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Capítulo

XI

 Regência
A regência trata das relações existentes entre os termos em uma frase, ou seja, estuda
a dependência entre as palavras. Toda frase apresenta termo regente e termo ou termos
regidos. Na Língua Portuguesa essa relação entre termo regido e termo regente é indicada
pelo uso das preposições.

Regência Nominal - quando termo regente é um nome temos a regência nominal


(substantivo, adjetivo, advérbio).

Horror a Paris.

Natural de Paris.

Um dia em Paris.

Nos casos em que os nomes não apresentam um sentido completo é necessário


complemento, assim o significado do nome transita para o complemento estabelecendo uma
relação entre regente e regido que é medida por uma preposição.

Regência Verbal - refere-se ao estudo dos verbos quanto à necessidade e ao tipo


de complemento exigido, nesse caso o termo regente na oração é um verbo e não um
nome.

Chegamos a Paris.

Estamos em Paris.

Simpatizamos com Paris.

Alguns verbos, por expressarem uma ideia completa, não exigem complemento. São
os verbos Intransitivos (assunto que será tratado logo mais):

Os jovens estudam.

O menino dormiu.
As crianças brincam.
Há também os verbos de ligação: ser,estar,ficar,andar,permanecer,parecer,etc.

Outros verbos não têm sentido completo, exigem complemento (objeto direto, objeto
indireto). São os verbos transitivos (assunto que será abordado logo mais):

Meu pai comprou um sítio.

verbo O.D.

As crianças gostam de desenhos animados.

verbo O.I.

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Capítulo
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Observe que no primeiro caso a ligação entre o verbo e seu complemento dá-se
diretamente, ou seja, verbo transitivo direto e objeto direto; no segundo caso temos o uso de
preposição entre o verbo e o complemento, logo: verbo transitivo indireto e objeto indireto.

 Regência Verbal
Os casos mais importantes são:

Abraçar
Transitivo Direto - Apertar nos braços.

O pai abraçou o filho querido.

Agradar
Transitivo Indireto - Satisfazer. Rege a preposição A; admite LHE(s).

Isto não lhe agrada.

A paisagem agrada à vista.

Transitivo Direto – Fazer carinho (alguém agrada alguém, sendo o sujeito nome de
pessoa).
João agradava a esposa.

Aspirar
Transitivo Direto - inalar, tragar, sorver.

A menina aspirou o aroma da flor.

Transitivo Indireto - desejar, almejar. Rege a preposição A; rejeita LHE(s).

Os jovens aspiram a grandes conquistas.

Assistir
Transitivo Indireto - ver, presenciar, estar presente. Rege a preposição A, rejeita
LHE(s).

Assistiu ao filme calada.

Transitivo Indireto - Caber, pertencer. Rege a preposição A; aceita LHE(s)

Não lhe assiste o direito de intervir.

Transitivo Direto - auxiliar, ajudar, confortar.

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O médico assiste o doente.

Intransitivo - Morar. Rege a preposição EM

Há quanto tempo assistimos em Recife?

Chegar
Não se diz, na língua culta, "chegar em". Assim não é culto falar: "Cheguei em
casa ontem.." Diz-se: "Chegamos a casa ontem."

Custar
Intransitivo - ter valor de.

A casa custou trinta mil reais.

Transitivo Indireto - demorar, ser difícil, custoso. Só se emprega na 3ª pessoa do


singular e tem como sujeito uma oração reduzida de infinitivo, precedida ou não da
preposição A.

Custa a um cidadão crer num absurdo desses.

Esquecer/Lembrar
Transitivo Direto – Referindo a coisa esquecida

Eu esqueci os livros

Transitivo Indireto - quando usados como verbos pronominais.

Esqueci tudo (VTD) / Esqueci-me de tudo. (VTI)

Não lembro nada. (TD) / Não me lembro de nada. (TI)

Implicar
Transitivo Direto – Acarretar

Tal atitude não implica desprezo.

Namorar
Transitivo Direto - Cortejar

Sempre namorei a Lua.

