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Ano LIII - Março 2015 - Nº 539 - R$ 15,00

www.revistaoempreiteiro.com.br

Rio de Janeiro
VLT impõe nova forma de
mobilidade na região central
Firjan
Projetos chegam a R$ 4,6 bilhões em investimentos

Ponte Rio-Niterói
Nova concessão programa mais de R$ 1 bilhão em obras

Construção industrial movimenta Adrianópolis (PR)


Taubaté (SP)
mercados regionais Resende (RJ)
Sumário
ANO LIII - Nº 539 - Março 2015

Editorial
26 4 A passagem do Sandy por NY e o impacto das enchentes em SP
Fórum da Engenharia
8 Fábrica da Supremo Cimento em Adrianópolis (PR) inicia operação
Dimensões
16 O engenheiro que virou lenda e símbolo nas obras de Itaipu
Newsletter Global
18 Proprietários têm culpa em falhas de megaprojetos
Megaprojetos
20 Ampliação da rede TAV avança à base de subsídios públicos
22 Operadora privada conquista 20% do tráfego
China
24 Concorrendo com o Banco Mundial e o FMI
Rio de Janeiro | Investimentos
26 Firjan aponta obras de infraestrutura prioritárias para o Estado
Rio de Janeiro | Mobilidade Urbana
30 VLT Carioca precisa compatibilizar obra com tráfego do centro
34 Fábrica em Taubaté (SP) produzirá 27 trens do VLT Carioca
Rio de Janeiro | Rodovias
38 Ecorodovias surpreende e ganha nova concessão
da ponte Rio-Niterói
Rio de Janeiro | TransOceânica
42 Promessa de décadas, projeto de ligação à Região Oceânica
começa em Niterói
44 Rio de Janeiro | Saneamento
44 Concessionária busca feito raro de universalização
em Niterói até 2018
52 Rio de Janeiro | Sul Fluminense
46 Hotel em Resende utiliza estrutura metálica de 500 t
Linhas de Transmissão
50 Zepelim voará na Amazônia para inspecionar e fazer
manutenção na rede
Edificação Hospitalar
52 Prédio de oito andares ancora novo edifício de 20 pavimentos
Recursos Hídricos
57 A mudança deve ser de paradigma
Desenvolvimento Urbano
58 Pré-engenharia condiciona boa execução
60 Espaço é projetado para atender a dois tipos de atividades
Indústria de Máquinas
62 Case faz lançamentos e divulga agenda positiva
63 Caterpillar investe US$ 17 milhões na nacionalização
de máquinas
64 New Holland lança trator de esteiras com transmissão hidrostática
65 Grupo Veneza inaugura matriz no interior de SP

Capa - Foto maior: Imagem do futuro VLT Carioca (crédito:


Cdurp) sobreposta à foto da Avenida Rio Branco, no centro
do Rio de Janeiro (crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil).
58 Foto menor: Obra de estrutura metálica, em Resende (RJ)
(crédito: José Carlos Videira).

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O público leitor é formado por profissionais que atuam conter as enchentes, em Nova York boa parte da costa atingida pelo Furacão Sandy, em
nos setores de construção, infraestrutura e concessões: 2012, já foi recuperada - e a meta agora é criar um plano de resiliência consistente para
construtoras; empresas de projetos e consultoria; montagem evitar ocorrências semelhantes no futuro
mecânica e elétrica; instalações; empresas que prestam
serviços especializados de engenharia; empreendedores
privados; incorporadores; fundos de pensão; instituições
financeiras; fabricantes e distribuidores de equipamentos e
materiais; órgãos contratantes das administrações federal,
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4 | O Empreiteiro | Março 2015


Editorial

A passagem do Sandy por NY


e o impacto das enchentes em SP
O Museu de História Natural de Nova York ofere- As recentes manifestações populares nas ruas do País
ceu este mês (março) uma exposição, entre as diversas afora foram unânimes em levantar uma bandeira: insa-
que promove sete dias por semana, explicando por que tisfação com a gestão pública atual. Esses movimentos
o aquecimento global leva ao agravamento dos fenô- espontâneos representam instrumentos formidáveis de
menos climáticos em todo o mundo. A mostra revela os pressão sobre a administração e poderiam encampar
estragos que o furacão Sandy provocou na cidade, inun- propostas mais concretas, como reduzir em 20% ao ano
dando estações de metrô, paralisando linhas e interrom- os pontos de alagamento na capital paulista — uma pro-
pendo o fornecimento de energia em bairros inteiros, no posta exequível.
ano de 2012. E o que é mais importante: apresenta o pro- A opinião pública também poderia propor o fim das
grama em curso que visa fortalecer a resiliência de Nova escolas de lata num prazo determinado; diminuir 20%
York contra futuras ocorrências parecidas, com uma ao ano o tempo de espera nos postos de saúde, que pode
série de obras permanentes diante da certeza de que o ser monitorado por um software, como o INSS controla
nível do oceano vai subir ao longo deste século. hoje as filas nas suas agências. A população precisa es-
Ao ver aquela exposição, de imediato veio a imagem tipular um prazo para acabar com os semáforos que se
de São Paulo, a maior metrópole do País. E, junto, a in- apagam na primeira chuva — algo inadmissível em ter-
dagação: O que ela está investindo nessa questão? O que mos de tecnologia quando a indústria espacial prepara
há são apenas poucas obras pontuais, de piscinões à re- a primeira viagem tripulada a Marte.
tificação de córregos. Nenhum programa estruturado e Feita essa longa lição de casa, após saneada a capital
abrangente, destinado a eliminar os mais de cem pontos paulista de seus problemas de gestão pública crônicos,
de alagamento conhecidos há tempo, com prejuízos ma- quem sabe a cidade poderá começar a pensar em seu fu-
teriais crescentes e algumas fatalidades, de crianças e turo. Como aproveitar suas competências potenciais para
idosos levados pela enxurrada. ela se transformar numa cidade do futuro daqui a 50 anos?
Existe um estudo realizado na gestão Marta Suplicy, A prefeita de Paris, a franco-espanhola Anne Hi-
de videomapeamento, que identificou esses pontos de dalgo, acredita que a capital francesa está perdendo a
obstrução na rede de drenagem das principais regiões corrida da competitividade para Londres, em termos de
da cidade. Eles podem ser corrigidos por tecnologias atrair novos negócios ligados a tecnologias recentes. Ela
não destrutivas, que abrem valas na superfície e estão propôs uma série de iniciativas que extrapola seu tempo
disponíveis na prateleira. Este trabalho foi solenemente de gestão, com os olhos postos no futuro, como eliminar
ignorado nas gestões seguintes dentro daquela prática a circulação de veículos movidos a combustível fóssil
inexplicável de que “o que foi feito pelos gestores ante- dentro de um perímetro urbano a ser traçado. O veículo
riores não presta”. oficial da prefeita é elétrico. As praças e os monumen-
A Cidade do México está construindo um túnel de 62 km, tos de Paris estão renovando sua iluminação noturna —
chamado Emisor Oriente, que vai captar e tratar a água em pasmem —, as praças tiveram suas luzes reduzidas em
excesso das chuvas e reduzir as inundações, ali seculares. Ha- intensidade, para criar uma atmosfera mais humana.
verá ainda piscinões localizados para armazenar essa água, Não vamos sonhar tão alto. Mas São Paulo, assim
poluída por esgoto, a ser despejada posteriormente na rede como outras grandes cidades brasileiras, do norte ao sul,
de drenagem. Estes reservatórios são equipados com grades tem de resolver seus problemas antigos, com os próprios
para reter o lixo sólido, que é removido automaticamente habitantes, estabelecendo as prioridades e estabelecendo
pelo sistema e transferido para caçambas. um cronograma factível – e traçar os rumos ao futuro.

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Fórum da Engenharia

Fábrica da Supremo Cimento


em Adrianópolis (PR) inicia operação
A Supremo Cimento, com sede em Pomerode (SC), inaugu- Nova unidade acrescenta mais
rou, no final de março, uma fábrica no município de Adrianó- 1,7 milhão de t à capacidade
anual de produção
polis, no norte do Estado do Paraná, divisa com o Estado de São
Paulo. Com investimento de R$ 700 milhões, a segunda unidade
de produção da companhia no Brasil deverá atingir 100% de ca-
pacidade produtiva em 2017, quando se prevê chegar ao volume
de 1,7 milhão de t/ano.
Fundada em Pomerode, em 2003, a Supremo Cimento conta
atualmente com 500 colaboradores e capacidade de produção
de 400 mil t/ano. No ano passado, faturou cerca de R$ 200 mi-
lhões. Com a entrada em operação da unidade de Adrianópolis, a
empresa aumentará sua capacidade para 2,1 milhões de t/ano.
Segundo a empresa, além de desafogar sua fábrica de
Pomerode, quase no limite de sua capacidade produtiva, a
planta do Paraná vai permitir maior proximidade com os clientes
paranaenses e com os do Estado de São Paulo. É na cidade de
Adrianópolis também que está localizada a jazida de calcário da
companhia cimenteira catarinense.
A nova fábrica ocupa 25 ha de um terreno com área total
de 94 ha no parque industrial de Adrianópolis. A obra demorou
três anos para ser concluída e empregou 1.500 funcionários. A
Foto: Divulgação

construção da planta consumiu 60 mil m³ de concreto, 6,6 mil


t de aço de construção e 10 mil t de aço em equipamentos e
estruturas metálicas.
De acordo com o gerente de projetos da Supremo Cimento, pelo grupo português Secil. Segundo maior produtor de cimento
Flávio Gouvêa Avelar, um dos principais desafios da obra foi de Portugal, o grupo Secil também tem atuação em Angola, na
chegar a um layout compacto e racionalmente energético, além África, e no Líbano, no Oriente Médio. (José Carlos Videira)
de empregar os equipamentos com a melhor tecnologia e efi-
ciência. “A fábrica é hoje a mais moderna em termos de eficiên-
cia energética e com o maior cuidado com o meio ambiente no
Brasil”, afirma.
Ficha Técnica - Fábrica Supremo Cimento
Avelar ressalta ainda as técnicas construtivas empregadas
na obra da nova fábrica da Supremo Cimento. “Desenvolve- - Investimento: R$ 700 milhões
- Localização: Adrianópolis (PR)
mos projeto de fundações diretas, utilizamos concreto com - Área do terreno: 94 ha
alta resistência e fluidez e formas deslizantes e trepantes”, - Início da obra: 2012
lembra. Segundo ele, todo o concreto utilizado foi fornecido - Conclusão da obra: 2015
pela fábrica da Supremo Cimento, em Pomerode, a cerca de - Construção civil: CMP Construções
- Fornecimento de concreto: Supremo Cimento
300 km de Adrianópolis. - Montagem mecânica: Tecnomont Montagens Mecânicas
A construção civil ficou a cargo da CMP Construções, as - Montagem elétrica: SMA Montagens Elétricas
montagens industriais foram desenvolvidas pela Tecnomont - Equipamentos principais da fábrica: FLSmidth (Dinamarca e EUA)
- Projetos e consultoria: Secil (Portugal)
Montagens Mecânicas, SMA Montagens Elétricas, entre outras. O - Redutores de velocidade: MAG (Alemanha)
gerente de projetos da Supremo Cimento também cita a partici- - Balanças dosadoras: Pfister (Alemanha)
pação de empresas internacionais, como a FLSmidth (Dinamarca - Paineis elétricos e inversores de frequência: ABB 
- Subestação kV, motores e painéis de controle: WEG
e Estados Unidos), Secil (Portugal), MAG e Pfister (Alemanha), e - Reostatos de partida: Eletele
empresas internacionais com presença no Brasil, como as ABB, - Controles, painéis e software: Rockwell
WEG, Eletele e a Rockwell, para o sucesso do empreendimento.
Em 2011, 50% do capital da Supremo Cimento foi adquirido

8 | O Empreiteiro | Março 2015


Fórum da Engenharia

Sondagem mecanizada ainda caminha para consolidação no País


Surgido nos Estados Unidos revolução, mas disse que o sistema caminhou pouco de lá para cá.
na década de 1950 e na Austrália Sócio da Alphageos, empresa que atua nessa área, ele diz
na década de 1960, no Brasil, o que no mercado brasileiro não existem mais de cinco empresas
primeiro equipamento de son- capacitadas para fazer o serviço de sondagens de forma auto-
dagem mecanizada só chegou matizada.
em 1997. Um estudo brasileiro “O equipamento tem custo alto, reconheço, mas evitaria
de 1999, intitulado “Sondagem muito retrabalho de sondagem, que são feitos inadequadamente
a percussão: comparação entre por meio manual e, muitas vezes, conduzidos de forma precária”,
processos disponíveis para en- afirma.
saios SPT”, feitos pelos geólogos Equipamentos mecanizados chegam a fazer sondagens de 30
Ruy Thales Baillot e Antonio m a 40 m em um dia, estando ainda adequado para trabalhos de
Ribeiro Júnior, explica didatica- Ruy Thales Baillot: Pioneiro ensaios dilatométricos, sondagem sísmica, ensaios pressiométri-
mente as vantagens dessa tecnologia. cos e CPTu, dentre outros. “Uma campanha de sondagem manual
Neste trabalho, compara-se o equipamento manual, compos- demanda muito mais tempo”, ressalta Ruy.
to de um tripé com cerca de 5 m de altura e uma roldana com Segundo o geólogo, grandes obras de infraestrutura, como
uma corda de sisal para o alçamento de peso de 65 kg, que cai metrô, já têm utilizado sondagem mecanizada, e a tecnologia tem
livremente de uma altura de 75 cm; e o equipamento mecanizado, potencial para avançar em obras de infraestrutura e construções
composto de uma perfuratriz rotativa, montada sobre chassi de industriais e civis de médio e pequeno portes. Na atualidade, a
caminhão, com respectiva torre e um peso de 65 kg acionado por utilização de equipamentos de sondagem manual está restrita à
um martelo automático, que funciona com motor hidráulico e que África e América Latina.
libera automaticamente o peso ao atingir 75 cm. Equipamento de sondagem
A experiência permitiu concluir mecanizado, montado sobre chassi
Fotos: Augusto Diniz

que o processo automático apresenta de caminhão, apresenta melhor


muito menos taxa de variabilidade desempenho e precisão
(desvio padrão) do que o processo
manual, principalmente quando se
trabalha em profundidade superior a
10 m.
“O sistema manual enfrenta
problemas de torção da haste na
medida em que alcança profundidade,
comprometendo a investigação. A
mecanizada é mais segura, com tudo
automatizado, representando mais
qualidade, rapidez e economia de
tempo, permitindo executar o serviço
posterior de fundação de forma muito
mais adequada”, destaca um dos au-
tores do estudo, Ruy Thales Baillot.
O geólogo lembra que, quando o
primeiro equipamento de sondagem
mecanizada chegou ao Brasil, foi uma

Instalação eletromecânica em 205 mil m² poderá ser feita em 14 meses


A Temon realizará instalações elétricas, hidráulicas e de sistema de combate a incêndio no Perspectiva do Brookfield
Towers, na marginal do rio
empreendimento Brookfield Towers, em São Paulo. O trabalho terá duração de 14 meses e será
Pinheiros, em SP
feito em 205 mil m² de construção.
A obra tem duas torres, sendo uma de 28 pavimentos e outra, de 30, além de 6 níveis de
subsolo. O empreendimento atenderá normas da ABNT e também requisitos do LEED, no que diz
respeito a instalações elétricas e hidráulicas.
A empresa Temon afirma que contará com uma equipe multifuncional de 30 pessoas no
projeto. Está prevista a mobilização de 250 operários diretos nos trabalhos de instalações
nas torres.

10 | O Empreiteiro | Março 2015


Fórum da Engenharia

Solução reduz consumo Pequeno projetista investe na capacidade de


em obras de rebaixamento bem atender contra crise
A Itubombas desenvolveu sistema de rebaixamento por A Lutsot Engenharia, empresa

Foto: Divulgação
ponteiras a vácuo que permite a redução de 50% do consumo fundada há oito anos e sediada em
de energia, em obras de rebaixamento de lençol freático. Com a Jundiaí (SP), dispõe de um trunfo
tecnologia, as ponteiras (dispositivos usados para sucção de água) para enfrentar o momento difícil,
são instaladas por um processo de encamisamento com auxílio de que também não poupou os médios
uma minicarregadeira. Com a mecanização, a operação de rebai- e os pequenos da engenharia:
xamento é otimizada, combinando a diminuição do consumo de preço, qualidade e prazo.
energia com a redução do tempo de instalação das ponteiras. Segundo Luciano Roberto,
“Uma obra de construção com subsolo, principalmente realiza- engenheiro e fundador da Lutsot, o
da em cidades litorâneas, precisa de um sistema de rebaixamento tripé tem garantido a longevidade
de lençol freático que funcione adequadamente”, explica Rodrigo das atividades da empresa e a cre- Luciano Roberto, engenheiro
Law, diretor da Itubombas. De acordo com ele, a cravação mecâni- denciado a projetos de grande porte e fundador da Lutsot
ca proposta pela empresa pode até triplicar o número de pontei- em todas as regiões do País. O bom
ras instaladas em um turno de trabalho, ampliando a efetividade preço, segundo ele, advém da estrutura fixa enxuta, com oito funcioná-
do processo. rios, e a contratação por projeto de profissionais com o perfil necessário.
O novo sistema adota o uso de uma tubulação de ferro de A qualidade viria da disponibilidade, no mercado, de profissionais com
6 polegadas e 6 m de comprimento, cravada com uso de uma reconhecida expertise, egressos de grandes projetos das áreas química
minicarregadeira, em conjunto com o uso de jato de água. Essa e petroquímica que ou diminuíram de ritmo ou foram interrompidos
tubulação inicial servirá como “camisa” para o lançamento da devido à queda nos investimentos, iniciada mais ou menos há dois anos.
ponteira de duas polegadas de PVC e mais material drenante do E o prazo? “Nossos prazos são enxutos, não atrasamos.”
tipo brita ou areia. O fator geográfico é também considerável nas contas de uma
O conjunto de ponteiras interligado à bomba pelo tubo empresa pequena. Por isso estar em Jundiaí, segundo o engenheiro, é
coletor, por sua vez, formará o sistema de captação de água do estratégico, uma vez que “o grosso” dos clientes está em São Paulo e
lençol freático. Assim que facilitarem a instalação das ponteiras, no interior paulista. “Consigo fazer o deslocamento em 24 horas, e com
os tubos de aço são retirados, criando a rede de sucção, processo custo baixo. Nosso atendimento é relativamente rápido”, pontua.
ativado com as bombas autoescorvantes. Como empresa dedicada a projetos, a Lutsot tem um modo de
No processo de rebaixamento de lençol freático, a Itubombas trabalho claro, assim constituído: 1) Na primeira fase, de engenharia de
usa a motobomba autoescorvante ITURE 44ST5, com potência de projetos, é identificada a real necessidade do cliente, com a elaboração
20 cv para 120 ponteiras (0,166 cv/ponteira). Uma das opções da de um fluxograma de engenharia, A + B = C, isto é, o caminho que vai
locação é o uso da bomba montada em carrinho com rodas, o que do insumo básico ao produto final. 2) Depois segue-se para a fase de
amplia a mobilidade do equipamento na obra. A ativação de bom- elaboração da planta de tubulação, arranjo de equipamentos e isomé-
bas adequadas completa a metodologia da Itubombas. A empresa tricos de montagem. Os profissionais alocados nos projetos da Lutsot,
possui ainda um departamento que planeja o balanço hídrico majoritariamente dos setores químico, petroquímico e alimentício, são
correto necessário a cada operação. engenheiros de processos, engenheiros mecânicos e de tubulação e
projetistas de tubulação.
Sistema de rebaixamento por Para o segmento dos pequenos e médios das empresas projetistas,
ponteiras a vácuo promete a aquisição de softwares e equipamentos BIM (Building Information
economia de energia Modeling, com visualização de dados em 3D) é ainda um sonho, segundo
o engenheiro da Lutsot. E o impeditivo, aqui, é de fato o custo da compra,
estimado por ele em R$ 50 mil, R$ 60 mil. “O cliente não quer saber se
o projeto é 2D ou 3D, mas o retorno com o BIM é muito positivo. Por
exemplo, a revisão do projeto, depois, é muito mais fácil e, por isso, mais
econômica”, reconhece. Hoje, a entrega dos projetos da Lutsot, segundo
a modelagem, está dividida em 70% em 2D (AutoCAD) e 30% em 3D
(PDMS, Plant Design Management System).
Um dos grandes projetos que contou com apoio da Lutsot foi o de
otimização do processo de arrefecimento das máquinas da empresa
Maxion Wheels, em Santo André (ABC paulista), que fabrica rodas de
alumínio. O problema era o superaquecimento. A Lutsot então realizou o
cálculo hidráulico do sistema e o redimensionamento de toda a rede hi-
dráulica. Concluiu que equipamentos antigos não necessitavam de troca,
mas sim de atualização. “Com a medida, houve uma grande economia
no sistema de arrefecimento e no consumo de água”, resume Luciano
Foto: Divulgação

Roberto. O projeto durou de março a julho de 2014 e comprovou a capa-


cidade de um bom projetista de gerar soluções econômicas e eficientes.
(Guilherme Azevedo)

