalação.


8

➔ Duto Retangular

Dutos quadrados ou retangulares se adaptam melhor à arquitetura dos


prédios. Eles se encaixam acima do forro e em paredes, e são muito mais fáceis de
instalar entre vigas.

Quando dutos retangulares devem ser usados devido a limitações de espaço,


manter a relação largura-altura (relação de aspecto) baixa. Uma seção de duto
retangular com uma proporção próxima a 1 produz a forma mais eficiente em termos
de transporte de ar. Um duto com uma proporção acima de 4 é muito menos
eficiente no uso de materiais e causa grandes perdas de pressão. As proporções de
2 a 3 são ideais para compensar o custo adicional de material e de energia do
ventilador com a economia de espaço de forro.

Desvantagens

◆ Provocam maior queda de pressão.

◆ Necessitam mais material para a mesma vazão de ar que os dutos


redondos.

◆ O comprimento do duto é limitado às larguras das chapas disponíveis.

◆ Suas juntas são mais difíceis de vedar.

◆ Dutos com alta proporção podem transmitir ruído excessivo se não


forem adequadamente suportados.

➔ Duto Oval

Os dutos ovais planos têm requisitos de altura menores do que os dutos


redondos e mantêm a maior parte das vantagens dos dutos redondos. No entanto,
as conexões para dutos ovais planos são difíceis de fabricar ou modificar no campo.

Desvantagens:

◆ Dificuldade de manuseio e transporte de tamanhos maiores.


9

◆ Tendência desses dutos para se tornarem mais arredondados sob


pressão.

◆ Para grandes relações de aspecto, apresenta dificuldades de encaixe e


montagem das juntas.

➔ Duto de poliuretano expandido

O painel é formado por espuma rígida de poliuretano expandido e revestido


com alumínio gofrado em ambos os lados. Os dutos constituídos assim possuem
algumas vantagens importantes:

◆ Facilidade e rapidez de fabricação e montagem;

◆ Menor peso próprio por metro linear;

◆ Alto grau de Isolamento Térmico (k =0,022 W/m.°C);

◆ Menor perda de carga;

◆ Estanqueidade;

◆ Conformidade às normas de prevenção de incêndio;

◆ Baixo custo de transporte;

◆ Facilita higiene e limpeza;

◆ Redução de riscos de acidente de montagem;

◆ Fabricação e montagem silenciosa.

3.2.2.2 Sistema de distribuição de ar

É o sistema responsável pela transferência do calor do espaço condicionado


para a fonte ou sumidouro que também é responsável pela introdução do ar externo
de ventilação.

A região ou espaço controlado por um único termostato é denominado de


zona. Conhecidas as cargas térmicas individuais, os recintos devem ser zoneados
10

termicamente de forma que cada zona térmica seja constituída de recintos que
apresentem as suas variações evoluindo de maneira semelhante.

No zoneamento, devem ainda ser considerados os períodos de utilização dos


recintos e, sobretudo, a possibilidade de poluição do ar nos mesmos. Recintos que
apenas eventualmente sejam utilizados ou nos quais haja produção de tóxicos,
odores, poeiras, fumaça, etc., devem sempre constituir zona em separado.

Estabelecido o zoneamento, devem ser previstos sistemas de controle e


condicionamento de ar que permitam um controle individual por zona.

3.2.2.3 Sistema de zonas múltiplas

Em sistema de zonas múltiplas, o condicionamento preliminar do ar é feito no


sistema central, e o condicionamento final do ar é feito em cada zona
individualmente. Estes sistemas são empregados sempre que distintas cargas de
resfriamento ou aquecimento existem simultaneamente em diferentes áreas de uma
edificação condicionada. Cada uma destas áreas é designada como uma zona que
será provida de um sistema de controle para o ar suprido naquela zona.
Praticamente todos os edifícios grandes usam sistemas com zonas múltiplas.

Dentre os sistemas de múltiplas zonas, o mais comum é o que utiliza um


simples duto de insuflamento. Neste caso o sistema central resfria o ar até a
temperatura requerida para o condicionamento da zona crítica de maior carga
térmica, ou da que tenha menor temperatura de projeto. O duto então conduz este ar
até as unidades terminais, sendo que em todas as zonas onde a carga térmica for
menor que a crítica, será necessário pós aquecimento do ar, ou redução de volume,
ou ambos, ou ainda utilização de indução do ar ambiente

