Análise dos limites e possibilidades de atuação do psicólogo no campo da garantia de direitos relativos à infância e juventude.
COIMBRA, José César. Avaliação Psicológica na Justiça da Infância e da Juventude: Contexto e Perspectivas para o Século XXI. In: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Prêmio Profissional Avaliação Psicológica na Perspectiva dos Direitos Humanos. Brasília: CFP, 2012. p. 31-50. Disponível em: http://bit.ly/1fnO7jm. Acesso em: 20 jun. 2015.
Título original
Avaliacao Psicológica na Justiça da Infância e da Juventude
Análise dos limites e possibilidades de atuação do psicólogo no campo da garantia de direitos relativos à infância e juventude.
COIMBRA, José César. Avaliação Psicológica na Justiça da Infância e da Juventude: Contexto e Perspectivas para o Século XXI. In: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Prêmio Profissional Avaliação Psicológica na Perspectiva dos Direitos Humanos. Brasília: CFP, 2012. p. 31-50. Disponível em: http://bit.ly/1fnO7jm. Acesso em: 20 jun. 2015.
Análise dos limites e possibilidades de atuação do psicólogo no campo da garantia de direitos relativos à infância e juventude.
COIMBRA, José César. Avaliação Psicológica na Justiça da Infância e da Juventude: Contexto e Perspectivas para o Século XXI. In: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Prêmio Profissional Avaliação Psicológica na Perspectiva dos Direitos Humanos. Brasília: CFP, 2012. p. 31-50. Disponível em: http://bit.ly/1fnO7jm. Acesso em: 20 jun. 2015.
O Estatuto da Criana e do Adolescente - ECA (BRASIL, 1990) define um campo bastante amplo de atuao para a equipe interprofissional que est sob sua gide. Recentes alteraes promovidas pela lei 12010/09 (BRASIL, 2009) que basicamente circunscrevem- se adoo - introduziram variveis importantes nessa atuao, as quais reiteram a amplitude j existente. Considerando-se as exigncias legais atuais para o funcionamento da justia da infncia e juventude (BRASIL, 1990), bem como seu histrico, entendemos haver a objeto privilegiado para uma anlise do trabalho do psiclogo no sistema judicial, em particular no que se refere realizao da avaliao psicolgica. A amplitude a que fizemos meno e que associamos definio do campo de atuao da equipe tcnica interprofissional, tal como definido no ECA, no oferece em um primeiro momento correspondncia exata com os papis de perito ou assistente tcnico, tais como se configuram no Cdigo de Processo Civil CPC (BRASIL, 1973). Isto , o ECA constri em seus enunciados um lugar para atuao do psiclogo que no definido exclusivamente por esses papis. Dessa forma, este artigo tem por objetivo: i) apontar e analisar as definies de trabalho da equipe interprofissional existentes no ECA, em particular aquelas que poderiam ser associadas com a realizao de avaliao psicolgica; ii) estabelecer correspondncias entre as definies relativas ao item anterior e as demandas dirigidas ao psiclogo no poder judicirio, bem como sugerir a importncia da reflexo acerca do/s destinatrio/s do trabalho realizado. Nesse percurso, tornar-se-o evidentes os limites que cercam a avaliao psicolgica na justia da infncia e juventude e seus pontos de inflexo. Esses pontos se deduzem das balizas estabelecidas pelos dispositivos legais que ao longo do tempo circunscreveram o papel da equipe interprofissional no sistema judicial. Como ser visto, essas balizas no so fixas e sofrem, de tempos em tempos, reconfiguraes que delimitam de forma nova outros campos de possibilidade. Grosso modo, do Cdigo de Mello Mattos Lei 12010/09 essa, em parte, a histria narrada.