12 | O Empreiteiro | Março 2015


Fórum da Engenharia

Arena adota telha antirruído Tigre reforça linha de acessórios


A Tigre lançou
este mês (março)
novos produtos na
linha de acessórios.
Trata-se de um
sistema de fixação
de tubos, quadro
VDI (voz, dados e
imagem) 80x40 e
tubulações para gás.
O novo estádio do Palmeiras, o Allianz Parque, na capital paulista,
Os lançamentos são tanto para obras residenciais como comerciais.
recebeu 20 mil m de telhas de alta absorção de ruídos. O material
A empresa afirma que os novos produtos atendem demandas
garante conforto para torcedores e moradores próximos.
dentro e fora da parede, nas mais diferentes fases de uma obra. “A
A cobertura foi item importante no desenvolvimento do projeto
gente identifica, cada vez mais, a exigência de instalações rápidas,
por conta da intensa programação prevista para o local de jogos de
com praticidade e facilidade. É uma questão irreversível”, afirma Rene
futebol, shows e outros eventos de entretenimento. Uma boa acústica
Kuhnen, coordenador de produtos da Tigre.
proporcionaria vantagens ao empreendimento.
O sistema de fixação de tubos chegou a ser reconhecido com o
Embora o projeto de acústica da arena tivesse elevado grau de
Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade. O produto é composto de
destaque, a Regional Telhas interveio com uma alternativa simples e
abraçadeiras, que fixam tubos de esgoto e água, além de redes de eletri-
funcional, oferecendo telhas de aço galvalume pré-pintado RT 120/900.
cidade e telecomunicações, de dimensões variadas. O sistema é utilizado
Trata-se de um conjunto de telhas perfuradas (na parte inferior)
em instalações aparentes, em posições tanto verticais como horizontais.
e zipadas (na parte superior), com lã de rocha no meio. Dessa forma,
As tubulações flexíveis para condução de GLP Alpex Gás Tigre e Tigre
os ruídos gerados dentro do local entram pelos furos das telhas e se
Fire atendem às normas internacionais de segurança. Já o quadro VDI é um
perdem pelo elemento isolante acústico, evitando a projeção do baru-
item com demanda no Brasil. Com o uso crescente de redes de banda larga
lho para outros lugares.
para conexões de telecomunicação e internet, o produto tornou-se tão
Foram fornecidos mais de 20 mil m de telhas RT 120/900, além de
importante quanto os quadros de distribuição de energia elétrica.
140 mil kg de bobina de aço pré-pintado (ral 9003) para a cobertura
superior zipada. O produto tem espessura de 0,65 m e pode ser utili-
zado em outros projetos que exigem solução acústica eficiente.
Kit Qualidade para construção
A 8ª edição do Kit Qualidade, que o Sindicato da Indústria da Cons-
Livro: Drenagem urbana trução Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), está difundindo
e controle de enchentes no mercado, é um conjunto de manuais técnicos, cartilhas e outras publi-
cações informativas, que agregam conhecimento e reúnem outros dados
Em boa hora está chegando ao mercado da engenharia a se- importantes para o entendimento do comportamento setorial.
gunda edição do livro Drenagem urbana e controle de enchentes, do No trabalho Construção em foco, o presidente da entidade, Luiz
engenheiro Aluísio Pardo Canholi. O lançamento da primeira edição Fernando Pires, analisa 2014 e faz projeções para o ano em curso. Lembra
ocorreu em 2005 e, desde aquela ocasião, a obra vem sendo consi- que o ano passado não deixará saudade. Os juros altos, a inflação no teto
derada uma das mais importantes para a análise da infraestrutura da meta, os índices de confiança de empresários e consumidores em pa-
urbana no Brasil. tamares baixos, a fragilidade fiscal, a redução dos investimentos e outros
O livro resulta da larga experiência do autor, que há mais de 40 fatores, são alguns motivos, segundo ele, que explicam esse sentimento
anos se dedica a obras de drenagem urbana e projetos hidráulicos. no mercado.
Ele foi pioneiro na implantação dos piscinões em São Paulo, o primei- Contudo, ele acredita que 2015 será um ano de desafios e de ajustes.
ro deles construído na Avenida Pacaembu na década de 1990. A maior dificuldade, ao longo dos próximos meses, consistirá no resgate
Aluísio Canholi insere na publicação seis estudos de casos que da confiança na economia nacional para reverter o atual quadro. O
provocaram impacto nas duas maiores cidades do País: as obras da av. entendimento é de que “o que estimula os investimentos é a estabilidade
Pacaembu, complexo Água Espraiada/Dreno do Brooklin, córrego Ca- macroeconômica, a previsibilidade e regras claras”. Diz também que o
buçu de Baixo, bacia do Aricanduva e lago do Parque da Aclimação, em Brasil, em função de sua infraestrutura precária, continua a ser um país a
São Paulo; e a Bacia do Canal do Mangue, na cidade do Rio de Janeiro. ser construído “e não se pode mais postergar essa construção”.
O texto de divulgação do livro registra que há um capítulo de- No conjunto são mais de dez publicações reunidas no kit, tratando,
dicado ao Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê dentre outros, dos seguintes temas: Economia nacional e construção
(PDMAT), do qual o engenheiro Aluísio Canholi foi técnico respon- civil – o que esperar para 2015; Do patrimônio de afetação, da socieda-
sável no período de 1998 a 2001. de de propósito específico (SPE) e da Sociedade em conta de participa-
O livro é indicado para engenheiros e gestores responsáveis pelo ção (SCP); Análise financeira de investimentos em empreendimentos
planejamento urbano de grandes cidades e fonte do maior interesse para imobiliários; Gerenciamento de resíduos e gestão ambiental no canteiro
profissionais que buscam entender e analisar os problemas das enchen- de obras; Programa Minha Casa, Minha Vida: desempenho e perspecti-
tes em São Paulo, Rio e em outras cidades. (Nildo Carlos Oliveira) vas. (Nildo Carlos Oliveira)

14 | O Empreiteiro | Março 2015


Sistema dispensa argamassa na fase de assentamento
Fundada há cerca de dez anos, a empresa Sistema Inteligente de

Foto: Divulgação
Construção Avançada (Sica) vem colocando no mercado a tecnologia
dos blocos estruturais de concreto. O engenheiro Luís Cláudio, diretor,
informa que os produtos com os quais vem trabalhando têm merecido
atenção e aprovação de usuários.
“A nossa tecnologia”, diz ele, “está muito à frente do que hoje dis-
pomos no mercado. Tenho desenvolvido projetos para as minhas obras
e venho tentando estabelecer parcerias para ampliar o nosso espaço no
mercado”. Ele diz que não vende blocos, mas um sistema construtivo,
com blocos assentados a seco, salientando que o sistema não requer
argamassa. “E a respeito disso tenho demonstrado as vantagens e o
valor em m².”
O sistema pode ser utilizado em qualquer tipo de obra, inclusive
mista. “Estamos presentes numa obra da prefeitura de Itaquaquecetuba, Economia com bloco
o Instituto do Idoso. E já dispomos, em nosso portfólio, de obras como estrutural pode chegar a
sobrados geminados e galpões comerciais de até 5,40 m de pé-direito, 40%, segundo fabricante
além de casas térreas e assobradadas”.
Ele diz que, com a Sica, pode economizar de 30% a 40% em relação a outros sistemas construtivos tradicionais e enfatiza que a empresa tem
atuado mais no mercado de São Paulo, embora venha procurando despertar interesses, para a tecnologia, em outras regiões brasileiras.
A expectativa, segundo ele, é tentar algumas franquias a fim de facilitar o acesso da Sica a outros polos de atividades. “Infelizmente”,
lamenta, “o frete é muito caro e nos onera demais. De qualquer modo, os resultados são compensadores, tanto pela redução nos custos finais
quanto na redução de cronogramas”.

www.revistaoempreiteiro.com.br | 15
Dimensões | Nildo Carlos Oliveira

Foto: José Carlos Videira


O engenheiro que virou lenda e símbolo nas obras de Itaipu
Ele era um chefe diferente. Mas diferente em quê? E por quê?

Foto: Augusto Diniz

Foto: Arquivo Pessoal


Às vezes é difícil explicar. Possivelmente porque nunca parecia um
chefe. Ou talvez porque nunca precisou demonstrar, na prática, que
era um chefe, nos moldes como invariavelmente se imagina alguém
acostumado a dar e a fazer cumprir ordens. Ele jamais se alterava, nem
alterava a voz, como às vezes fazem os chefes.
A impressão era de que, quando mais necessitava falar alto, mais
abaixava o tom, como se quisesse fazer o interlocutor concentrar toda
a atenção possível, para ouvi-lo e entendê-lo. Entendê-lo não era tarefa
complicada. Afinal, ele falava e gesticulava e, de vez em quando, os Rubens Vianna, patrono do próximo 6º Prêmio de Criatividade na Engenharia
gestos substituíam as palavras.
A rigor não havia, naquele imenso canteiro de obras de Itaipu, Os relatos que ficam dão a dimensão da personalidade simples,
quem não o entendesse e corresse para cumprir o que ele pedia. Porque afável e, no entanto, determinada. Alguns de seus colaboradores diziam
ele pedia; não ordenava. E todos sabiam que deveriam obedecê-lo. que poderia estar na obra a autoridade que fosse, até mesmo o general
Em poucas palavras esse é o perfil, que desenho na memória, Costa Cavalcanti, presidente da Itaipu Binacional. Ele não mudava os
do engenheiro Rubens Vianna de Andrade. Cheguei em Itaipu, hábitos. Saía do escritório, acompanhado pelo general, atentava para o
para visitar e escrever sobre as obras, no começo dos anos 1980. contingente humano envolvido nas múltiplas atividades de engenharia
Precisando conversar com ele, me disseram: "É ali, onde está aquela e seguia em frente, observando, conversando, não deixando de
porta aberta". Constatei, naquela e em outras ocasiões em que o considerar a opinião da equipe de engenheiros.
procurei, que ele não tinha o hábito de manter fechada a porta do Rubens fora funcionário da Companhia Auxiliar de Empresas
escritório. Sentia-se melhor vendo e ouvindo os companheiros e os Elétricas Brasileiras (Caeeb), antes de ser contratado para as obras
ruídos do entorno das máquinas trabalhando. Quem quisesse falar de Itaipu, onde exerceu a função de superintendente de obras. Foi a
com ele, a porta estava aberta. partir do amplo conhecimento técnico e humano que ele adquiriu na
Contudo, mantinha um comportamento que anulava, de pronto, construção da hidrelétrica, que passou a ser chamado de Mister Itaipu.
qualquer possibilidade de confronto em qualquer discussão. O Eleito, em 1982, pelo Instituto de Engenharia de São Paulo, Eminente
argumento que expunha, no encaminhamento das obras, era claro e Engenheiro do Ano, seus colegas passaram a chamá-lo por aquele
quase sempre sem margem a dúvidas. Sua ordem — ou pedido — era apelido, que ele considerava uma homenagem. Falecido aos
repassada para diversas frentes de trabalho e repetida de boca em 84 anos, Rubens Vianna é merecidamente lembrado agora pela revista
boca: "O dr. Rubens quer que seja feito assim". A prática demonstrava O Empreiteiro. Ao relançar o Prêmio Criatividade na Engenharia, a OE
os acertos das decisões tomadas, numa obra que seria a segunda o elege patrono da 6ª edição desse certame técnico, cujas obras pré-
maior hidrelétrica do mundo, depois de Três Gargantas, na China. Em selecionadas pela redação da revista serão submetidas à votação dos
capacidade média de geração, Itaipu é a maior usina em operação. nossos leitores pelo site revistaoempreiteiro.com.br.

A estética em obra que focaliza o cotidiano Frase da coluna


Dança no boteco —
obra da artista plástica
Waldecy de Deus,
natural da Boa Nova da
Bahia, que participa do
movimento primitivista
brasileiro. Sua arte
combina o fantástico
com o real e, sob esse
aspecto, interage com
o público. Ela tem feito "Ao mesmo tempo em que exige conteúdo local nas
exposições em SP e em regras de concessão, o governo dá isenção para
outras capitais. importações. Esta é uma decisão esquizofrênica".
De Carlos Pastoriza, presidente da Associação Brasileira
da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq),
criticando a política de conteúdo local adotada pelo
governo federal.

16 | O Empreiteiro | Março 2015


MHA Engenharia Crédito imobiliário
A MHA Engenharia, que completa 40 anos, Em janeiro último, o volume de empréstimos para compra e
especializou-se em instalações hospitalares e construção de imóveis somou R$ 9,1 bilhões. Foi um aumento de 12%
plantas industriais. Salim Lamha (foto), diretor, em relação a janeiro do ano passado. Segundo o mercado, janeiro último
diz: "Hospitais são um segmento em que não se foi o mês que registrou o menor da série histórica do Sistema Brasileiro
pode errar. E todo o projeto precisa considerar de Poupança e Empréstimo (SBPE).
as tecnologias futuras e os meios para ampliar
fisicamente essas edificações". Ele e o sócio
Eduardo de Brito Neves lembram que a empresa
Crise hídrica fertiliza ideias
• José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sinduscon-SP, diz ser
é pioneira, no Brasil, na adoção do programa
necessário adaptar o ambiente construído às exigências da gestão
Building Information Modeling (BIM).
atual e futura da oferta e demanda de água, integrada ao conceito da
• Entre as edificações industriais em que atuou, a MHA relaciona
construção sustentável.
o complexo automotivo da Hyundai em Goiás; a Avon Cosméticos em
• Luciano Amadio, presidente da Associação Paulista de Empresários
Cabreúva (SP) e as Indústrias Romi. No segmento hospitalar esteve presente
de Obras Públicas (Apeop), defende maiores investimentos, por meio de
nos projetos do Sírio-Libanês, Emílio Ribas, Oswaldo Cruz e em outros mais.
concessões e parcerias público-privadas, em obras de captação e em
projetos de dessalinização.
Método em Manaus • Aron Zylberman, do Instituto Cyrela, acha que é preciso reconhecer
A Método está concluindo o Shopping Manaus Via Norte, que a escassez de água mudou o cenário econômico e que ela terá
considerado o maior empreendimento multiúso desse tipo do Norte impacto profundo nos negócios da construção.
brasileiro. O projeto é do arquiteto Paulo Baruki, que valorizou os • Suiane Costa Fernandes, da Secretaria Municipal de Finanças de
espaços, distribuídos em mais de 100 mil m². A obra obteve o certificado São Paulo, anunciou que vem aí novo mecanismo que vai mexer no bolso
sustentável Aqua, inspirado na certificação francesa Démarche HQE, do contribuinte: o IPTU Verde. Aguardem mais essa.
difundida no Brasil pela Fundação Vanzolini.
O novo presidente da Abece
Canopus Holding Augusto Guimarães Pedreira de Freitas
A Canopus Holding S. A. construirá 3.683 das 14.124 unidades (foto), novo presidente da Associação Brasileira
previstas para a região da Barra Funda, em São Paulo (SP). Serão 2.360 de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece),
unidades habitacionais de interesse social (HIS) e 1.423 para o mercado quer fortalecer as 21 regionais espalhadas
popular (HMP). O edital, lançado em setembro do ano passado pelo pelo País e estreitar vínculo entre elas e os
governo estadual, em parceria com a prefeitura,  foi homologado com Sinduscons de cada Estado. Augusto Guimarães
apenas uma empresa vencedora -  a Canopus -, que fará as moradias tem uma trajetória profissional muito ligada à
por R$ 82,5 ao ano, segundo a modalidade PPP.  O edital será revisto e tecnologia dos pré-moldados.
relançado para a construção das demais unidades.
O carrasco da economia
Cetenco apressa eclusa Cyro Laurenza, que tem colaborado com esta revista desde os anos
A empresa deverá concluir, ainda este ano, a eclusa da Barragem 1970, identifica um dos principais, senão o principal carrasco da economia
da Penha, no rio Tietê. A obra acrescentará 14 km ao trecho navegável brasileira: a tributação excessiva que, segundo ele, vem provocando vítimas
do rio na RMSP. O projeto é do Departamento Hidroviário, da Secretaria desde que foi aperfeiçoada, a partir do Consenso de Washington.
Estadual de Logística e Transporte. O volume de recursos ali aplicado é de
R$ 101 milhões.
Performance bond
E Sérgio Palazzo, pioneiro na defesa das tecnologias não-destrutivas
Direcional em perfurações subterrâneas, reconhece que, se muitas obras públicas
Ricardo Valadares Gontijo, presidente e fundador da Direcional, tivessem sido contratadas sob a garantia do performance bond, não
revela que a empresa está pronta para construir conjuntos residenciais ficariam por aí, paralisadas por décadas, consumindo recursos públicos e
em três bairros do Rio de Janeiro: Campo Grande, Jacarepaguá e sacrificando a sociedade.
Barra da Tijuca. Os recursos que serão disponibilizados para esses
empreendimentos somam R$ 1,2 bilhão. A empresa está há mais de 30
anos no mercado.
Íria na FIB
Íria Doniak (foto), presidente da
Associação Brasileira da Construção
Baggio Industrializada de Concreto (Abcic), passa
A Construtora Baggio informa que, apesar do cenário econômico a integrar, a partir deste ano, os quadros
instável do começo do ano, continua com os planos de construção no da Federação Internacional do Concreto
Sul e Sudeste. Voltada para projetos de residências de alto padrão e (FIB), que tem sede em Lausanne, Suíça.
obras corporativas personalizadas, opera em Ponta Grossa e Guarapuava, Ela participará da entidade como membro
interior paranaense, e também em São Paulo. convidado, com mandato de dois anos.

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Newsletter Global

Proprietários têm culpa Setores empresariais questionam as novas regras de governança e


transparência para as empresas, consideradas muito rígidas.
em falhas de megaprojetos Em nota oficial, a empresa contesta a multa e informa que
Estudo da Independent Project Analysis (IPA) examinou cerca de “irá se defender vigorosamente”. A companhia alega ter cooperado
3.700 projetos e apontou que, em obras acima de US$ 750 milhões, desde que o escândalo surgiu e que medidas de governança foram
2/3 delas tendiam a apresentar falhas. tomadas para conter o problema. Além disso, substituiu seus prin-
Pela análise, os projetos que enfrentam dificuldades deparam-se cipais executivos.
com pelo menos um dos quatro itens a seguir: crescimento de custo Observadores especulam que a multa foi uma mensagem do governo
de 25% ou mais; cronograma atrasado em pelo menos um ano; custo ao mercado sobre a suposta corrupção em alto escalão de empresas.
maior do que a média de obras similares; e persistentes problemas Alguns, no entanto, veem a medida como inflexível e rigorosa e que
operacionais durante dois anos de execução. coloca em risco o emprego de milhares de trabalhadores, afetando, in-
Ed Merrow, presidente da IPA, explica que muitos projetos des- clusive, a economia canadense.
carrilam antes mesmo de as construtoras assumirem o trabalho. A SNC-Lavalin é uma das maiores empresas de construção e enge-
De acordo com o executivo, proprietários não avaliam suficien- nharia do Canadá, com mais de 100 anos e quase 50 mil empregados.
temente os parâmetros do projeto do começo ao fim, como escopo
e design.
Isso acarreta erros em projetos de engenharia e construtibilidade
FAA propõe normas
em 30% dos casos, criando dificuldades ao longo da execução. para uso de pequenos drones
A IPA enfatiza a necessidade de se desenvolver um bom projeto A Federal Aviation Administration (FAA), dos Estados Unidos, propôs
antes de começar a obra, para evitar falhas. No entanto, segundo o regulação para limitar o uso comercial de pequenos drones, tecnologia
estudo, problemas de relacionamento e pedidos de mudança frequen- que tem despertado interesse de projetistas e construtoras.
tes no projeto pelo proprietário acabam comprometendo o serviço. Entre as normas apresentadas estão restrição do uso de drones du-
rante o dia e também manutenção do equipamento no campo de visão
Multa contra SNC-Lavalin do controlador quando no ar.
Propõe-se ainda altitude máxima de alcance do drone de 150 m
cria discussão no Canadá e a velocidade limite de 100 mph (cerca de 160 km/h). O operador do
Uma agência do governo canadense multou a empresa de enge- equipamento deve ter mais de 17 anos e terá que possuir um certificado
nharia SNC-Lavalin por corrupção e fraude relacionadas à obra no da FAA para controlá-lo.
aeroporto de Bengazi, segunda maior cidade da Líbia, e um enorme A proposta será colocada em consulta pública. A FFA afirma que
programa de irrigação no país, além de outros projetos. Os desvios as regras visam dar segurança, privacidade e acesso ao uso dos drones.
alcançam US$ 142 milhões.
Um debate nacional foi estabelecido se a empresa canadense de-
veria ser penalizada por conta do delito de seus executivos ou sofrer
Geórgia busca 202 mil
uma pena mais branda por isso, já que uma nova diretoria foi instituída soldadores até 2017
há três anos justamente para implementar um novo código de conduta. O Sindicato de Encanadores de Augusta, na Geórgia, Estados Unidos,
Um dos implicados em fraudes inclui o ex-CEO Pierre Duhaime, estão desesperados em treinar soldadores para preencher rapidamente
que deixou a SNC-Lavalin no começo de 2012. vagas na região, principalmente para atender às obras de expansão da
planta nuclear de Vogtle. Há também demandas de soldadores em me-
gaobras no setor de óleo e gás.
Jim Hanna, diretor de recursos humanos da Fluor, explica que há
diversos megaprojetos no Estado. Um grupo de construtores industriais e

18 | O Empreiteiro | Março 2015


de obras pesadas calcula em 202 mil o número de soldadores necessários
para atender à demanda até 2017.
Empresas investem em energia
Uma parceria entre fornecedores de energia renovável e empresas
A construção cada vez mais modular e industrializada é um dos mo-
privadas, como Apple, Google e Kaiser, deverá representar a aplicação de
tivos da crescente demanda por serviço de soldagem.
bilhões de dólares na Califórnia. As alianças preveem repasse às compa-
nhias citadas de parte da energia limpa gerada.
Nova York age contra mudança de clima A Apple assinou acordo de adquirir US$ 848 milhões em geração
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse que a cidade está se de energia do novo projeto da First Solar, chamado California Flats, em
mobilizando para contar com um plano de contingência, baseado em Monterey. O acordo é o maior já realizado pela indústria nesse tipo de
estudos de mudanças de clima que preveem aumento do nível do mar na operação. Serão 130 MW a ser comprados pela Apple.
cidade norte-americana em 1,8 m até o próximo século. O restante da geração da nova planta, o equivalente a 150 MW, será
Um dos programas em andamento é a construção de um sistema de adquirido pela Pacific Gas & Electric.
proteção na parte baixa no lado Leste da cidade. A obra está avaliada A First Solar afirma que a aquisição de energia pela Apple significa
em US$ 335 milhões. confiança da empresa na energia renovável como solução.
O anúncio das medidas veio depois de um encontro realizado este Já um projeto da NextEra Energy Resources, de renovação da planta
ano de aquecimento global, com projeções sobre o fenômeno. eólica de Altamont Pass, fez com que Google e Kaiser assinassem sepa-
Nova York já se refez de boa parte dos problemas enfrentados com o radamente acordo de aquisição de 43 MW cada uma de energia gerada
Furacão Sandy. Muitas reconstruções e reformas realizadas estabelece- pela planta.
ram novos parâmetros de resistência já prevendo novos desastres naturais. A NextEra substituirá 770 turbinas em seu empreendimento repre-
Mas a reconstrução das casas da população atingida sofre graves atrasos. sentando geração duas vezes maior de energia.