3.2.2.4 Perdas de pressão nos dutos

As pressões do ar nos dutos normalmente usados em sistemas de ar


condicionado são pequenas. Alcançam valores de 2 kPa, porém, apesar de
pequenas, têm grande influência na eficiência dos ventiladores e na distribuição do
ar através da rede de dutos. No deslocamento do ar através de um sistema de
dutos, devem ser consideradas as pressões estática, cinética e total.
11

A pressão estática é a pressão exercida em todas as direções por um fluido


em repouso. Para um fluido em movimento ela é medida em uma direção normal ao
fluxo. A pressão cinética é a pressão exercida na direção do fluxo, devido a
velocidade do escoamento. A pressão total é a soma algébrica das pressões
estática e cinética

a) Pressão estática b) Pressão cinética c) Pressão total

3.2.2.5 Perdas de carga por atrito

Uma rede de dutos é composta por dutos retos, curvas, desvios, peças de
transição, registros de volume, portas de acesso, venezianas, telas de entrada de ar
e ligação de lonas para amortecer vibrações. As perdas de pressão em um duto
podem ser por atrito, causadas pelo contato do ar com as superfícies do duto e por
turbulência, resultantes das mudanças de velocidade e de direção no fluxo de ar.
Com objetivo de vencer as resistências de um sistema de dutos é necessário
dispendermos energia para manter um diferencial de pressão, entre as duas
extremidades do sistema. Isto é conseguido através de um ventilador. A perda por
atrito para um fluido que escoa em um duto pode ser calculada através da equação
de Darcy-Weisbach

3.2.2.6 Perdas de carga acidentais

A perda de carga por turbulência (acidental), pode ser dividida em duas


categorias:

● Devido à mudança de direção: em joelhos e curvas;


12

● Devido à mudança de seção: de forma (variam-se as dimensões mas


conserva-se a área da seção constante) e de área (contração, expansão).

As perdas acidentais são apresentadas em termos de comprimento


equivalente. O comprimento equivalente de um acessório de uma canalização de
diâmetro, D é o comprimento de duto de mesmo diâmetro que substituído pelo
acessório provoca na canalização a mesma perda de carga.

3.2.2.7 Dimensionamento de dutos

Em uma instalação de ar condicionado, a rede de dutos é responsável por


cerca de 25% de seu custo total. Por desempenhar importante função no sistema é
necessária a correta definição de seu projeto que envolve as seguintes etapas:

● Estudar as plantas da edificação;

● Decidir sobre o tipo de sistema;

● Fazer o zoneamento da edificação;

● Localizar as saídas de insuflamento e retorno;

● Fazer um esboço de estudo da rede de dutos;

● Distribuir a quantidade de ar para cada saída;

● Dimensionar as saídas;

● Dimensionar o sistema de dutos;

● Calcular a resistência total do sistema;

● Selecionar o ventilador e respectivo motor.

No dimensionamento dos dutos de um sistema de ar condicionado, utilizam


se os métodos a seguir:

➔ Método da redução da velocidade: É um método empírico que consiste em


estabelecermos velocidades arbitrárias para cada seção do duto. As
velocidades são selecionadas, tornando-se valores altos para os trechos
próximos ao ventilador, sendo progressivamente reduzidas, de modo que as
13

velocidades mais baixas estão nas extremidades do sistema. Uma vez que as
vazões de ar para as secções são conhecidas as áreas são facilmente
calculadas. Este método deve ser usado para pequenos sistemas ou em
grandes sistemas com poucos dutos e no máximo cinco ou seis bocas.

➔ Método da igual perda de carga: Este método consiste em dimensionar o


sistema de dutos de modo que cada trecho ou ramal tenha a mesma perda de
carga.

➔ Método da recuperação estática: Este método permite estabelecer em cada


ponto da rede de dutos pressões estáticas, prefixadas, obtendo-se um bom
equilíbrio da rede de dutos, dispensando a regulagem boca a boca, mesmo em
redes complexas. O método baseia-se no fato de ser possível mediante
variações de velocidade converter pressão estática em pressão dinâmica e
vice-versa.

3.2.2.8 Fluxo de ar nos dutos de distribuição

A distribuição de ar aos diversos ambientes a serem condicionados é


realizada através de tubulações, fabricadas geralmente em chapas metálicas e
denominadas de um modo geral de sistema de dutos ou rede de dutos. A função do
sistema de dutos é transportar o ar do equipamento (ventilador) até o espaço a ser
condicionado, para exercer esta função, o sistema de dutos precisa ser projetado
dentro dos limites estabelecidos, considerando-se o espaço disponível para o seu
trajeto, as perdas de carga, a velocidade, os níveis de ruído e as perdas e ganhos
de calor.

