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Os Processos Emotivos:
AS EMOÇÕES
PARTE II

     PSICOLOGIA  |  Os  Processos  Emo2vos  |  Joana  Inês  Pontes  


     

UNIVERSALIDADE E DIVERSIDADE DAS


EMOÇÕES

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DIVERSIDADE DAS EMOÇÕES

§  Durante muito tempo, filósofos e psicólogos


acreditavam que as emoções eram instintos
básicos que deveriam ser controlados sob pena
de afectar a capacidade de pensar(razão).
§  Até ao séc. XX, a emoção foi descredibilizada,
sobretudo devido ao pensamento cartesiano.
§  Descartes descriminou 6 tipos de emoções
como sendo básicas: felicidade ou algeria,
tristeza, amor, ódio, desejo e admiração.

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DIVERSIDADE DAS EMOÇÕES

§  No século XX, as investigações sobre a emoção


despertaram os cientistas para o facto de que
compreender e estar consciente das suas
emoções é uma qualidade que permite melhorar a
capacidade de nos relacionarmos com o mundo.
§  Actualmente, os investigadores estão a descobrir
que as emoções influem directamente no nosso
sistema imunológico e na nossa saúde – o
stress é de origem emocional: resulta da
incapacidade de lidar com as emoções;

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DIVERSIDADE DAS EMOÇÕES


Não existe uma visão unilateral das emoções:
§  Inicialmente, a emoção foi concebida como
como uma alteração fisiológica provocada
pelos estímulos do ambiente, sendo transmitida
pela percepção sensorial (James-Lange);
§  Mais tarde, foi entendida como dependente da
percepção que o homem tem sobre uma
determinada situação, isto é, de como
entendemos e compreendemos uma determinada
situação (Cognitivismo) – paradigmas de cenário.

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DIVERSIDADE DAS EMOÇÕES

§  Recentemente, o psicólogo e médico francês


Henri Wallon, (1879-1962) entende que a emoção
tem uma dupla origem – é biológica e social.
§  Para Wallon a emoção garante a sobrevivência
da espécie humana, possuindo uma característica
bastante peculiar: é contagiante.
§  Através da convivência com o “outro” e/ou com o
“grupo social” aprendemos a identificar, nomear
e lidar com as nossas emoções.

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UNIVERSALIDADE DAS EMOÇÕES

Geralmente, as emoções dividem-se em:

PRIMÁRIAS (universais): emoções evolutivas, inatas -


não são aprendidas, - e partilhadas por todos os
indivíduos, pois estão ligadas a processos fisiológicos
específicos. (ex: medo; alegria; ódio)

SECUNDÁRIAS (sociais): emoções associadas às


relações sociais, a aprendizagem social é significativa
(ex. Vergonha; compaixão)

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UNIVERSALIDADE DAS EMOÇÕES

Problemas:
-  Será que as emoções são universais»
-  Podem as emoções reduzir-se a processos
fisiológicos?
-  Existe relação entre a expressão das
emoções nos homens e animais?
-  A cultura é determinante nas emoções?
Texto Damásio (pág. 122)

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1. PERSPECTIVA EVOLUTIVA SOBRE AS


EMOÇÕES

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DARWIN: EXPRESSÃO DAS EMOÇÕES

§  No livro A Expressão das Emoções nos Homens


e nos Animais, Darwin procura traços comuns na
expressão de emoções em vários povos e
espécies, identificado seis emoções como sendo
primárias ou universais: a alegria, a tristeza, a
surpresa, a cólera, o desgosto e o medo.

§  Para Darwin, as emoções têm um papel


adaptativo fundamental na história da espécie
humana: são determinantes para capacidade de
sobrevivência (texto Darwin)da repetição

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DARWIN: EXPRESSÃO DAS EMOÇÕES

Segundo Darwin existem três princípios que


cordenam as emoções:

ais através da repetição


1.  Princípio dos hábitos úteis associados:
movimentos convenientes em alguns estados
de espírito (sejam eles úteis para aliviar ou
gratificar sensações ou desejos ou até mesmo
com uma utilidade prática e objectiva) tornam-
se habituais através da repetição.

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DARWIN: EXPRESSÃO DAS EMOÇÕES

2. Princípio da antítese: é uma tendência


evolutiva para realizarmos movimentos de
natureza contrária, isto é, experimentarmos
emoções
ais através opostas à habituais – traduzem-
da repetição
se em expressões contrárias.

