Fórum Central Cível João Mendes Júnior - Processo nº: 583.00.2006.
124978-5
parte(s) do processo local físico andamentos súmulas e sentenças
Processo CÍVEL Comarca/Fórum Fórum Central Cível João Mendes Júnior Processo Nº 583.00.2006.124978-5 Cartório/Vara 10ª. Vara Cível Competência Cível Nº de 351/2006 Ordem/Controle Grupo Cível Ação Procedimento Ordinário (em geral) Tipo de Livre Distribuição Distribuído em 09/03/2006 às 15h 48m 00s Moeda Real Valor da Causa 47.255,91 Qtde. Autor(s) 1 Qtde. Réu(s) 1 PARTE(S) DO PROCESSO
Requerido COOPRATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE SÃO
PAULO - BANCOOP
Requerente DAVID ANTONIO SALOMÃO
Advogado: 69474/SP AMILCAR AQUINO NAVARRO Advogado: 154037/SP ARNALDO VARALDA FILHO
31/01/2011 Despacho Proferido Comprove o exequente o trânsito em
julgado da decisão juntada às fls. 411/419
26/10/2010 Despacho Proferido V. Manifeste-se o exequente em termos de
prosseguimento. Int.
06/07/2010 Despacho Proferido Vistos. Fls. 359/366: Indefiro o pedido
de desconsideração da personalidade jurídica da ré, pois não evidenciados os requisitos legais para tal no caso presente. Int.
12/02/2010 Despacho Proferido Intime-se o exeqüente para manifestar-se
quanto ao prosseguimento. Na omissão, arquivem-se os autos.
14/01/2010 Despacho Proferido Certifique-se sobre eventual bloqueio,
transferindo-se os valores em caso positivo. Em caso negativo, intime-se o(a) exeqüente para manifestar-se quanto ao prosseguimento. Na omissão, arquivem-se os autos. 17/09/2009 Despacho Proferido Vistos. Fls. 342/343: Proceda-se pelo Bacen Jud. Int.
19/06/2009 Despacho Proferido Intime-se o(a) executado(a), na pessoa de
seu procurador, para o pagamento do débito apontado às fls. 337/339, no prazo de 15 dias, sob pena de aplicação da multa de 10% prevista no artigo 475-J do C.P.C. e conseqüente expedição de mandado de penhora e avaliação.
26/03/2009 Despacho Proferido Regularize o exequente sua memória de
cálculo, incluindo o valor das custas devidas ao Estado. Na omissão, arquivem-se os autos.
351/2006 TERMO DE AUDIÊNCIA Ação: ORDINÁRIO (EM GERAL) Requerente:DAVID ANTONIO SALOMÃO – RG. Nº 29.022.827 - PRESENTE Adv. reqte:ARNALDO VARALDA FILHO – OAB/SP 154.037 – PRESENTE Requerido: COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE SÃO PAULO - BANCOOP Adv. Requerido: CLÁUDIA REGINA PIVETA – OAB/SP 190.323- PRESENTE Aos 5 de dezembro de 2008, 14:00 horas (das 14:00 às 14:10 horas), nesta cidade e Comarca de São Paulo, na sala de audiência do SETOR DE CONCILIAÇÃO, sob a presença do(a) Conciliador(a): HELOISA TOMIKA INOUE, comigo Escrevente abaixo assinado, foi aberta a audiência de Tentativa de Conciliação, nos autos da ação e entre as partes supra referidas. Abertos os trabalhos,compareceram os acima mencionados e restou INFRUTÍFERA a conciliação. Pelo(a) Conciliador(a) foi consignada a remessa dos autos à Vara de origem. Nada mais. Eu,______________, (Ângela M.I. Vasconcelos), Escrevente, digitei.
18/11/2008 Aguardando Publicação SETOR DE CONCILIAÇÃO DO
FORO CENTRAL TERMO DE DESIGNAÇÃO Nos termos do Provimento nº 953/2005, do Conselho Superior da Magistratura, artigo 4º, parágrafo 1º, e, considerando que o Tribunal de Justiça realizará a Semana Nacional da Conciliação no período de 01 a 05 de Dezembro próximo, fica designada audiência para tentativa de conciliação, o dia 05/12/2008, às 14:00 horas, a ser realizada no Fórum João Mendes Junior, s/nº, 21º andar, sala 2111, São Paulo/SP. Certifico que as partes ficam intimadas da designação com a publicação deste, devendo os advogados providenciarem o comparecimento de seus clientes/prepostos. 20/06/2007
Sentença Proferida Sentença nº 1094/2007 registrada em 20/06/2007 no livro nº 483 às Fls.
91/95: Diante do exposto
Vistos. DAVID ANTONIO SALOMÃO moveu contra COOPERATIVA
HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE SÃO PAULO - BANCOOP a presente ação de rescisão contratual com pedido de restituição das quantias pagas.