Para uma boa distribuição do ar, a velocidade do ar, ao nível de 1,5 m, não
deve ser inferior a 0,025 m/s e nem superior a 0,25 m/s. Os sistemas de dutos são
classificados em relação à velocidade e à pressão do ar no interior do duto.

Quanto à velocidade em:

● Baixa velocidade ou convencional, para velocidades até 10 m/s;


14

● Alta velocidade, para velocidades acima de 10 m/s. Quanto à pressão em:

● Baixa pressão, para pressões de até 500 Pa (Ventilador Classe I);

● Média pressão, para pressões de 500 a 1.500 Pa (Ventilador Classe II);

● Alta pressão, para pressões de 1500 a 2500 Pa (Ventilador Classe III).

Usam-se também, os dutos como condutores de ar de retorno, ar externo,


câmara misturadora de ar de retorno e ar exterior, etc. A seleção e instalação correta
dos dutos é fundamental para a boa performance dos sistemas. Assim, é importante
também que as conexões sejam seguras, que os dutos estejam limpos no seu
interior e que resista a passagem de ar, sem soltar partículas ou sofrer corrosão.

3.2.3 Ventiladores e exaustores

O ventilador é uma máquina que tem como função levar gás de um local para
outro.A função principal do ventilador é promover a circulação do ar no ambiente. É
utilizado, por exemplo, para trazer uma quantidade de ar novo para um ambiente. O
ar pode ser empurrado para dentro do ambiente ou pode ser puxado para fora do
ambiente e o equipamento que vai realizar esta tarefa é o mesmo, mudando de
nome conforme a situação. Quando o ar é empurrado, chamamos o equipamento de
ventilador, quando o ar é puxado chamamos de exaustor.

Existem dois tipos fundamentais de ventiladores: axiais e centrífugos(radiais).


Os axiais, nos quais o ar mantém a direção do eixo antes e após sua passagem pelo
rotor, e centrífugos, nos quais o ar é descarregado na direção normal à direção de
entrada. Os ventiladores axiais são apropriados para movimentar grandes volumes
de ar com um aumento de pressão pequeno, seu uso se encontra mais difundido em
instalações industriais. São relativamente de baixo custo e podem ser utilizados em
torres de qualquer tamanho.

Os ventiladores centrífugos são constituídos por uma carcaça e um rotor,


podendo ser de simples ou dupla aspiração. Nas torres produzidas em série, para as
que requerem baixos níveis sonoros, se utilizam normalmente ventiladores de dupla
aspiração lateral. São particularmente adequados para fornecer pequenas vazões e
pressões maiores que os ventiladores axiais.
15

3.2.4 Serpentinas de resfriamento e aquecimento

Localizadas na UTA a serpentina é uma das partes mais importantes do


sistema de ar-condicionado. É ela que é responsável por fazer a troca de calor do
ambiente, podendo conduzir o fluxo de ar quente da parte interna para a externa
realizando o resfriamento ou então da parte externa para a interna realizando o
aquecimento do ambiente.

A condutibilidade térmica da serpentina, portanto, é fundamental para que a


troca de calor seja feita da forma mais eficiente possível. Ela deve ser feita a partir
de um material que tenha a capacidade de esquentar e esfriar rapidamente, ou seja,
por meio de um bom condutor de energia. O material mais recomendado para a
serpentina é o cobre, pois ele tem uma melhor condutividade térmica que o alumínio
(material que também pode ser utilizado). Isso significa que o cobre transporta calor
com mais facilidade, tornando o sistema mais eficiente.

Como já foi mencionado, a serpentina trabalha fazendo troca de calor que


ocorre dentro das unidades do sistema de ar-condicionado. O seu funcionamento
ocorre pelo fluido refrigerante que absorve o calor pelo componente que fica na
unidade interna (evaporadora).

O calor absorvido passa pela tubulação até chegar na serpentina externa,


localizada na condensadora, para ser expelida para o exterior, quando o objetivo é
resfriar o ambiente. Quando o objetivo é deixar o ambiente mais quente, ela absorve
o ar frio e lança para fora do ambiente por meio do componente da unidade externa
(condensadora).

3.2.5 Sistema de Controle

3.2.5.1 Termostatos e sensores de temperatura e umidade

O termostato é um equipamento muito utilizado quando se deseja automatizar


algum processo para manter a temperatura interna desejada no ambiente. Ou seja,
com o funcionamento dos sensores de temperatura e umidade inseridos no sistema,
eles irão perceber qualquer tipo de variação e enviarão um sinal para o termostato
que irá comparar o sinal com seus parâmetros de temperatura e umidade
16

estabelecidos, a partir daí enviará um sinal para que o sistema de ar-condicionado


seja ligado ou desligado a fim de manter a temperatura pré-estabelecida.

