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Interpretações Analítico-Comportamentais De Histórias Infantis Para Utilização


Lúdico-Educativas1
Laércia Abreu Vasconcelos2

A Análise do Comportamento, uma ciência que tem como base filosófica o


behaviorismo radical proposto pelo psicólogo Burrhus Frederic Skinner (1904-1990),
considera que os fenômenos comportamentais podem ser estudados por meio do método
científico, sejam eles comportamentos de fácil observação ou comportamentos que somente
o indivíduo que os apresenta tem acesso, como os pensamentos. O termo radical refere-se a
uma análise voltada para a raiz de um determinado fenômeno comportamental. Nessa
filosofia, diferente das outras formas de behaviorismo anteriores, a visão do homem é
global, humanista e histórica (e.g., Patterson, Reid & Dishion, 1992/2002; Skinner,
1989/1995; Todorov, 1989). A Análise do Comportamento adota um modelo de seleção por
conseqüências. A multideterminação do comportamento é ponto de partida e reflete a
complexidade do comportamento humano ao considerar as variáveis filogenéticas (a
seleção natural), ontogenéticas (a história de aprendizagem) e culturais (Skinner,
1953/1981; Skinner, 1989/1995).
O conceito de contingência é fundamental para o analista do comportamento, a
partir do qual se busca a compreensão da função do comportamento em interação com
eventos ambientais antecedentes e conseqüentes. As explicações funcionais são
fundamentadas na história passada e no contexto presente de cada indivíduo. Assim, o
comportamento é um conceito interacional, é a interação recíproca entre o organismo e o
ambiente. As pessoas agem sobre o mundo, transformam-no e são, por sua vez,
influenciadas a todo o momento pelo resultado de sua ação. As causas de um determinado
comportamento são investigadas a partir das contingências e não da mente ou de uma
estrutura cognitiva. A perturbação não está na mente, mas nas contingências perturbadoras
às quais o indivíduo tem sido exposto. A possibilidade de correção está nas contingências
(Skinner, 1989/1995).
Análises funcionais possibilitam o conhecimento das regras vigentes na família, na
escola, no ambiente de trabalho, facilitando a compreensão dos comportamentos emitidos
pelos indivíduos. Por exemplo, crianças altamente expostas a contingências coercitivas
como a ameaça de punição ou a punição física ou verbal podem apresentar padrões de
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comportamentos tais como: auto-avaliações desfavoráveis, pobre interação social, com um


padrão de comportamentos de esquiva de contatos sociais com outras crianças, seus pares.
Críticas freqüentes e altos níveis de exigência podem tornar a criança resistente à
estimulação aversiva, não alterando tais contingências.
Diante de comportamentos como isolamento social ou agressão física e verbal, e
sentimentos de medo, não há um pacote de procedimentos ou técnicas previamente
estabelecidos para corrigi-los. Os educadores devem adotar uma postura mais investigativa
e não de diagnóstico ao incluir todas as variáveis contextuais que podem auxiliar os
profissionais a planejar um ambiente propício para o desenvolvimento da criança ou do
jovem. Rótulos podem obscurecer as reais contingências, além de produzirem
discriminação do rotulado. Segundo alguns especialistas em saúde infantil,

Temos aplicado rótulos a padrões de [comportamentos] problemas e a síndromes diagnosticadas,


quando a evidência de que muitos desses comportamentos perturbados realmente se enquadram em
síndromes verdadeiras não é ainda convincente. (Brazelton & Greenspan, 2000/2002, p. 101).

Esses profissionais alertam para uma mudança necessária de um modelo patológico


para um modelo preventivo, ao lidar com as crianças e os jovens. É urgente que os
profissionais de saúde e da educação considerem as diferenças individuais, o perfil único de
cada criança com suas infinitas possibilidades de variação.

As crianças são remediadas para dentro de buracos mais profundos. ...Quando recebem ajuda já
foram tão machucadas que estão exaustas e não têm mais esperança. (Brazelton & Greenspan,
2000/2002, p. 113).

Ao criticar os paradigmas educacionais, o psiquiatra brasileiro Augusto Cury alerta:

Elogie o jovem antes de corrigi-lo ou criticá-lo. Diga o quanto ele é importante, antes de apontar-
lhe o defeito. A conseqüência? Ele acolherá melhor suas observações e o amará para sempre.”
(Cury, 2003, p.95). ...Sempre há motivos para valorizar. Encontre-os.” (Cury, p. 145).