A ENR é uma publicação da McGrawHill, editora com mais de 100 anos de atividades e a principal no mundo com foco em Construção,
Infraestrutura e Arquitetura. A revista O Empreiteiro é parceira editorial exclusiva da ENR no Brasil. Mais informações: www.enr.com

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Megaprojetos

Ampliação da rede TAV avança


à base de subsídios públicos
O charme dos trens de alta velocidade não resiste decolem com meia dúzia de passageiros a reduzir o preço da passagem
para quem chega no balcão na hora para comprar.
à complexa viabilidade econômica das linhas
Está comprovado que em distâncias de 300 km a 800 km entre cen-
tros densamente urbanizados o meio menos poluente de transporte é
Joseph Young o TAV acionado por energia elétrica. E parece que cresce o número de
países dispostos a subsidiar com dinheiro público esse transporte am-

E
nquanto os Estados Unidos começam a se interessar pela modali- bientalmente correto, mas inviável se os custos de construção forem
dade, a expansão da rede TAV na Europa continua avançando, em- computados na ponta do lápis. Analistas apontam que a linha Paris-Lyon
bora à custa de subsídios oficiais. Talvez a estagnação econômica já é lucrativa e começou a pagar o seu custo de construção financiado
relativa da Comunidade Europeia, que entra no seu sétimo ano, tenha na época pelo governo; mas críticos alegam que a linha elétrica que
até reduzido esse avanço, mas a verdade é que, com raríssimas exceções, alimenta o TAV no trecho foi construído a fundo perdido pela Eletricité
as contas não fecham nas linhas hoje em operação. Com os generosos de France (EDF), uma estatal.
subsídios nacionais e da Comunidade Europeia, 6 mil km de linhas de Em 2014, a Eurostar, que liga Londres, Paris e Bruxelas, começou a vender
alta velocidade foram acrescidas à rede de apenas mil km nos anos 90, passagens para uma ligação ao Mediterrâneo, a operar em maio próximo. A
nas quais os trens viajam a 250 km/h pelo menos em alguns trechos. Polônia abriu sua primeira ligação TAV entre Varsóvia e Cracóvia. A Turquia
Agora, que a Califórnia começou o seu projeto TAV, há pesadas crí- inaugurou uma ligação entre Istambul e Konya e outra até Ancara. Este ano
ticas por parte da população. O TAV sempre dependeu de subsídios pú- a Alemanha vai comissionar a ligação entre Leipzig e Erfurt; em 2016, será a
blicos, mas os preços das passagens são inacessíveis à população de me- vez da ligação Milan-Bréscia, na Itália. Em 2017, a França vai inaugurar quatro
nor renda e os trens sempre rodam com assentos vazios. As operadoras novas linhas. A Comunidade Europeia estuda financiar uma ligação rápida
recorrem ao expediente de promover preços reduzidos para passageiros entre Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia, ao custo de US$ 5,3 bilhões.
que possam reservar suas passagens com grande antecedência e cobram Em algumas linhas de tráfego denso, o TAV conseguiu superar os
preço cheio de quem viaja sem aviso prévio — o mesmo recurso de que aviões. A Eurostar divulga que detém agora 75% do mercado combinado
as companhias aéreas se valem para vender os assentos das aeronaves. ferroviário-aéreo nas rotas atendidas. As linhas Paris-Lyon e Madrid-
Essa política é tão rigorosa que as companhias preferem que os aviões -Barcelona já são superavitárias (em custo operacional, excluído custo

20 | O Empreiteiro | Março 2015


Algumas linhas são superavitárias,
mas estudos apontam que o número
de passageiros cresceu pouco
na última década

de construção). Mas uma análise mais detalhada mostra que o advento ligar os extremos do continente de ponta a ponta. Mas as operadoras es-
do TAV não mudou o quadro do mercado de transporte: de 2000 a 2011, tatais de cada país não querem saber de concorrência nos seus próprios
período em que as ferrovias rápidas se espalharam pelo continente euro- trilhos. Somente o mercado de frete de cargas foi liberalizado; padrões
peu, a participação das ferrovias em passageiros por km pouco mudou e técnicos comuns foram introduzidos para facilitar a passagem dos trens
ficou em 6,4%; os ônibus registram 8,2%; os carros continuam absolutos pelas redes nacionais; e um pacote inicial tímido para abrir o mercado de
com 72,5%; e o transporte aérea cresceu para 8,9%. passageiros foi adotado, mas pouco avançou na prática.
Há outros sinais preocupantes. O TGV francês, pioneiro na modali- Por enquanto, as operadoras estatais têm preferido mais fazer alian-
dade em 1981, registra receita e margem de lucro em queda depois de ças entre si a competir. A SNCF francesa e a Deutsche Bahn (DB) reno-
anos de alta. A operadora SNCF iniciou um programa de preços popula- varam sua associação nas linhas Alleo, que interligam os dois países.
res em contra-ataque, para tentar deter a fuga de passageiros atraídos A SNCF também se aliou à estatal suíça para criar uma ligação entre
por passagens aéreas baratas e car sharing (viagens de carro em grupo). Lille e Genebra. A operadora alemã DB parece que não desistiu da rota
Na Espanha, os preços foram reduzidos em 2013 nas linhas da AVE, mas Frankfurt-Londres, cruzando o Túnel da Mancha, para concorrer com a
sobram lugares em quantidade em diversas rotas. Eurostar, algo impensável até agora. A ferrovia parece ser um dos feudos
A lentidão exasperante na criação de um mercado ferroviário co- antigos onde cada país europeu prefere controlar sua rede — longe das
mum europeu é outro obstáculo no caminho do TAV, cuja pretensão era normas da Comunidade Europeia.

Pioneiro TGV roda há 30 anos, mas lucros caem


A frota do TGV francês soma hoje 450 composições que servem 230 destinos dentro da
França e através da Europa, saindo do centro das cidades, podendo o viajante voltar para casa
no mesmo dia. São 2 bilhões de passageiros transportados desde 1981. A 320 km/h, o viajante
vai de Paris a Marselha em 3h05. Em meados de 2008, o governo francês decidiu acrescentar
outros 2 mil km de TGV à rede existente até 2020, alterando a malha até então radial e centrada
em Paris para uma de caráter nacional.
A proposta oficial é reforçar a frequência de trens e reduzir o tempo de percurso para cida-
des, como Bordeaux, Libourne, Poitiers, Tours, Orleans e Paris, além de se conectar com a rede
ferroviária espanhola.
O órgão de auditoria do governo francês - Cour des Comptes -, entretanto, publicou relató-
rio recente criticando a pressão política para que o TGV pare em cidades com baixa densidade
de tráfego, criando uma rede incoerente. Há 230 estações de TGV pelo país, muitas em linhas
deficitárias da SNCF. Após 33 anos de operação, a rede atual contraria o conceito de “ligação
entre grandes centros populacionais, em percursos de uma 1h30 a 3 horas, poucas ou nenhuma
parada intermediária, alta frequência de trens, alta ocupação de passageiros, e boas conexões com outras formas de transporte público, de modo
que a viagem seja de porta a porta”.
A auditoria aponta que a viabilidade socioeconômica das novas linhas TGV foi superestimada, refletindo-se na queda de lucratividade de
suas linhas desde 2008. Ela questiona a racionalidade do processo de decisão da linha Tours-Bordeaux, programada para operar em 2017 ao
custo de € 8,8 bilhões, bem como das ligações Bordeaux-Toulouse e Poitiers-Limoges.
A auditoria recomenda uma redução gradual das paradas da TGV e maior transparência nas estatísticas de passageiros em cada estação de
modo que as paradas deficitárias sejam claramente identificadas. A SNCF estaria estudando aumentar o preço da primeira classe, restrições no
reembolso e trocas de trechos na classe econômica, além de eliminar o vagão bar/restaurante, que seria um sacrilégio para os franceses.

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Megaprojetos

Operadora privada conquista 20% do tráfego

E
la se chama NTV - Nuovo Trasporto Viaggiatori, tem par-
ticipação de 29% da SNCF francesa, começou a operar na
Itália em abril de 2012 e informa que já detém 20% do
mercado doméstico. Tem se queixado da concorrente estatal FSI,
que controla os trilhos, por valer-se de práticas antiéticas para
prejudicar as suas operações. Essa nova formatação, em que o
Estado construiu os trilhos de alta velocidade e seus sistemas
operacionais e uma empresa privada adquire e trafega com TAV
próprios, pode ser uma nova forma para viabilizar o negócio.
É a primeira empresa privada do mundo que opera o TAV
com uma frota de 25 trens do modelo AGV Alstom, que detém
o recorde de velocidade entre seus concorrentes — 575 km/h e é
considerado o equipamento mais moderno e luxuoso do merca-
do. O trem tem tração distribuída entre os vagões, substituindo
as tradicionais locomotivas na frente e atrás, eliminando com isso maior quilômetros de distância das comidas de avião — fornecidas por uma
parte das vibrações e ruído. empresa conhecida do ramo de alimentos, a Eataly. Uma vez atingida a
O fabricante afirma que essa configuração também reduz o custo capacidade total da frota, a NTV vai operar 50 viagens/dia somando 12
de manutenção e o consumo de energia em 15% e eliminou 70 t do milhões km/ano.
peso da composição, que foi batizada de Italo. O uso de motores sín- A concorrente dela é a FSI-Ferrovie dello Stato estatal, que comanda
cronos de tração dotados de magnetos permanentes otimizou a geração a operação de mais de 8 mil trens/dia, transportando 600 milhões de
de potência, de modo que a sua relação ao peso é de 22,6 kW/t, 23% passageiros e 50 milhões t de carga ao ano, sobre uma rede de 16.700
menor do que trens similares, reduzindo o consumo de energia em 10%. km de trilhos, dos quais mil km são dedicados ao TAV. O TAV da FSI foi
É autossuficiente neste quesito, produzindo toda a energia que consome batizado de Frecciarossa1000, projetado pela italiana Ansaldo e cana-
mediante a recuperação na frenagem eletrodinâmica. A velocidade má- dense Bombardier, podendo viajar a 350 km/h, cujo comissionamento foi
xima de percurso é de 360 km/h. programado para 2015.
Os vagões de passageiros têm largura de 3 m e espaço interno de
2,75 m, permitindo a fácil locomoção de passageiros mesmo com malas
volumosas. Há 15% a mais de espaço nas janelas para entrada de luz e o
piso está 10 cm abaixo dos vagões tradicionais. A isolação praticamente
hermética eliminou ruído e a pressão nos ouvidos dos passageiros ao
atravessar os túneis.
A rede da NTV tem duas linhas, de Turim a Salerno, com paradas em
Milão, Reggio Emilia, Bologna, Florença, Roma e Nápoles; de Veneza a
Salerno, com paradas em Padova, Bologna, Florença, Roma e Nápoles. Há
doze viagens diretas sem paradas diárias entre Milão e Roma, percurso
percorrido em 2h40.
O sistema de tarifação das passagens se assemelha ao das linhas
aéreas, de acordo com a disponibilidade dos assentos mais baratos e
antecedência da compra. Numa rota popular como Roma-Veneza, na
classe econômica, a saída no dia 18 de fevereiro (mesmo dia da consulta
do viajante) custaria € 76,00 na ida, contra € 39,00 uma semana depois,
e € 27,50 em 4 de março. O retorno no mesmo dia custaria o mesmo
preço da ida, seguindo uma redução progressiva similar uma ou duas
semanas depois.
Uma das facilidades a bordo é o wi-fi, internet de alta qualidade, TV
ao vivo e telefone, mesmo a 300 km/h, graças a antenas bidirecionais
que rastreiam a conexão de satélite. Outras amenidades são a entrega de Mapa atual do trem-bala operado
bagagem porta a porta em 24 h e alimentação seguindo a gastronomia pela Nuovo Trasporto Viaggiatori
tradicional italiana, com ingredientes da estação e sem conservantes — (NTV) na Itália

22 | O Empreiteiro | Março 2015


China

Honduras

Nicarágua

Manágua Novo canal proposto

Lago

Mar do Caribe
Costa Rica
Canal do Panamá

Cidade do Panamá

Oceano Pacífico Panamá


Área

Colômbia

Concorrendo com o Banco Mundial e o FMI


China socorre países de economia em situação A oposição, em Georgetown, alega que o estudo de viabilidade não
foi concluído e que os termos do acordo de fornecimento de energia à
de risco, recorrendo às suas próprias reservas
estatal Guyana Power and Light permanecem confidenciais, sabendo-se
bilionárias, em troca de obras de infraestrutura apenas que o consórcio receberá US$ 100 milhões ao ano.
Na América Latina, os dois maiores tomadores de financiamento chi-
nês são Venezuela, que acumula crédito de US$ 50 bilhões desde 2007, e a
Argentina, que está se valendo de uma linha de crédito da China para não

D
iferentemente das receitas amargas de ajuste fiscal das contas pú- sacar de suas reservas. Outro cliente notório é a Rússia, cujas empresas
blicas, com corte de investimentos, habituais no receituário do FMI petrolíferas já obtiveram cerca de US$ 30 bilhões dos bancos chineses.
e do Banco Mundial, a China oferece generosos financiamentos a Desde 2008, a China negociou algo em torno de US$ 500 bilhões em
países emergentes em troca de obras a ser executadas por construtoras chi- operações de swap de moeda com 30 países, do Canadá ao Paquistão,
nesas. Essa abordagem tem atraído países com governança e finanças fora num esforço para globalizar o yuan. Ao mesmo tempo, ela está liderando
do padrão do que pregam os países industrializados e agências multilaterais. esforços para criar novos bancos de desenvolvimento com a clara inten-
É o caso da hidrelétrica nas cataratas de Amália na Guiana, numa região ção de competir com as agências multilaterais como Banco Mundial e
de florestas, capaz de produzir 165 MW, ao custo de US$ 840 milhões, subs- FMI, em que os países emergentes não têm voz nem poder de decisão, e
tituindo a energia gerada em usinas térmicas que utilizam óleo importado. ainda precisam aceitar o direito de veto dos Estados Unidos. Uma situ-
O concessionário por 20 anos é formado pela Blackstone Group, com a maior ação insustentável que estas instituições multilaterais precisam romper
parte do financiamento procedente da China Development Bank e US$ 175 em algum momento futuro, considerando que a economia chinesa vai
milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A China Rai- superar a norte-americana em PIB dentro de uma década.
lway First Group foi contratada para os trabalhos de engenharia. Os países-membros do BRIC mais a África do Sul constituíram o

24 | O Empreiteiro | Março 2015


chamado New Development Bank, com US$ 50 bilhões de capital inicial, As construtoras estatais da China, entretanto, parecem ter tido su-
além de formar um pool de US$ 100 bilhões de divisas para enfrentar cesso crescente no mercado global mesmo sem essas qualificações téc-
crises globais futuras. A China também liderou a formação do Asian In- nicas. Analistas explicam esse desempenho apontando que, na maior
frastructure Investment Bank (AIIB), com capital de US$ 100 bilhões, parte das licitações, as construtoras chinesas propõem preços mais
para concorrer com uma instituição similar em que o Japão dá as cartas. baixos, além de atenderem às exigências de qualidade do contratante.
O governo chinês tem buscado consultoria das agências multilaterais Lembram ainda que a proposta das construtoras chinesas estatais tem a
existentes para instrumentar adequadamente as novas instituições, o retaguarda do financiamento de bancos também estatais, além de uma
que sinaliza, em princípio, uma governança mais transparente. diretiva do própria governo da China em ingressar naquele mercado re-
Na viagem do presidente Xi Jinping, em julho passado, pelo Brasil, gional, assegurando um apoio político em que o lucro ou prejuízo dos
Argentina, Peru e Venezuela, ele assinou acordos envolvendo 150 pro- empreendimentos fica em segundo plano.
jetos, com custo estimado de US$ 70 bilhões, incluindo uma possível Anil Gupta, professor da Universidade de Maryland, nos Estados Uni-
participação nas concessões ferroviárias a ser licitadas este ano pelo go- dos, coautor do livro “A rota da Seda redescoberta” (The Silk Road Re-
verno federal. De acordo com o China-Latin America Finance Database, discovered), que tem por tema as empresas chinesas e indianas, afirma
a China havia até então assumido compromissos da ordem de US$ 100 que, se o presidente da China empenha a palavra em executar determi-
bilhões com países da América Latina e empresas locais. nado projeto, o China Development Bank vai aprovar o financiamento e
O projeto mais polêmico que envolve financiamento chinês é o Grande outras empresas estatais vão se juntar para tornar o empreendimento
Canal da Nicarágua, projetado para concorrer com o do Panamá, que está por um sucesso. É o trunfo de um governo central que detém o controle, ao
concluir as obras de ampliação para permitir a passagem de navios post-Pana- contrário do chanceler da Alemanha ou do presidente dos EUA, que não
max. Anunciado pelo governo e uma desconhecida empresa sediada em Hong têm esse poder em convencer empresas privadas a construir uma obra
Kong, chamada HKND, envolve custos de US$ 50 bilhões a ser financiados por sem lucro assegurado.
bancos chineses, cuja obra será executada por empresas de lá. Ademais, os bancos estatais da China são conhecidos por acei-
Há poucas informações sobre o projeto. O canal tem extensão de 278 tar condições duvidosas de crédito do país tomador que via de
km, a ser concluído em cinco anos, e entrará em operação em 2020, incluin- regra seriam recusadas pelas agências multilaterais ou bancos dos
do dois portos, um aeroporto, um resort e uma zona econômica especial. países industrializados.
Sai da localidade de Brito, atravessa o lago de Nicarágua, importante fonte Uma transação assinada em maio passado entre a Kenya Railways
de água-doce, e atravessa o restante do istmo até Punta Gorda. O governo Corp. e a China Road & Bridge Corp. prevê implantar 609 km de trilhos,
espera atrair 5% do tráfego comercial marítimo e dobrar o PIB do país com a entre o porto de Mombassa e Nairóbi, capital do Quênia, com a CR&BC
receita do pedágio pago pelos cargueiros. Parte da opinião pública questiona comprometida em trazer 5 mil trabalhadores chineses treinados. O China
a competência gerencial e financeira da empresa chinesa e critica a pouca Exim Bank e o governo queniano vão financiar a iniciativa. A construtora
transparência da decisão tomada pelo governo nesta negociação que envol- ainda garante no contrato a contratação de número expressivo de traba-
ve cifras astronômicas, em especial num dos países mais pobres da América. lhadores locais e que as obras estarão concluídas em 2017. Quem puder
oferecer melhores condições, que apareça!
O poder do governo central na China
Segundo a revista ENR-Engineering News Record, parceira editorial da
revista O Empreiteiro, as construtoras ocidentais que atuam no mercado
global encaram esses avanços com ceticismo porque consideram as empre-
sas chinesas desprovidas de experiência na gestão de projetos sofisticados
Brasil não tem política
e complexos e competência tecnológica. O que parece mais paradoxal, o
governo chinês mantém barreiras “técnicas” para dificultar o intercâmbio
de comércio com a China
das empresas locais de engenharia com as congêneres estrangeiras. Enquanto países de diversos continentes obtêm funding gene-
roso em troca de contratos de obras realizados por construtoras
chinesas, o Brasil não formulou até hoje uma política comercial
com relação ao gigante asiático.
Empresas chinesas já atuam discretamente no país no mer-
cado de infraestrutura, em especial nas concessões de linhas de
transmissão e na área petrolífera. Assim como colocou os Estados
Unidos no gelo por conta de um caso de espionagem, situação que
está sendo revista com urgência pelo ministro Armando Monteiro,
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, falta uma definição do
governo sobre o que queremos da China e o que a economia brasi-
leira pode oferecer ao eventual parceiro asiático. Enquanto isso, há
intermináveis discussões sobre o comércio com a Argentina.

www.revistaoempreiteiro.com.br | 25
Rio de Janeiro | Investimentos

Futuro porto de Ponta Negra atenderá a


exploração de petróleo na camada do pré-sal

Firjan aponta obras de infraestrutura


prioritárias para o Estado
Entidade explica que parte já está sendo realizada, Norte, que já está em andamento sob res-

Foto: Antonio Batalha


ponsabilidade da concessionária Autopis-
mas há outras que ainda deverão ser iniciadas para
ta. “Sem isso é impossível aproveitar todo
impulsionar um novo ciclo econômico o potencial econômico da região”, avalia.
O Porto do Açu, no município lito-
Augusto Diniz - Rio de Janeiro (RJ)

Q
râneo de São João da Barra, também
naquela região, está se tornando um
uando a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Ja- empreendimento voltado ao mercado de
neiro (Firjan) anunciou que entre 2014 e 2016 os inves- óleo e gás, mas a Firjan propõe a cons-
timentos em infraestrutura alcançariam R$ 37,9 bilhões, trução de ramal ferroviário do terminal
calculava que boa parte já estivesse destinada em 2015. portuário com a linha existente da Ferro-
Porém, somente um montante desse valor foi via Centro-Atlântica (FCA), que passa em Júlia Nicolau Butter, da Firjan:
aplicado. Assim, há ainda muitos projetos a ser execu- Campos dos Goytacazes. Trata-se de uma Crescimento passa necessariamente
pela “Rota do Desenvolvimento”
tados, além de outros que passaram a fazer parte da ligação de cerca de 40 km que já existia
lista de iniciativas prioritárias. em projeto, mas precisa agora de definição. “São investimentos para viabilizar
Júlia Nicolau Butter, chefe de Divisão de Competitividade Industrial e aquele porto, que tem um potencial imenso”, analisa Júlia.
Investimentos do Sistema Firjan, dá um panorama à revista O Empreiteiro
do que ainda precisa ser concluído ou sair do papel no Estado, no campo da Via Dutra
infraestrutura de transportes e logística, para se concretizar a tão sonhada Já no trecho sul da “Rota do Desenvolvimento” encontra-se a Via Dutra.
transformação do Rio. Nela, a necessidade de construir a nova descida da Serra das Araras é premen-
O crescimento, de acordo com a entidade, passa necessariamente pelo te. “É uma região de grande escoamento de carga”, diz. A obra ainda depende
que a Firjan chama de “Rota do Desenvolvimento”. A rota cruza o Estado de sul de aprovação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mas é
a norte e envolve as principais rodovias. possível que comece ainda este ano.
“O caminho da rota é onde todo mundo quer estar próximo, seja para es- “Temos um estudo que aponta o custo dos acidentes na atual descida”,
coar produto, morar ou estudar. Ao longo dela, com várias ramificações, seria o conta Júlia. Pelo projeto, a nova descida será construída ao lado da atual pista
local de concentração de indústrias, do comércio e dos serviços”, explica Júlia. de subida.
“Olhar essa rota é pensar na expansão de desenvolvimento do Rio”. A Dutra na Baixada Fluminense também é outro problema apontado pela
Firjan. O trecho sofre com o pesado trânsito local, que se mistura ao de longa
Norte Fluminense distância - 170 mil veículos/dia, de acordo com a concessionária CCR. “Ela
No entanto, muitos trechos dessa rota necessitam de investimentos. No está saturada. A ampliação da Via Light é fundamental”, afirma a economista.
Norte Fluminense, por exemplo, é essencial terminar a duplicação da BR-101 A via liga hoje Nova Iguaçu à Pavuna (cruza mais três municípios da Bai-

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Rio de Janeiro | Investimentos

Arco Metropolitano, quando


totalmente concluído, terá
144 km de extensão

xada Fluminense antes de chegar à cidade do Rio), mas é pouco aproveitada inicialmente o pré-sal, e a ligação de Itaboraí a Maricá (Rodovia RJ-114) já
porque falta conexão com outras vias importantes da capital. “Nosso pleito existe, mas a via é muito modesta, em mão dupla e sem acostamento que,
é que ela seja ampliada de modo que se conecte à cidade do Rio de Janeiro portanto, precisa ser ampliada.
através da Avenida Brasil. São apenas 3 km para fazer essa ligação”, relata. O Júlia Nicolau Butter menciona ainda que na região de Magé e Guapimi-
projeto dessa intervenção já existe, mas as obras não começaram. rim, por onde o Arco Metropolitano passa, tem espaço para o desenvolvimen-
Júlia explica ainda que existe um projeto de levar a Via Light até o bairro to industrial e de galpão logístico, mas o governo precisa definir a forma de
de Madureira, o que seria mais 3 km a partir da Avenida Brasil. No outro ex- ocupação.
tremo, a proposta é ligá-la ao distrito industrial de Queimados.
“Isso tiraria parte do tráfego local da Dutra, de gente que se locomove da- Porto de Itaguaí
queles municípios à cidade do Rio ou usa a rodovia como via urbana”, expõe. Na Baía de Sepetiba, onde se localiza o porto de Itaguaí, a economista
Segundo a Firjan, a ampliação da Via Light, no trecho da Pavuna à Avenida aponta uma outra preocupação da Firjan. Embora já exista projeto de draga-
Brasil, tiraria 25% do tráfego da Dutra. Se ampliasse até Queimados, esse nú- gem no local, ela frisa a importância de duplicar o canal de acesso à baía. “Só
mero seria ainda maior. passa hoje um navio de cada vez. Isso faz com que o navio atrase para entrar
Ainda existe uma proposta de ligar a Via Light à Linha Vermelha. Assim, e sair. Com o Arco Metropolitano, o porto de Itaguaí ganhou muita importân-
concluídos todos os projetos da via, o tráfego hoje da Via Light de 13 mil cia”, menciona.
veículos/dia passaria para 75 mil/dia. “É preciso ter essa obra para viabilizar o Ali na baía, além do porto de Itaguaí, se desenvolvem o Prosub (Programa
desenvolvimento da Baixada Fluminense”, cita a economista da Firjan. de Desenvolvimento de Submarinos, da Marinha) e o porto do Sudeste (em
fase final de obras e que atenderá o mercado de mineração), além dos ter-
Arco Metropolitano minais da ThyssenKrupp, CSN e Gerdau - há ainda uma área portuária a ser
O Arco Metropolitano teve o trecho de 71 km, ligando o porto de Itaguaí a licitada. “Se não duplicar, inviabiliza”, sintetiza.
Duque de Caixas - no entroncamento com as BRs 040 e 116 -, inaugurado no “Todos esses projetos estão dentro do conceito da ‘Rota do Desenvolvi-
ano passado, mas é necessário concluir a duplicação (obras já em andamento) mento’”, lembra Júlia. De acordo com ela, as parcerias público-privadas (PPPs)
entre Magé e Itaboraí, no entroncamento com a BR-101 Norte. serão importantes para tirar o peso do Estado nesses investimentos.
No entanto, para o Arco Metropolitano estar completo, de acordo com a “A infraestrutura de logística e transporte é crucial para viabilizar inves-
Firjan, é preciso fazer a ligação de Itaboraí até o município litorâneo de Maricá, timentos industriais, e eles atraem outros investimentos, como saneamento,
onde será construído o porto de Ponta Negra. telecomunicação, energia elétrica e habitação”, relaciona.
“O projeto todo do Arco Metropolitano tem 144 km. A obra representará Júlia ressalta que o mercado de óleo e gás continuará liderando o desen-
a ligação dos portos de Itaguaí e Ponta Negra, do litoral sul com o norte do volvimento do Rio. “Apesar do problema existente na Petrobras, o potencial
Estado”, esclarece Júlia. O porto de Ponto Negra já tem projeto para atender imenso continuará existindo”, conclui a economista.