3.2.5.2 Importância da manutenção e calibração adequadas

A manutenção e acompanhamento do sistema de controle dos


ar-condicionado de shopping é de grande importância pelo fato de ser um sistema
automatizado que funciona por longos períodos com variações constantes de
temperatura causadas pela quantidade de pessoas no local, da estação do ano
entre outros fatores que podem aos poucos irem causando uma variação nos
parâmetros pré-estabelecidos e assim fazer com que o sistema como um todo opere
da forma mais eficiente possível.

3.2.6 Chillers

Para poder gerar o frio e transferir para o fluido secundário, se faz necessária
a presença de equipamentos de refrigeração como um resfriador de líquido ou
chiller, estes componentes fazem a troca térmica entre o fluido secundário e o
ambiente externo, retirando calor do fluido que circula no fan coil que absorveu o
calor dos ambientes climatizados e dissipando-o para os ambientes exteriores. Essa
dissipação de calor pode ser realizada através da condensação a ar, ou através de
torres de resfriamento.

Chiller também chamados de resfriadores de líquido com condensação a ar


ou condensação através de torres de resfriamento através de água e ar podem ser
construídos com compressores alternativos ou centrífugos. Estes equipamentos
compõem uma parte do sistema central de água gelada sendo esta resfriada pelo
resfriador de líquido e posteriormente bombeado para os fan coil ou unidades de
tratamento de ar. (MOREIRA, 2017).

O chiller é o equipamento responsável por produzir a água gelada que será


utilizada para a refrigeração dos ambientes, ou seja, nada mais é que a unidade
evaporadora do sistema em que a água troca de calor com o fluido refrigerante,
diminuindo a sua temperatura. A condensação do fluido refrigerante pode ser a ar ou
a água, nesse caso necessitando de uma torre de arrefecimento para a água. A
17

água gelada produzida pelo chiller é bombeada através de bombas de recalque até
os consumidores, as unidades fan coil. (CAMPANHOLA, 2015).

No Chiller a ar, os resfriadores de líquido possuem circuito frigorífico igual aos


condicionadores de ar de expansão direta, com a diferença que ao invés de resfriar
o ar em uma serpentina, possuem no evaporador um trocador de calor para
resfriamento de líquido, normalmente água. (GODOY, 2013).

Figura 3 – Representação Esquemática da Climatização com Chiller. Godoy (2008)

Os resfriadores de líquido são empregados para resfriar soluções de


salmoura ou água. Estes fluidos resfriados alimentam através de tubos os
evaporadores. Isto resfria a área onde os evaporadores estão localizados. Este tipo
de resfriamento, utilizando água gelada ou salmoura, podem ser empregados em
grandes unidades de ar condicionado. (MILLER, 2008).

Ainda (MILLER, 2008), resfriadores de líquido, Chiller, são utilizados para


resfriar água para fins de resfriamento do ar.

O deslocamento do volume de água resfriada para os evaporadores e


serpentinas é efetuado por um sistema de bombas de água gelada (BAG) que
mantém este fluido em constante circulação, promovendo a troca térmica entre as
serpentinas dos evaporadores e as serpentinas do Chiller.
18

O sistema de refrigeração, normalmente um Chiller, resfria o fluido


secundário (água ou outro fluido) que circula no sistema de água gelada com a
utilização de bombas, e o fluido secundário resfria o processo final. (MMA, 2016).

O Chiller é uma máquina que sai de fábrica pronta para operar e que utiliza
um circuito frigorígeno (ciclo de refrigeração mecânica) para produzir água gelada ou
salmoura. O resfriador é o coração de qualquer sistema de condicionamento de ar,
uma vez que cumpre uma função essencial entre a captação e a rejeição de calor da
edificação. (SILVA, 2013).

Os chamados Chillers (termo em inglês para estas unidades, amplamente


utilizado no Brasil), que são equipamentos com ciclo de refrigeração completo, em
circuito fechado, montados em base compacta única (skid) e que necessitam apenas
de interligações hidráulicas (com os circuitos de bombeamento de água gelada e
água de resfriamento, quando aplicável) e interligações elétricas para se integrarem
ao sistema. (MMA, 2016). Tem sua eficiência energética definida por padrões
internacionalmente definidos.

● Chiller de condensação a ar

As opções mais utilizadas atualmente quando se fala em condensação a Ar,


são os equipamentos com compressores Scroll e Parafuso. Sendo que os com
compressores Scroll sendo encontrados equipamentos variando de 12TR à 150TR
em média. E os com compressores Parafuso estão sendo encontrados em
equipamentos variando de 100TR à 350TR em média.