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Proceder
Transitivo Indireto - executar alguma coisa

O juiz vai proceder ao julgamento.

Obedecer/Desobedecer
Transitivos Indiretos - regem a preposição A.

Os filhos obedecem aos pais.

A lei foi obedecida por todos.

Pagar/Perdoar
Transitivos Diretos e Indiretos - pedem objeto direto da coisa que se paga ou se
perdoa, e objeto indireto da pessoa a quem sem paga ou se perdoa.

Perdoemos as ofensas (coisas) aos nossos ofensores (pessoas). Pagaram as


compras (OD) aos comerciantes (OI).

Preferir
Transitivo Direto e Indireto - Não aceita reforço, rege preposição A

. Prefiro morrer a fugir como covarde.

OBS: Devem ser evitados os pleonasmos "preferir mais", "preferir antes", "preferir
muito mais", "preferir mil vezes do que"...

Querer
Transitivo Direto - Desejar.

Eu quero o biscoito recheado.

Transitivo Indireto - Amar, ter afeto: rege a preposição A.

Os filhos querem aos pais.

Responder
Transitivo Indireto - de pessoa ou coisa a que se responde.
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O marido respondia a tudo.

Transitivo Direto - Do que se responde

Cristina respondera senão termos.

Visar
Transitivo Direto - apontar, mirar, rubricar.

O atirador visou o alvo.

Transitivo Indireto - pretender, almejar. Rege preposição A e rejeita LHE(s).

A ação visava ao restabelecimento da paz

 Regência Nominal
Substantivos
admiração a, por horror a

atentado a, contra impaciência com

aversão a, para, por medo a, de

bacharel em obediência a

capacidade de, para ojeriza a, por

devoção a, para, com, por doutor em

proeminência sobre

respeito a, com, para com, por

dúvida acerca de, em sobre

Adjetivos
acessível a equivalente a

acostumado a, com escasso de

afável com, para com fácil de

alheio a, de fanático por


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análogo a favorável a

ansioso de, para, por generoso com

apto a, para grato a,por

ávido de hábil em

benéfico a habituado a

capaz de, para idêntico a

compatível com impróprio para

contemporâneo a, de indeciso em

contíguo a insensível a

curioso de, por natural de

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descontente com necessário a

desejoso de nocivo a

diferente de paralelo a

entendido em parco em,de

passível de relativo a

preferível a prejudicial a

satisfeito com, de, em por semelhante a

prestes a sensível a

propício a sito em

próximo a, de suspeito de

relacionado com vazio de

Advérbios
longe de perto de

Os advérbios em –mente tendem a seguir o regime dos adjetivos


de que são formados:paralela a,paralelamente a; relativa a,relativamente a.

Concordância Verbal e Nominal

Quando falamos da concordância de uma frase, estamos nos referindo a forma


como os elementos se dispõe, todos em harmonia. Na Língua Portuguesa, temos
duas formas de concordância: verbal e nominal.

A concordância verbal diz respeito à relação entre o sujeito e o verbo de uma


frase, que devem estar, como mencionado anteriormente, em harmonia. Por
exemplo: se o sujeito da frase está no singular, o verbo também deve estar, mas se
o sujeito estiver no plural, o verbo também deverá estar.

Na concordância nominal, os artigos, adjetivos, pronomes e numerais devem


estar em concordância com o substantivo. Da mesma maneira da concordância
verbal, se um está no plural, o outro também deve estar, mas se os elementos
estão no singular, os outros devem se adequar a ele.

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Há algumas coisas específicas sobre a concordância nominal que você deve saber:

1. Quando temos um adjetivo, que se refere a mais de um substantivo, com


gênero e números diferentes, a concordância será feita com o elemento
que está mais próximo.
Exemplo: Velhos livros e revistas estão na estante. Velhas revistas e livros
estão na estante.