1 rmlo roflsslonal Avallao slcolglca na erspecLlva dos ulrelLos Pumanos/Conselho lederal de slcologla. 8rasllla. Cl, 2012, pp. 31 - 30. 3
Desenvolvimento 1: A justia da infncia e da juventude Ainda que o sistema de justia da infncia e da juventude no se resuma ao poder judicirio, neste trabalho teremos como alvo principal as varas de infncia e juventude. Mencionamos, contudo, que esse sistema composto por outros agentes, como, por exemplo, o Ministrio Pblico. guisa de esclarecimento, deve ser sinalizado que o sistema de justia, no que se refere a crianas e adolescentes, parte indissocivel do Sistema de Garantia de Direitos SGD: O Sistema de Garantia de Direitos da Criana e do Adolescente constitui-se na articulao e integrao das instncias pblicas governamentais e da sociedade civil, na aplicao de instrumentos normativos e no funcionamento dos mecanismos de promoo, defesa e controle para a efetivao dos direitos da criana e do adolescente, nos nveis Federal, Estadual, Distrital e Municipal 2 . (CONANDA, 2006: 3). As varas de infncia e juventude, que em termos do SGD encontram-se no eixo de defesa dos direitos humanos, desempenham importante papel nessa esfera. Deduz-se, assim, que o trabalho desenvolvido pela equipe interprofissional da vara da infncia e juventude VIJ, no seu aspecto macro, est tambm associado a esse eixo. No entanto, a importncia que se deduz do seu papel no aparenta ter contrapartida na realidade brasileira. Levantamento realizado pela Associao de Magistrados, Promotores de Justia e Defensores Pblicos da Infncia e da Juventude ABMP e pela Associao de Assistentes Sociais e Psiclogos do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo AASPTJSP revela uma situao muito difcil para o funcionamento das varas de infncia e juventude no pas, em particular no que se refere a sua equipe tcnica interprofissional (ABMP, 2008). De forma geral, o levantamento aponta para a precariedade da assessoria dessa equipe ao magistrado ou mesmo a sua simples inexistncia nas varas de infncia e juventude do pas. Destaque-se que, em grande medida, o levantamento aponta que a precariedade mencionada decorre, sobretudo, da insuficincia quantitativa dos integrantes dessas equipes, bem como de limitaes relativas a sua falta de diversidade profissional (ABMP, 2008).
2 Ramos (2010) realiza uma anlise muito detalhada do lugar do psiclogo no SGD no que se refere aos casos de suspeita de violncia sexual contra criana. 4
Em sntese, o levantamento da ABMP afirma que os tribunais do pas no seguem o que est determinado no artigo 145 3 do ECA ou o que foi previsto pelo Conselho Nacional de Justia CNJ (2006) ou ainda pelo Conselho Nacional de Direitos da Criana e do Adolescente Conanda (2006). Nesse sentido, o levantamento esclarece que faltam aos tribunais do pas critrios formais para definio do nmero de integrantes das equipes tcnicas, o que impactaria de forma bastante negativa as condies efetivas para a defesa de direitos de crianas e adolescentes. Se considerarmos que, em geral, a competncia para as medidas protetivas relativas ao idoso foi assumida pelas VIJ, veremos um incremento da distoro assinalada 4 . Pode ser deduzido do que se apresentou at aqui que as condies objetivas de trabalho do psiclogo nas varas de infncia e juventude e, por extenso, da avaliao psicolgica que ali se realiza, esto, em grande medida, longe daquelas que seriam adequadas. Contudo, da perspectiva do ECA, em que consistiria o trabalho do psiclogo e em que medida a avaliao psicolgica a est representada? Desenvolvimento 2: O ECA, o psiclogo, as avaliaes O campo de trabalho da equipe interprofissional na justia da infncia e juventude delimitada nos artigos 150 e 151 do ECA (BRASIL, 1990): Art. 150. Cabe ao Poder Judicirio, na elaborao de sua proposta oramentria, prever recursos para manuteno de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justia da Infncia e da Juventude [grifo nosso]. Art. 151. Compete equipe interprofissional dentre outras atribuies que lhe forem reservadas pela legislao local, fornecer subsdios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audincia, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientao, encaminhamento, preveno e outros, tudo sob a imediata subordinao autoridade judiciria, assegurada a livre manifestao do ponto de vista tcnico [grifos nossos]. Reppold (2011), Machado (2011), Brito (2011) e Bicalho (2011) ilustram perfeio a dupla face que define a avaliao psicolgica, a qual nos serve como chave de interpretao para os artigos do ECA citados. Nesses exemplos sobressai a necessidade de
