Você está na página 1de 3

A CATENARIA

O objetivo deste texto e o de mostrar como determinar a forma exata da curva assumida por uma corda ex vel de densidade uniforme que e suspensa entre dois pontos. Essa curva e chamada Caten aria, da palavra latina catena, para cadeia. Escolha um sistema de coordenadas cartesiano, de modo que o eixo dos y passe pelo ponto P 0 , o mais baixo da corda, e seja ortogonal a ` curva nesse ponto. Note que a curva e sim etrica em rela ca o ao eixo dos y assim escolhido. Tome um outro ponto P qualquer da curva e denote por S o comprimento da curva, de P 0 = (0, k ) a P = (x, y ). Seja 0 a densidade linear (peso/unidade de comprimento) da corda. A parte da corda entre P0 e P est a em equil brio est atico sob a a ca o de tr es for cas: (i) a tens ao T0 em P0 ; (ii) a tens ao T em P , que atua na dire ca o da tangente, devido a ` exibilidade da corda; (iii) o peso da corda: 0 S . Seja o a ngulo determinado pela reta tangente a ` curva em P e o eixo dos x. Como a corda est a em equil brio est atico temos: T sen = 0 S ; T cos = T0 . 0 S . T0 Chamemos de f a fun ca o que queremos achar (cujo gr aco e a caten aria). Vamos supor que f e uma fun ca o par, de classe C 2 . Temos: Portanto, tg = f (x) = tg = Note que S e fun ca o de x. Por isso vamos escrever: f (x) = 0 S (x). T0 (1) 0 S . T0

Aprenderemos ainda neste semestre que o comprimento do gr aco de uma fun ca o y = f (t) para atb e dado por:
b

L=
a

1 + (f (t))2 dt.

Assim, o comprimento do arco, de P0 at eP e


x

S (x) =
0

1 + (f (t))2 dt,

e, substituindo na equa ca o (1) obtemos: f (x) = 0 T0


x

1 + (f (t))2 dt.
0

Usando o Teorema Fundamental do C alculo (que relaciona derivada e integral) temos: f (x) = 0 T0 1 + (f (x))2 . (2)

Obtivemos ent ao uma equa ca o diferencial cuja solu ca o e a fun ca o que tem como gr aco a caten aria. 0 Vamos ver como resolv e-la. Para simplicar a nota ca o, chamemos C = T0 e g (x) = f (x). A equa ca o (2) acima ca: g (x) = C. g (x) = C 1 + (g (x))2 1 + (g (x))2 Portanto, por primitiva ca o, temos que ln[g (x) + D = 0. Portanto, a fun ca o g e a fun ca o que satisfaz: ln[g (x) + 1 + (g (x))2 ] = Cx + D. Como g (0) = 0, temos

1 + (g (x))2 ] = Cx g (x) +

1 + (g (x))2 = eCx .

Lembrando que g = f e que f e uma fun ca o par, conclu mos que g e uma fun ca o mpar (por que?). Assim obtemos: g (x) + 1 + (g (x))2 = eCx g (x) + 1 + (g (x))2 = eCx .

Subtraindo termo a termo da equa ca o g (x) +

1 + (g (x))2 = eCx temos:

2g (x) = eCx eCx = 2 senh (Cx), ou seja, f (x) = senh (Cx), o que implica que f (x) = 1 cosh(Cx) + k. C

1 cosh(Cx) e chamada equa ca o da caten aria. A express ao dada por y = C A constante k que aparece no nal s o depende da escolha feita na coloca ca o do eixo dos x.

Um pouco mais sobre as fun co es hiperb olicas. Denimos 1 senh t = (et et ) 2 f E acil vericar que

cosh t =

1 t (e + et ) 2

1. a fun ca o seno-hiperb olico e mpar e a fun ca o cosseno-hiperb olico e par; 2. cosh t 0, t; 3. ( senh t) = cosh t; (cosh t) = senh t.

4. o par (cosh t, senh t) satisfaz a equa ca o da hip erbole x 2 y 2 = 1 (da os nomes!)

Com as informa co es acima e um pouco de c alculo integral, conseguimos deduzir o comprimento de um o que ca apoiado em dois postes. Supondo que o sistema de coordenadas e escolhido como anteriormente, se o Poste 1 ca sobre a reta de equa ca o x = a e o Poste 2 ca sobre a reta x = b ent ao o comprimento do o e:
b

L =
a b

1 + [(

1 cosh(Cx) + k ) ]2 dx = (por (3) + a regra da cadeia) C

=
a b

1 + [ senh (Cx)]2 dx = (por (4)) [cosh(Cx)]2 dx =


a b

= =
a b

| cosh(Cx) | dx = (por (2)) cosh(Cx)dx = (por (3))


a

= =

1 ( senh (Cb) senh (Ca)) (pelo Teorema Fundamental do C alculo). C

Você também pode gostar