Principais investimentos em infraestrutura logística - Rio de janeiro


Obras Status Investimentos previstos
Em andamento, com o contorno previsto
BR-101 Norte - duplicação e Contorno de Campos dos Goytacazes R$ 2 bilhões
para iniciar obra em 2017
Via Dutra - Nova descida da Serra das Araras Em aprovação na ANTT R$ 1 bilhão
Via Light - Expansão da Baixada Fluminense à Avenida Brasil Em projeto R$ 474 milhões
Arco Metropolitano - ligação Itaboraí-Maricá Em estudo -
Porto de Ponta Negra Em projeto R$ 1,2 bilhão
Total R$ 4,674 bilhões

28 | O Empreiteiro | Março 2015


Rio de Janeiro | Mobilidade Urbana

VLT Carioca precisa compatibilizar


obra com tráfego do centro
Operação está prevista para começar no início interferências e serviços de arqueolo-
gia (já que a obra se realiza em solo
de 2016, a tempo de atender aos Jogos Olímpicos
onde o Rio prosperou há 200 anos).
“Não tem como fechar a avenida. O
planejamento tem sido vital para condu-
ção das obras. É preciso manter a cidade
funcionando”, diz. O problema não é só o
trânsito, é também manter o comércio e
os serviços das áreas atingidas operando.
Augusto Diniz - Rio de Janeiro (RJ) Luiz Eduardo dá um exemplo. O Ban-
co Central tem movimentação grande de

A
lém das obras na zona portuária e da demolição do elevado da carro-forte e por uma questão de segu- Luiz Eduardo Oliveira da Silva:
Perimetral, mais uma intervenção se destaca no centro do Rio de Obras noturnas se concentram
rança exige intervenção de rua na pas-
na concretagem
Janeiro. Trata-se da construção da primeira linha do Veículo Leve sagem dos veículos em uma quadra da
sobre Trilhos (VLT), ligando a Rodoviária Novo Rio ao Aeroporto Santos Avenida Rio Branco (a instituição tem
Dumont, que deverá ficar pronta até o final do ano e entrar em operação sede na via). “Não se pode atrapalhar esse acesso durante o dia”, ressalta.
no início de 2016. Há 650 trabalhadores envolvidos nos trabalhos hoje. Carlos Baldi, presidente da concessionária do VLT Carioca, também
As execuções se concentram atualmente na zona portuária e na ressalta o desafio de trabalhar no centro da cidade: “É uma região al-
Avenida Rio Branco, principal via que cruza a região central da cidade. tamente urbanizada e com um grande número de interferências, sem
Dessa avenida duas e, dependendo do trecho, três das cinco faixas estão esquecer dos vestígios arqueológicos que, a todo momento e sem ne-
interditadas desde novembro e uma grande operação de mudança de nhuma previsibilidade, são identificados e precisam, obrigatoriamente,
trânsito de linhas de ônibus foi feita. de tratamento apropriado”. 
O engenheiro civil Luiz Eduardo Oliveira da Silva, diretor de opera- Embora o VLT visa a atender toda a região central do Rio e não
ções da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do apenas a zona portuária (dentro do âmbito do projeto Porto Maravilha),
Rio de Janeiro (Cdurp), explica que as obras civis estão sendo realizadas a Cdurp foi designada pela prefeitura para gerir e articular ações com
à noite para facilitar o tráfego de betoneiras e os serviços de concreta- agentes públicos e privados no desenvolvimento do modal de transporte.
gem da calha do VLT. “O VLT é um projeto simbólico no Porto Maravilha, embora ele trans-
De dia se procedem trabalhos de escavações, remanejamento de cenda a área, por conta da sua integração”, explica Luiz Eduardo. Há

VLT, ligando a Rodoviária Novo Rio ao Aeroporto Santos


Dumont, deverá entrar em operação no início de 2016

30 | O Empreiteiro | Março 2015


Rio de Janeiro | Mobilidade Urbana

Trabalhos do VLT Carioca se concentram na construção


da calha para posterior colocação dos trilhos

muitas interferências pelo caminho do VLT Carioca, incluindo tubulações é na Praça Mauá, Avenida Rio Branco e Cinelândia onde se realizam
de água, esgoto e gás, cabos de dados e telefone, além de caixas de dre- as intervenções que mais exigem mobilização do consórcio responsável
nagem. E é a Cdurp que contata as concessionárias e proprietários das pela obra - segundo a empresa, existem quatro frentes de trabalho na
utilidades para promover o remanejamento. região portuária e duas na Avenida Rio Branco. 
Depois da remoção do asfalto da via com fresadora para abertura da

Custos e consórcio calha nos dois sentidos, processa-se a escavação, remanejamento de in-
terferências, serviços de arqueologia, preparação da base e, em seguida,
concretagem in loco. O engenheiro explica que o solo na região combina
A implantação do VLT Carioca tem custo orçado em R$ 1,2 bi- rocha e areia, com várias áreas de aterro.
lhão, sendo parte proveniente de recursos federais do Programa de Em paralelo, multidutos pré-fabricados estão sendo instalados
Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, e pouco mais de R$
na calha. Neles, passarão os sistemas elétricos e de dados do mo-
600 milhões viabilizados por meio de uma Parceria Público-Privada
dal. Em abril, está previsto o início dos assentamentos dos trilhos
(PPP) feita com o consórcio vencedor da licitação, responsável por
construir, operar e realizar manutenção do sistema durante 25 anos. 
e, posteriormente, da montagem dos sistemas - a integração será
O consórcio é formado pela CCR (24,4375%), Invepar (24,4375%), feita pela Alstom, que fornecerá também os trens (ver matéria nesta
Odebrecht Transportes (24,4375%), Riopar Participações, sócia do edição da revista). A calha (depois de pronta) ficará ao nível da via
Grupo CCR na CCR Barcas (24,4375%), Benito Roggio Transporte existente”, ressalta.
(2%) e RATP do Brasil Operações (0,25%). O Centro Integrado de Operação e Manutenção (CIOM) do VLT está
sendo erguido na Gamboa, sub-bairro da zona portuária - atualmente,
processam-se serviços de terraplenagem. No local também ficará a ad-
Obras na calha ministração do sistema.
Atualmente, os trabalhos do VLT Carioca se concentram na cons- Pontos de parada e estações de interligação com outros modais es-
trução da calha para posterior colocação dos trilhos. No trecho da zona tão no contrato da obra e ainda deverão ser construídos - a previsão do
portuária, onde se desenvolve o projeto Porto Maravilha, a reestrutura- consórcio é erguê-los no segundo semestre. De acordo com a Cdurp, não
ção urbana já promovida deixou parte do caminho do VLT pronto. Assim, está prevista desapropriação para passagem do VLT.

6 linhas e 38 paradas
 
Quando totalmente concluído, o VLT Carioca terá seis linhas, 38 para- MAPA COM AS 6 LINHAS PREVISTAS DO VLT CARIOCA
das e quatro estações, representando 28 km de extensão. O sistema poderá
transportar até 285 mil passageiros/dia.
O projeto privilegia a ligação intermodal, conectando o sistema com a Rodoviá-
ria Novo Rio, Central do Brasil (trens e metrô), Barcas e o Aeroporto Santos Dumont,
além dos BRTs, linhas de ônibus convencionais e o Teleférico do Morro da Providência.
Cada carro do VLT Carioca - com 3,82 m de altura, 44 m de comprimento e
2,65 m de largura e sete módulos articulados - trafegará com velocidade média
de 17 km/h e terá capacidade para até 420 passageiros.
O sistema não prevê uso das catenárias ou cabos aéreos para operação. O forne-
cimento de energia se dará com alimentação pelo solo (sistema APS).
“Será o primeiro VLT implantado no Brasil sem catenárias e esse pioneirismo
também é um desafio e uma responsabilidade para o consórcio”, destaca Carlos
Baldi, presidente da concessionária do VLT Carioca.

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Consórcio Rio Barra constrói dois mergulhões
O Consórcio Construtor Rio Barra (CCRB), responsável pelas
obras da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, executa duas passa-
gens subterrâneas (mergulhões) de retorno de veículos sob a aveni-
da Armando Lombardi, no bairro da Barra da Tijuca, na Zona Oeste
da cidade. Cada mergulhão terá uma faixa de rolamento, com 416
m de comprimento e 9 m de largura.
A obra exigirá a movimentação de 12.500 m³ de terra para
a escavação das passagens. A construção consumirá 4.100 m³ de
concreto, 600 m³ de asfalto e cerca de 1,2 mil t de aço. Atualmen-
te, ocorre a instalação do sistema de contenção do terreno para
escavação dos mergulhões, que consiste na cravação de estruturas
metálicas a aproximadamente 15 m de profundidade. A construção
mobiliza 110 trabalhadores.
Perspectiva das passagens
De acordo com o CCRB, as duas passagens estão sendo rodoviárias subterrâneas
construídas de forma coordenada com os túneis da Estação na Barra, parte do projeto
Jardim Oceânico da Linha 4 do Metrô e estarão disponíveis da Linha 4 do Metrô
para a população em meados do ano que vem. Os mergulhões
são uma solução nova para o viário do entorno da estação. A obra atende a uma antiga demanda da população local para melhorar
a fluidez do trânsito de automóveis naquela região da cidade. O projeto é uma parceria entre o governo do Rio, o CCRB e a CET-Rio.
(José Carlos Videira)

Sandvik fornece suporte


especializado para
Linha 4 do Metrô RJ
A Sandvik Construction fornece soluções para a indústria da
construção, abrangendo diversos negócios, como pedreiras, túneis,
escavação, demolição, construção de estradas, reciclagem e enge-
nharia civil. A empresa sueca, do Grupo Sandvik, é uma das principais
fornecedoras de suporte especializado de equipamentos e serviços de
manutenção para o Consórcio Construtor Rio Barra (CCRB), responsá-
vel pela obra da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro.
O setor oeste do projeto da Linha 4 do Metrô carioca consiste
na abertura de um longo túnel, com a maior parte da rota passando
abaixo da borda da cadeia de morros do Maciço da Tijuca. A CCRB
reuniu uma frota de nove jumbos – todos Sandvik – para o trabalho
vital de perfuração e desmonte com explosivos no setor oeste, afir-
ma o gerente de manutenção da CCRB, Euzair Rodrigues. Duas novas
unidades DD321-40C foram recentemente adquiridas, unindo-se a
outros jumbos, cuja eficiência já foi comprovada repetidamente pelas
empreiteiras do consórcio, explica Rodrigues.
Apenas ferramentas para rochas da marca são empregadas na
perfuração de rocha na Linha 4, “pois todo equipamento é bom e
dura”, afirmou o engenheiro de produção civil da empreiteira, Thiago
Sá Freire.

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Rio de Janeiro | Mobilidade Urbana

Foto: Divulgação
Nova planta tem área construída
de 16,8 mil m2, em terreno de 70 mil m2

Fábrica em Taubaté (SP) produzirá


27 trens do VLT Carioca
Unidade é a décima quinta da Alstom no Brasil Citadis terá capacidade para transportar um total de cerca de 400 pes-
soas sob o comando de um condutor, treinado pela fábrica.
e se dedicará exclusivamente ao modelo Citadis
Prazo curto de execução
A fábrica em Taubaté é contígua à mais antiga unidade da empresa
Guilherme Azevedo - Taubaté (SP) no País, uma planta hoje pertencente à Alstom Power, braço do grupo
do setor energético. A execução geral foi iniciada em abril de 2014 e

E
m terreno próprio e com área construída de 16,8 mil m², entrou em concluída em fevereiro deste ano: oito meses de obras do edifício pro-
operação em março a nova unidade fabril da Alstom no País. É a priamente dito e mais três de montagens de instalações internas. O pico
décima quinta planta da empresa no Brasil, erguida no mesmo en- da obra empregou 380 trabalhadores.
dereço onde se instalou pela primeira vez em solo nacional, há 60 anos, Segundo Ivo Micchi, responsável na Alstom pelo projeto básico e
em 1955: o município de Taubaté (SP), no Vale do Paraíba. Dedica-se executivo da fábrica, o sistema construtivo se orientou por metodo-
exclusivamente à fabricação de Citadis, o modelo de veículo leve sobre logias já consolidadas no mercado. Objetivo: evitar possíveis contra-
trilhos (VLT) da empresa. O investimento total no empreendimento é de tempos que comprometessem o cronograma, apertado. “A ideia foi não
R$ 50 milhões, com geração de 150 empregos diretos. complicar: ‘Vamos fazer aquilo que a gente já sabe que funciona, para
A primeira grande entrega da nova planta é o conjunto de 27 dos 32 ser rapidamente implementado’”, objetivou. Em síntese, a fábrica é um
trens do sistema VLT Carioca, que servirá o Centro do Rio de Janeiro, como galpão industrial retangular de alvenaria, com 7,6 m de pé-direito,
parte do programa de revitalização da área portuária, denominado Porto
Maravilha. Os outros cinco trens do contrato virão da planta da Alstom em
La Rochelle, na França. A previsão é entregar o primeiro trem produzido
em Taubaté em outubro deste ano. Do VLT Carioca, que se estenderá por
28 km, a primeira linha - das seis previstas - deverá entrar em operação
comercial no primeiro semestre do ano que vem, a tempo de contribuir
para a demanda de transporte de massa dos Jogos Olímpicos do Rio.
Cada unidade do modelo Citadis do VLT Carioca se constituirá de
sete carros e será livre de catenárias, isto é, não precisará de cabos para
Foto: Divulgação

Simplicidade direcionou construção.


captar energia em fios suspensos da rede elétrica. A alimentação de Na foto, execução do fechamento
energia dos trens se dará pelo solo, durante a parada nas estações. Cada lateral com telha trapezoidal

34 | O Empreiteiro | Março 2015


Rio de Janeiro | Mobilidade Urbana

fechamento com telha metálica trapezoidal e isolamento térmico com projeto que precisa de uma tecnologia bem desenvolvida”, pontua Micchi.
manta de vidro. “Toda a estrutura é leve. Hoje se consegue, com peso Uma estrutura específica mereceu atenção especial: o trilho, com
menor, usando menos aço, menos material, dar a mesma qualidade de extensão de 404,7 cm, para testes dinâmicos dos trens (conhecidos
suporte que se tinha há 50 anos com o dobro de peso, nas estruturas como DTT, dynamic track test, no inglês). É uma miniferrovia linear, que
compostas de pilares, vigas, treliças”, descreve Ivo Micchi. “A gente coloca o trem efetivamente para operar, de modo a analisar seu com-
tentou usar a expertise de mercado a favor da velocidade.” portamento dinâmico, depois de efetuados os chamados testes estáticos,
com a eletrificação dos carros. “É um ambiente controlado, fechado. É
Trilho de testes com 400 m de comprimento ali que conseguimos entregar para o cliente a qualidade-padrão que a
Embora planta com características semelhantes às de outras do grupo Alstom costuma entregar”, explica o executivo de obras.
em atividade no mundo, a unidade de Taubaté mereceu cuidados orienta- Uma outra característica também chama a atenção de quem visi-
dos localmente. “É um projeto tropicalizado devido às amplitudes térmicas ta as instalações da fábrica: a vasta presença de plataformas de trabalho
que temos aqui, muito calor e muito frio em um mesmo dia. As tolerâncias metálicas, fixadas a 2,50 m do chão e localizadas nas laterais. É que a maior
são muito severas, de inclinação de trilho, de coeficiente de atrito. Um parte dos equipamentos e controles dos Citadis situa-se no teto dos carros.
Daí a necessidade de o trabalhador intervir por cima das composições.

Viagens à Europa
“Implantamos código O contrato firmado com o consórcio VLT Carioca prevê também a transfe-
rência da tecnologia VLT para o Brasil. Essa tarefa está ainda em andamento,
de ética rígido” com viagens sucessivas de empregados da planta paulista para treinamentos
na Polônia, onde a Alstom mantém produção de Citadis. É a introdução da tec-
Acusada internacionalmente de nologia de um novo modal de transporte coletivo urbano, que faz recordar, por
Foto: Divulgação

pagar propinas para obter contratos, suas características de traçado e estrutura, os antigos bondes. A saudade aqui
prática que incluiria contratos do é futuro. A produção efetiva de Citadis em Taubaté ainda não tinha começado
Metrô de São Paulo, da Companhia
em março, mas a cadeia de fornecedores de insumos e peças já trabalhava
Paulista de Trens Metropolitanos e
aceleradamente para atender às demandas da planta.
do Metrô do Distrito Federal, a Als-
A consolidação do investimento feito, agora num momento econô-
tom diz agora monitorar relações de
seus empregados com rigidez. “Im- mico brasileiro mais delicado, não assusta os dirigentes da empresa, que
plantamos um código de ética ex- avaliam que o transporte metroferroviário no Brasil e na América Latina
tremamente rígido”, afirma Michel deva crescer a uma taxa de 5%, 6% ao ano. “Talvez 2015 e 2016 sejam
Boccaccio, vice-presidente sênior do anos mais difíceis, alguns projetos podem atrasar, mas a médio prazo
setor transporte da Alstom na Amé- com certeza vai crescer, porque os problemas de mobilidade urbana pre-
O vice-presidente
rica Latina. cisam ser resolvidos”, avalia Michel Boccaccio, vice-presidente sênior do
Michel Boccaccio
Com relação ao amadurecimento setor transporte da Alstom na América Latina.
da relação da empresa com entidades públicas, ou gestores públicos,
que tipo de aprendizado se teve ou se vai ter com as denúncias em
que a Alstom esteve envolvida, o chamado cartel do metrô? Ficha Técnica – Fábrica VLT
Há investigações, nós estamos colaborando com as autoridades e
aguardando o resultado delas. Não tem nenhuma novidade, eu diria. - Propriedade da obra: Alstom Transport LAM
- Localização: Taubaté (SP)
Mas a Alstom avalia [o caso] como um aprendizado? - Área do terreno: 70 mil m²
São histórias antigas, do fim dos anos 1990 e início dos anos - Área construída: 16,8 mil m²
2000. Hoje nós implantamos um código de ética dentro da Alstom - Início da obra: Abril 2014
extremamente rígido. Portanto, é ele que estamos seguindo hoje. - Conclusão da obra: Fevereiro 2015
Como é este código? - Construção, gerenciamento e projeto de arquitetura: AW
Construções
É extremamente rígido, sobretudo sobre o que pode e o que não - Projeto de engenharia: Green e AW Construções (principais)
pode ser feito. Está tudo definido, em termos de relacionamento - Projeto estrutural (projeto executivo): Medabil e Estrutural
com entidades públicas, relacionamento com clientes. Tem - Projeto de instalações hidráulicas e elétricas: Green
definição de qual é o valor [máximo] de um almoço que você pode - Paisagismo: Sollus Paisagismo
ter. É um código de ética extremamente detalhado sobre a conduta - Serviços de terraplenagem: Demoliterra
- Serviços de fundações: Produza e Helicebras
dos funcionários. - Montagem industrial: Engefel, CTA, Itakar, Metalúrgica
Isso é recente? Guará, MPO, Jonfra (principais)
Começou no início dos anos 2000 e está sendo sempre aprimorado - Principais fornecedores de máquinas, equipamentos,
com o treinamento que nós fazemos dentro da empresa. Um treina- materiais e insumos: Engefel, Demoliterra, Maxxi, Motriz,
mento mandatório para todos os empregados. (Guilherme Azevedo) FAMAC e Produza

36 | O Empreiteiro | Março 2015


Rio de Janeiro | Rodovias

Inaugurada em 1974, ponte


encurtou distância entre Rio
de Janeiro e Niterói e se tornou um
dos ícones da engenharia brasileira

Foto: Divulgação/Riotur
Ecorodovias surpreende e ganha nova
concessão da ponte Rio-Niterói
Empresa assume gestão a partir de junho guns até quase colegiais, com