Informa ao Juízo haver celebrado com a ré Instrumento Particular de
Termo de Adesão e Compromisso de Participação em Programa Habitacional, pelo qual adquiriu um imóvel localizado na Avenida Divino Salvador, 191, Moema, nesta Capital. Esclarece que tendo em vista que passou por dificuldades financeiras, pediu a rescisão do contrato e até hoje a ré não lhe devolveu os valores pagos.
Pede, por conseguinte, a citação, o processamento do feito e a final a
procedência do pedido com a rescisão do Contrato e a devolução das quantias pagas e demais cominações, com os acréscimos de praxe. Juntou procuração e documentos (fls. 12/69).
A ré foi citada, apresentando contestação de fls. 102/134, pugnando pela
improcedência da ação.
É o relatório. DECIDO.
Passo ao desate da lide na forma do art. 330, I do C.P.C.
A interpretação da cláusula contratual deixa extreme de dúvida a natureza
da avença celebrada e sua exegese deve obedecer, de forma inconteste, as regras que norteiam a interpretação de cláusulas contratuais na sistemática da Lei de Defesa do Consumidor.
A doutrina é clara a respeito: "No que tange às cláusulas duvidosas ou
ambíguas, de difícil interpretação, sempre deverão ser interpretadas a favor daquele que apenas aderiu às cláusulas contratuais gerais e não daquele que as elaborou, ou que ordenou sua elaboração.
Esse, aliás, é o magistério de MESSINEO, PEDRO BAPTISTA
RODRIGUES e ALFRED RIEG, entre outros:
É a interpretatio contra stipulatorem.
Ademais, a função da declaração é ser entendida para poder produzir
efeitos; não o sendo poderá correr o risco de não atingir seu desiderato, pois não se concebe alguém aderir a algo que é incompreensível ou duvidoso, a não ser por necessidade ou ignorância." ("O Contrato de Adesão" - GUILHERME FERNANDES NETO - "in" "Os Contratos de Adesão e o Controle das Cláusulas Abusivas" - coordenação de CARLOS ALBERTO BITTAR - Saraiva - São Paulo - 1.991 - pag. 75 - sem grifos no original)
Na verdade a sistemática não é peculiar ao Código de Defesa do
Consumidor, prevalecendo inclusive no âmbito das relações civis comuns.
CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA, ao referir as regras de interpretação
dos contratos formuladas por POTHIER frisa que:
"Quando uma cláusula for suscetível de dois entendimentos, deve ter
aquele que possa produzir algum efeito, e não no que nenhum possa gerar - Quoties in stipulationibus ambigua oratio est, commodissimum est id accipi quo res de qua agitur in tuto sit." ("Instituições de Direito Civil" - Vol. III - 9ª Edição - Forense - Rio - 1.992 - pag. 37 - sem grifos no original).
Decidido isto, entende-se flagrante o dever de parte da ré no sentido de
proceder, à devolução das quantias pagas, decorrentes do reconhecimento do inadimplemento do autor.
Sendo as normas do C.D.C. de ordem pública, pode o Juízo proclamar de
ofício a insubsistência do contrato celebrado e o correspectivo dever da parte que viola tal preceito no sentido de proceder à devolução dos valores decorrentes da desconstituição do negócio jurídico.
Elementar critério de justiça, a coibir o enriquecimento sem causa, leva à
adoção dessa medida.
Além disso, é de se salientar que o documento juntado a fls. 46/52 mostra
claramente a desistência do autor em permanecer no empreendimento e a cláusula 12ª, parágrafo primeiro do contrato celebrado entre as partes (fls. 20) prevê que a falta de pagamento das prestações/parcelas do preço, ou o descumprimento de qualquer obrigação assumida pelo associado perante a ré gera a rescisão do referido termo.
Aplicando-se os ditames supra referidos e levando em conta a
excessividade do valor de 20% de retenção a título de taxa de manutenção da cooperativa que na realidade mascara taxa de administração da obra, com gastos de despesas administrativas, fica reduzido este percentual para 10% a fim de manter inalterado o equilíbrio contratual.
Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para dar por
rescindido o contrato celebrado entre as partes e CONDENO a ré na devolução das quantias pagas ao autor, correspondentes às parcelas que pagou relativamente ao contrato ora desconstituído, com o desconto da taxa de manutenção de 10% prevista no artigo nº 11 do regimento interno da cooperativa a fls. 56.
Juros compensatórios devidos, no montante de 12% ao ano a contar dos
efetivos desembolsos, cumulados com moratórios fixados em 12% ao ano desde a data do trânsito em julgado da sentença, devidos cumulativamente.
Vencida, condeno a ré no pagamento das custas e honorários de advogado,
arbitrados estes em 10% do valor global da condenação até efetivo pagamento. P.R.I.