Nossa sociedade não questiona a aplicação da punição física ou verbal na interação


com as crianças e os jovens, porém, teme os efeitos de contingências de reforçamento
positivo como aquelas indicadas por Cury. Ame, observe, ouça e brinque muito com suas
crianças. Este quarteto resulta no respeito pleno aos seus direitos. Os efeitos intergerações
serão observados quando as crianças e os jovens de hoje, futuros pais e educadores de
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amanhã, replicarem estas práticas com seus descendentes. Pense no elogio como uma forma
de expressar seu amor. Suas palavras animam seus filhos e fazem com que se sintam
apreciados e valorizados. (Nolte & Harris, 1972/2003, p. 89).
As contingências familiares têm sido significativamente alteradas do século XX ao
XXI. A entrada da mulher no mercado de trabalho e a alta demanda do mundo profissional
alterou a definição dos papéis a serem desempenhados por pais e mães (e.g., Biasoli-Alves,
1997; Donatelli, 2004). As crianças estão entrando cada vez mais cedo em instituições de
ensino e os resultados dessa mudança deverão ainda ser cuidadosamente analisados. À
ausência das figuras parentais no acompanhamento da rotina das crianças e jovens soma-se
a alta exposição à televisão. Por meio desta, eles estão expostos ao mercado de consumo3,
que anuncia seus mais novos produtos sem, necessariamente, um compromisso ético-
educativo.
Uma alta velocidade de informações alcança os indivíduos por meio das mídias
eletrônicas e impressas. E, assim, uma imensidão de especialistas voltados para a criança e
o jovem tem influenciado as interações familiares (ver o Projeto Remoto Controle
desenvolvido em parceria pela Andi, Unicef, Petrobrás e editora Cortez, 2004 e Pacheco,
1998/2002). Nesse cenário, reflexões críticas implicam na sobrevivência em nossos dias.
As crianças e os jovens precisam aprender a criticar e a filtrar informações que
freqüentemente transmitem estereotipia sexual ou étnica, além de conceitos estereotipados
sobre o jovem, o adolescente e a criança. Uma visão crítica é um padrão de comportamento
que adquire em nossos dias um valor de sobrevivência, devido também a outra variável, a
violência urbana.
A comunicação com crianças e jovens é facilitada pela utilização de recursos
lúdicos (e.g., de Rose & Gil, 2003; Gil & de Rose, 2003). O comportamento de brincar
possibilita o desenvolvimento de um amplo repertório, desde os aspectos éticos valorizados
por uma sociedade, uma família, a disciplinas acadêmicas apresentadas nas escolas. O pai
da literatura infantil e juvenil no Brasil, Monteiro Lobato (1882-1948), enfatizou a união do
didático e recreativo; do conhecer, da não-competição; da integração racial e social em um
maravilhoso mundo do faz-de-conta, um termo por ele inventado (e.g., Carvalho,
1982/1987; Pereira, 2002; Távola, 1998/2002). Seu objetivo era a formação do leitor-
criança, um cidadão com uma visão crítica do mundo. Todos os comportamentos da criança
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são tratados com respeito e ela não é uma mulher ou um homem com idéia reduzida. Ela é
capaz de lidar com temas sérios e contraditórios, formando sua própria opinião. Toda
criança é capaz de compreender diferentes conteúdos, desde que apresentados em uma
linguagem acessível. É necessário respeitar a criança no sentido de preservar sua fantasia,
seus sonhos e opiniões; de apresentar informações graduando o nível de complexidade e de
problemas experienciados no mundo dos adultos. As características de Monteiro Lobato
realçam sua genialidade e contemporaneidade, ao interagir com a criança enquanto um
cidadão com plenos direitos. Esta é a visão apresentada pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (Ministério da Justiça, 1990/2002), o código mais completo, no cenário
mundial, de proteção da criança e do adolescente (Mendez & Costa, 1994).