Foto: Divulgação/Ecorodovias
encadernação de plástico escu-
com pedágio mais baixo do que o atual;
ro, do ponto de vista da apre-
execução de obras viárias complementares sentação. E todas as demais pro-
é escopo principal da concessão postas só foram maiores mesmo
no cálculo do valor do pedágio, o
que garantiu a vitória da Ecoro-
dovias. A que mais se aproximou
Guilherme Azevedo do vencedor foi a do Consórcio
Nova Guanabara (formado pelas

S
e tamanho não é documento, como diz o dito sábio popular, a empresas A. Madeira, Coimex,
realidade, entretanto, muitas vezes, cuida de o negar. Foi mais ou Urbesa e Rio do Frade), com pro- Marcelino Rafart de Seras,
presidente da Ecorodovias
menos o que ocorreu no leilão de concessão do trecho da BR-101/ posta de R$ 3,35900 (deságio de
RJ que vai do acesso à ponte Rio-Niterói (Presidente Costa e Silva) até o 35,23%).
entroncamento com a Linha Vermelha (RJ-071), realizado no dia 18 de A surpresa da disputa coube à atual concessionária da ponte Rio-
março, na BM&FBovespa, em São Paulo. -Niterói, a CCR, cuja proposta ficou apenas no quinto lugar, com tarifa
Após o ressoar da campainha, o leiloeiro, trajando paletó azul-es- básica de pedágio de R$ 4,24230 (deságio de 18,20%). Em tese, ao
curo entrecortado pela gravata vermelha, foi logo abrindo com estile- menos, seria a mais profunda conhecedora do sistema, pois o admi-
te o pacote da primeira proposta, entre as seis em disputa. Eram dois nistra há vinte anos. Em nota, a empresa justificou sua oferta, dizen-
grossíssimos volumes, com capa dura branca, empilhados um sobre o do que “levou em consideração a disciplina de capital, alinhada às
outro, perfazendo a proposta da Ecorodovias: resumida na tarifa básica premissas de governança corporativa e crescimento qualificado que
de pedágio no valor de R$ 3,28442, com deságio de 36,67% em relação têm norteado toda a trajetória da companhia”. Na mesma nota, se
ao valor fixado em edital. despediu formalmente desejando boa sorte ao novo concessionário e
Os volumes que viriam a seguir eram bem mais humildes, finos, al- afirmando que ele “receberá a ponte Rio-Niterói em excelentes con-

38 | O Empreiteiro | Março 2015


dições, moderna e com grande aprovação por parte de seus usuários e As seis propostas apresentadas no leilão
formadores de opinião”.
Tarifa básica
Empresa/Consórcio Deságio
de pedágio
Pedágio cai de preço em junho 1) Ecorodovias R$ 3,28442 36,67%
A vitória da Ecorodovias veio acompanhada de uma boa notícia para
2) Consórcio Nova Guanabara
os motoristas que trafegam pela ponte, decorrente do deságio do leilão: (A.Madeira, Coimex, Urbesa e R$ 3,35900 35,23%
a redução da tarifa de pedágio dos atuais R$ 5,20 para cerca de R$ 3,70 Rio do Frade)
a partir do próximo dia 1º de junho. É quando a nova concessionária 3) TPI – Triunfo R$ 3,86999 25,37%
assume efetivamente a gestão e a operação da ponte, depois de um 4) Infra Bertin R$ 4,14170 20,13%
período de transição compartilhada com a CCR. 5) Consórcio Ponte (CCR e CIIS) R$ 4,24230 18,20%
Ladeado pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, pelo mi-
6) CS Brasil R$ 4,78950 7,65%
nistro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, e pelo diretor-geral da
Fonte: BM&FBovespa/ANTT
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Bastos, entre
outros, o presidente do grupo Ecorodovias, Marcelino Rafart de Seras, se
mostrou seguro (“não tem mais doido”, afirmou) sobre o preço ofertado Marcelino classificou as obras assumidas como “simples”, do ponto de
e os compromissos agora assumidos com uma das obras de arte especiais vista da engenharia, e previu o aumento do tráfego na ponte, devido à
icônicas do País, essencial via de ligação entre a cidade do Rio de Janei- queda futura na tarifa. Estaria aí, portanto, um dos primeiros pontos a
ro e a região metropolitana do Estado, por onde trafegam diariamente trabalhar, assim que assumir a operação.
cerca de 150 mil veículos.
“A Ecorodovias fez um proposta justa para o ativo. Tanto que ga- Ligações rodoviárias
nhamos por diferença pequena”, avaliou o dirigente, vestido com terno O investimento no sistema da ponte Rio-Niterói, pela concessio-
escuro e em cuja face despontavam fios de uma barba grisalha por fazer. nária, será de mais de R$ 1 bilhão ao longo do período de trinta anos

www.revistaoempreiteiro.com.br | 39
Rio de Janeiro | Rodovias

da concessão, concentrado nos primeiros cinco anos. Entre as obras tituirá de 260 vigas de concreto pré-moldado protendido, sendo a
de melhorias que a Ecorodovias precisará executar, duas se destacam. maior parte com 39 m de comprimento. O projeto prevê a execução
A mais ampla delas é a de construção da alça de ligação da das peças num canteiro local, criado especificamente para a tarefa.
ponte com a Linha Vermelha, do lado do Rio. Conforme projeto exe- Do ponto de vista da mobilidade urbana, o objetivo, com a obra, é
cutivo elaborado pela Concremat e pela Projconsult, a via elevada evitar que os motoristas que vêm de Niterói com destino à Baixada
terá extensão de 2,5 km e tabuleiro variando entre 9 m e 10,7 m Fluminense e à rodovia Presidente Dutra (BR-116) utilizem a Aveni-
de largura, com uma pista de rodagem com duas faixas de tráfego, da Brasil, já saturada. O prazo para concluí-la é de até quatro anos.
faixa de segurança e passeio. A superestrutura do viaduto se cons- Outra obra de relevo a ser executada pelo concessionário é a pas-
sagem rodoviária subterrânea (mergulhão) sob a praça Renascença,
na direção da avenida Feliciano Sodré, em Niterói, que deverá estar
Cronograma de implantação das melhorias pronta em até dois anos. Segundo projeto executivo da EGT, a passa-
Prazo para gem terá extensão total de 511 m, com 366 m de rampas (contendo
Serviço/obra
implantação* duas ou três faixas de rodagem de 3,5 m de largura) e 145 m de
Execução de alça de ligação Ponte-Linha Vermelha 4 anos trecho enterrado (com três faixas de 3 m de largura). O projeto es-
Execução de mergulhão em Niterói 2 anos tabelece escavações mecânicas pelo método invertido, ou cover and
cut: primeiro executa-se a estrutura de cobertura, para se escavar
Execução de ligação entre a Ponte
5 anos em seguida, sucessivas vezes. Método adequado quando o objetivo
e a Av. Brasil (avenida Portuária)
Implantação de baias operacionais 2 anos
é interferir o menos possível no entorno. Obrigatório também será o
emprego de paredes-diafragma nas escavações abaixo do lençol fre-
Alargamento da rampa N4 no sentido Rio-Niterói
entre a Praça de Pedágio e o acesso à avenida 3 anos ático. Aqui, com a obra, visa-se melhorar a chegada à ponte do lado
Feliciano Sodré de Niterói, hoje congestionado na maior parte do tempo.
Alargamento do viaduto da rampa N12 e
3 anos
implantação de passeios nas rampas N11 e N12
Ampliação da praça de pedágio 1 ano
Implantação de retorno operacional na baia Caju
pela pista Norte
2 anos
Uma obra icônica
Melhoria da geometria dos pontos de ônibus da
2 anos A ponte Rio-Niterói é um dos símbolos concretos dos projetos
Ilha de Mocanguê e implantação de uma passarela
Substituição da estrutura metálica de proteção grandiosos (muitas vezes faraônicos) que caracterizaram o regime
2 anos militar que vigorou no Brasil de 1964 a 1985.
dos Duques d’Alba
Sua construção foi iniciada em 1969 e concluída em 1974,
Implantação de acesso para o Racon 1 ano
quando foi inaugurada a 4 de março, com o nome de Presidente
Implantação de nova pista flex 1 ano Costa e Silva, em referência a Artur da Costa e Silva, presidente-
Revitalização do sistema de drenagem ditador do Brasil de 1967 a 1969, ano em que veio a morrer.
1 ano
da Praça de Pedágio Do ponto de vista da engenharia, significou uma série de avanços de
Implantação de grades no elevado da Av. Rio de Janeiro 1 ano métodos construtivos, como o de concretagem submersa (30 m abaixo
do nível do mar) na execução de tubulões com ar comprimido, nas fun-
Implantação de grades de proteção nos acessos de Niterói 1 ano
dações. O emprego de cimento especial, resistente a sulfato, foi decisivo.
Melhoria no mecanismo de abertura A ponte Rio-Niterói representou também um sonho antigo: de
1 ano
das defensas desmontáveis
ligação rápida e direta entre Rio e Niterói, separadas pela baía de
Implantação de lamelas antiofuscantes Guanabara, e antes acessíveis apenas por barca ou rodovia totali-
1 ano
sobre a barreira central zando mais de 100 km de distância. (Guilherme Azevedo)
Substituição de barreiras de concreto 1 ano
Substituição dos atenuadores de impacto 1 ano
Implantação de 1 posto de observação adicional
1 ano
da PRF no sentido Rio-Niterói
Implantação de 1 posto de observação adicional
1 ano
da PRF no sentido Niterói-Rio
Foto: Alexandre Macieira/Riotur

Reforço em protensão adicional das aduelas


1 ano
– momento positivo
Reforço em protensão adicional das aduelas
4 anos
– momento negativo
*A partir do início do prazo da concessão / Fonte: Edital de concessão

40 | O Empreiteiro | Março 2015


Retomada
O leilão de concessão da ponte foi o primeiro do segundo mandato da
presidente Dilma Rousseff e deve significar um recomeço (ou continuida-
de) do programa federal de desestatização. Pelo menos foi o que sugeriu “Concessões e PPPs
o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, ao término do leilão: “Tenho
certeza de que o governo fazendo a sua parte, viabilizando esses projetos, são única saída”
mais e mais concessões como essa vão acontecer. Trabalhamos para que o
A conclusão do processo para renovar a concessão da pon-
que está acontecendo hoje aqui seja um evento normal da economia, que
te Rio-Niterói repercutiu positivamente no maior sindicato da
todo semestre tenha concessão”. Barbosa citou também uma série de es-
indústria da construção civil do País, o SindusCon-SP. Para a
tudos em avanço, nos modais rodoviário, ferroviário, aeroportuário (neste entidade, na voz de seu vice-presidente de obras públicas, Luiz
último modal já foram eleitos para concessão os aeroportos de Porto Alegre, Antônio Messias, “as concessões e parcerias público-privadas
Florianópolis e Salvador) e também hidroviário (incluindo dragagem). são hoje, principalmente pela falta de recursos dos governos
Já demonizada pelas correntes políticas mais à esquerda, a concessão para investimentos em infraestrutura, a única saída”. Segundo
à iniciativa privada de equipamentos e serviços públicos pode servir de Messias, para se obter a desejada transparência no processo de
estímulo real à economia, importante no contexto atual do Pais seguindo o concessão, basta seguir a legislação existente e principalmente
que países ditos desenvolvidos têm feito nos anos recentes, num reconhe- honrar os contratos, fornecendo a necessária segurança jurídica
cimento objetivo de que o governo, mesmo de economias ricas, não conse- para os investidores. O SindusCon-SP também é a favor da in-
gue mais arcar sozinho com os investimentos maciços de infraestrutura. Ter clusão de empresas médias no processo, por meio do fatiamento
das concessões em lotes e da aceitação de garantias financeiras,
um bom parceiro privado também eleva a autoestima. Porém, esse processo
como o finance project, e não somente o patrimônio da empresa.
precisa preservar certos critérios claros de regulação sobre o investimento
(Guilherme Azevedo)
e retorno, e cumpri-los à risca, de lado a lado. A transparência combate a
corrupção e gera empatia e confiança, que andam por aqui tão abaladas.

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Rio de Janeiro | TransOceânica

Promessa de décadas, projeto de ligação


à Região Oceânica começa em Niterói
Perfuração de túnel de 1,3 km é a etapa circula tanto em faixas segregadas como não exclusivas. A proposta é
que o BHLS trafegue nos bairros da Região Oceânica e depois ingresse
mais complexa do projeto
na faixa exclusiva da TransOceânica sem que os passageiros tenham que
fazer transbordo.
A TransOceânica terá 13 estações. A bilhetagem será realizada nas
Augusto Diniz - Niterói (RJ) estações. O corredor viário também contará com ciclovia.
Em Charitas localiza-se uma estação hidroviária que faz a linha de

U
m dos projetos de mobilidade mais antigos da região metropo- catamarã de Niterói para a praça XV, na cidade do Rio de Janeiro, cru-
litana do Rio de Janeiro, a TransOceânica deu início às obras em zando a baía de Guanabara. Por conta disso, deverá ser construído um
Niterói (RJ). A via expressa encurtará o tempo de mais de 1 hora terminal de atendimento aos dois modais.
de viagem para cerca de meia hora, entre os bairros centrais da cidade O investimento total da obra será de R$ 310,8 milhões, com recursos
e a Região Oceânica do município. Os trabalhos serão executados pelo do governo federal e da Prefeitura de Niterói. O prazo de execução é
consórcio Constran-Carioca Engenharia. de 24 meses e a previsão é terminá-la no final de 2016. O BHLS deverá
Um túnel de 1,3 km será construído ligando os bairros de Cafubá transportar cerca de 150 mil passageiros/dia.
(Região Oceânica) e Charitas. No total, a TransOceânica terá 9,3 km de O projeto é um antiga reivindicação da cidade e existe desde quando
extensão (ligando os bairros de Engenho do Mato e Charitas) e atenderá Niterói era capital do Estado do Rio.
11 bairros que compõem a Região Oceânica. A Região Oceânica é a que mais cresceu no município na última
A estrada terá duas vias de veículos em cada sentido e mais duas década e a população chega a 70 mil habitantes. A precariedade do
em cada direção dedicadas ao sistema BHLS (Bus of High Level of Ser- transporte público na área faz com que moradores usem quatro vezes
vice) - o modal é um aperfeiçoamento do BRT (Bus Rapid Transit): ele mais automóvel do que o restante do município.

Na foto menor, o terminal hidroviário de Charitas


hoje; na imagem maior, como ficará o sistema
viário próximo à estação do aerobarco

42 | O Empreiteiro | Março 2015


Sistema BHLS ligará bairros da Região Oceânica
à Charitas, onde existe um terminal hidroviário

Além de 9,3 km de via, serão feitos 11,2 km de requalificação urbana lizados na pavimentação de concreto da TransOceânica e o restan-
no entorno da via. te será disposto em pedreira no município vizinho de São Gonçalo.
O túnel terá duas galerias: 1.350 m sentido Charita-Cafubá e A prefeitura afirma que as desapropriações devem chegar a 19 uni-
1.338 m sentido Cafubá-Charitas. O volume escavado em rocha deve dades totais e 79 unidades parciais, além da realocação de 98 imóveis
alcançar 270 mil m³, sendo que 20 mil m³ desse volume serão uti- em situação de risco.

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Rio de Janeiro | Saneamento

Concessionária busca feito raro


de universalização em Niterói até 2018
Empresa de Niterói investe R$ 120 milhões de depuração da água a ser tratada. A
prefeitura utiliza a água da unidade para
para realizar obras de esgotamento sanitário
limpeza de logradouros e praças na ci-
dade. Um acordo estabeleceu que a água
da ETE seja utilizada na perfuração do
túnel da Transoceânica (ver matéria des-
Augusto Diniz - Niterói (RJ) sa obra nesta edição).
Um convênio entre o Instituto Esta-

U
ma estação de tratamento de esgoto em construção e mais dual do Ambiente (Inea) e a Secretaria
duas a ser erguidas, além de ampliação da rede de esgoto Municipal de Meio Ambiente permite
em sítios localizados. Feito isso até 2018, Niterói, cidade do um trabalho mais intenso da concessio-
Grande Rio, terá chegado à universalização de saneamento — meta nária junto da população, para se pro- Nelson Gomes, da Águas
rara alcançada entre cidades brasileiras. ceder à ligação das casas com a rede de de Niterói: Mais R$ 120 mi
de investimento
É o que promete a Águas de Niterói, concessionária do grupo Águas esgotamento em implantação.
do Brasil, que ainda possui mais 12 concessionárias pelo País no serviço Nelson Gomes afirma que, de 2015 a 2018, a Águas de Niterói deve
de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. aplicar, no total, R$ 120 milhões para alcançar a meta de coletar e tratar
“Hoje, 92% da população é atendida por esgotamento sanitário e a 100% do esgotamento de Niterói. “Devemos ainda aplicar mais R$ 40
meta é chegar à universalização em 2018”, afirma Nelson Gomes, supe- milhões em obras na rede de abastecimento”, diz.
rintendente da Águas de Niterói. A cidade tem atualmente sete ETEs e
projeta a construção de mais três nos próximos anos. Planta de dessalinização
Desde 1999, quando assumiu a concessão, até 2014, a Águas de Ni-
Novas estações terói já aplicou R$ 500 milhões na melhoria do serviço de água e esgoto.
A ETE Maria Paula, com capacidade de tratar 95 l/s, está entrando
na fase de fundação da estrutura. Foi preciso fazer uma ponte sobre
um córrego, para dar acesso ao terreno onde a ETE será construída. A
previsão é de ficar pronta até o final do ano com investimento de R$
23 milhões.
Paralelamente, na região, está sendo feita a expansão de rede de es-
gotamento. Há oito frentes de trabalho para abertura de vala, colocação
da tubulação e fechamento. “Pegamos um trecho por vez, onde fazemos
tudo em um dia só”, conta Nelson.
Ano que vem, a concessionária começa a construir a ETE Badu e a
implantação de rede coletora de esgoto na região. O investimento é de
R$ 27 milhões.
Por fim, em 2017, pelo cronograma, estão programadas a implanta-
ção da ETE Sapê e da rede coletora de esgoto na localidade. Esta obra
está avaliada em R$ 24 milhões.
O superintendente lembra que recentemente foi ampliada a ETE de
Itaipu e que uma outra na mesma região, a de Camboinhas, também será
ampliada — a vazão atual desta estação é de 80 l/s, mas depois das obras
chegará a 164 l/s.
A construção da ETE de Maria Paula e as ampliações das de Itaipu e
Camboinhas têm uma só explicação: as duas ficam em áreas de expan-
Fotos: Augusto Diniz

são da cidade. Oito frentes de trabalho para


A ETE Itaipu é terciária e, por isso, tem grande capacidade de gerar abertura de vala, colocação
água para reúso - as ETEs terciárias são caracterizadas por maior grau da tubulação e fechamento

44 | O Empreiteiro | Março 2015


Projeto da futura ETE de Maria Paula

A empresa obteve inicialmente 30 anos de concessão, mas o contrato foi estendido por mais 13
anos por conta do cumprimento de metas.
O superintendente explica que a universalização de abastecimento de água foi alcançada em
2001. A Águas de Niterói recebe da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), que fornece
a Niterói, por meio do sistema Laranjal, 2.000 l/s de água.
Quando a concessionária assumiu a gestão do serviço há pouco mais de 15 anos, o forneci-
mento era de 1.800 l/s. De acordo com Nelson, o aumento no fornecimento de apenas 200 l/s,
feito recentemente, tem uma justificativa, mesmo com a expansão populacional grande da cida-
de: “Quando assumimos, havia 45% de perda de água na rede. Hoje, está em 16%”.
A redução da perda possibilitou que se mantivesse o fornecimento de 1.800 l/s da Cedae por
muito tempo. “Automação, combate à ligação clandestina, substituição de rede e manutenção
do parque de hidrômetro ajudou a diminuir significativamente a perda de água”, conta. Existem
três linhas da Cedae que abastecem Niterói, mas uma delas será desativada até o meio do ano.
Niterói não tem manancial de água, o que é motivo de preocupação da Águas de Niterói. Por
conta disso, a empresa trabalha em caráter ainda embrionário de um futuro projeto de planta
de dessalinização em Itaipu, para a produção de 100 l/s para, assim, abastecer parte da Região
Oceânica - que consome 300 l/s de água.
“O alto custo deixou o projeto em linha de espera, mas tende a cair o preço desse tipo de
empreendimento”, avalia Nelson Gomes. A iniciativa de dessalinização é uma das primeiras de
uma empresa de saneamento no País.
Niterói possui sete ETEs e projeta
mais três nos próximos anos

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Fotos: José Carlos Videira
Rio de Janeiro | Sul Fluminense

Arte: Divulgação
Hotel em Resende utiliza Perspectiva artística

estrutura metálica de 500 t do Venit Hotel Resende

José Carlos Videira - Resende (RJ) O engenheiro conta que prumo, níveis, alinhamentos e outras me-
didas são mais precisos em estrutura metálica do que em concreto. “Por

A
estrutura do futuro hotel da rede Venit, na cidade de Resende, na ser parafusada, não tem como encaixar em lugar diferente para a qual
região sul do Estado do Rio de Janeiro, vai consumir 500 t de aço. ela foi projetada”, reforça Corrêa.
De acordo com o engenheiro civil Alexandre Corrêa, gerente de Segundo o engenheiro, construir com metal viabiliza vãos maiores,
Contrato da Lafem Engenharia, empresa responsável pela construção do com estruturas mais baixas. Isso ajuda na arquitetura, no entreforro, na
empreendimento, o uso de estrutura metálica garante rapidez, limpeza, altura do pé-direito, nas instalações. “Em alguns casos, existem vigas
precisão e economia na obra. que seriam mais difíceis de se fazer usando concreto”, diz.
“A grande vantagem do aço é Corrêa conta que a piscina do Venit, com cerca de 90 mil litros de
possibilitar uma estrutura até 30% capacidade, ficará na cobertura. Segundo ele, se a estrutura fosse de
mais leve do que se fosse feita em concreto, “a viga teria de ficar muito maior, e talvez nem coubesse na
concreto”, ressalta o engenheiro. Se- arquitetura do empreendimento”.
gundo ele, a estrutura metálica alivia
a fundação, e isso reflete diretamen- Industrialização
te nos custos dessa etapa. Outro pon- A obra do Venit Resende ainda privilegia outros processos de cons-
to que pesou na decisão pelo aço na truções industrializadas, como sistemas drywall e fechamento com pla-
obra do Venit foi a escassez de mão cas de vidro nas fachadas. “Tudo isso vem em kits para ser montado
de obra no setor de construção civil no local e com mão de obra fornecida pela maioria dos fornecedores”,
na cidade de Resende. Corrêa diz que afirma Corrêa. O engenheiro lembra que a Lafem mantém trabalhadores
Corrêa, da Lafem: Estrutura trabalhar com estrutura metálica não de apoio na obra, entre os quais eletricistas, carpinteiros, serventes, além
até 30% mais leve exige mão de obra intensiva, como é de engenheiros e técnicos que fazem todo o acompanhamento e geren-
o caso da construção com concreto. “No pico da obra, 50 homens dão ciamento da obra do novo hotel em Resende.
conta do recado”, calcula. O engenheiro explica que toda a estrutura metálica é fabricada fora

46 | O Empreiteiro | Março 2015


No pico da obra, apenas 50
funcionários dão conta do recado

da obra pela Codeme, em Minas Gerais. Segundo ele, as peças prontas chegam à obra apenas para
ser instaladas. “É um grande jogo de montar”, define Corrêa. Ele conta que, ao mesmo tempo em
que estavam sendo realizadas as obras das fundações do prédio, as estruturas metálicas já esta-
vam sendo fabricadas. “Tão logo se liberou espaço na obra, a estrutura começou a ser montada
no local”, diz.
Cerca de 30% do total da obra está concluído e metade da estrutura metálica já está mon-
tada, calcula o engenheiro. O término das obras está previsto para o primeiro semestre do ano
que vem.
O engenheiro conta que toda a estrutura metálica se apoia sobre as 70 estacas com hélice
contínua, escavadas a 13 m de profundidade, com diâmetro variando de 0,70 cm a 0,90 cm. “Arra-
samos todas as estacas em menos de uma semana com o uso de um arrasador hidráulico alugado
da Fantini, de São Paulo”, lembra Corrêa. Segundo ele, sem esse equipamento teria demorado
mais de um mês. Além disso, o custo foi menor e houve menos ruído para a vizinhança.
A escavação do subsolo exigiu a remoção de 5.800 m³ de terra. É lá onde ficarão casa de

Polo automotivo fluminense


já é o segundo do Brasil
A região Sul do Estado do Rio de Janeiro tem atraído investimentos de indústrias de
vários segmentos, notadamente do setor automobilístico. Segundo dados do governo do Rio,
a região deve receber R$ 12 bilhões em investimentos até o ano que vem.
O município de Resende é sede da Man Latin America e Nissan, e a região ainda abriga
a PSA Peugeot Citroën e Hyundai. Com inauguração prevista para o ano que vem, a britânica
Jaguar Land Rover vai investir R$ 750 milhões para instalar sua fábrica em Itatiaia.
As montadoras constroem seus parques industriais na região e atraem centenas de ou-
tras fornecedoras de peças. Também contribuem para gerar um fluxo intenso de pessoas.
Esse público é o foco do Venit Hotel Resende.
Às margens da Rodovia Presidente Dutra, a cidade de Resende é cortada pelo rio Paraíba
do Sul, e tem população estimada pelo IBGE (2014) em 124 mil habitantes. É o 23º município
mais populoso do Estado (2012), e ostenta o terceiro maior PIB da região, com R$ 3,8 bilhões
(IBGE/2005), e o 15º do Estado do Rio de Janeiro.