3 Os estados e o Distrito Federal podero criar varas especializadas e exclusivas da infncia e da juventude, cabendo ao Poder Judicirio estabelecer sua proporcionalidade por nmero de habitantes, dot-las de infra- estrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantes. 4 Cabe mencionar que o Estatuto do Idoso, diferena do ECA, no determina que o poder judicirio constitua equipe tcnica prpria (BRASIL, 2003). 3
no circunscrever a avaliao psicolgica criao de instrumentos e tcnicas de avaliao (REPPOLD, 2011: 23), bem como o de constituir e ressaltar uma dimenso no exclusivamente tcnica avaliao psicolgica, reafirmando seu objetivo de afetar as relaes de saber e poder (...) buscar as possibilidades de alter-las (MACHADO, 2011: 76). A perspectiva dos autores citados tem contrapartida na prpria definio estabelecida pelo Conselho Federal de Psicologia no Manual de Elaborao de Documentos decorrentes de Avaliaes Psicolgicas: A avaliao psicolgica entendida como o processo tcnico-cientfico de coleta de dados, estudos e interpretao de informaes a respeito dos fenmenos psicolgicos, que so resultantes da relao do indivduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratgias psicolgicas mtodos, tcnicas e instrumentos. Os resultados das avaliaes devem considerar e analisar os condicionantes histricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar no somente sobre o indivduo, mas na modificao desses condicionantes que operam desde a formulao da demanda at a concluso do processo de avaliao psicolgica (CFP, 2003: 3, grifos nossos). Assim, o ECA e a definio de avaliao psicolgica implicam duas sries de significantes que se encadeiam e entrecruzam-se da seguinte forma: i) equipe interprofissional assessora juiz desenvolve outros trabalhos ii) avaliao psicolgica coleta de dados, estudo, interpretao anlise dos condicionantes histricos e sociais Se na srie i aparece como que uma dupla atribuio da equipe interprofissional, na srie ii h outra articulao. Nessa srie a avaliao psicolgica simultaneamente coleta de dados, estudo e anlise dos condicionantes histricos e sociais que incidem nos fenmenos psicolgicos. As duas sries entrecruzam-se na medida em que o psiclogo compe a equipe interprofissional da VIJ. E a avaliao psicolgica, em grande medida, um elemento presente tanto no assessoramento como no desenvolvimento dos demais trabalhos nesse no campo. Ento, entre assessorar e desenvolver outros trabalhos o psiclogo no encontra uma diferena estrutural, na medida em que, ao menos no que concerne avaliao psicolgica, haveria um denominador comum entre essas duas possibilidades de atuao. Esse 6
denominador seria composto pela anlise dos condicionantes histricos e sociais do psiquismo e da possibilidade de interveno sobre os condicionantes que formataram a prpria demanda de avaliao psicolgica. Esse campo de possibilidades no uma constante no quadro da infncia e juventude, ao menos quando se tem em vista o histrico de suas legislaes. Desenvolvimento 3: Legislaes e campos de possibilidade A nos pautarmos no histrico das legislaes brasileiras referentes infncia e juventude, encontramos campos de possibilidades bem distintos daqueles que descrevemos com o ECA. No artigo 147 do Cdigo de Mello Matos, Decreto 17.943-A, de 12-10-1927, temos que ao juiz de menores compete: inquirir e examinar o estado physica, mental e moral dos menores, que comparecerem a juizo, e, ao mesmo tempo.a situao social, moral e economica dos paes, tutores e responsaveis por sua guarda [sic] (BRASIL, 1927). Na mesma lei, art. 150, podemos ver ainda que estava previsto em seu quadro de funcionrios um mdico psiquiatra, ao qual incumbia: proceder a todos os exames medicos e observaes dos menores levados a juizo, e aos que o juiz determinar; [...] fazer s pessoas das famlias dos menores as visitas medicas necessarias para as investigaes dos antecedentes hereditarios e pessoaes destes [...] [sic] (BRASIL, 1927). No Cdigo de Menores, Lei 6697/79, (BRASIL, 1979), no observada meno expressa ao profissional psi. Contudo, existem vrias passagens que delimitam o papel de uma equipe interpofissional, tal como se depreende dos artigos 4 5 ; 22 6 ; 41 7 e 97 8 . Sobre esse ltimo aspecto, nota-se que a expresso estudo social ou percia por equipe interprofissional tambm est presente no ECA, conforme os artigos 161 9 ; 162 10 e 167 11 .