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DARWIN: EXPRESSÃO DAS EMOÇÕES

3. Princípio das acções devidas ao sistema


nervoso – independentes da vontade:
quando se experencia uma emoção forte que
estimula instantaneamente o sistema nervoso
gerando uma força nervosa – movimento ou
expressão corporal involuntária (reacção)

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DARWIN: EXPRESSÃO DAS EMOÇÕES

Darwin possuia uma visão


naturalista das emoções:
as emoções foram
herdadas dos nossos
antepassados e durante a
evolução foram
selecionadas por
apresentarem uma
vantagem adaptativa
(evolucionismo)

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EKMAN: UNIVERSALIDADE DAS EMOÇÕES

§  O conceito de universalidade das emoções foi


corroborado pelos inquéritos internacionais de
Paul Ekman (1934 - ).

§  Ekman investigou no sentido de procurar uma


tese que defendia que povos diferentes
desenvolviam emoções diferentes; Porém, após
testes em Nova Guiné e nos Estados Unidos,
acabou por inverter o que queria provar já que
havia emoções semelhantes e com idêntica
demonstração em ambas as culturas.
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EKMAN: UNIVERSALIDADE DAS EMOÇÕES

§  Há, efectivamente, emoções universais,


independentes do processo de aprendizagem e
da cultura em que se manifesta (texto livro, pág.129)

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EKMAN: UNIVERSALIDADE DAS EMOÇÕES

Ekman alarga um pouco a


concepção de Darwin, aceitando
a influência da cultura na
expressão das emoções:
embora exista um património
comum ao nível das emoções e
da sua expressão, também
existem regras que controlam a
expressão das emoções.

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Izard: UNIVERSALIDADE DAS EMOÇÕES

Caroll Izard analisou expressões faciais de


bebés e descobriu que é fácil encontrar
emoções que ainda não foram claramente
aprendidas, ou seja, onde ainda não se fez
notar a influência do meio sociocultural.

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2. PERSPECTIVA FISIOLÓGICA SOBRE


AS EMOÇÕES

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2. PERSPECTIVA FISIOLÓGICA

Ø  Qual é o papel que o cérebro desempenha


na experiência das emoções? (texto - livro 131p.)

O hipotálamo, a amígdala, as estruturas do


sistema límbico e as suas adjacentes - tálamo,
hipocampo (memória emocional), córtex
orbitofrontal, são considerados, há muito
tempo, o centro das emoções no cérebro. (ver
livro 33-34p. - exercícios)

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TEORIA DE JAMES-LANGE

§  William James foi o primeiro psicólogo a elaborar


uma teoria sobre o papel do corpo nas emoções.

§  James considerava que as emoções


(alegria; raiva) resultavam da
consciência/percepção das
mudanças orgânicas provocadas
por estímulos.
§ As emoções são sensações físicas.

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TEORIA DE JAMES-LANGE

«A nossa forma natural de pensar nestas emoções


é que a percepção mental de certo facto excita o
estado mental chamado emoção, e que este último
estado de espírito dá origem à expressão corporal.
Pelo contrário, a minha tese é que as alterações
corporais sucedem-se directamente à
PERCEPÇÃO do facto excitante e que a sensação
que temos dessas alterações à medida que vão
ocorrendo É a emoção.»
James, William

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TEORIA DE JAMES-LANGE

§  O estado de consciência de emoções como a


cólera, a alegria, a raiva, resume-se à
consciência de manifestações fisiológicas.

§  Segundo a teoria de James-Lange, as


emoções resultam de estados fisiológicos
desencadeados por estímulos ou situações
ambientais: uma pessoa sente medo porque o
seu corpo respondeu com determinadas
reacções fisiológicas a uma situação.

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TEORIA DE JAMES-LANGE

Percepção    
Es9mulo  que  produz     Resposta  
(sen2mento)  da  
a  excitação  fisiológica     Hsica  
emoção  

Os estados emocionais resultam


de estados fisiológicos
desencandeados por estímulos
ambientais.

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TEORIA DE CANNON-BARD

§  Segundo o fisiólogo Cannon as emoções têm


origem no cérebro: acontecem quase ao mesmo
tempo que as nossas reacções fisiológicas, mas
não são causadas por estas.

1. A experiência fisiológica da emoção não


varia de emoção para emoção: as mudanças
físicas que acompanham os estados emocionais
são muitas vezes demasiado vagas para que
distingamos entre diferentes emoções.

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TEORIA DE CANNON-BARD

2. O aspecto fisiológico ou corporal da emoção


acontece, por vezes, depois da experiência
subjectiva da emoção: podemos saber que
temos medo, antes de sentir a reacção fisiológica.

3. Respostas fisiológicas artificialmente


criadas não dão origem a emoções: as
emoções não são puras e simples respostas
fisiológicas.