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Rio de Janeiro | Sul Fluminense

Parafusos garantem a fixação


de cada peça no seu devido lugar

Escadas são produzidas com metal


e também chegam prontas à obra

bombas, reservatório de água potável, entre outras áreas de apoio, além Venit Hotel, em Resende, é uma obra mista. “De uma forma geral, o aço
da garagem do prédio, com 54 vagas. “Um sistema pressurizado vai fazer ganha em quase todos os quesitos do concreto, na parte da superestru-
a água chegar em todo o prédio, sem necessidade de reservatório no tura”, frisa. Porém, Corrêa ressalta que, no que se refere à infraestrutu-
alto do edifício”, afirma. No subsolo ainda ficará o reservatório de águas ra, caso da fundação, o concreto ainda é insuperável. “Não existe até o
cinza para reúso em descargas dos banheiros do hotel. momento nenhum elemento que o substitua”, pontua.
Corrêa frisa que não foi necessário o rebaixamento de lençol freático O engenheiro lembra ainda que as lajes dos pisos serão feitas com
no subsolo, pois a água está na cota menos dez. “Estamos a cerca de 500 concreto, tipo steel deck, com espessura de 15 cm, com manta acús-
m do rio Paraíba, a mais ou menos 20 m de altura com relação ao nível tica. “Conforme avançamos a estrutura metálica, aplicamos a laje”,
do rio”, afirma. “O terreno é bem consolidado e a obra das fundações foi ressalta Corrêa. Ele explica que é importante já ir aplicando a laje para
trabalhada toda no seco”, diz. o travamento na base, à medida que a estrutura metálica vai ganhando
altura, para ajudar na estabilização da edificação. “Enquanto a estru-
Cuidado tura não é travada até o teto, cabos de aço auxiliam nessa operação
Na avaliação do engenheiro responsável pelo empreendimento, o de montagem.”

Empreendimento será opção para acomodar executivos


O novo empreendimento hoteleiro surge na esteira do crescimento industrial que vem sendo vivenciado nos últimos anos em Resende e
toda região Sul Fluminense. O hotel será opção de acomodação corporativa para executivos e técnicos que trabalham ou visitam a localidade,
principalmente o polo automobilístico que se instala na região.
“Resende tem mais opções na categoria turística”, afirma o engenheiro Alexandre Corrêa, da Lafem Engenharia, responsável pela obra.
Segundo ele, a cidade vai ganhar seu primeiro hotel categoria executiva, 4 estrelas.
Com projeto arquitetônico do escritório RRA, de Ruy Rezende, o Venit Hotel Resende tem investimento de R$ 25 milhões. Localizado num
ponto alto da cidade, bem próximo ao hospital Unimed, o edifício terá fechamento todo em vidro, e deverá se destacar na paisagem local.
O hotel terá 105 acomodações, com metragem que varia de 25 m² a 35 m², distribuídas em oito pavimentos, incluindo térreo e mezanino.
Salão de convenções, sauna, academia, restaurante, bar e piscina, no terraço do edifício, são alguns dos serviços que serão oferecidos pelo
empreendimento aos seus hóspedes.
O projeto do hotel prevê itens que privilegiam a economia de água e energia. O reúso de água deve garantir economia de 15% na conta total do
empreendimento, e o aproveitamento da energia dos elevadores por meio da tecnologia drive regenerativo que, segundo Corrêa, pode economizar
até 75% da energia gasta pelos elevadores.
A arquitetura privilegia muito a iluminação e a ventilação naturais, além de proporcionar conforto técnico e acústico aos usuários do hotel.
O objetivo, segundo os empreendedores, é obter o selo Procel de eficiência energética.

48 | O Empreiteiro | Março 2015


Formas para a concretagem das lajes
dos pavimentos, que ajudam a dar
sustentação à edificação

Corrêa conta que um cuidado especial, no caso de estruturas metálicas, é com as interfaces
do aço e as vedações. Por exemplo, quando o aço entra em contato com a alvenaria, com blo-
co cerâmico, com drywall, entre outros elementos, é preciso tratamento e boa execução. “São
setores que podem rachar ou causar trincas”, adverte.
A obra do Venit Resende não vai precisar de juntas de dilatação, conta o engenheiro. “O edi-
fício tem 40 m de comprimento. Portanto, estamos dentro do limite da norma que exige juntas de
dilatação a cada 40 m de construção em estrutura metálica”, diz.

Desafio
O espaço útil no local da obra, segundo o engenheiro, foi um dos desafios enfrentados pela
equipe da Lafem Engenharia na obra do Venit, em Resende. O terreno de 1.686,72 m², onde estão
sendo erguidos 8.201,60 m² de obra total, permite pouca flexibilidade. “Nosso canteiro de obras
precisou avançar um pouco sobre a calçada, com autorização da Prefeitura”, diz.
Todo o içamento, que deverá chegar até 30 m, é feito com guindaste sobre rodas, estacionado
no local. “Optamos por não instalar grua e utilizar guindaste para ter mobilidade mais fácil dentro
da obra”, conta Corrêa. Segundo o engenheiro, se houver necessidade de içamento de alguma
peça mais pesada, a ideia é utilizar guindaste com maior capacidade, operado a partir da rua. “As
operações de içamento têm de ser realizadas com o máximo de cuidado e atenção, haja vista a
altura e o peso das peças” diz. Corrêa lembra que há vigas de aço com até 3 t de peso.

Ficha Técnica - Hotel Venit Resende (RJ)


- Propriedade da obra: FAA Participações e Empreendimentos Imobiliários
- Projeto de arquitetura: Ruy Rezende Arquitetura (RRA)
- Projeto de engenharia: Infraestrutura Engenharia
- Projeto executivo: Alpha e Codeme
- Projeto de instalações hidráulicas e elétricas: Instal Engenharia
- Gerenciamento e construção: Lafem Engenharia
- Montagem industrial: Codeme e Itefal
- Terraplenagem: GRC Construtora
- Fundações: Enbrageo Engenharia e Perfurac Engenharia
- Principais fornecedores de máquinas, equipamentos, materiais e insumos: Engemix
(concreto), Fortemix (concreto), Brasil Glass (vidros), Itefal (alumínio/fachada
unitizada) e Codeme (estrutura metálica)

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Linhas de Transmissão

Modelo da Airship para transporte


de pessoas e equipamentos para
trabalhos em áreas de difícil acesso

Zepelim voará na Amazônia


para inspecionar e fazer manutenção na rede
Será um dirigível moderno a serviço da Eletronorte. pois, com o desenvolvimento da tecnologia, surgiram o Graf Zeppelin e o LZ
129 Hindenburgo, com capacidade para travessias transoceânicas. Eles voa-
Mais leve do que o ar, a plataforma ADB-3 30E
vam como grandes hotéis iluminados. No dia 22 de maio de 1930 um desses
transportará técnicos, equipamentos objetos voadores, mais leves do que o ar, pousou no Brasil, em Pernambuco.
e materiais nos serviços de inspeção e manutenção A invenção adquiriu modernos contornos de viabilidade em fevereiro
do ano passado, quando a Centrais Elétricas do Norte do Brasil S. A. (Ele-
em lugares de acessos ínvios tronorte) e a Airship do Brasil Indústria Aeronáutica (ADB) apresentaram, à
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), projeto para desenvolver uma
plataforma aérea destinada a facilitar os trabalhos de inspeção e manuten-
ção de linhas de transmissão, em especial aquelas instaladas em regiões de
Nildo Carlos Oliveira difícil acesso, por causa de selvas, rios, lagos e montanhas. Em resumo, na
Amazônia Legal, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mara-

N
a prática é uma inovação que dá uma volta no tempo. E os estudos nhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
realizados para demonstrar a viabilidade dessa inovação mostram Os técnicos que defenderam o uso do zepelim naquelas operações con-
que os dirigíveis podem ser utilizados, com vantagens econômicas, sideraram que, por força de lei, as concessionárias que exploram ativida-
para resolver complexidades logísticas. É a constatação de que a invenção des ligadas ao setor elétrico precisam aplicar parte de seu faturamento em
do conde alemão Ferdinand Adolf Heirinch Von Zeppelin, nascido em 1839 e pesquisa e desenvolvimento de inovações capazes de melhorar a prestação
falecido em 1917, não ficou sepultada no tempo. Pode ser atualizada, repen- de seus serviços e reduzir custos para o consumidor final. É investimento
sada e empregada, desta vez com outros fins; não apenas para transportar que pode ser, depois, reembolsado pela Aneel, desde que o projeto se revele
cargas ou passageiros. comprovadamente eficiente e se traduza em ganhos reais para o mercado.
Em sua época, o conde produziu uma aeronave, em forma de charuto, Marcelo de Felippes, diretor de relações institucionais da ADB, informa
que sobrevoou o lago Constanza, na fronteira da Alemanha com a Suíça. De- que, pelo contrato firmado pela empresa com a Eletronorte, cabe à Airship

50 | O Empreiteiro | Março 2015


Rômulo Lopes diz que a operação da plataforma é outro aspecto que
ainda está sendo modelado. Antecipa, contudo, que há duas opções em es-
tudo. A primeira é a operação própria, a ser feita totalmente pela Eletronor-
te, o que implicará investimento da empresa na formação e capacitação das
pessoas para aquele fim; e, a segunda, é a terceirização da operação.
“Ressaltamos, no entanto”, informa ele, “que embora a manutenção
operacional seja feita pelo operador (a Eletronorte ou um terceiro), a ma-
nutenção mais profunda, mais pormenorizada, será realizada uma ou, no
máximo, duas vezes ao ano. E acontecerá na base de manutenção da Airship
do Brasil, na fábrica de São Carlos (SP).” Obviamente, dependendo do desen-
volvimento de outros projetos, a ADB poderá instalar outra base, semelhante
à de São Carlos, na Região Norte.
A invenção de Ferdinand Zeppelin a serviço hoje da
manutenção de linhas de transmissão As empresas
do Brasil desenhar e fabricar o dirigível. Já a Eletrobras e a Eletronorte ficam A Airship é empresa especializada na concepção, fabricação e comer-
com a responsabilidade de desenvolver as ferramentas e instruir técnicos cialização de aeronaves destinadas a proporcionar soluções de manutenção
para essa nova forma de realizar os serviços, incluindo os de prevenção, nas a linhas de transmissão. Ela foi constituída em 1990, a partir de um projeto
linhas de transmissão. que teve a participação do Exército Brasileiro e reuniu diversas empresas
Ao final, o uso correto da plataforma e das ferramentas resultará na públicas e privadas que viram, no uso de dirigíveis, uma vantajosa solução
mudança total do procedimento daquelas atividades. Invariavelmente os para problemas de logística, sobretudo em regiões de geografia adversa. Em
técnicos têm realizado o trabalho de baixo para cima, escalando as altas 2005, a ADB começou a estruturar-se em São Carlos, cidade paulista consi-
torres transportando ferramentas pesadas. Com a plataforma, o processo derada polo de pesquisa e desenvolvimento de projetos na área aeronáutica.
se inverte. As ferramentas serão dispostas no alto das torres, a partir do Ela pertence ao Grupos Transportes Bertolini (TBL) e à Engevix, uma das
dirigível, e o trabalho será realizado de cima para baixo, com maior rapidez e maiores empresas de engenharia consultiva do País. Cada empresa proprie-
produtividade. Dada a facilidade das intervenções, estas poderão ser progra- tária tem participação de 50% na constituição da ADB.
madas para ser realizadas preventivamente, de modo a que soluções sejam
antecipadas, antes que problemas ocorram. No caso de estragos provocados
por fenômenos meteorológicos ou de vandalismo, os reparos poderão ser
feitos rapidamente e com eficácia.
Os estudos para a elaboração do projeto consideraram o aspecto his-
toricamente deficitário da infraestrutura da região amazônica e as novas
e extensas redes de transmissão, construídas para ligar as hidrelétricas da
Região Norte, como Santo Antonio e Jirau, aos consumidores do Sul e do Su-
deste. O uso do dirigível e a visualização que ele proporciona podem acelerar
a solução de problemas provocados por aqueles fenômenos.

Os aspectos técnicos
Rômulo Antonio Frederico Lopes, gerente de Sistemas Estratégicos da
ADB, explica que o dirigível será construído com materiais modernos, cujas
principais características serão o baixo peso e a alta resistência. Nas partes
rígidas haverá emprego de materiais compósitos e, onde isso não seja pos-
sível, se optará pelo uso de ligas metálicas leves. Nas partes tênseis (não-
rígidas) haverá uso de materiais têxteis. O envelope, a parte que conterá o
gás mais leve do que o ar, e os balonetes (estruturas que ficam no interior do
que ele chama de envelope, destinados a controlar a pressão interna) serão
construídos com várias camadas de tecidos e filtros específicos.
Embora haja dados do projeto ainda em fase de estudos, a empresa
informa que a demanda da Eletronorte prevê que o dirigível ADB-3-30E terá
capacidade para transportar, além da tripulação (dois pilotos e dois mes-
tres de carga), uma equipe-padrão de manutenção formada de seis a oito
pessoas. Ele poderá, portanto, transportar entre dez e 12 pessoas, incluindo
passageiros e tripulantes.

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Edificação Hospitalar

Prédio de oito andares ancora


novo edifício de 20 pavimentos
A engenharia adotada na ampliação do hospital, em área central Nildo Carlos Oliveira
de São Paulo, permitiu a construção de um dos edifícios, de 20

O
projeto da ampliação do Sírio-Libanês,
pavimentos, sobre a estrutura antiga do prédio de oito andares. Naquela concebido e elaborado pelo escritório
e nas outras duas novas edificações houve uso de tecnologias de ponta de arquitetura L+M Gets, refere-se
apropriadamente a uma espécie de “implan-
Grua operando no estreito limite te arquitetônico”. O termo explica o êxito
da edificação antiga com a da obra, executada num hospital em opera-
construção da nova estrutura
ção normal, que ficou durante todo o tem-
po, mesmo no pico dos trabalhos, que reuniu
contingente de mais de 1.300 pessoas, imune
a qualquer possibilidade de interrupção. São
três torres: E (a maior – com 20 pavimentos),
F (com 14 pavimentos) e G (com 17 pavimen-
tos), somando área construída da ordem de
72 mil m². Na prática, o hospital, que antes
da reforma possuía 350 leitos, passa a dispo-
nibilizar 710, com maiores e mais modernas
instalações.
Desde o começo das obras, em 2011, es-
tava claro que a construção, a cargo de duas
empresas experientes, a Método Engenharia
e a Schahin Engenharia, exigiria um conjunto
de tecnologias novas e uma infinidade de pe-
quenos cuidados do ponto de vista de plane-
jamento, gerenciamento e exigências logísti-
cas. A rigor, elas não dispunham de área para
a instalação de canteiro. Os trabalhos teriam
de ser desenvolvidos no espaço da estrutura
do hospital, na Bela Vista, no enclave das ruas
Nicolau dos Santos e Barata Ribeiro e Daher
Cutait, junto à antiga praça 14 Bis, ao lado da
av. Nove de Julho. As construtoras teriam de
respeitar a história do bairro, da vizinhança
(grande parte residencial) e a especificidade
da rotina das atividades hospitalares.
As primeiras instalações foram inaugu-
radas em agosto de 1965. Resultaram de um
generoso trabalho humanitário da então So-
ciedade Beneficente de Senhoras, que convo-
cou empresários e médicos, entre eles o dr.
Daher Elias Cutait, hoje nome de rua no local
e que foi o primeiro diretor clínico do hospi-
tal, a fim de materializar a ideia da constru-
Fotos: Divulgação

ção do estabelecimento hospitalar.


Construído naquela época e ampliado

52 | O Empreiteiro | Março 2015


As soluções logísticas
Os engenheiros Gustavo Aguiar (Método Potencial Engenharia) e
Jorge Hercos (Schahin Engenharia), ambos gerentes de contrato, rela-
cionam as principais dificuldades no curso da construção e chamam a
atenção, em especial, para a questão das soluções logísticas. “Entende-
mos”, enfatiza Gustavo Aguiar, “que o maior problema foi mesmo fazer
essa construção com o hospital em funcionamento. A região não aju-
dava muito. É extremamente urbanizada, havia restrição de circulação
de veículos pesados e as operações ininterruptas de carga e descarga
de equipamentos e materiais, além da movimentação de trabalhadores,
não poderiam prejudicar pacientes nem o trabalho dos funcionários e
Gustavo Aguiar (Método Potencial) e Jorge Hercos (Schahin) das equipes médicas. Tudo precisava ser feito num ambiente de abso-
luta normalidade”.
conforme o aumento da demanda e da necessidade da aquisição e uso Jorge Hercos reforça: “Praticamente não havia espaço para estoca-
de novos equipamentos, ele veio a exigir uma reforma mais ampla de gem de materiais. O canteiro era o local da própria evolução das obras.
suas instalações em anos recentes. E a construção dos novos espaços Pudemos dispor de um terreno pequeno, aqui perto, para algum apoio,
deveria considerar essa história, seu desenvolvimento e a excelência mas local para um canteiro mesmo não havia. E teríamos de proceder
dos serviços continuamente prestados. O projeto de arquitetura, e a à operação de transporte vertical dos equipamentos e materiais simul-
engenharia adotada, levaram em conta aqueles parâmetros, sobretudo taneamente ao avanço das obras.”
os requisitos para a continuidade e a manutenção do padrão daqueles Aguiar lembra que as construtoras chegaram a contar com sete
serviços. Por isso, o processo para a conquista da certificação LEED elevadores cremalheiras funcionando ao mesmo tempo. “Tivemos que
Gold tornou-se uma consequência natural. replanejar, mudar as cremalheiras de posição, utilizar adicionalmente

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Edificação Hospitalar

quatro gruas e outros equipamentos, para manter o fluxo do transporte o projeto da expansão incluía na torre E uma quantidade de andares e
de homens e materiais.” cargas superiores ao que fora inicialmente previsto.
Alguns dos elevadores cremalheiras tiveram de ser instalados se- Para a manutenção desse programa de obras, houve necessidade de
gundo dimensões previamente especificadas para o transporte de pai- reforço nas fundações originais, recorrendo-se a diversas soluções técni-
néis de fachadas e de outros elementos. cas. Uma delas previa o aumento da seção do tubulão. Para isso, procedia-
Os dois engenheiros salientam que durante todo o tempo da cons- -se à escavação das laterais do tubulão, a execução de novos tubulões ad-
trução — e em especial antes desse processo — o trabalho mais no- jacentes para aumento da seção e, posteriormente, a concretagem de novo
tável de engenharia foi o planejamento. “Não dá para executar um bloco também com maiores dimensões. Em alguns casos houve também
serviço dessa natureza, considerando-se as restrições já menciona- o aumento de secção de pilares e, em outros, o reforço de pilares, vigas e
das, sem, antes, cuidar do planejamento em todas as suas fases e lajes com concreto de alto desempenho e fibra de carbono.
minúcias: as soluções logísticas, a entrada e saída dos trabalhadores, Fazer o reforço de um tubulão, cuidando-se ao mesmo tempo
a instalação de refeitório (selecionamos um local no meio da torre e, do bota-fora do material escavado, em uma área restrita onde não
depois, em outros lugares da torre em construção conforme o anda- havia como movimentar equipamentos, foi um trabalho de extre-
mento dos trabalhos). O refeitório, que funcionou nessas circunstân- ma complexidade. E deu certo. Há um pormenor que ilustra o grau
cias, operava em três turnos. E havia, paralelamente, os cuidados com dessa operação: era preciso reforçar o tubulão encravado na cen-
higiene e saúde, tomando-se precauções quanto a ruídos, difusão de tral de geradores, sem que estes fossem desligados. Os engenheiros
pó e prevenção para neutralizar fatores dessa ordem, que pudessem mandaram fazer o isolamento da área no espaço exíguo de 2 x 2
causar desconforto aos pacientes internados nas torres anteriormen- m, com um planejamento específico da parte de segurança do tra-
te construídas”. balho. Depois do reforço e da concretagem do bloco foi removido
o isolamento.
Um espaço construído em cima de outro A colocação de uma estrutura maior sobre uma estrutura an-
O projeto do bloco D, construído nos anos 90, já previa uma expan- tiga e menor implicava o planejamento para que os pavimentos ali
são futura. Tanto é que as fundações — tubulões e sapatas — tinham sido acrescentados tivessem peso específico menor. Por isso, optou-se,
concebidas e executadas levando em conta essa possibilidade. Contudo, na construção desses novos pavimentos, pelo emprego de estrutu-

As obras, já no avanço
da etapa final, na cobertura

54 | O Empreiteiro | Março 2015


O heliponto, construído segundo parâmetros
modernos e considerando demanda futura

Os trabalhos no térreo, com amplos espaços


de alvenaria e vidro, também foram realizados
restringindo a difusão de pó e ruídos

ras metálicas, como laje steel deck, que dispensa escoramento, reduz internos. Foi empregada alvenaria somente na caixa da escadaria e
gastos com desperdício de material e facilita a execução, permitindo no poço dos elevadores (que somaram 29 novos equipamentos), para
maior rapidez construtiva. Além disso, tanto na torre maior (E) quan- o qual foi executada uma fundação específica. Até mesmo a concre-
to na torre F, que ancora oito pavimentos sobre uma estrutura antiga tagem das lajes e alguns elementos foi efetuada com concreto de
houve o uso da tecnologia drywall e steel frame nos fechamentos baixo peso específico.