3 A aplicao desta Lei levar em conta: [...] o estudo de cada caso, realizado por equipe de que participe pessoal tcnico, sempre que possvel. 6 Procedero a deciso homologatria: I - estudo social do caso[...]. 7 O menor com desvio de conduta ou autor de infrao penal poder ser internado em estabelecimento adequado, at que a autoridade judiciria, em despacho fundamentado, determine o desligamento, podendo, conforme a natureza do caso, requisitar parecer tcnico do servio competente e ouvir o Ministrio Pblico. 8 O procedimento contraditrio ter incio por provocao do interessado ou do Ministrio Pblico, cabendo- lhes formular petio devidamente instruda com os documentos necessrios e com a indicao da providncia pretendida. [...] 2 Apresentada, ou no, a resposta, a autoridade judiciria mandar proceder ao estudo social do caso ou percia por equipe interprofissional, se possvel. 9 No sendo contestado o pedido, a autoridade judiciria dar vista dos autos ao Ministrio Pblico, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo. 1 o A autoridade judiciria, de ofcio ou a requerimento das partes ou do Ministrio Pblico, determinar a realizao de estudo social ou percia por 7
Tanto no Cdigo de Mello Mattos como no Cdigo de Menores o foco dos problemas e das questes apreciadas pelo juiz o menor ou sua famlia. Os enunciados relativos s investigaes dos antecedentes hereditrios e pessoais [dos menores] e ao menor com desvio de conduta autorizam essa interpretao. Dessa forma, no perodo coberto por essas leis, o poder judicirio, na figura do juiz, aparece como o principal destinatrio do trabalho realizado pelos servios auxiliares do juzo. nesse contexto que se pode entender o funcionamento do Laboratrio de Biologia Infantil, criado em 1939, ou do Servio de Ateno ao Menor, criado em 1941 por Getlio Vargas. Na passagem do sculo XIX ao XX encontramos as duas pontas da histria que se mostram nessas linhas: a afirmao do saber psi como prtica cientfica e a preocupao com a questo do menor (VIANNA, 1999; RIZZINI & RIZZINI, 2004). A questo do menor, por seu turno, expressava-se pela necessidade de controle da turba nas cidades, o que se pode notar tambm com base na classificao e subclassificao utilizadas no Cdigo de Mello Mattos: expostos, abandonados, vadios, mendigos e libertinos. A taxonomia aplicada aos menores revela o mpeto de criar saber e controle, moldando um conjunto disciplinado a partir de uma massa errante. Nesse movimento, classificao e diagnstico seriam o passo inicial para a interveno mais eficaz. Esse encontro que se traduziu na demanda a um saber psi permite entrever que o aparato judicial e o aparato policial identificavam na criana e no adolescente que se enquadravam na categoria menor pontos de inapreenso que suscitavam questes. possvel cogitar ento que para tais pontos apenas novas prticas e saberes poderiam apresentar respostas minimamente satisfatrias s expectativas vigentes (RIZZINI, 2007; SANTOS, 2011). Podemos concluir ainda que, particularmente no que se refere ao Cdigo de Mello Mattos, se no temos de direito a figura psiclogo, clara na poca a multiplicao de saberes e prticas psicolgicas entre profissionais de diferentes estratos, sejam mdicos ou mesmo juzes (RIZZINI, 2007). Se nos reportamos a leis anteriores a 1990, devemos agora deter-nos na Lei 12010/09, a qual trouxe diversas modificaes ao ECA, centradas na colocao em famlia
equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presena de uma das causas de suspenso ou destituio do poder familiar [...]. 10 Apresentada a resposta, a autoridade judiciria dar vista dos autos ao Ministrio Pblico, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, audincia de instruo e julgamento. 1 A requerimento de qualquer das partes, do Ministrio Pblico, ou de ofcio, a autoridade judiciria poder determinar a realizao de estudo social ou, se possvel, de percia por equipe interprofissional [...]. 11 A autoridade judiciria, de ofcio ou a requerimento das partes ou do Ministrio Pblico, determinar a realizao de estudo social ou, se possvel, percia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concesso de guarda provisria, bem como, no caso de adoo, sobre o estgio de convivncia. 8