A literatura infantil e interpretações analítico-comportamentais

A literatura é um meio eficiente de transmissão da cultura de um povo. Valores,


crenças, mitos e outros padrões de comportamentos específicos são transmitidos pelos
diferentes personagens. A iniciação à leitura de histórias infantis, nos primeiros anos de
vida, possibilita o desenvolvimento de diferentes áreas que poderão resultar em uma
criança observadora, reflexiva, crítica, sensível às necessidades do outro, capaz de
expressar seus sentimentos e pensamentos, entre tantos outros benefícios. Ao brincar com
livros, filmes e músicas a criança mantém contato com o mundo. O rico intercâmbio entre
fantasia e realidade possibilita a compreensão dos vários aspectos do que lhe são
apresentado e, sobretudo, expressar suas próprias opiniões, contribuindo para sua interação
social.
Portanto, o desenvolvimento de instrumentos que possam ser utilizados na educação
infantil e juvenil que facilitem a formação ampla do indivíduo, incluindo seu repertório
emocional faz parte da sobrevivência do homem contemporâneo. A família e a escola
estariam ocupando um papel de gestoras da curiosidade. A televisão, filmes, museus,
teatros, fábricas, oficinas, enfim, os recursos da cidade poderão ser incorporados no
processo de educação (Dimenstein & Alves, 2003).
O projeto Histórias infantis: uma abordagem funcional de contingências
apresentadas às crianças, desenvolvido por nossa equipe de pesquisa, tem como objetivo
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geral apresentar uma ampla discussão dessas histórias, com alternativas de ação para os
comportamentos inapropriados4, como os comportamentos anti-sociais emitidos pelos
personagens, além de destacar os comportamentos apropriados, a exemplo dos
comportamentos pró-sociais. As principais contingências presentes dentro de uma história
são discutidas, sugerindo-se reflexões dos temas em atividades lúdicas com fantoches,
músicas, danças, fantasias, jogos ou passeios. Estas reflexões, portanto, poderão ser temas
de brincadeiras e discussões entre pais e filhos, professores e alunos ou outros profissionais
que lidam diretamente com crianças ou jovens. Vale ressaltar que não se trata de crítica
literária, mas da análise dos comportamentos dos personagens, envolvendo várias
passagens de uma história.
Os educadores poderão selecionar os trechos que julgarem importantes para suas
diferentes audiências, adaptando as histórias ao destacar pontos específicos que contribuam
para o desenvolvimento das crianças e dos jovens em seus diferentes momentos. Os
profissionais que lidam com a população de crianças e de jovens poderão utilizar também
algumas destas análises na interação com os cuidadores ou os pais. Por meio destas
discussões estamos transmitindo noções importantes sobre a proteção dessa população,
além de oferecer alternativas para a interação entre pais e filhos, mediadas por instrumentos
lúdicos.
A apresentação das contingências - Eventos antecedentes ¨ Comportamento ¨
Eventos conseqüentes - possibilita a observação da forma como alguns comportamentos se
desenvolvem e como podemos ser agentes em nossa interação com o mundo. Como
podemos contribuir, defender nossos direitos, nossas opiniões. O respeito à criança deve ser
tema não do período pré-natal de um jovem casal, mas desenvolvido desde a sala de aula do
ensino fundamental (Brazelton & Greenspan, 2000/2002). Brincando a criança estaria
ouvindo sobre os cuidados especiais que devemos ter com o bebê, com a criança; sobre o
planejamento diário, por parte dos pais, do dia-a-dia de um filho, com atividades como
brincar, conversar e ouvi-lo pelo menos durante uma hora. A escola daria destaque ao
desenvolvimento pessoal pautado em fatores afetivos e intelectuais. Segundo a utopia
sócio-científica de Ardila (1992/2003), uma criança pode sempre ensinar ao adulto uma
nova dimensão do mundo e uma revolução direcionada para uma sociedade comprometida
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com o bem-estar da coletividade começa com uma discussão e modificação da forma como
tratamos a infância.
As histórias de Branca de Neve e os Sete Anões (versão de Walt Disney 1937/2001),
Pinóquio (versão de Walt Disney 1940/2000), Peter Pan (versão de Walt Disney
1953/2002) e, No Reino das Águas Claras (versão da Rede Globo de Televisão, 2001) e
Viagem ao Céu (versão da Rede Globo de Televisão, 2002) de Monteiro Lobato foram
inicialmente selecionadas para interpretação analítico-comportamental por serem
amplamente divulgadas para crianças de vários países (Vasconcelos, Silva, Curado &
Galvão, 2004; Vasconcelos, Naves, Silva, Barreiros e Arruda, no prelo; Vasconcelos &
Barreiros, no prelo; Vasconcelos, Curado, Arruda & Naves, no prelo; Vasconcelos, Curado
e Arruda, no prelo).
Em cada história, várias contingências são identificadas, sendo cada uma seguida
por discussões que possibilitam a introdução de teorias voltadas para vários temas de
interesse na interação com as crianças. O conceito de criança; o comportamento de brincar;
o aprender pela interação direta com as contingências (“o aprender fazendo”) ou o aprender
por meio da exposição a regras que descrevem as contingências (“o aprender por meio de
instruções ou regras sobre o fazer”); as características das contingências coercitivas; a
importância de contingências de reforçamento positivo (a apresentação de um evento
contingente a uma resposta, resultando no aumento da probabilidade futura da emissão
dessa resposta); a expressão de opiniões e sentimentos das crianças, entre outros. O
comportamento de fantasiar das crianças deverá sempre ser respeitado. As análises
sugeridas podem ser selecionadas ou, ainda, adaptadas a cada criança ou grupo de crianças.
Não é necessário utilizar todas as contingências identificadas com todas as crianças. A
seguir, serão apresentadas algumas passagens das primeiras histórias utilizadas neste
projeto.
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Branca de Neve e os Sete Anões