A diferença principal entre o compressor scroll e o parafuso estão em sua


robustez e o custo do equipamento. Os compressores parafusos são mais robustos,
possuem menos partes móveis, o que resulta em uma confiabilidade maior para o
sistema. São muito utilizados em aplicações industriais. Em contrapartida possuem
um custo maior de investimento inicial.

● Chiller de condensação a água


19

As opções mais utilizadas no momento quando se fala em condensação


agua, são os equipamentos com compressores Parafuso e Centrífugos. Sendo que
os com compressores Parafuso sendo encontrados equipamentos variando de
100TR à 600TR em média. E os com compressores Centrífugo sendo encontrados
em equipamentos variando de 300TR à 2.000TR em média.

A diferença principal entre o compressor parafuso e centrífugo, está na


capacidade de refrigeração e eficiência do equipamento. Os compressores
centrífugos são capazes de atingir eficiências melhores que os compressores
parafusos (eficiências superiores a 20%). Em contrapartida possuem um custo maior
de investimento inicial.

● Chiller de absorção

Pouco utilizado em aplicações no Brasil, temos também o Chiller de


Absorção. O Chiller de Absorção é alimentado por calor. Sendo assim alimentado
por queima direta de combustível, vapor de água, água quente ou gases de
exaustão.

Os Chillers de absorção se dividem em dois tipos, os de queima direta e os


de queima indireta. O Chiller de absorção de queima direta obtém o calor através de
um processo de queima de combustível, normalmente o gás natural. No Chiller de
absorção de queima indireta, o calor necessário é fornecido na forma de vapor de
baixa pressão, água quente ou de um processo de purga quente.

A principal vantagem desse tipo de equipamento é o custo benefício, pois seu


consumo elétrico é cerca de 10% do consumo dos chillers de compressão elétricos.
Temos como principais desvantagens a falta de mão de obra qualificada e pouca
disponibilidade de peças de reposição. Por serem poucos utilizados no Brasil, nos
deparamos com estas desvantagens, o qual é um sério problema.

3.2.7 Sistema de refrigeração de água gelada (expansão indireta)

Para produzir condicionamento de ar para grandes áreas, como lojas de


departamentos e edifícios de escritórios, é necessário usar outros meios de resfriar o
ar. Água gelada é empregada para produzir o resfriamento necessário para reduzir a
temperatura no interior desses recintos. Para entender a função da água gelada, é
20

necessário compreender o sistema como um todo. A máquina de refrigeração é o


chiller. Água é fornecida para o chiller. Ali, sua temperatura é reduzida para cerca de
8,9ºC.* A água gelada então escoa para as serpentinas da unidade fan-coil
(ventilador-serpentina), que está localizada no espaço a ser climatizado. Em alguns
casos, um sistema central de manuseio de ar é empregado. Bombas são utilizadas
para mover a água entre o chiller e o equipamento de manuseio de ar. A água é
aquecida pelo ar da sala que é insuflado nas serpentinas de água gelada. Assim, a
água atinge uma temperatura de cerca de 12,8ºC, podendo chegar a 14,4ºC em
algumas instalações. A água absorve cerca de 5,5ºC de calor conforme ela é
exposta ao ar da sala que está sendo succionada para o interior da unidade por
sopradores.

A água aquecida é bombeada de volta para o chiller e então resfriada novamente


pela máquina, removendo o calor absorvido. Uma vez resfriada, a água a 48ºF
(8,9ºC)* está novamente pronta para ser bombeada de volta à unidade fan-coil ou ao
sistema central de manuseio de ar. Este processo de recirculação é repetido
conforme necessário para reduzir a temperatura do espaço que está sendo
condicionado.

Uma torre de resfriamento é utilizada para remover o calor para o exterior do edifício
21

4 FENÔMENOS DE TRANSPORTE ENVOLVIDOS

4.1 CALOR, ENERGIA E TEMPERATURA

Conforme Çengel e Ghajar (2012, p. 2) explicam, calor é definido como “a


forma de energia que pode ser transferida de um sistema para outro em
consequência da diferença de temperatura entre eles”. Esta transferência ocorre
sempre do meio de maior temperatura para o de menor temperatura e termina
quando é atingido o equilíbrio entre os mesmos. A transferência de calor é a ciência
que estuda as taxas de transferência de calor entre os meios. Trabalhando com
sistemas que não estão em equilíbrio térmico, ou seja, são fenômenos de não
equilíbrio termodinâmico, sua premissa é de que haja diferença de temperatura, pois
é impossível haver transferência entre dois corpos que possuam temperaturas
similares (ÇENGEL e GHAJAR, 2012).