substituta, em particular a adoo. De incio, verifica-se que essa lei estabelece no artigo 1 como sua finalidade o aperfeioamento da sistemtica prevista para garantia do direito convivncia familiar a todas as crianas e adolescentes. No mesmo sentido, frisa que a interveno estatal [...] ser prioritariamente voltada orientao, apoio e promoo da famlia natural [...] (BRASIL, 2009). Dada essa diretriz, o artigo 2 apontar os artigos do ECA alterados, dentre os quais podemos notar um maior detalhamento acerca do trabalho da equipe interprofissional como mostra o artigo 19 12 . Nos artigos do ECA indicados no artigo 2 da Lei 12010/09 so ressaltados no apenas a necessidade de relatrio da equipe interprofissional (ou multiprofissional, termo tambm utilizado na Lei 12010/09), inclusive no que concerne destituio do poder familiar, mas tambm a execuo de atividades relacionadas ao acompanhamento e preparao relativos reintegrao familiar ou colocao em famlia substituta. Se a profuso classificatria do Cdigo de Mello Mattos est distante desde o Cdigo de Menores, observa-se que do ECA Lei 12010/09 o papel da equipe interprofissional que encontra um nvel de detalhamento at ento inaudito. Nesse quadro, o que poderamos entender por avaliao psicolgica? Desenvolvimento 4: A equipe interprofissional entre dois tempos Como pde ser observado, nas legislaes anteriores ao ECA, no existia uma meno exclusiva ao psiclogo. Contudo, tambm como assinalado, desde o Cdigo de Mello Mattos h referncias presena de prticas e saberes psi no mbito da justia da infncia e juventude, ento justia de menores. Podemos dizer que a associao entre o discurso judicial e o de outros saberes lembra-nos dois aspectos das prticas psi que se destacam aqui. O primeiro aspecto o que j foi chamado de metamorfose da mquina judicial, tal como apontado por Foucault (1988; 1989; 1994): com a emergncia do regime disciplinar e de sua contrapartida nas tcnicas do exame no bastaria mais a justia ser justa mas caberia a ela tambm curar aquele que capturado em suas malhas 13 . Dessa perspectiva, a
12 Art. 19. [...] 1 Toda criana ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional ter sua situao reavaliada, no mximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciria competente, com base em relatrio elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegrao familiar ou colocao em famlia substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. 13 Foucault escreveu que o sistema carcerrio representava uma nova economia do poder, economia que constituiu uma nova forma de lei, a norma: Da toda uma srie de efeitos: o deslocamento interno do poder 9
constituio de alguns saberes, dentre os quais a psicologia, estaria estritamente ligada a essa mudana ocorrida no dispositivo judicial, a ponto do discurso psi passar a fazer sentido para o discurso jurdico (FOUCAULT, 1991). O segundo aspecto seria o da metamorfose da prtica da avaliao psicolgica na justia da infncia e juventude a partir das coordenadas estabelecidas pelo ECA, sobretudo luz do percurso histrico que vai do Cdigo de Mello Mattos atualidade. Longe de podermos ver apenas a ultrapassagem de marcos anteriores de funcionamento do binmio prticas psi prticas judiciais, reconhece-se tambm na letra da lei margens de diferena entre 1927 e a atualidade. Isso no significa que em um contexto mais amplo a prtica classificatria e explicitamente normalizadora no seja ainda presente, entrelaando-se com a dimenso de cura esperada, em alguma medida, do dispositivo judicial. As recentes discusses acerca da legitimidade e eficcia das internaes compulsrias de usurios de crack so um exemplo disso (GASPAR, 2011). Trata-se de exemplo to mais importante quanto aponta tambm para a captura dos dispositivos de sade pelo discurso judicial. De forma um pouco diferente, temos ainda como exemplo da captura indicada o caso Champinha (LIGAUBE, 2011). Essa breve incurso acaba por fazer saltar a nossa frente, se pensarmos sobre seus possveis reflexos na equipe interprofissional, polissemias inesperadas relacionadas ao artigo 151 do ECA. Desse modo, se no incio deste ensaio salientvamos que o papel previsto do perito e do assistente tcnico no CPC no encontraria contrapartida necessria no ECA para a equipe interprofissional, passamos a perceber que esse talvez no seja o ponto mais importante a ser ressaltado. De modo estrito o que se delineia no CPC a regulao das figuras do perito e do assistente tcnico em funo dos destinatrios privilegiados do resultado dos trabalhos realizados, respectivamente o juiz e as partes/advogado (BRASIL, 1973). Assim os enunciados do ECA, em particular o artigo 151, explicitam, em princpio, uma srie de intervenes no periciais. O que resta por ser analisado em que medida, a despeito das definies de perito e assistente tcnico estabelecidas no CPC, a prtica dessas personagens, e da equipe interprofissional como um todo, estaria modificada em funo das demandas e questes direcionadas ao sistema de justia da infncia e juventude na atualidade.
judicirio ou ao menos de seu funcionamento; cada vez mais dificuldade de julgar, e uma tal qual vergonha de condenar; um desejo furioso de parte dos juzes de medir, avaliar, diagnosticar, reconhecer o normal e o anormal; e a honra reivindicada de curar ou readaptar (FOUCAULT, 1988: 265). Como se sabe, a priso nos fornece um modelo de anlise do poder disciplinar que no se restringe a ela.
