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Entrevista Com Jose Maria Caíres
Entrevista Com Jose Maria Caíres
Muitas pessoas imaginam que o potencial turístico são praias, rios, etc. Vitória
da Conquista (VC), além de ter a Chapada Diamantina, pois Vitória da
Conquista é a “porta de entrada” da Chapada, tem outro apelo que é o turismo
de negócios. Esse é o grande potencial turístico que VC tem e que até então é
inexplorado. Uma prova evidente ocorreu agora com a vinda do Atacadão
(Carrefour), nós pudemos perceber a quantidade de pessoas se superou até
mesmo as expectativas dos seus diretores. Então, além do potencial turístico
tradicional, VC possui vocação para o Turismo de Negócios.
Quando uma empresa vem para VC, a primeira coisa que é analisada é como
ela deve fazer para chegar aqui. Nesse aspecto, quando ela fica sabendo que
primeiro tem que ir para Salvador e vir num avião de 30 lugares. Os horários
dos vôos não são adequados. Não tem vôo nem sábado nem domingo. O
empresário logo se pergunta: Por que não investimos numa localidade que já
possui esta infra-estrutura. Neste caso pode ir para outra cidade, como Ilhéus,
Salvador. Acredito que muitas empresas já deixaram de investir em VC por
causa desta situação do aeroporto. Deixa de gerar empregos, aproveitando a
mão-de-obra da cidade. Tudo isso porque a estrutura do Aeroporto não
comporta aeronaves grandes.
O Aeroporto de VC para atender VC falta muito pouco. Tem uma coisa nova: A
Embraer ta fabricando aviões com capacidade de 118, 120 106 lugares, que
estão tendo uma aceitação muito grande no mercado internacional e também
no mercado nacional. A Azul Linhas Aéreas, por exemplo, tem trabalhado com
este tipo de aeronave e está tendo sucesso. Este tipo de equipamento é mais
barato, econômico e desce em Aeroportos menores. A extensão da pista do
Aeroporto de VC já é suficiente para atender a esse tipo de aeronave. Faltam,
entretanto, alguns itens de segurança, como iluminação, área de escape nas
laterais da pista, a espessura do asfalto. Foi feito um projeto para reformar o
aeroporto que atenderia estes aspectos. Saiu o Edital de licitação: uma
empresa ganhou e fez o projeto técnico com todos os detalhes: pista,
iluminação, etc. O Governo a partir deste projeto publicou o Edital de licitação
da obra, orçado em 18 milhões de reais. Uma empresa venceu a licitação (no
dia 30 de julho de 2008). A empresa assinou o contrato. Veio para VC. Alugou
casa. Não começou a obra em 2008 sob a alegação que era período eleitoral e
que não poderia correr o risco. Passou a eleição, no segundo turno, a conversa
mudou: agora disseram que a ANAC (Agência Nacional da Aviação Civil) havia
embargado a obra, porque tinha seis casas na faixa do Aeroporto. Nós agora
estamos mobilizando o CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), Associação das
Indústrias, entre outras representações da sociedade e vamos voltar a
pressionar as autoridades. Como no Brasil as coisas só acontecem depois do
Carnaval. Muitos prefeitos assumiram recentemente, etc. O que tem de
concreto é que o Governo do Estado de liberar a obra porque o que tinha de
ser feito já foi feito.
Hoje nós temos duas companhias aéreas que fazem a linha VC para o Brasil. A
Passaredo e Trip Linhas Aéreas (que liga VC a 700 cidades do Brasil). Temos
ainda a TAM que já opera em VC, através de um acordo que a TAM tem com a
Passaredo. Então, hoje é possível comprar uma passagem na Tam, partindo de
VC e ir para qualquer lugar do mundo. Nós aqui na Agência, por exemplo,
vendemos passagens para Nova York, com saída de Vitória da Conquista. Isso
é mais uma prova que VC tem potencial e que há interesse. Se a TAM compra
10 lugares nos aviões da Passaredo é uma prova deste potencial. Serve
inclusive como indicador quanto a demanda existente em VC e do interesse
das empresas aéreas em explorar este potencial.
Nós trabalhamos muito com Eventos em VC. Esta semana, por exemplo, o
Massicas promoveu um Show com a cantora Adriana Calcanhoto. Foi a maior
dificuldade para conseguir trazê-la por conta da questão do aeroporto. O
Aeroporto não funciona no sábado nem no domingo. Então VC deixa de
promover grandes eventos artísticos por conta da falta de um bom aeroporto.
Vários eventos acadêmicos promovidos pela UESB, Fainor, FTC são
prejudicados pela falta do aeroporto. Até para trazer o cantor Fagner para o
Natal da Cidade, promovido pela Prefeitura Municipal, tivemos grandes
dificuldades por causa da questão do aeroporto. Além de prejuízos nos eventos
culturais, acadêmicos, imaginemos a quantidade de negócios empresariais que
deixam de ser realizados em VC por conta dessa dificuldade no transporte
aéreo.
Infelizmente não. Os hotéis estão preocupados com isso, mas de uma forma
muito precária, pois os hotéis não oferecem uma boa qualidade a este
hóspede. O hotel não oferece uma boa a variada alimentação, muitas vezes a
cama é ruim e o chuveiro também é ruim. Se os hotéis tivessem uma estrutura
melhor, talvez este turista ficasse por mais tempo. Também não há uma política
da cidade para aproveitar melhor este turista que está passando. Como por
exemplo, oferecer um passeio às casas históricas, museus, etc. Acho que este
tipo de turismo (turismo de passagem) é uma fonte de renda interessante que a
cidade precisa se estruturar para melhor aproveitá-lo.
Acho que quando a Prefeitura quer realizar um projeto ela consegue, como por
exemplo, o Natal da Cidade, em que a Prefeitura conseguiu junto à Petrobras
um recurso para realização do Natal da Cidade. Entretanto, eu acredito que é
necessário muito mais. È necessário que a Prefeitura busque ainda mais
recursos, parcerias, projetos para a área do turismo. Também acredito que a
cidade não tem a vocação para o turismo. Então é necessário modificar esta
realidade. Um exemplo disso é que a cidade não explora com inteligência o
nome de Glauber Rocha, conquistense que fez história no cinema. Salvador
tem explorado melhor do que Conquista. É função da Prefeitura é direcionar,
gerir, planejar um sistema de turismo adequado para a cidade.
10. E quanto às outras cidades do Sudoeste da Bahia (Rio de Contas, Mucugê,
Anagé, Ituaçu, etc). Qual (quais) você destacaria em nível de importância
turística para a região?