São várias as formas de energia existentes e o somatório de todas elas é


chamado de energia total (E). A nível molecular, o somatório de todas as formas
22

microscópicas de energia é chamado de energia interna (U). As unidades utilizadas


são no sistema internacional (SI): joule (J) ou quilojoule (kJ). Sistema inglês: British
termal unit (Btu). Um Btu é o equivalente à aproximadamente 1,055056 kJ.

Segundo Miller (2008): “A temperatura é a medida de quente ou frio em uma


determinada escala. Todas as substâncias possuem temperatura.” Miller (2008)
afirma que o calor é constantemente confundido com a temperatura. A temperatura
é medida da intensidade do calor. Ela não é uma medida direta da entalpia
(conteúdo de calor). A entalpia não depende da temperatura. A mesma depende do
tipo de material, do volume de material e da quantidade de calor que foi colocada ou
retirada do material.

4.2 CONDUÇÃO

Incropera (2008) define condução como a transferência de energia das


partículas mais energéticas de uma substância para partículas vizinhas adjacentes
menos energéticas, como resultado da interação entre elas. A condução pode
ocorrer em sólidos, líquidos ou gases.

Em líquidos e gases, a condução é consequência das colisões e difusões das


moléculas em seus movimentos aleatórios. Já nos sólidos, ela ocorre por causa da
combinação das vibrações das moléculas em rede e a energia é transportada por
elétrons livres. (ÇENGEL e GHAJAR, 2012). A taxa de transferência de calor
depende de alguns aspectos como:

● Geometria do corpo ou sistema – áreas de superfície;

● Espessura da camada;

● Material por onde o fluxo de calor está sendo transferido;

● Diferença de temperatura no qual o meio está envolto.

De acordo com Çengel e Ghajar (2012) “a taxa de condução de calor através


de uma camada plana é proporcional à diferença de temperatura através da camada
e à área de transferência de calor, mas inversamente proporcional à espessura da
camada”, e pode ser
escrita da seguinte maneira:
23

Onde:

● q̇𝑐𝑜𝑛𝑑 é a taxa de condução de calor, cuja unidade é o Watt (W).

● Condutividade térmica do material (𝑘) é a constante de proporcionalidade do


material. É calculada e pode ser encontrada em tabelas. Sua unidade padrão
no SI é (W/m∙K).

● T1 𝑒 T2 são as temperaturas das superfícies do corpo por onde está fluindo o


calor. A unidade padrão é o Kelvin (K).

● ∆𝑥 é a espessura da camada e é expressa em metros (m).

● (𝐴) representa a área da superfície de transferência de calor (m²).

4.3 CONVECÇÃO

Çengel e Ghajar (2012) definem convecção como o modo de transferência de


energia entre a superfície sólida e líquida ou gás, que se encontra em movimento e
envolve os efeitos combinados de condução e de movimento de um fluido. Quanto
maior a velocidade de movimento do fluido, maior será a transferência de calor por
convecção. Em caso de velocidade zero a transferência de calor se dará apenas por
condução pura. O mecanismo será considerado convecção forçada se houver ação
de meios externos forçando
o fluido a escoar por sobre a superfície.

Por outro lado convecção natural se dá quando o fluido escoa pela simples
ação das forças de flutuação devido à diferença de densidade (ÇENGEL e GHAJAR,
2012).

De acordo com Çengel e Ghajar (2012) a taxa de transferência de calor e a


diferença de temperatura entre a superfície do sólido e o fluido são proporcionais e
pode ser expressa pela lei de Newton do resfriamento através da equação:
24

Onde:

● 𝑞̇𝑐𝑜𝑛𝑣 é a taxa de transferência de calor convecção, cuja unidade é o Watt


(W).

● Coeficiente de transferência de calor por convecção (ℎ) é uma propriedade


característica de cada fluido. É calculado experimentalmente e pode ser
encontrada em tabelas (retirar). Sua unidade padrão no SI é (W/m²∙K).

● 𝑇𝑠 e 𝑇∞ são as temperaturas da superfície do sólido e do fluído distante da


superfície, respectivamente. A unidade padrão é o Kelvin (K).

● (𝐴𝑠) representa a área da superfície de transferência de calor (m²).