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Essas demandas e questes cobrem tambm um arco no qual se inclui modificaes no mercado onde esses profissionais buscaro a retribuio por seu trabalho. Isso visvel, por exemplo, ante a existncia de experincias que encontram expresso no quadro da carncia indicada na primeira parte deste trabalho. Referimo-nos desproporo entre nmero de profissionais na equipe inteprofissional e populao, cujas consequncias receberam pouqussimas atenes e anlises at agora (ABMP, 2008). Em maior ou menor grau, a depender de cada tribunal, paulatinamente torna-se comum na equipe interprofissional da justia da infncia e da juventude, diferentemente do previsto no ECA, mesmo com as alteraes da Lei 12010/09, a participao de profissionais de outras origens institucionais: cedidos do poder executivo (sade e assistncia social, por exemplo); peritos; profissionais ad hoc; voluntrios e contratados oriundos de ONGs/Oscips. Cada um desses estratos implica condies de trabalho diferenciadas (carga horria, vencimentos) e porta novos desafios quanto constituio de equipes de trabalho. Esses desafios passam, por exemplo, pela possibilidade real de construo de um saber advindo da prtica e que seja transmissvel, o que se torna mais difcil quando h descontinuidades de propostas e rodzio constante de profissionais. Cabe a pergunta se esse contexto interfere nas possibilidades de realizao da avaliao psicolgica ou, ainda, em que medida isso ocorreria, bem como que concluses podem ser formalizadas das experincias em curso. Desenvolvimento 5: A equipe interprofissional, o psiclogo, a avaliao, o futuro Se a diversidade de filiaes institucionais vem sendo em certa medida um trao significativo na composio das equipes, o mesmo no pode ser afirmado acerca da diversidade de origens profissionais (ABMP, 2008). Contudo, mesmo sendo circunscrita basicamente a assistentes sociais e psiclogos - tendo os primeiros em maior proporo - essa composio mnima deveria ser suficiente por si mesma para nos interrogar acerca da transmisso dos resultados da avaliao psicolgica, inclusive para os demais destinatrios que no se circunscrevem s equipes: autoridades judicirias e jurisdicionados, por exemplo. Ao mencionarmos essa transmisso, assinalamos tambm que esses personagens compem ns de uma rede que, direta ou indiretamente, apresentam questes e demandam respostas dos psiclogos e vice-versa. Com o SGD e com a Lei 12010/09 vislumbramos uma imagem bastante prxima da complexidade dessa transmisso, das vicissitudes que podem levar duplicao de intervenes e, por vezes, da revitimizao daqueles que so trazidos mquina judiciria (RAMOS, 2010). 11
A sucesso de estudos e avaliaes talvez seja um dos aspectos que mais chame a ateno daqueles que passam a integrar uma equipe interprofissional. Certo espanto percorre o psiclogo quando ele verifica que antes dele outros colegas, por vezes de diferentes instituies ou estabelecimentos, realizaram avaliaes psicolgicas ou outras e, ainda assim, tudo comea novamente. Todavia, a despeito do trabalho realizado, o avano do andamento processual aparece atrelado repetio percebida como repetio de um mesmo trabalho. Ainda que a transitoriedade do resultado das avaliaes psicolgicas pudesse, em tese, justificar uma sucesso delas (CFP, 2003), o entendimento imediato no se constitui com base nessa perspectiva. Poderamos destacar alguns elementos que nos ajudariam a entender os motivos disso que se apresenta como repetio infindvel? Em resumo, dir-se-ia que os operadores do direito querem encontrar algo que, por vezes, no est contido no documento elaborado. Algo que, da perspectiva desses interlocutores, deveria estar ali, uma vez que seria tido como