A história de Branca de Neve e os Sete Anões, adaptada por Walt Disney em 1937, é
conhecida pela inveja e crueldade da Rainha, a madrasta de uma jovem e bela Princesa. A
contingência que se apresenta é descrita pelos seguintes elementos: Diante da beleza da
Princesa ¨ a Rainha planeja sua destruição e busca como conseqüência ¨ ser a mais bela.
Sentimentos considerados negativos como raiva e inveja, assim como o conceito de
madrasta podem ser cuidadosamente discutidos com as crianças, a partir dessas relações
entre o comportamento e eventos ambientais. Nas famílias reconstituídas do século XXI a
madrasta está presente em diferentes formas de organização familiar. Assim, é possível
refletir sobre suas características ou as alternativas que poderíamos oferecer à madrasta da
história. A modelagem da expressão do sentimento de raiva é um tema potencialmente
importante. A sociedade valoriza uma criança alegre e educada que saiba interagir com seus
pares e adultos. Entretanto a expressão do sentimento de raiva sem a agressão verbal do
outro é fundamental para a adaptação do indivíduo ao seu grupo social. A não habilidade
em lidar com tais sentimentos pode contribuir para o desenvolvimento de sentimentos de
tristeza, de auto-avaliações desfavoráveis ou a esquiva de situações sociais. Os conceitos de
beleza, de competição também podem ser abordados. O que é ser belo? É importante ser
a(o) mais bela(o)?
Branca de Neve e os Sete Anões apresenta também contingências que realçam a
importância da música e do trabalho na vida dos personagens. Lindas canções apresentam
os sonhos de amor e a importância do trabalho na vida da Princesa e dos sete anões. A
contingência, neste caso, é constituída por: na presença de tarefas a serem cumpridas num
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contexto musical, ¨o comportamento de trabalhar cantando e, as ¨ conseqüências


positivas em forma de benefícios individuais e coletivos. ...Aprenda uma canção... E com
muita alegria é mais fácil trabalhar...
Na história, a divisão de trabalho é graciosamente feita com os pequenos amigos do
reino animal, assim como entre os anões. Interações com animais, conceitos de higiene e
organização de uma casa são contingências que podem ser descritas a partir das cenas
desenvolvidas na casinha entre as sete colinas da floresta. As diferenças individuais são
respeitadas na convivência dos sete anões – Mestre, Zangado, Feliz, Dengoso, Atchim,
Soneca e o Dunga, que não nunca falou. O que pode ocasionar discussões sobre a
importância do respeito à diversidade presente entre os membros de uma sociedade. Ao
favorecermos a participação de todos os membros, as trocas sociais se tornarão mais ricas
com as diferentes manifestações étnicas. A criança tem uma clara sensibilidade para
perceber a presença de comportamentos de discriminação apresentados pelos seus
cuidadores, amigos ou personagens apresentados pela televisão. Ela poderá repetir tais
comportamentos em grupo, utilizando rótulos e classificações pejorativas, o que a colocará
em situações de risco, de contra-controle, um retorno igualmente ofensivo por parte
daqueles que se sentirem ofendidos pela criança.
As cenas de ação de Branca de Neve e os Sete anões possibilitam a discussão do
sentimento de medo. Ao descobrir os objetivos da Rainha e do Caçador de matar a princesa
Branca de Neve ¨ a Princesa corre pela floresta durante a noite, sentindo medo e
imaginando monstros por todos os lados. ¨ Como conseqüência ela sofre durante a fuga,
porém, sobrevive aos ataques da Rainha. Em outra passagem, diante de um evento
desconhecido: fenômenos, objetos, animais ou pessoas, ¨ os comportamentos de fuga e de
interpretar os eventos como sendo monstros, fantasmas ou demônio são ¨
conseqüenciados com sofrimento e a não resolução dos problemas. E ainda, após ter
envenenado a Princesa que caíra paralisada, ¨ a Rainha deixa a casa sob uma forte
tempestade e é perseguida pelos anões que chegaram para salvar Branca de Neve. ¨ Em
uma corrida sob aquela tempestade, a Rainha sofre uma queda fatal.
Como se tratam de cenas de ação, os comportamentos de um contador de histórias
de aumentar a intensidade de sua voz, diminuir a luminosidade da sala e aumentar o volume
do som da televisão podem resultar em respostas de sobressalto e sentimentos de medo de
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uma criança que está sendo iniciada na sétima arte. Os fenômenos naturais como vendaval,
chuva, trovão e relâmpago são, em geral, parte de um cenário que envolve perigo, riscos e
ameaças em várias histórias infantis. Uma criança poderá desenvolver a relação entre os
conceitos noite-monstro e chuva-morte. Assim, as cenas podem ser apresentadas às
crianças mais jovens sem intensificá-las. Brincadeiras e discussões poderão ampliar o
conhecimento relativo aos temas envolvidos. Recursos oferecidos pela cidade como
bibliotecas com seus livros e vídeos; parques, zoológicos e centros de estudos climáticos
podem ser contextos propícios para estas discussões. A abordagem dos fenômenos naturais
pode passar pela educação ambiental conduzindo a criança à conclusão de que todos podem
contribuir para o equilíbrio do planeta ao transmitir para nossos amigos e familiares o
conhecimento que adquirimos sobre o cuidado com as plantas, os rios e, sobretudo, com o
lixo gerado nos grandes centros urbanos. Além das palavras, nossas ações podem também
se tornar modelos para o outro, fortalecendo padrões de comportamentos adaptativos.