4.4 TRANSFERÊNCIA DE CALOR NA SERPENTINA DE RESFRIAMENTO

Os trocadores de calor tipo serpentina aletada são equipamentos


considerados compactos compostos por uma serpentina tubular com aletas
posicionadas transversalmente. Em geral a tubulação é feita em cobre e as aletas
em alumínio, contudo outros materiais podem ser aplicados. (WIRZ, 2011).

Inicialmente estes trocadores eram confeccionados em tubo único, contudo, a


queda de pressão provocava uma redução na temperatura, o que ocasionava uma
temperatura não-uniforme ao longo do equipamento e até mesmo um congelamento
indesejado na serpentina. (WIRZ, 2011). Para sanar este problema, equipamentos
maiores passaram a ser projetados em seções isoladas de serpentinas menores
empilhadas umas sobre as outras chamadas de circuitos. Esses circuitos são
alimentados por um mecanismo de distribuição após a expansão do fluido e a saída
de cada circuito está ligada a um tubo de comunicação por onde o fluido é
succionado pelo compressor. Esta configuração é considerada mais eficiente por
reduzir significativamente a queda de pressão. (WIRZ, 2011)
25

4.5 DIFERENÇAS ENTRE ALUMÍNIO E COBRE

O alumínio é um elemento leve e maleável e um dos materiais mais


abundantes do planeta, logo atrás do oxigênio e do silício. A massa da crosta
terrestre é nada menos que 8% de alumínio. Entre os metais, a produção desse
elemento só fica atrás da de ferro. Por ser atóxico, o alumínio é usado em latas de
cerveja e refrigerante e em centenas de outros casos. Sua condutividade térmica,
medida no Sistema Internacional, é de 237 W/(m·K), ou seja, 237 watts por
metro/kelvin.

O cobre também é um metal leve e maleável, mas é um pouco mais pesado e


raro que o alumínio. Ele reage ao oxigênio atmosférico formando uma camada de
óxido que protege o interior da peça em relação à corrosão. Esse fenômeno é
chamado de passivação. Sua condutividade térmica é de 401 W/(m·K). Ela é,
portanto, bem maior que a do alumínio

4.6 FILTRAGEM DE PARTÍCULAS NO AR

Diversas são as variáveis que podem comprometer a qualidade do ar dos


ambientes interiores. Para garantir este ar em condições desejáveis é preciso levar
em conta fatores como um sistema de ar condicionado bem projetado,
equipamentos adequados, instalação compatível com o projeto, operação e
manutenção eficientes, além do cumprimento das normas estabelecidas pelos
órgãos competentes. A má qualidade do ar interior pode causar, além de
desconforto térmico e olfativo, dor de cabeça, alergia, gripe, e de forma mais
extrema doenças provocadas por contaminação por fungos, vírus e bactérias. Os
fatores de maior impacto para garantir a qualidade do ar adequada a cada aplicação
são a utilização de uma taxa de renovação correta para cada aplicação (diluição dos
poluentes) e uma filtragem corretamente aplicada, tanto no que se refere aos tipos
de filtros escolhidos, como quanto ao número de trocas em cada ambiente. São
importantes, também, os controles de temperatura e umidade adequados para cada
aplicação.

Todo o ar usado num sistema de condicionamento de ar deverá ser filtrado


para manter uma atmosfera limpa no espaço condicionado. O ar exterior contém
sempre contaminantes, como bactérias, polens, insetos, fuligem, cinzas, pó e
26

sujeiras. O ar de retorno tem contaminantes como pó caseiro, fios, fuligem e cinzas.


A concentração destes contaminantes no ar, e o grau de limpeza necessário no
espaço condicionado, determinará o tipo de filtro ou filtros que deve ser usado.

Os contaminantes na atmosfera podem ir desde tamanhos inferiores a 0,01


microns até os que podem ser apanhados por uma tela de janela normal como, por
exemplo, fios, folhas, insetos e penas. Nesta lista podem-se incluir todos os tipos e
tamanhos. Podem-se ainda incluir os fumos, vapores e organismos vivos como
sejam virus e esporos de fungos.

A variedade infinita de contaminantes torna impossível projetar um tipo de


filtro de ar ideal para todas as aplicações. Como consequência, projetaram-se
muitos tipos de filtros limpadores de ar, para cobrirem as necessidades de várias
aplicações.

Os filtros de ar de aplicação na indústria e no sistema de ventilação e ar


condicionado podem ser divididos em segundo sua função em dois grandes grupos:

A. Filtros para separar contaminantes e pó nos lugares onde estes se originam,


Naturalmente utilizam-se em lugares onde a quantidade de pó por unidade de
volume de ar é muito alta. Neste grupo entram os separadores tipo ciclone, as
cortinas de água, os separadores de bolsa vibratória, e demais filtros
eletrostáticos e separadores inerciais.
B. Filtros de ar para ar já com determinado grau de limpeza. São os filtros
normalmente utilizados para ar condicionado.