fundamental para o esclarecimento da questo que se colocou justia. Quanto ao psiclogo, caberia a interrogao sobre se o que se transmitiu poderia t- lo sido de modo diferente? Aqui, quer-se destacar que a avaliao psicolgica encontra o seu fim, mesmo transitrio, na transmisso efetiva do saber construdo, sobretudo quando est em jogo a elaborao de documentos. Fim da avaliao que no significa necessariamente fim da interveno psi, tal como o artigo 151 do ECA j nos aponta. Transmisso que ser para o prprio psiclogo ou para outrem uma possibilidade de perspectiva que talvez venha ressignificar a demanda que originou a avaliao psicolgica, da a responsabilidade tica que comporta. Se, em que pese os mal-entendidos da linguagem, algo dessa transmisso retorna como um incompreendido, isso poderia nos tocar. Em que medida, no que tange avaliao psicolgica, feita uma interrogao sobre sua transmissibilidade? Ou melhor, sobre as possibilidades e condies de transmisso de seus resultados? Ao olharmos a verdadeira teia na qual a justia da infncia e juventude est inserida, da qual o SGD uma das representaes, fcil perceber que o destino da avaliao psicolgica mltiplo. Se ela ocorre no Conselho Tutelar, por exemplo, provvel que, de um modo ou de outro, chegue at a Vara da Infncia e Juventude, tendo passado antes pela Promotoria de Justia da Infncia e Juventude. Quantos assistentes sociais, psiclogos, promotores de justia, defensores pblicos, juzes, advogados podero ter sido atravessados pela letra do laudo que sintetiza a avaliao feita? E dali em diante, as sucesses que se 12
multiplicam, novas avaliaes, de que modo esse passado registrado integrado ao futuro que se esboa no novo documento que se inicia? Percebem-se, no contexto que o deste trabalho, os desafios que se impem realizao de uma avaliao psicolgica. Do ato infracional adoo, da suspeita de violncia sexual destituio do poder familiar, um espao para a avaliao psicolgica, para o bem ou para o mal, est reservado. Batista (1998), para ficarmos em um exemplo, h tempos escandalizava-se com os resultados de laudos psicolgicos, os quais, escudados em um discurso cientfico, seriam sentenas proferidas sem o respectivo direito de defesa. De modo um pouco deslocado poderamos ainda perguntar: de que forma a avaliao psicolgica e sua transmisso esto sendo realizadas neste momento no qual as discusses sobre os limites do saber disciplinar e o funcionamento em rede esto presentes dentro e fora do sistema de justia (ABMP, 2008; CASTELLS, 1999; FRANCO, 2008; JAPIASSU, 2006)? Essa pergunta to mais necessria quanto seguem escassas ou descontnuas as divulgaes de prticas interdisciplinares ou mesmo de prticas cooperativas no campo da justia 14 , apesar das oportunidades abertas pela Lei 12010/09 15 . No momento em que a demanda dirigida ao judicirio segue crescente, suscitando novas questes acerca de seu funcionamento, recortamos um quadro no qual a transmisso do trabalho da avaliao psicolgica aparece como uma questo importante, sobretudo quando se coloca em relevo os seus destinatrios. Que essa demanda seja traduzida tambm como demanda do judicirio algo cada vez mais evidente, alcanando mesmo limites do que seria propriamente psi: j no ouvimos histrias de sentenas que definem por quanto tempo algum deveria ser submetido a atendimento psicolgico? Esses episdios nos valem para notar, mais uma vez, os riscos da decantada inflao do direito (GARAPON, 2001; LOPES, 2005). Risco, por exemplo, de tornar de fato o discurso psi uma face do discurso judicial. Ser que a nica via que assinalaria a impossibilidade de sobreposio entre esses discursos a aparente incompreenso que os liga? Quanto a isso, alguns questionamentos j foram iniciados 16 (SHYNE, 2009).