Nos dois exemplos acima, o adjetivo está anteposto aos substantivos, por isso
a concordância é feita desta maneira. Nos casos em que o adjetivo está
posposto ao substantivo, a concordância é feita de acordo com a totalidade
dos substantivos, como nos exemplos abaixo:

2. O vale e as montanhas são frescos.

Há alguns termos específicos, que devemos ter cuidado. São eles: é bom, é
necessário e é proibido. Nestes termos, a concordância é feita de acordo com o
artigo determinante que está antes do substantivo. Por exemplo:

3. A calma é necessária sempre.


4. Proibida a entrada.

Quando não há artigo determinante, fazemos a concordância da seguinte


maneira:

5. Calma é necessário sempre


6. Proibido entrada.

 Concordância para o sujeito simples:


O sujeito sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa. Veja
os exemplos:

A orquestra tocou uma valsa longa.


3ª p. Singular 3ª p. Singular

Os pares que rodeavam a nós dançavam bem.


3ª p. Plural 3ª p. Plural

Casos Particulares
Há muitos casos em que o sujeito simples é constituído de formas que fazem o

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falante hesitar no momento de estabelecer a concordância com o verbo. Às vezes, a
concordância puramente gramatical é contaminada pelo significado de expressões
que nos transmitem noção de plural, apesar de terem forma de singular ou vice-
versa. Por isso, convém analisar com cuidado os casos a seguir.

1) Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção
de, o grosso de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...)
seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou
no plural.

Por Exemplo:

A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.

Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram nenhuma proposta


interessante.

Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos dos coletivos, quando
especificados.

Por Exemplo: Um bando de vândalos destruiu / destruíram o monumento.


Obs.: nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já
a forma plural confere destaque aos elementos que formam esse conjunto.

2) Quando o sujeito é formado por expressão que indica quantidade aproximada


(cerca de, mais de, menos de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o
verbo concorda com o substantivo.

Observe:
Cerca de mil pessoas participaram da manifestação. Perto de

quinhentos alunos compareceram à solenidade.

Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas Olimpíadas.

Obs.: quando a expressão se associar a verbos que exprimem"mais de um"


reciprocidade, o plural é obrigatório:

Por Exemplo: Mais de um colega se ofenderam na tumultuada discussão de


ontem. (ofenderam um ao outro).

3) Quando se trata de nomes que só existem no plural, a concordância deve


ser feita levando-se em conta a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o
verbo deve ficar no singular. Quando há artigo no plural, o verbo deve ficar o

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plural.
Exemplos:
Os Estados Unidos possuem grandes universidades.

Alagoas impressiona pela beleza das praias.

As Minas Gerais são inesquecíveis.

Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

Os Sertões imortalizaram Euclides da Cunha.

4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais,


quantos, alguns, poucos, muitos, quaisquer, vários) seguido por "de nós" ou
"de vós", o verbo pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pessoa do
plural) ou com o pronome pessoal.

Veja:
Quais de nós são / somos capazes? Alguns

de vós sabiam / sabíeis do caso?

Vários de nós propuseram / propusemos sugestões inovadoras.

Quando a expressão que indica porcentagem não é seguida de substantivo, o


verbo deve concordar com o número.

Veja:
25% querem a mudança.

1% conhece o assunto.

Obs.: veja que a opção por uma ou outra forma indica a inclusão ou a exclusão do
emissor. Quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabíamos de tudo e nada
fizemos", esta pessoa está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não ocorre
quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabiam de tudo e nada fizeram.",
frase que soa como uma denúncia.

5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem


seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o substantivo.

Exemplos:

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25% do orçamento do país deve destinar-se à Educação.

85% dos entrevistados não aprovam a administração do prefeito.

1% do eleitorado aceita a mudança.

1% dos alunos faltaram à prova.

Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo


ficará no singular.

Por Exemplo:
Qual de nós é capaz?

Algum de vós fez isso.

6) Quando o sujeito é o pronome relativo "que", a concordância em número e


pessoa é feita com o antecedente do pronome.
Exemplos:
Fui eu que paguei a conta. Fomos

nós que pintamos o muro.

7) Com a expressão "um dos que", o verbo deve assumir a forma plural.

Por Exemplo:
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encantaram os poetas.

Se você é um dos que admiram o escritor, certamente lerá seu novo romance.

Tu que me fazes ver o sentido da vida.