Pinóquio

Pinóquio, uma versão de Walt Disney de 1940, é facilmente lembrado pelo


comportamento de dizer inverdades, quando se encontra em situações difíceis. A
contingência – Ao ser solicitado pela Fada Azul a explicar o porquê de não estar na escola,
¨ o boneco feito de pinho relata inverdades. ¨ O crescimento de seu nariz é a
conseqüência sofrida por ele, que o denuncia e o faz se desculpar. Ao fantasiar, uma criança
poderá criar uma história sem que isso represente um problema. Entretanto, vale ressaltar
que ao considerar o comportamento de dizer inverdades, o emprego do rótulo mentira traz
consigo inúmeros conceitos negativos adotados pela nossa comunidade verbal. Na
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linguagem coloquial, a mentira é uma afirmação contrária à verdade a fim de induzir a


erro. Qualquer coisa feita na intenção de enganar ou de transmitir falsa impressão
(Instituto Antônio Houaiss, 2002).
Ao rotular o comportamento da criança poderá haver uma transferência de rótulo
para a pessoa - uma mentirosa - o que poderá levá-la a ser desacreditada por amigos e
familiares. Um resultado que se pode esperar é o rótulo funcionar como um sinal na
presença do qual o indivíduo aumenta os comportamentos característicos do rótulo. Em um
caminho diferente, os educadores poderiam abordar questões reflexivas tais como: o que
sentimos quando ouvimos a palavra mentira ou mentiroso? As pessoas, em algum momento
de suas vidas podem dizer inverdades? Como poderíamos nos comportar diante de uma
inverdade? Por que uma inverdade pode envolver problemas para quem as relata?
Pinóquio aborda um tema atual, o sonho da paternidade. A participação efetiva do
pai na educação dos filhos tem se tornado uma área de estudo (e.g., Brazelton &
Greenspan, 2000/2002; Gomes & Resende, 2004) e de criação no mundo do cinema, a
exemplo da bela produção cinematográfica dos estúdios Disney e Pixar, Procurando Nemo.
Pinóquio mostra o sonho do entalhador de ter um menino de verdade. Porém, a
transformação do boneco feito de pinho dependia apenas dele ser sincero, valente e
generoso, o que significa dizer, os comportamentos inapropriados de Pinóquio o
impediariam de se tornar uma pessoa. A contingência torna-se uma ocasião para discutir
práticas educativas que tratam como sinônimos os comportamentos inapropriados da
criança, da criança como pessoa. O que pode estar em questão são os comportamentos
inapropriados e não a criança como pessoa com todos os seus comportamentos. Há
diferença entre dizer: “O papai te ama muito, mas este seu comportamento não foi legal,
podemos pensar em outra forma de resolver este problema?...” e dizer, “ Não gosto mais de
você porque você fez x...”, descartando uma pessoa de sua vida. Esta análise pode ser
estendida para as interações entre as crianças, assim como, entre os jovens, quando dizem:
“não gostei desse seu comportamento...” o que é diferente de dizer, “não sou mais seu
amigo porque você fez x...”. Essas reflexões os incentivariam a buscar por soluções
alternativas ao descarte das pessoas.
Como em Branca de Neve e os Sete Anões, Pinóquio apresenta também um belo
contexto musical com lindas canções. O pai de Pinóquio, Gepeto, comemora todos os seus
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momentos felizes dançando e cantando. Em ambas as histórias há uma marcação de rotinas,