14 Uma anlise da prtica interdisciplinar na equipe tcnica em ao no judicirio pode ser vista em Shyne (2005). 15 Como indicam, em particular, os artigos do ECA modificados pela Lei 12010/09: 19; 46; 50; 88 e 197-C. 16 Referimo-nos tambm ao programa Dijus de seminrios organizados pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Seu objetivo abordar as relaes de (in)compreenso entre o discurso jurdico e o(s) discurso(s) de outras cincias [...] [analisando] as convergncias e as divergncias dos saberes, dos discursos e do modo como estes so traduzidos e usados na ocultao/desocultao de factos e na construo 13
Concluso O primeiro objetivo deste artigo foi o de analisar as definies de trabalho da equipe interprofissional existentes no ECA, em particular aquelas que poderiam ser associadas realizao de avaliao psicolgica. O segundo objetivo foi o de estabelecer correspondncias entre as definies de trabalho mencionadas e as demandas dirigidas ao psiclogo no poder judicirio. Quanto a essas demandas, interessou-nos ressaltar aspectos referentes s condies nas quais o trabalho do psiclogo realiza-se. Essas condies foram entendidas como um conjunto de limites e possibilidades que caracterizam propriamente a interveno psi no campo da justia da infncia e da juventude. Dessa forma, iniciamos nosso percurso descrevendo como a equipe interprofissional definida pelo ECA. No mesmo movimento, caracterizamos, em linhas gerais, o trabalho do psiclogo na justia da infncia e juventude e esclarecemos como o sistema de justia da infncia e juventude conecta-se com outro sistema, o SGD, constituindo uma rede complexa de atores. O passo seguinte foi identificar no ECA o que poderia ser caracterizado como demanda de avaliao psicolgica. Com base nas legislaes brasileiras relativas infncia e juventude, realizamos ento uma incurso histrica na qual buscamos localizar nessas referncias o lugar de discursos no judiciais na mquina judicial, os quais basicamente caracterizariam o papel de equipes tcnicas nesse domnio. O movimento final foi o de sugerir que imperioso ao psiclogo em seu trabalho, em particular no que tange avaliao psicolgica, que se possa conceber como tarefa o exerccio de criar formas cooperativas de ao, nas quais deve haver uma forte interrogao sobre o destinatrio do trabalho realizado, no caso a prpria avaliao psicolgica. Se o percurso que fizemos aqui tiver sido minimamente esclarecedor, teremos entendido qual a base dessa sugesto. Por um lado, a certeza de que no possvel conceber o funcionamento do sistema de justia da infncia e juventude se ele no estiver em conexo com outros sistemas, como o SGD. A partir dessa constatao desenha-se a linha, por vezes tortuosa, que liga a repetio de avaliaes psicolgicas de um mesmo caso ao longo de anos. Por outro lado, esse quadro revela de modo cristalino a complexidade da interveno da equipe
de uma verdade que seja apreendida e reconhecida pelo sistema judicial. A esse respeito, ver, por exemplo Conflitos da Famlia e das Crianas entre paredes: que arquitectura judiciria ? em http://www.ces.uc.pt/eventos/eventos.php?id=3394&id_lingua=1
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interprofissional e aqui, para o que nos interessa, do psiclogo: uma demanda judicial a ser respondida por um discurso, em tese, no judicial. preciso escrever em tese por dois motivos. O primeiro deles que o entrecruzamento do discurso psi com o discurso jurdico j foi identificado (FOUCAULT, 1988; 1994). O segundo que, como se percebe, caminhamos para o momento em que tudo j judicial. Por isso, em que pese o aparente paradoxo, chegada a hora de radicalizar a um s tempo a reflexo para a construo de bases de trabalho interativo, mesmo quanto avaliao psicolgica, e tambm a reflexo sobre o destinatrio do trabalho realizado pelo psiclogo no contexto da justia da infncia e juventude. Assim poderemos fazer ressaltar efetivamente o lugar do outro em nosso discurso, em toda sua complexidade, delimitando campos e tempos distintos, mas associados, afirmando, desse modo, a diferena entre o discurso psi e o discurso judicial. Talvez desse modo possamos reencontrar uma frase dita h algum tempo, mas interpretando-a agora de modo um pouco diferente do que foi o seu significado original: [Espero] que o parecer [psicolgico] sirva cada vez menos como uma resposta exclusiva ao juiz [...] (entrevistado apud COIMBRA, 2004: 11). Nesse sentido, avaliar poder ser nada mais nada menos do que criar perspectivas. Talvez resida a uma boa proposta para o sculo XXI. Mas isso seria s o comeo. Referncias ABMP. O Sistema de Justia da Infncia e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criana e do Adolescente. Braslia, 2008. 120 p. Disponvel em: <http://www.abmp.org.br/projetos.php?pro=3&idPro=13>. Acesso em: 6 set. 2008. BATISTA, Vera Malaguti. Difceis ganhos fceis: drogas e juventude pobre no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: ICC/Freitas Bastos, 1998. 144 p. BICALHO, Pedro Paulo Gastalho de. tica e Direitos Humanos sob o crivo da avaliao psicolgica: validade e fidedignidade em questo. In: CFP. Ano da avaliao psicolgica: Textos geradores. Braslia: CFP, 2011. p. 89-94. Disponvel em: <http://anotematico.cfp.org.br/2011/textos-geradores/>. Acesso em: 20 set. 2011. BRASIL. Decreto 17943-A, de 12 de outubro de 1927. Consolida as leis de assistncia e proteo a menores. Disponvel em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910- 1929/D17943A.htm. Acesso em 14 de jun. 2005. BRASIL. Lei 5869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Cdigo de Processo Civil. Dirio Oficial da Unio, de 17 jan. 1973, p.1. 13
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