Diferentes campos de aplicação requerem diferentes graus de eficiência na


limpeza do ar. Na ventilação Industrial comum, poderia ser necessário somente filtrar
partículas mais grossas, para proteção da estrutura e do equipamento mecânico.

A eficiência dos filtros é afetada pelos tamanhos das partículas e também


pela velocidade do ar, já que filtrar partículas é progressivamente mais e mais difícil
na medida em que o tamanho das partículas decrescem. Na seleção de um filtro, um
elemento fundamental a ser levado em conta é o grau de limpeza do ar que se
deseja.
27

As três características operativas dos filtros de ar são a eficiência, a queda de


pressão ou resistência à passagem do ar e a vida útil, que está relacionada com a
capacidade de sustentação do pó. Os filtros para Ar Condicionado e Ventilação
podem ser divididos em:

● Filtros com meio filtrante fixo: São filtros onde a queda de pressão aumenta
permanentemente assim como a carga do pó. Uma vez saturados, os filtros
deverão ser trocados ou recondicionados. Esses fazem parte da maioria dos
filtros, pois vão desde os metálicos, lã de vidro e fibras grossas até os HEPA
(absolutos). Estes filtros dividem-se em duas categorias: A primeira é a do filtro
com meio filtrante viscoso e a segunda é do tipo seco.
○ Os filtros de meio viscoso trabalham fundamentalmente pelo
mecanismo de separação inercial. Isto é, as partículas se desprendem
das veias fluidas e golpeam contra a superfície da fibra. São
normalmente painéis planos e de alta porosidade. O meio filtrante tem
um impregnação viscosa tal como o óleo, glicerina, etc..
○ Os filtros de meio filtrante seco, são constituídos por fibras
desordenadas, distribuídas aleatoriamente, de diferentes densidades e
tamanhos. O meio é a fibra de vidro, fibra de celulose, feltros e fibras
sintéticas. Este meio filtrante está normalmente sustentado por quadros
metálicos.
● Filtros com renovação automática do meio filtrante: Nesses filtros são
introduzidos meios filtrantes limpos em forma contínua. Isto faz com que
mantenha-se constante o fluxo de ar e a queda de pressão.
● Filtros eletrostáticos: Estes têm essencialmente uma queda de pressão
constante e a vazão, por consequência, mantém-se constante também e o
mesmo acontece com a eficiência, a menos que as placas coletoras sejam
carregadas com pó em excesso. Em muitos casos são utilizadas combinações
de filtros. Por exemplo: depois dos filtros eletrostáticos colocam-se filtros com
meio filtrante para reter partículas que se desprendam das placas do mesmo.
Também antes dos filtros de alta eficiência pode-se colocar filtros com
renovação constante do meio filtrante.
28

A tabela 3 da NBR-6401 apresenta as recomendações para aplicações de filtros de


ar.
29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabendo que os sistemas de refrigeração são responsáveis por agregar os


maiores custos ao empreendimento, foi possível analisar, ao fim desse estudo, a
importância da implantação do sistema de condicionamento de ar de água gelada
dentro de uma empresa, em especial aquelas que possuem sistemas de
climatização de grande porte.
30

REFERÊNCIAS

ÇENGEL e GHAJAR, Transferência de Calor e Massa, 4ª edição, Editora AMGH; 2012.

CAMPANHOLA, Felipe P, Avaliação de sistemas de Condicionamento de Ar para Salas de


Prédio Público, Santa Maria, 2015. Programa de Pós-Graduação em Eficiência Energética
Aplicada aos Processos Produtivos. Universidade Federal de Santa Maria.

GODOY, Renata Cristina Zanotelli, O ar Condicionado como Fonte Potência de Risco à


Saúde dos Trabalhadores de Call Centers. Curitiba, 2013. Disponível em:
http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/1555.

MOREIRA, José Roberto Simões. Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência


Energética. 1º Edição, Rio de Janeiro. LTC. 2017

MILLER, Rex. Ar Condicionado e Refrigeração. 2ª Edição. Rio de Janeiro. LTC. 2014.

SILVA, Jesué Gracialiano da. Introdução a Tecnologia da Refrigeração e da Climatização. 1ª


edição. São Paulo. Artliber. 2004.

https://docs.ufpr.br/~rudmar/clima/material/6_DISTRIBUICAO%20DE%20AR.pdf

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