Atenção: A tendência, na linguagem corrente, é a concordância no singular. O


que se ouve efetivamente, são construções como: "Ele foi um dos deputados que
mais lutou para a aprovação da emenda".

Ao compararmos com um caso em que se use um adjetivo, temos: "Ela é uma das
alunas mais brilhante da sala.

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“ A análise da construção acima torna evidente que a forma no singular é
inadequada. Assim, as formas aceitáveis são:

" Das alunas mais brilhantes da sala, ela é uma."

" Dos deputados que mais lutaram pela aprovação da emenda, ele é um".

 Concordância para o sujeito composto:


Quando o sujeito é composto, apresentando dois ou mais núcleos, o verbo
deverá ser apresentado no plural.

Exemplos de concordância com sujeito composto:

● Ela e ele são namorados.


● Paula e Andreia estudaram no mesmo colégio.

Sujeito composto com diferentes pessoas gramaticais

Quando o sujeito é formado por diferentes pessoas gramaticais, havendo 1.ª


pessoa do plural, esta será sempre prioritária. Havendo 2.ª pessoa do plural, o
verbo poderá ser conjugado na 2.ª ou na 3.ª pessoa do plural.

● Minha irmã e eu iremos rapidamente tratar desse assunto.


● Tu e ele fostes os mais rápidos.
● Tu e ele foram os mais rápidos.
● Minha prima e meu primo foram de lua de mel para o México.

Contudo, se o sujeito aparecer depois do verbo, a concordância poderá ser


feita conforme explicado acima ou também ser feita apenas com o sujeito mais
próximo.

● Dançaremos eu e minha amiga na festa da escola

● Dançarei eu e minha amiga na festa da escola.

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Casos específicos de concordância com sujeito


composto:

Quando o sujeito for composto por palavras sinônimas ou muito próximas, o


verbo poderá aparecer tanto no plural, como no singular.

● Alegria e felicidade são o melhor desta vida!


● Alegria e felicidade é o melhor desta vida!

Quando no sujeito aparecerem as conjunções ou e nem, transmitindo ideia de


inclusão, o verbo deverá aparecer no plural. Quando transmitirem ideia de
exclusão, o verbo deverá aparecer no singular.

● Nem a mãe nem o pai conseguem compreender a filha. (inclusão)


● Patinação na rua ou patinação no gelo são os meus esportes preferidos.
(inclusão)
● Pedro ou Heloísa conseguirá vencer o concurso de matemática.
(exclusão)
● Nem Rio de Janeiro nem Recife será o destino das minhas próximas
férias. (exclusão)

Quando o sujeito composto for unido com a preposição com, com valor de
adição e não de companhia, o verbo deverá aparecer no plural.

● A irmã com o irmão desobedeceram as ordens da mãe.


● O diretor com a secretária encobriram uma fraude dentro da empresa.

Com as expressões nem um nem outro e ou um ou outro, o verbo deverá


ser escrito preferencialmente no singular, embora possa aparecer no plural.
Contudo, quando há uma ação recíproca, o verbo deverá aparecer sempre no
plural.

● Nem um nem outro foi à festa.


● Nem um nem outro foram à festa.
● Nem um nem outro se cumprimentaram de forma respeitosa.

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Com as expressões não só…mas também, não apenas…mas ainda,


tanto…quanto,… o verbo deverá ser escrito no plural.

● Não só o pai mas também a mãe decidiram repreender o filho.


● Tanto o desprezo como a atenção constante podem desmotivar uma
pessoa no trabalho.

Com aposto recapitulativo ou resumidor, o verbo deverá concordar com a


palavra que resume os vários termos da oração.

● Prosperidade, segurança e alegria, isso é o que eu quero para minha


família.
● Doces, salgados, bebidas e enfeites, tudo está preparado para a festa.

Com diversos elementos numa série gradativa, o verbo poderá aparecer no


plural ou concordar com o último elemento da série.

● Um ano, um mês, uma semana, um dia são necessários para resolver


este problema.
● Um ano, um mês, uma semana, um dia é necessário para resolver este
problema.

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