de horários determinados para trabalhar e descansar, o que possibilita uma discussão sobre
a importância de uma rotina aliada à determinação flexível de regras familiares. O
estabelecimento de rotina na vida das crianças e dos jovens contribui para a modelagem de
padrões de comportamentos saudáveis, evitando, por exemplo, distúrbios de sono e de
alimentação, problemas de saúde causados pela falta de atividade física ou pelo excesso de
atividades envolvendo computador, videogame e televisão.
É interessante notar que em Pinóquio todas as conseqüências adversas recaem sobre
ele em seus descaminhos, enquanto se dirigia à escola. Os novos “amigos”, João Honesto e
o Gato Gedeão, que o orientam a descumprir uma instrução do pai, com o objetivo de
ganhar dinheiro com a venda do boneco; o proprietário do teatro de marionetes que o
tratava apenas como um objeto para enriquecer; o bruxo disfarçado em cocheiro que
conduziu as crianças à Ilha dos Prazeres para que elas pudessem comer, beber, fumar e
destruir o que quisessem, com o objetivo de transformá-las em burrinhos a serem vendidos.
Todos esses personagens, embora emitam comportamentos inapropriados não têm
conseqüências adversas. Todos os riscos são reservados aos comportamentos inapropriados
de Pinóquio, das crianças que teimavam e gazeteavam, além de colocar em risco o pai, seus
animais de estimação - a “peixinha” Cléo e o gato Fígaro - bem como sua consciência, o
Grilo Falante.
Os valores e a definição da escola podem ser temas discutidos, a partir de Pinóquio
(ver Alves, 2001/2002 e Dimenstein & Alves, 2003 como fontes para enriquecimento
destas reflexões). O seguimento de uma orientação dada por estranhos ou pelos novos
“amigos” de Pinóquio contrárias às instruções do pai; o ganhar dinheiro rápido versus o
longo caminho da escola; o objetivo de ganhar dinheiro; o ganhar dinheiro desrespeitando
os direitos do outro são temas que podem ser explorados a partir das contingências citadas
anteriormente. Os novos “amigos” conseguem também convencer o boneco de que ele está
gravemente doente. A rotulação ou o diagnóstico apresentado por João Honesto a Pinóquio
o convence de um mal iminente e o faz partir rumo à Ilha dos Prazeres, em busca de
recuperação de sua saúde. As conseqüências adversas da rotulação podem ser analisadas
em meio a atividades lúdicas, incluindo também a rotulação do outro, a partir de
características físicas.
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No Reino das Águas Claras