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TEORIA DE CANNON-BARD

Fig. 1: Cyberfay http://uranus-evolution.blogspot.com/2008/12/james-lange-vscannon-bard.html


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JAMES-LANGE VS. CANNON-BARD

Fig. 2: Cyberfay http://uranus-evolution.blogspot.com/2008/12/james-lange-vscannon-bard.html


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3. PERSPECTIVA COGNITIVISTA SOBRE


AS EMOÇÕES

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TEORIA BIFACTORIAL DAS EMOÇÕES DE


SCHACHTER-SINGER

§  As teorias cognitivistas afirmam que os


processos cognitivos, como as percepções,
recordações e aprendizagens, são
fundamentais para se perceberem as emoções.

Segundo a teoria bifactorial, as emoções


resultam da interpretação cognitiva das
nossas reacções fisiológicas, tendo em conta
uma determinada situação ou contexto.

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TEORIA BIFACTORIAL DAS EMOÇÕES DE


SCHACHTER-SINGER

§  Para ficarmos emocionados têm de acontecer


duas coisas:
1.  Reacção fisiológica ou estado de excitação
orgânica.

2. Uma explicação para esse estado (avaliação).

§  Segundo esta teoria, as emoções produzem


estados internos de excitação e nós procuramos no
mundo exterior uma explicação para isso.

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TEORIAS DE SCHACHTER-SINGER

Fig. 3: CASTRO, Vitor (2007), in Terrafotolog, http://fotolog.terra.com.br/neuroscience:149

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James-Lange vs. Cannon-Bard vs.


Schachter-Singer
Teoria Descrição
Uma situação provoca uma excitação fisiológica e
James-Lange uma resposta do organismo: as emoções são a
Teorias interpretação da reacções físicas.
Fisiológicas
Uma situação provoca uma reacção fisiológica e
Cannon-Bard uma resposta emocional é dada pelo cérebro. A
resposta fisiológica e emocional é quase
simultânea.

Uma situação provoca uma reacção fisiológica e


Teoria Schachter- procuramos identificar a razão (compreender)
Cognitivista Singer dessa excitação fisiológica de modo a nomeara
emoção a que lhe corresponde.

Fig.5 Inspirado no esquema de Luís Rodrigues (Rodrigues, L, Psicologia B, p.188)

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James-Lange vs. Cannon-Bard vs.


Schachter-Singer

Fig.6 http://www.glogster.com/glog.php?glog_id=1756790&scale=54&isprofile=true

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4. PERSPECTIVA CULTURALISTA SOBRE


AS EMOÇÕES

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4. PERSPECTIVA CULTURALISTA

§  Segundo esta percectiva NÃO EXISTEM


EMOÇÕES UNIVERSAIS: as emoções são
processos aprendidos no processo de socialização;
§  A cada culturas corresponde um conjunto de
expressões: as diferentes sociedades e culturas
definem o tipo de emoções que se podem
manifestar e como manifestar.

§  As emoções são, assim, uma construção social


(têm de ser aprendidas): a sua forma de expressão
varia de cultura para cultura (tempo/espaço)

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Os significados dos gestos variam com a


cultura

Ainda que as culturas compartilhem uma


linguagem facial universal, diferem no modo e
na intensidade com que a utilizam:
Ø  As culturas que encorajam a individualidade,
como é o caso da Europa Ocidental, as
expressões emocionais costumam ser
intensas e prolongadas: as pessoas
concentram a atenção nos seus próprios
objectivos e atitudes expressando-se de acordo
com isso.

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Os significados dos gestos variam com a


cultura

Ø  Na Ásia e noutras culturas em que a ênfase se


coloca na Ásia e noutras culturas baseadas na
interdependência social, a exteriorização das
emoções como a simpatia, o respeito e a vergonha
são mais usuais que no Ocidente.
Ø  Mais ainda, os asiáticos quase nunca
exprimem sentimentos que acentuem a
importância do eu ou que sejam negativos e,
sobretudo, que possam prejudicar o sentimento
comunitário dos grupos fortemente unidos

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Realizado por:
Joana Inês Pontes
Realizado com base nas seguintes consultas:
Damásio, António, (2003), O Sentimento de Si”. Lisboa: Europa-América.
Damásio, António (2010), O Livro Sobre a Consciência. Lisboa: Temas e
Debates.
Pires, Catarina; Brandão, Sara, Psicologia B – Parte I “Entrada na Vida”,
Lisboa: Arial Editores, p.122-132.
Rodrigues, Luís, Psicologia B (Unidade 1)Lisboa: Plátano Editora, p.
182-189.
Vieira, Pedro (s./d.) “As Emoções – O procesoss Emocionais”, in scribd,
2009, http://pt.scribd.com/doc/2581429/As-emocoes.

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