Medidas para modernizar instalações


A obra de ampliação do Hospital Sírio-Libanês moderniza também as instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado. O hospital
conta com uma usina de geração formada por três geradores a diesel de 3,4 MVA cada um e outro de 2,5 MVA. O sistema provê energia elétrica
no caso de falha da concessionária e permite o uso da opção de geração com diesel no horário de pico (17h30 às 20h30). Para economizar água,
o esgoto proveniente dos lavatórios, chuveiros, pias e também a água de chuva coletada na cobertura são tratados e reutilizados nos sistemas
de ar-condicionado, de irrigação e de bacias.
Os barramentos blindados, que possuem maior capacidade de condução de corrente em relação à distribuição com cabos, e que contribuem
com a diminuição da perda por queda de tensão, também podem ser usados. Esta solução, um pré-requisito para o LEED, permitiu uma redução
significativa tanto do custo como do espaço ocupado pelos alimentadores.
O ar externo quente e úmido é resfriado e desumidificado, possibilitando a otimização da qualidade do clima interno. “Para o aquecimento
da água, optou-se pelo uso de bombas de calor, que oferecem melhor eficiência do que um sistema elétrico ou a gás”, conta Raymond Khoe,
engenheiro da MHA Engenharia, que realizou os projetos de elétrica, hidráulica, incêndios, gases medicinais, sistemas eletrônicos, controle de
fumaça, pressurização de escadas, climatização e ventilação das novas torres.
O sistema de monitoramento realiza o controle e ajustes das demandas de energia. De acordo com as variações de carga térmica e intensi-
dade de luz natural, o sistema de automação otimiza o uso dos equipamentos de ar-condicionado e a iluminação artificial em qualquer horário
do dia ou da noite.
Para tornar a instituição mais funcional e reunir os sistemas de segurança do complexo e das novas torres em uma única nova sala, foi
realizado o retrofit dos equipamentos da central de água gelada (CAG).
Os sistemas de distribuição principal de baixa tensão em barramentos blindados viabilizam a conexão de novas linhas de alimentação, Sis-
tema de Segurança (Controle de Acesso e CFTV PoE) e Chamada de Enfermeira com tecnologia IP. Trafegam na rede corporativa, o que facilita a
expansibilidade dos sistemas da instituição.
Outra novidade, prevista para as novas torres, é o controle de fumaça. Ele extrai mecanicamente a fumaça e faz a reposição mecânica de ar
limpo. Em caso de incêndio, as pessoas podem ser retiradas com segurança.
Durante o processo de obras do hospital, houve preocupação com a escolha dos materiais a ser utilizados, optando-se por aqueles que apre-
sentassem alta durabilidade, resistência à corrosão, facilidade para substituição e gabinetes com espaços adequados para permitir manutenção.
Por uma questão de complexidade no controle do tratamento de água, foi descartado o reúso de água das bacias sanitárias e da água pluvial
coletada no pavimento térreo.

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Edificação Hospitalar

À exceção das torres E e F, a G foi construída pelo método con- de aplicação também específica. Com essa solução foi executada a laje,
vencional, a partir de escavações, contenção com parede-diafragma e dotada de contrapisos armados em toda a área do pavimento de modo
fundação com estacas barretes, solução que permitiu simultaneamente a proporcionar a isolação acústica prevista e a produtividade necessária.
a construção do subsolo e a contenção do terreno, de modo a proporcio- Além disso, forro, paredes, portas e outros elementos são dotados de
nar proteção às fundações dos prédios vizinhos. No conjunto, são quatro solução acústica própria.
subsolos totalizando 17 pavimentos. A fachada também possui uma solução de alto desempenho. Adota
alumínio composto e vidro especial.
As instalações e segurança
As instalações hospitalares exigiram um cuidado especial. O su- Certificação LEED
primento de energia elétrica, gases medicinais, água fria, água quen- O empreendimento busca a certificação LEED Gold. E tem argu-
te e água gelada para o sistema de ar-condicionado foram ampliados mentos decisivos para a obtenção dessa conquista. O projeto, nesse
e interligados aos sistemas existentes do hospital em funcionamen- sentido, foi submetido ao Green Building Council, que validou pontos
to. Foi construída também uma usina de geração de energia com que ele especificou: utilização de águas de reúso, aquecimento das
capacidade de 8.750 kVA e instalados geradores backup com 4.500 instalações com placas solares, telhados verdes e outras soluções que
kVA de potência, além de nobreaks de 900 kVA de potência, que distinguem as edificações do ponto de vista da consciência da susten-
constituem um sistema seguro de abastecimento de energia. Para o tabilidade ambiental.
abastecimento de água gelada do sistema de ar-condicionado foram É dentro dessa conceituação que as três torres foram construídas,
instalados chillers com capacidade total de 3.040 TRs. O sistema de seguindo um cronograma segundo o qual elas vêm sendo liberadas e
água quente é suprido por aquecimento solar, trocadores de calor entregues para funcionamento, seguindo diversas etapas.
elétricos e caldeiras a gás, demonstrando a redundância necessária Os dois engenheiros dizem que, hoje, os acabamentos se encontram
para assegurar o abastecimento ininterrupto de que um hospital de na fase final e dentro de uma estratégia em que o planejamento dos
ponta necessita. trabalhos constitui uma grande lição, dentro da arquitetura e da enge-
nharia voltada para a humanização das edificações hospitalares.
No meio do caminho, uma estrutura protendida
Essas ampliações implicariam um sistema inteligente de circulação
entre as edificações, para que pacientes, visitantes e outros usuários não Ficha Técnica - Ampliação Hospital Sírio-Libanês
se sintam deslocados ao passar de um ambiente para outro.
- Obra: Ampliação do Hospital Sírio-Libanês, em SP
Em meio ao sistema de circulação há uma estrutura que requereu - Construção: Método Potencial Engenharia S. A. e Schahin
cuidado singular na construção. Trata-se de uma laje com vão-livre Engenharia S. A.
de 24 m. As construtoras executaram essa laje de ligação com vigas - Projeto de arquitetura, iluminação, caixilharia e fachada:
Escritório L+M Gets
de concreto protendido, porque exatamente naquele local não seria - Projeto da estrutura de concreto e metálica: ETCPL
possível fazer uma nova fundação. Ela se localiza em um subsolo, em - Projetos de instalações elétrica, hidráulica, automação
área em operação permanente. A solução foi construir uma estrutura e telecomunicação: MHA
livre, protendida, e engastá-la nas estruturas fixas laterais (blocos F e - Fundações: Consultrix
- Reforços estruturais: Escale
G). Para escorar o primeiro pavimento foi feita uma estrutura metálica - Projeto de acústica: Passeri Arquitetos Associados
provisória para apoio das escoras, sem comprometer as atividades do - Lajes steel deck: Metform
pavimento inferior. - Consultoria Leed: CTE
- Outros fornecedores:
Estruturas metálicas (Codeme e Usiminas)
Tecnologia de ponta Acústica (Sotreq, Harmonia, Isonar)
Gustavo Aguiar e Jorge Hercos são unânimes: da fundação à conclu- Fachada (Tecnofeal e Alubond)
Esquadrias (Alumitre, Dipanny, Metálika)
são das novas instalações, nunca se deixou de empregar tecnologia de Impermeabilização (Proiso e Proassp, Unimper)
ponta. Uma solução que reforça essa afirmativa é a execução do contra- Forro tensionado (Clipso e Diarco)
piso. A premissa do projeto, nesse sentido, é de que ele fosse considera- Contenção (Geofix)
do um contrapiso acústico. Além da laje, a concretagem seria realizada Mármores e granitos (Di Mármore)
Elevadores e escadas rolantes (Atlas Schindler)
sobre uma manta acústica. Iluminação (Trilux)
Como se dispunha de áreas muito amplas, os responsáveis pela Ar-condicionado (Servtec)
construção decidiram fazer alguns testes iniciais e observaram que po- Instalações elétricas e hidráulicas (Temon)
Sistemas eletrônicos (Bettoni, MML, JCI, Eritel, Teleinfo, Schneider)
deria haver o risco de empenamento. É que o concreto, consistindo de Gases Medicinais (Air Liquid)
uma placa muito fina, da ordem de 5 cm a 7 cm, resultaria num pano Correio Pneumático (Aerocon)
muito grande que se retrairia na face superior. Para evitar isso, foi desen- Consultor de concreto de alto desempenho (Prof. Paulo Helene)
Consultor de fachadas (Paulo Duarte)
volvida uma solução própria — um traço especial de concreto com um
aditivo, mantendo-se um controle tecnológico específico e uma forma

56 | O Empreiteiro | Março 2015


Recursos Hídricos

A mudança deve ser de paradigma


Especialistas propõem medidas para racionalizar Luciano Amadio, presidente da Associação Paulista dos Empreiteiros de
Obras Públicas (Apeop), lembrou que a atual condição pré-falimentar do
a demanda da água, como a substituição
sistema de abastecimento se deveu muito mais a uma espécie de deus-
incentivada de vasos sanitários, a exemplo -dará. “Houve atraso no planejamento e nas obras [estruturantes]. Não foi
do que fez Nova York (EUA) só a seca, não.” No fechamento do fórum, horas mais tarde, o presidente
executivo do Instituto Cyrela, Aron Zylberman, chegaria à mesma conclusão:
“Deus e São Pedro não têm nada a ver com isso. É uma crise antropocêntrica,
Guilherme Azevedo nós a construímos”.
Mônica Porto defendeu também a configuração do que chama de “ci-

E
specialistas do setor de construção e engenharia avaliam que a cri- dades resilientes”, isto é, capazes de resistir a eventos climáticos extremos,
se hídrica, que atinge dramaticamente a Região Sudeste e a região como o de agora. Segundo ela, são três condições a ser observadas para a
metropolitana de São Paulo, em específico, é uma condição que cidade resiliente, do ponto de vista do consumo de água: 1) Enfrentar me-
veio para ficar e, por isso, exigirá a adoção de novas medidas e padrões lhor as ameaças, ou seja, adotar medidas estruturais, como a criação de mais
que configurem mudança de paradigma. reservatórios; 2) Diminuir as vulnerabilidades via identificação de pontos fra-
O “Fórum Água – Contribuições da Construção Civil para os Desafios cos e aumento da redundância do sistema, por exemplo interconectando os
da Crise Hídrica”, organizado pelo Sindicato da Construção Civil do Esta- sistemas produtores; e 3) Reduzir a exposição ao risco, com diminuição do
do de São Paulo (SindusCon-SP) no fim de fevereiro, na capital paulista, consumo por meio de uma série de medidas, como a construção de edifícios
foi lugar para compartilhamento dessa inteligentes e sustentáveis.
Foto: Divulgação

nova cultura de uso e reúso da água.


Segmento importante no manejo Programa para troca de vasos sanitários
da água, devido ao consumo elevado, Américo Sampaio, coordenador de saneamento da pasta de Recursos Hí-
a indústria da construção disse estar dricos do governo estadual paulista, defendeu uma medida efetiva de gestão
disposta a contribuir para mitigar os da demanda: o apoio oficial à “substituição em massa” de vasos sanitários
problemas e participar do encaminha- antigos por mais modernos, com redutores de pressão. Medida como essa,
mento das questões: “Estamos prontos citou, foi executada com sucesso em Nova York (EUA) e na Cidade do México
para executar e participar de ações pelo poder público. Em Nova York, a troca somou 1,9 milhão de vasos, com
estruturadas entre o setor público e incentivo público por unidade de US$ 100,00. “Cada vaso trocado equivale a
o privado”, anunciou o presidente do 200 litros de economia de água por dia”, contabilizou. Segundo Sampaio, o
SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, investimento na substituição dos aparelhos se pagaria em nove meses. O co-
Ferraz Neto: Construção
na abertura do encontro. A água é item ordenador informou também que ações contra perdas de água tratada serão
promete parceria
fundamental em qualquer obra, como foco de investimento de R$ 6 bilhões da Companhia de Saneamento Básico
componente ou ferramenta. É preciso, por exemplo, segundo engenheiros, do Estado de São Paulo (Sabesp), obtidos com financiamento internacional. A
entre 160 litros e 200 litros de água para a confecção de um m3 de con- perda física na rede paulista gira hoje em torno de 20%, segundo ele.
creto. Segundo o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), a Outro “vilão” do consumo excessivo de água identificado no fórum foi
construção civil pode responder, sozinha, por 50% ou mais do consumo de o chuveiro. Segundo Plínio Grisolia, consultor e coordenador de programas
água potável ofertada numa região. de uso racional da água, hoje até um terço da água tratada pela Sabesp tem
como destino chuveiros residenciais. Grisolia então comparou: a vazão de um
Da gestão da oferta para a gestão da demanda chuveiro nos Estados Unidos é de 0,15 l/s, ao passo que no Brasil é de 0,80 l/s.
O fórum também contou com a participação de gestores públicos, No caso das torneiras, a vazão é de 0,15 l/s, lá, e de 0,27 l/s, aqui. Sua sugestão
como a secretária-adjunta de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, antidesperdício é simples e econômica: a instalação nos chuveiros e torneiras
Mônica Porto. Ela defendeu a ampliação do foco da gestão dos recursos brasileiros de restritores/redutores de vazão. Uma peça como essa gira em tor-
hídricos para a demanda, isto é, deixando de ser praticamente exclusiva no de R$ 25,00, em lojas do ramo na Grande São Paulo, e promete economia
da gestão da oferta. Isso significa, segundo a engenheira, a adoção de de até 40% de água.
mecanismos para fazer cair o consumo no seu ponto final. “O maior O encaminhamento da crise hídrica para uma situação de normalidade
sucesso da gestão da demanda está em fazer as pessoas economiza- dependerá, portanto, de grandes medidas estruturantes, como a construção
rem sem perceber”, receitou. A adoção da hidrometração individualiza- de reservatórios e plantas de reúso, e de simples e pequenos novos gestos e
da, sobretudo em grandes condomínios residenciais, foi defendida pela equipamentos. A condição que subjaz a tudo é um espírito mais comunitário
secretária-adjunta e seria incentivada também ao longo dos debates, na e solidário, consciente de que a água é um bem comum do qual todos, sem
fala de outros palestrantes. exceção, dependem. A fonte é uma só.

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Imagem: Odebrecht Realizações Imobiliárias
Desenvolvimento Urbano

Fotos: Guilherme Azevedo


Empreendimento se localiza junto da Marginal
Pinheiros e terá área construída de 600 mil m2;
à direita, parede-diafragma de 20 m de altura
contém fundação profunda

Pré-engenharia condiciona boa execução


Empreendimento multiúso, Parque da Cidade, produção. “A gente está aprendendo”,

Foto: Guilherme Azevedo


confirma mestre Agnelo.
em SP, racionaliza construção após seguidos estudos
e discussões; complexo terá edifícios corporativos, A muralha
comerciais e residenciais A elevada profundidade de esca-
vação exigiu a construção de muralha
acastelada de concreto: uma parede-
-diafragma de 40 cm de espessura e
Guilherme Azevedo 20 m de altura, que forma um L, re-
cobrindo 100 m de comprimento, de

A
zul. O céu é azul. Azul é o dia. Azul é o amor sereno. Azuis são um lado, e 150 m, de outro. A muralha
os olhos do homem. Os olhos desse homem, escorado no gradil é varejada por sete linhas de tirantes O mestre Agnelo Pereira
Casanova: Fundações
metálico sob o azul do dia. O homem de cabelos brancos e de aço, cada um deles com 20 m de
complexas exigem inovação
olhos profundamente azuis. O homem simpático, sorridente, a fala profundidade. A magnitude da parede
de um homem simples e sábio, capaz de rir de si mesmo e construir é condição contra a movimentação do solo, servindo, assim, de escora,
coisas belas. Os azuis por detrás das lentes translúcidas dos óculos. e faz as vezes ainda de barreira contra a infiltração de água, algo im-
O homem fala do trabalho, do aprendizado contínuo, da novidade, portante numa obra à beira-rio, na várzea. Os tirantes serão retirados
da questão que surge e com a qual precisamos lidar. Tanto na obra assim que a estrutura da edificação possa nela encostar e tudo se aco-
quanto na vida. mode. Esse edifício em execução, a propósito, será um shopping center
O homem de olhos azuis, carapinha branca, escorado no gradil, ca- no térreo (com área bruta locável de 22,4 mil m2), encimado por uma
pacete claro no cocuruto, é um mestre da vida prática, um mestre da torre corporativa de 28 andares, que, incluindo o subsolo e andares de
vida aprendida no chão firme e também movediço, como é o de tantos serviços, alcança cerca de 40 lajes. Compõe a segunda fase de execução
canteiros. Mestre Agnelo Pereira Casanova vai para 63 anos de vida e 40 do Parque da Cidade, pertencente à Odebrecht Realizações Imobiliárias.
anos de obra. “Estou começando”, sorri. O empreendimento se tornará um complexo multiúso com cerca de
A questão que o movimenta, assim como sua equipe de valentes 600 mil m² de área construída, distribuído por uma área total de 83,7
operários (sim, um operário, como o sertanejo, e muitos deles vêm mil m² na região da avenida Chucri Zaidan, na Zona Sul de São Paulo.
mesmo lá do sertão, é antes de tudo um forte), é a execução de estru- Ali grandes empresas vêm fixando escritórios em desmedidos arranha-
tura subterrânea que formará seis subsolos, quando o edifício estiver -céus desde o início dos anos 2000, sobretudo, transformando a região
pronto. Algo, dizem por aqui, no canteiro do empreendimento Parque numa nova centralidade paulistana. Processo que incluiu a demolição de
da Cidade, junto da marginal do rio Pinheiros, em São Paulo, inédito centenas de imóveis residenciais e o desmonte de grandes e pequenas
no País. “Isso nunca foi feito. É uma obra rara e complexa, comum favelas, como a do Canão, onde nasceu um dos grandes nomes da músi-
apenas no Japão”, sublinha o engenheiro Eduardo Muccia, gerente de ca nacional, o rapper Sabotage.

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O Parque da Cidade se compõe de dez edificações: cinco torres Primeiro projeto que coordena

Foto: Divulgação/Odebrecht
corporativas (totalizando 180 mil m2), uma de escritórios (com 612 para a Odebrecht Realizações Imo-
escritórios e 27 mil m2), duas de apartamentos (com 399 unidades), biliárias, em que ingressou há três
um shopping e um hotel (com 25 mil m2). Também está projetada a anos e meio, Frare conduziu a for-
construção de seis restaurantes. O valor geral de vendas estimado pelo mulação e a submissão do pré-mó-
empreendedor é de R$ 4 bilhões. A expectativa é entregar todo o em- dulo de engenharia (nome dado ao
preendimento em 2020, quando se prevê a circulação diária de cerca projeto básico na empresa) do Par-
de 65 mil pessoas (empregados de escritórios locais, moradores e po- que da Cidade ao escrutínio de um
pulação flutuante). colegiado de engenheiros e técnicos,
As obras foram divididas em etapas. A primeira, que inclui a constru- espécie de sabatina tradicional na
ção de duas torres corporativas, está em fase final e deve ser entregue construtora, realizada presencial-
em outubro deste ano. O conjunto que engloba o shopping center e uma mente. Essa fase, segundo ele, feita Eduardo Frare, diretor
de construção, valoriza
torre corporativa deve estar pronto no fim de 2016. Os dois edifícios de idas e vindas, permitiu a identifi-
planejamento
residenciais devem ser executados por último, ou conforme demanda de cação e correção de possíveis falhas
mercado. Serão 399 unidades de alto padrão, que devem atrair cerca de de projeto, com a incorporação de sugestões de profissionais gabaritados,
mil moradores. com longa experiência de outras obras de grande porte. “Você precisa ir de
peito aberto [para essas reuniões] e foi muito legal.”
Sabatinas Sentado numa sala de reunião do conjunto administrativo construí-
O diretor de construção do Parque da Cidade, o engenheiro Eduardo do no canteiro, onde trabalham cerca de 80 pessoas, Frare vai situando o
Frare, sabe como e por que acertou até aqui: com o firme planejamento, direcionamento geral do trabalho: “Pensando no Parque da Cidade, que
fase chamada de pré-engenharia. Com Frare e parte de sua equipe já é um grande empreendimento imobiliário situado numa área urbana de
alocados no terreno do empreendimento, a pré-engenharia começou um São Paulo, nosso intuito foi estudar e viabilizar sistemas construtivos
ano antes do início da execução propriamente dita e incluiu estudos que pudessem não só ter uma viabilidade econômica, porque isso é im-
das melhores oportunidades, como escolha da logística de canteiro e de portante, como também reduzir o impacto da mão de obra do canteiro”.
soluções estruturais de construção. Hoje, são mais de mil operários trabalhando e no pico o número deve-
rá subir para 2,5 mil. Dificuldade dramática é a logística, tanto dentro
quanto fora do canteiro. A região do empreendimento, situado entre
a avenida Chucri Zaidan e a Marginal Pinheiros (avenida das Nações
Projeto inclui ponte Unidas), é altamente urbanizada e registra tráfego intenso de veículos e
congestionamentos nos horários de pico.
sobre rio Pinheiros
Concreto produzido no canteiro
Localizado numa área antes ocupada pela fábrica de bicicle- Daí uma das medidas adotadas ser exatamente a de reduzir a neces-
tas Monark, o Parque da Cidade deverá atrair um conjunto de 65 sidade de circulação de caminhões mediante a instalação de uma usina
mil pessoas todos os dias, quando estiver inteiramente pronto. Nas de concreto no canteiro, com fornecimento da Polimix. Ela serve direta-
contas dos empreendedores, serão 25 mil pessoas fixas (de traba-
mente a central de pré-moldados de concreto local, com a produção de
lhadores e moradores locais) e outras 40 mil flutuantes. As duas
torres residenciais totalizam 399 unidades, com 155 m2, 185 m2,
Foto: Divulgação/Odebrecht