Na história de Monteiro Lobato, No Reino das Águas Claras, versão da Rede Globo
de Televisão, 2001, a partir do livro Reinações de Narizinho (Lobato, 1993/2003). Um
conjunto significativo de comportamentos apropriados são apresentados pelos personagens,
quando comparada aos clássicos adaptados para crianças, como Branca de Neve e os Sete
Anões e Pinóquio. Em 1921 foi criado o Sítio do Picapau Amarelo. O ribeirão que passa
por ele conduz ao Reino das Águas Claras com seus seres fantásticos. O Sítio é um lugar
onde todos demonstram extremo respeito e incentivo às crianças, sejam elas meninos ou
meninas (Bichara, 2001). Na contingência: na presença da mata, do ribeirão ou mesmo do
desconhecido, ¨ menino e menina interagem com todos os estímulos e as ¨ conseqüências
são liberdade, diversificação de brincadeiras, além da construção de diferentes pontos de
vista sobre as mesmas experiências vividas. A estereotipia de gênero nas brincadeiras tem
sido reduzida desde as décadas de 1970 e 1980. Entretanto, as mulheres, as maiores
fornecedoras de brinquedos para as crianças ainda demonstram estereotipia na seleção de
brinquedos para meninos e meninas (Bichara, 2003). A possibilidade de participação em
diferentes tipos de atividades disponibilizada aos meninos e às meninas, o brincar e o
inventar juntos são temas que podem ser trabalhados a partir de contingências extraídas da
história.
A contingência – férias escolares de Pedrinho, ¨o levou a viajar para o Sítio e
como ¨ conseqüência brincar com sua prima, conviver com sua avó Benta, saborear os
quitutes da tia Nastácia, a boa conversa do Tio Barnabé, além de pescar e caçar. O
planejamento de férias pode ser discutido junto às crianças. Em outra situação, a relação
entre saúde, bem-estar físico e psicológico e os ares do campo é mostrada pelo Príncipe
Escamado, quando ele segue a receita do Dr. Caramujo de tomar ares do campo para
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recuperar-se de algumas escamas perdidas. O contato com a natureza pode ser destacado
em oposição a se manter apenas dentro de grandes centros de compra, nas cidades. Os
parques, zoológicos, hortos, centros de plantio orgânico podem ser utilizados como
recursos a serem visitados, em meio à estas discussões.
A contingência – diante de brincadeiras propostas ou inventadas, ¨ construir e
recuperar brinquedos e ¨ ter como conseqüências o brincar com sua própria criação é um
aspecto a ser enfatizado junto às crianças. Os meninos do Sítio valorizam seus brinquedos
confeccionados em casa – a boneca de macela e o sábio visconde inventado por Narizinho.
O exercício da criação, a diminuição do consumo de brinquedos ou a crítica voltada para
alguns brinquedos podem ser ocasionados por esta contingência. Lobato incentiva o contato
com o folclore brasileiro, o brincar com a língua portuguesa, o contato com temas nacionais
e com os mais variados personagens das histórias infantis tradicionais. A música pode ser
um dos estímulos a ser utilizados com as crianças, aproximando-a de suas raízes culturais
(e.g., Vasconcelos, 2003).
Um país com a riqueza de estilos musicais como o Brasil oferece inúmeras canções
que podem ser apresentadas às crianças – o chorinho, o samba, a bossa nova, as modas
clássicas de viola, a música popular de raiz, a música popular brasileira e a música regional.
No repertório infantil de qualidade também encontra-se excelentes compositores - o Projeto
Palavra Cantada, dos compositores Sandra Peres e Paulo Tatit; as canções de Bia Bedran,
do Sítio do Picapau Amarelo, do Castelo Rá-Tim-Bum, do Coro Infantil do Teatro
Municipal do Rio de Janeiro – Villa Lobos para crianças, canções de Toquinho, Vinícius de
Moraes, Hélio Ziskind, entre outros.
A contingência: na presença de uma instrução ou pedido feito à criança, ¨ o
comportamento de não seguimento ou de desatenção é ¨ conseqüenciado por atenção
social, pela correção carinhosa e criativa, por parte dos adultos. O seguimento de instruções
é um comportamento ensinado às crianças que, inicialmente, pode não mostrar
generalização. A criança pode não colocar o dedo na tomada da sala, mas poderá fazê-lo
em outra parte da casa. Essa interpretação por parte de um cuidador pode contribuir para
estratégias educativas fundamentadas na repetição de instrução, na ilustração com
exemplos e em elogios para as partes que foram cumpridas pela criança. Entretanto, ao
interpretar que a criança de 2 anos o está desafiando, desrespeitando ou provocando ela
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poderá ser punida por seu comportamento. Os efeitos colaterais da punição ou de


contingências aversivas na educação das crianças devem ser cuidadosamente considerados
(Azevedo & Guerra,2001; Sidman, 1989/1995).
A discriminação de expressões faciais é fundamental para interações sociais das
crianças, o que é discutido em Pinóquio, assim como No Reino das Águas Claras. Na
contingência: Narizinho nas margens do Ribeirão tem a boneca ao seu lado, ainda sem o
dom da fala- ¨ o Príncipe as convida para um passeio em seu reino e, diante do silêncio da
boneca ele interpreta como uma resposta negativa ao seu convite. ¨ Narizinho,
imediatamente explica-lhe que não se trata de estar emburrada, o que ela precisa é de
alguém que a ajude a falar. Erros de avaliação como este pode afastar as pessoas ou
gerarem sentimentos de tristeza ou raiva, para o rotulado e o rotulador. Atividades de roda
poderiam envolver as diferentes formas de expressão facial com a solicitação de que as
crianças as descrevam, relatando os diferentes sentimentos envolvidos em cada expressão.
A alimentação das crianças pode ser um outro tema tratado a partir da história. A
seguinte contingência poderá orientar discussões nessa área: a freqüente disposição para as
crianças de mesas servidas com inúmeras tortas, bolos e docinhos ¨ o comportamento de
comer em mais do que seis episódios ao dia e, como conseqüência, ¨ os riscos para o
organismo advindo de distúrbios de alimentação ou do consumo freqüente de alimentos de
alto valor calórico e baixo valor nutritivo.

Contingências dos séculos XX e XXI


e a integridade física e emocional da criança

A adaptação das crianças ao mundo moderno necessita de novos arranjos. É


inquestionável a importância de relacionamentos sustentadores e contínuos entre pais-filhos
e mães-filhos. A autoridade dos pais não é sinônimo de práticas coercitivas. Atualmente, as
crianças estão aprendendo mais sobre outras espécies do que sobre seres humanos.
Dominam a lógica e máquinas, mas não sabem lidar com suas emoções, conflitos
contradições e desafios (Cury, 2003). Ambientes punitivos, negligentes ou abusivos, assim
como a exposição a substâncias tóxicas podem ter um impacto significativo na vida das
crianças e dos jovens, indivíduos com um rápido desenvolvimento do sistema nervoso
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(Brazelton & Greenspan, 2000/2002). Muitas crianças e jovens estão crescendo sem o
contato rotineiro com seus principais cuidadores e estão cada vez mais sendo rotulados. A
pulverização de imagens e de conteúdos por meio da televisão tem formado estes cidadãos
num mundo de consumo, com o domínio do ter sobre o ser. Assiste-se passivamente a este
domínio sem um repertório crítico. Sem um filtro para tantas informações e necessidades
veiculadas.

Educar é contar histórias. Contar histórias é transformar a vida na brincadeira mais séria da
sociedade. A vida tem perdas e problemas, mas deve ser vivida com otimismo, esperança e alegria.
Pais e professores devem dançar a valsa da vida como contadores de histórias. (Cury, 2003, p.
132).

Em nossa constante falta de tempo devemos planejar momentos com nossos filhos.
Devemos adotar uma postura de investigação e acolhimento - observar mais e não rotular
nossas crianças e jovens. Limites e amor são inseparáveis na tarefa de educar para a vida.
Em momentos de crise de uma criança o contar uma historieta pode fazê-la recuperar o
fôlego e tornar-se atenta a padrões de comportamentos contrários ao gritar, maldizer ou
chorar. A história estaria fazendo uma ponte de ligação entre o que a criança está fazendo e
o que ela poderia fazer. Assim, estaríamos evitando uma alta freqüência de mandos -
instruções, pedidos ou conselhos - o que pode resultar em contra controle por parte dos
educandos. O excesso de punição verbal ou física e a constante comparação da criança com
outra criança contribuem também para o desenvolvimento de sentimentos de raiva e
tristeza. Contingências de reforçamento positivo – elogios, aprovação e sorriso como
conseqüência para os comportamentos apropriados - é o caminho para a felicidade, para a
sensação de liberdade, de segurança, para a emissão de comportamentos criativos (e.g.,
Skinner, 1989/1995). As análises de histórias infantis nos fazem refletir sobre nossas
práticas educativas e sobre nossas interações com as crianças e os jovens.
Na cultura brasileira, muitos educadores não questionam a utilização de punição.
Uma alta porcentagem de pais, por volta de 80%, batem em seus filhos quando pequenos
(e.g., Azevedo & Guerra, 2001; Zagury, 1996). Entretanto, conversar e ouvir uma criança
com atenção e carinho, valorizando suas formas de expressão são comportamentos que
poderão contribuir para um mundo menos coercitivo. A análise do comportamento tem
como ponto principal a ênfase nas contingências de reforçamento positivo e não na
16

utilização de contingências coercitivas. Reforços arbitrários como pontos e outros poderão


ser substituídos gradualmente por reforços naturais advindos da interação social ou obtidos
em diferentes atividades. Ser a favor da educação é reconhecer que o comportamento é
analisável e controlável (Sidman, 1989/1995 p.66) e, que o controle não é sinônimo de
coerção. O professor ou o educador é um aprendiz há mais tempo e esse é o segredo para
trocas genuínas com nossos filhos e alunos (Dimenstein & Alves, 2003).

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2
Instituto de Psicologia, Departamento de Processos Psicológicos Básicos. Email: laercia@unb.br
3
A década de 1980 é reconhecida como a década do mercado infantil. No senso do IBGE de 1991, o Brasil
tinha aproximadamente 50 milhões de crianças entre 0 a 14 anos de idade (Giacomini Filho, 1998/2002). As
crianças identificam logomarcas antes mesmo de serem alfabetizadas, o que é claramente sabido pelos
processos de marketing de muitas empresas. As crianças estão em média quatro horas diárias diante da
televisão, vinte e oito horas semanais (Carmona, 1998/2002), os dados dos Estados Unidos e Europa são de
cinco e onze horas semanais, respectivamente (Guareschi, 1998/2002).
4
Comportamentos apropriados são aqueles que refletem adaptabilidade do indivíduo ao seu meio, resultando
em efeitos favoráveis àquele que os emite. Os comportamentos inapropriados representam comportamentos
que não são aprovados por um determinado meio social e que poderão resultar em efeitos desfavoráveis ao
indivíduo. Eles poderão ser considerados adaptativos, porém, com efeitos adversos a longo prazo para aquele
que os emite. Exemplo, em um ambiente altamente punitivo, o comportamento de dizer inverdades pode ser
adaptativo, garantindo que o indivíduo não receba punição física, porém, pode ser seguindo a longo prazo por
conseqüências adversas para aquele que o emite.

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