215 m2 e 240 m2 de área, e população residente estimada em mil


pessoas. O empreendimento multiúso terá acesso livre, por exem-
plo, ao parque linear com 22 mil m2 de área verde.
Na questão da mobilidade urbana, de forma a minimizar o im-
pacto do esperado fluxo elevado de pessoas (e automóveis), o pro-
jeto prevê fácil conexão com transporte público, estímulo ao uso
da bicicleta (com estrutura de ciclovia interna, bicicletários e ves-
tiários) e programa de incentivo a carona, com vagas preferenciais
para carros compartilhados.
Uma das grandes intervenções no entorno será a execução de
uma ponte sobre o rio Pinheiros. A ponte Itapaiuna terá 658 m
de extensão, com vão de 113 m e três faixas de rolagem em mão
única. Sua execução, pelo sistema de balanços sucessivos, teve
início em julho de 2014 e deve terminar em janeiro do ano que Execução da fase 2 do Parque da
vem. (Guilherme Azevedo) Cidade. Inclui torre corporativa e
shopping center, com seis subsolos

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Desenvolvimento Urbano

pilares e pré-vigas, e os caminhões-betoneira para transporte interno, seu entorno. “Nós elevamos a régua de certificação no Brasil. Não temos
até a área de execução. As lajes alveolares, usadas na execução dos an- dúvida disso.” Observação a conferir, na evolução dos trabalhos.
dares, também pré-moldadas, já chegaram prontas ao local. A capacida-
de de produção diária da usina é de 500 m3 por dia. “Importante foi nós Ficha Técnica – Parque da Cidade
mitigarmos e reduzirmos os impactos de atraso com relação ao concreto.
- Propriedade: Odebrecht Realizações Imobiliárias
Você produz o seu concreto aqui, no canteiro. E se deixa de ter atrasos, - Valor do contrato: R$ 4 bilhões (valor geral de vendas)
se deixa também de ter custos extras”, contabiliza Eduardo Frare. A es- - Localização: Av. Nações Unidas, 14.401, Zona Sul de São Paulo
trutura inclui laboratório de ensaios e testes de qualidade, por exemplo, - Área do terreno: 83,7 mil m²
- Área construída: 600 mil m² de área
de resistência, com engenheiro especialista encarregado da tarefa. - Início da obra: março de 2013
- Conclusão da obra: primeira fase em outubro de 2015 /
Verde que te quero verde empreendimento completo em 2020
- Construção: Odebrecht Realizações Imobiliárias
Se azuis são os olhos, será verde o empreendimento? Engenheiros, - Consultoria em sustentabilidade: Arup
arquitetos, projetistas e operários têm seguido à risca preceitos de sus- - Projeto de arquitetura: Aflalo & Gasperini Arquitetos
- Projeto executivo: Pasqua & Graziano Associados e França
tentabilidade, como os de racionalização e redução do uso da água, da & Associados Engenharia
energia, da emissão de CO2, manejo inteligente de resíduos e otimização - Projeto de instalações hidráulicas e elétricas: Projetar
do uso do solo. Práticas integrantes da execução e que farão parte da - Paisagismo: Pamela Burton & Company e DW Santana
- Serviços de terraplenagem: Engeilha
operação do futuro empreendimento, de forma ampliada. O projeto do - Serviços de fundações: Geofix e Tecnogeo
Parque da Cidade foi incluído no Climate Positive Development Program, - Montagem industrial (pré-moldados para o shopping center):
iniciativa do grupo C40 Cities Climate Leadership, parceria da Fundação CPI Industrial
Clinton com o U.S. Green Building Council, como comunidade de baixa - Principais fornecedores de máquinas, equipamentos,
materiais e insumos: Locabens (gruas e cremalheiras);
emissão de carbono. É também candidato à certificação LEED-ND (Nei- IV Transportes (locadora de guindastes)
ghborhood Development), pela possibilidade de impactar positivamente

Espaço é projetado para atender


a dois tipos de atividades
Novo empreendimento está sendo finalizado
no Vale do Paraíba paulista. Inicialmente
será usado como centro de convenções,
mas poderá se transformar em loja

Augusto Diniz - Taubaté (SP)

À
s margens da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), em área de ex-
pansão comercial e residencial, ao lado do distrito industrial de Arquiteto Sérgio Matos e Ricardo Ferro:
Taubaté (SP), nasce complexo que poderá ter o maior centro de Expansão dobrará tamanho atual do empreendimento
convenções do Vale do Paraíba paulista. Trata-se do Tangaroa, formado e deve entrar em operação em abril. Composto de dois níveis, no su-
ainda por um hotel (com início de obra previsto para abril) e um futuro perior se localiza um grande salão, com pé-direito de 12 m e 44 m de
prédio comercial (projeto em desenvolvimento). vão; no nível inferior, cinco salas para reuniões e eventos menores, com
O centro de eventos tem um custo de R$ 12 milhões e o hotel, R$ pé-direito de 6 m.
15 milhões - parte dos recursos está sendo financiada pela Agência de Ricardo Ferro, proprietário do empreendimento, explica que já pro-
Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP), do governo do Estado. A área jeta a ampliação do espaço, dobrando seu atual tamanho. “Isso fará com
total do complexo é de 30 mil m². que tenhamos o maior centro de convenções do Vale do Paraíba”, diz.
O centro de convenções está em fase de montagem eletromecânica Depois de expandido, o espaço terá no total 4,5 mil m².

60 | O Empreiteiro | Março 2015


Centro de convenções, em fase de montagem
eletromecânica, deve entrar em operação em abril

Fotos: Augusto Diniz


O projeto contemplou possível ampliação a partir da face do fundo em loja em caso de mudança do escopo do negócio - já existe um shop-
da edificação, com painéis de fechamento colocados de forma removível. ping em funcionamento num terreno próximo ao Tangaroa.
A fachada fica de frente para a rodovia a e a recepção, na lateral do pré- O arquiteto responsável pelo projeto, Sérgio Matos, explica que a
dio - todo esse trecho da edificação foi construído em sistema estrutural terraplenagem foi um grande desafio da obra. “Havia uma declividade
glazing (vidro e perfil metálico; foram utilizados 1.400 m² de vidro com do terreno de mais de 20 m. Foi intenso o trabalho de aterro”, conta. O
proteção solar para diminuir entrada de calor). volume de terraplenagem alcançou 60 mil m³.
“O desafio foi definir o tamanho da edificação, pois seria o primeiro A estrutura do centro é pré-fabricada com cobertura metálica. A Dâ-
da cidade no estilo hall (de salas flexíveis e dispostas a atender diferen- nica forneceu painéis de fechamento lateral e cobertura termoacústicas.
tes modalidades de evento)”, conta Ricardo. Embora atuante no segmen- O piso do centro de convenções é de laje alveolar. O acesso ao centro
to - o empresário possui um dos buffets de eventos mais conhecidos da será de piso intertravado.
região -, ele explica tratar-se de uma experiência nova em Taubaté para
o segmento de eventos. Hotel
Por conta disso, o local foi projetado para se transformar também O hotel 3 estrelas, a ser construído ao lado do centro de convenções,
terá administração da rede hoteleira Ramada. Ele terá 150 quartos e
Estrutura do centro é pré-fabricada
cerca de 5 mil m² de área construída. Serão 15 meses de obra. A ter-
com cobertura metálica raplenagem da área esta em fase final para dar início aos trabalhos de
fundação. A responsabilidade da obra é da MB Construtora.

Ficha Técnica - Centro de Convenções Tangaroa


- Projeto: Arqtecto (Sérgio Matos)
- Construtora: Planius
- Soluções pré-fabricadas: Premovale
- Instalações: Legacy
- Fundações: Sotef Engenharia
- Fornecimento de ferro e aço: Nadai
- Iluminação: Mundial Lux
- Projeto Ambiental: Agra Consultoria
- Sistema glazing: Art’s Alumínio Elegance
- Painéis de fechamento e cobertura termoisolantes: Dânica

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Indústria de Máquinas

Case faz lançamentos


e divulga agenda positiva
Nildo Carlos Oliveira — Sorocaba (SP) Carlos França, gerente de Marketing, informou que a escavadeira
CX220C foi projetada na planta de Contagem (MG) e tem em vista o
A Case Construction, que integra a CNH Industrial, inaugura 2015 com atendimento do maior número de aplicações exigidas pelo mercado.
o lançamento da escavadeira hidráulica CX220C, da classe de 20 t a 24 t Ela apresenta cabine capaz de assegurar a integridade física do
e da versão XR da pá-carregadeira 721E. Adicionalmente, apresenta uma operador em caso de acidentes e opera com motor de 145 HP. Este,
agenda positiva de trabalho, baseada no fato de que o Brasil continua com com as melhorias do sistema hidráulico, garante eficiência maior do
forte demanda por obras de infraestrutura e potencial de crescimento. que o modelo anterior. Além disso, o motor tem certificação Tier 3. O
Ao fazer os lançamentos, Roque Reis, vice-presidente da empresa sistema hidráulico inteligente funciona de forma coordenada com a
para a América Latina, disse que não dá para imaginar que um país como potência do motor.
o Brasil permaneça estagnado. Por isso, acredita que ele será destravado A versão XR da pá-carregadeira 721E une peso operacional (14,12 t)
a fim de voltar a crescer. Assim, serão desenvolvidas obras de sanea- e potência de motor (182 hp) com o braço alongado, e altura de descar-
mento; haverá construção de reservatórios de água para abastecimento ga de 4,374 m. A versão standard tem 3,977 m. Ela funciona com motor
nas regiões metropolitanas; construção das novas usinas hidrelétricas já eletrônico de 183 hp, com certificação Tier 3, possuindo três curvas de
programadas e de outras obras importantes para a melhoria e moderni- potência e quatro modos de operação, possibilitando o uso da potência
zação da infraestrutura, como rodovias e ferrovias. mais adequada ao tipo de aplicação.
Disse também que o mercado de máquinas de construção triplicou
nos últimos dez anos e que, embora não haja mantido o mesmo patamar Um opcional inteligente
de crescimento esperado de 2013 para cá, a situação caminha para a Carlos França apresentou também o Machine Control. Esse sistema,
estabilização. Divulgou que o portfólio já usado nos Estados Unidos e na Europa, funciona acoplado a motoni-
Foto: Divulgação

da empresa foi ampliado de 12 para 30 veladoras e escavadeiras hidráulicas da Case, tem recursos para deter-
modelos de equipamentos em sete minar a profundidade considerada ideal, bem como o corte de terreno
linhas: retroescavaderias, pás-carre- ou mesmo o melhor ângulo de utilização da caçamba para a remoção de
gadeiras, motoniveladoras, escava- material em obras de terraplenagem e preparação do terreno.
deiras hidráulicas, miniescavadeiras, Disse que são grandes os ganhos de produtividade com a utilização
midiescavadeiras e minicarregadei- desse sistema. Calcula que podem ser até da ordem de 60%. “Automa-
ras. E salientou: “Nós agregamos tizando o controle da lâmina para as motoniveladoras, a qualidade de
máquinas mínis aos segmentos mais cada passada de máquina pelo terreno é bem maior, tanto retirando
pesados e continuaremos essa ex- quanto distribuindo o material de forma eficiente”, afirmou.
pansão, para oferecer maior opção Carlos França adiantou que o opcional estará também disponível
Roque Reis: O crescimento
não pode parar de escolha aos nossos clientes”. para tratores de esteiras, que a Case lançará no Brasil ainda este ano.

62 | O Empreiteiro | Março 2015


Caterpillar investe US$ 17 milhões
na nacionalização de máquinas
Augusto Diniz - Piracicaba (SP) brica com o Product Link, que gera informações, parâmetros e com-
portamentos do trator de forma on line. A Caterpillar oferece opcio-

A
Caterpillar acaba de lançar duas novas máquinas “made in Bra- nalmente o VisionLink, que reúne dados de localização, acúmulo de
zil”: trator de esteira e escavadeira hidráulica. A multinacional horas, consumo de combustível, utilização, falhas, programação da
norte-americana investiu US$ 17 milhões para produzir os dois manutenção etc.
equipamentos no País, em sua planta de Piracicaba (SP), com disponibi- O sistema ainda pode receber o Accugrade, que conta com padrões
lização ao mercado por meio do Finame. 2D ou 3D para automatizar o posicionamento da lâmina, de modo a
Otimista, Odair Renosto, presidente da Caterpillar Brasil, ressaltou o gerar um trabalho mais preciso.
papel da empresa na inovação. “Devemos trabalhar para nos posicionar
no mercado independentemente do momento. Identificada uma neces- Especificações - trator de esteira D6K2
sidade, direcionamos para entregar um produto com mais qualidade e Motor: Cat C7.1 ACERT de gerenciamento eletrônico
Potência líquida (máxima): 97.0 kW
benefício ao cliente”, afirma. Peso operacional: 13.311 kg e 14.224 kg com o ríper
O trator de esteira D6K2 é uma evolução do D6K. Mais econômico Capacidade da lâmina: 3,07 m³
e com maior potência, teve um aumento de área da lâmina em 13% em Penetração máxima do ríper: 3,60 m
relação à versão anterior, gerando mais produtividade. Com novo con-
trole de estabilização de lâmina, permite que se execute o trabalho bem Já a escavadeira hidráulica 318D2 L substitui o modelo 315D L. Com
mais próximo do especificado em projeto. novo motor e sistema de injeção, o consumo de combustível tem 4% de
O novo sistema de injeção de combustível pode reduzir o consumo redução média na comparação com o modelo anterior, mas pode chegar
em até 18%. O gerenciamento eletrôni- a 15% se o modo econômico estiver ativado e a máquina for usada de
co do motor e da transmissão determina forma adequada.
a melhor potência para cada regime de O modelo pode vir com caçamba de 0,88 m³ até 1,00 m³, a maior
carga, ajudando na economia de com- disponível para este porte de máquina no mercado.
bustível. A Caterpillar ressalta também O sistema mecânico de injeção de combustível da 318D2 L e novo
a melhoria do material rodante, gerando motor tornam a máquina mais robusta para operar em regiões onde o
menos desgaste. combustível é de baixa qualidade.
Para melhorar o desempenho, o
D6K2 conta com controle de tração ele- Especificações - escavadeira hidráulica 318D2 L
Motor: Cat 3054CA
trônico. Este sistema alivia a carga nas Potência líquida (máxima): 82.0 kW
Odair Renosto: Permanente esteiras em situações de patinagem. Peso operacional: 17.200 kg
compromisso com o mercado A máquina já vem equipada de fá- Capacidade de caçamba: 0,88 m³ a 1,00 m³

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Indústria de Máquinas

New Holland lança trator de esteiras
com transmissão hidrostática

D
epois de testar quatro protótipos do D180C em seu campo de entre outros itens de desgaste que geram maior custo de manutenção”,
provas, em Sarzedo (MG), e ainda colocar em atividade práti- explica Fernando.
ca em alguns de seus clientes, totalizando mais de 2 mil horas Em vez de tudo isso, segundo ele, há somente um sistema de bomba
de trabalho experimental, a New Holland Construction lança agora no dupla de pistões (fluxo variável) conectado, de forma independente, a dois
mercado o primeiro trator de esteiras com tecnologia de transmissão motores hidráulicos. Todo o controle de deslocamento se faz por um joystick
hidrostática, com potência superior a 200 hp, produzido no Brasil. que possibilita virar com tração ambas as esteiras ou até mesmo a realização
Segundo o fabricante, força, baixo consumo e agilidade são alguns do giro em torno de um ponto – a chamada contrarrotação. Além disso, o
dos atributos presentes no D180C. A máquina reúne atributos das linhas D180C possui o motor NEF 6, da FPT Industrial, com 214 hp de potência
D150B e D140B, lançados pela marca ano passado na América Latina. líquida, acoplado diretamente ao sistema de transmissão hidrostática.
Fabricado na unidade industrial da New Holland em Contagem (MG), o
novo modelo pode ser adquirido pelas linhas de crédito do Finame. Lâmina adequada ao serviço
“O D180C carrega o DNA de inovação da New Holland, marca que O D180C tem duas opções de lâmina, sendo uma PAT, com seis
traz em seu histórico a introdução de diversas tecnologias ao mercado movimentos hidráulicos para elevação, inclinação e angulação; dois
de máquinas de construção”, afirma Nicola D’Arpino, vice-presidente da movimentos mecânicos (ângulo de passo) e uma bulldozer, com quatro
empresa para o continente. “Somos hoje a companhia com a maior linha movimentos hidráulicos para elevação e inclinação e dois movimentos
de tratores de esteiras de 0 a 250 hp fabricada no Brasil, sempre procuran- mecânicos (ângulo de passo). A lâmina PAT apresenta também uma
do apresentar aos nossos clientes novidades que representem ganhos em função exclusiva chamada shake, que permite a remoção de material
produtividade e eficiência, assim como a redução dos custos de operação”. pegajoso por meio da vibração da lâmina, ativada por um botão. “O
trator tem uma bomba hidráulica de pistões de fluxo variável para
Mais conforto e menor custo de manutenção realizar os movimentos da lâmina e ripper, o que reduz o aquecimento
De acordo com Fernando Neto, especialista de produto da marca, e o ruído, além de proporcionar a queda no consumo de combustível”,
a transmissão hidrostática é um dos principais atributos do D180C, di- destaca o especialista.
ferentemente dos sistemas de transmissão mecânicos comumente en- O novo trator da New Holland Construction é equipado com o pro-
contrados nos tratores de esteiras, principalmente nos de grande porte. pulsor NEF 6, da FPT Industrial, que não só garante menores emissões de
Para o operador, a inovação presente no D180C representa mais poluentes na aplicação de construção como também entrega um exce-
conforto e produtividade. Para a máquina, menos desgaste mecânico e, lente desempenho aliado a um baixo consumo de combustível. O diretor
consequentemente, queda nos custos de manutenção. de Engenharia da FPT Industrial na América Latina, Alexandre Xavier,
“Não há necessidade de passar marcha, pois a tecnologia de trans- afirma que a marca partiu de um projeto já bem-sucedido, que é a linha
missão hidrostática não possui os dispositivos mecânicos encontrados NEF, e realizou modificações e melhorias na combustão específicas para
em um trem de força tradicional, como transmissão mecânica, con- essa aplicação, por meio de um novo turbocompressor e calibração do
versor de torque, dumper, pacotes de freio, embreagem de direção, sistema Common Rail otimizados para o D180C.

64 | O Empreiteiro | Março 2015


Grupo Veneza inaugura matriz no interior de SP
José Carlos Videira – Indaiatuba (SP) Pós-venda
“A unidade de Indaiatuba é com-

A
Veneza Equipamentos, maior distribuidora John Deere Construção, pleta, com departamentos de venda,
inaugurou, em fevereiro, sua unidade matriz em Indaiatuba, interior pós-venda, assistência técnica e es-
de São Paulo. No local estão centralizadas todas as operações do toque”, ressalta Traldi. No local ainda
segmento de construção para o Estado de São Paulo do Grupo Veneza. funciona toda a parte administrativa-
A estrutura ocupa 6 mil m² de uma área total de 25 mil m², comporta -financeira da Veneza. “É daqui que
máquinas de até 90 t e demorou um ano e dois meses para ficar pronta. saem todas as decisões e alinhamen-
As novas instalações fazem parte dos cerca de R$ 40 milhões que o tos da companhia”, ressalta Traldi. Na
Grupo Veneza, com forte atuação na Região Nordeste, investe nas suas unidade, trabalham 60 funcionários,
oito unidades de equipamentos John Deere em operação pelo País. Nesse em todas as unidades da Veneza, são
montante estão incluídos investimentos em infraestrutura, treinamen- cerca de 200 pessoas. Com sede em Marcelo Traldi: Indaiatuba
é estratégica
to das equipes de vendas e suporte ao cliente. “Com a nova unidade, Recife (PE), o Grupo Veneza como um
buscamos nos destacar no mercado de construção do Brasil, nos próxi- todo emprega aproximadamente 3 mil funcionários.
mos anos”, afirma o diretor executivo da Veneza Equipamentos, Marcos O diretor de operações explica que a empresa não descuida do
Hacker Melo. Segundo ele, apesar da retração do mercado, a empresa pós-venda. Segundo ele, mantém 50 técnicos em campo para dar
espera crescer o faturamento em 25% neste ano. assistência aos clientes de toda a região. A matriz de Indaiatuba
A nova unidade está situada estrategicamente a 10 km das fábricas conta até com um simulador para o treinamento de operadores
John Deere/Hitachi, na região de Indaiatuba, e a 5 km do Aeroporto de máquina.
Internacional de Viracopos, em Campinas, onde fica o Centro de Dis- Traldi conta ainda que a unidade possui cinco boxes para atender até
tribuição de peças da John Deere. “Indaiatuba é estratégica para nossa dez máquinas simultaneamente. Além do piso em epóxi, que suporta 40
operação”, afirma o diretor de Operações, Marcelo Traldi. t por m², a unidade tem área destinada à entrada de tratores de esteira
A unidade comercializa todo o portfólio para os segmentos de cons- de grande porte. “Reforçamos o piso nesse local para sustentar até 110 t
trução e oferece serviços de pós-venda, pintura, implementação e cus- de peso dos equipamentos de esteira, sem prejudicar o piso, rodando ou
tomização das máquinas. Além das motoniveladoras e dos tratores de arrastando”, diz o executivo.
esteira, a Veneza tem em seu portfólio retroescavadeiras, escavadeiras
hidráulicas e pás-carregadeiras. Juntos, estes três equipamentos corres-
pondem a mais de 70% do volume total das vendas.  A rede Veneza Equipamentos no Brasil
Enfileiradas na área frontal da matriz, com mais de 160 m de com- Indaiatuba (SP) Petrolina (PE)
primento, no km 59,8 da SP-075, rodovia que liga as cidades paulistas de Barueri (SP) Recife (PE)
Campinas e Sorocaba, cerca de 200 máquinas, com modelos de toda a li- Fortaleza (CE) Salvador (BA)
João Pessoa (PB) São Luís (MA)
nha John Deere/Hitashi, estão disponíveis para entrega imediata, garan-
tem os executivos da Veneza Equipamentos. “Nosso estoque de peças na Fonte: Veneza Equipamentos

unidade possui 4 mil itens, equivalentes a R$ 5 milhões”, calcula Traldi.


Fotos: José Carlos Videira

Cerca de 200 máquinas


disponíveis para entrega imediata

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Índice de Anunciantes

90 TI 47 M&T Expo 2015 37

Alphageos 2ª Capa Marco Projetos 15

Andaimes Urbe 41 Ossa 6e7

Conexpo Latin America 2015 3ª Capa Polierg 51

Guia Tecnologia do Concreto 66 Pottencial Seguradora 19

III Workshop OE 27 Regional Telhas 39

Isoeste 23 Sandvik 31

Itubombas 45 SEFE8 43

JLG 9 Solaris 29

Klabin 13 Temon 53

Layher 49 Tigre 4ª Capa

Liebherr 35 XCMG 11

66 | O Empreiteiro | Março 2015


Ano LIII - Março 2015 - Nº 539 O Empreiteiro

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