Você está na página 1de 5

GRAFOS – FÓRMULA DE EULER

O matemático suiço do século XVIII, Leonhard Euler percebeu que um grafo simples,
planar (desenhado na sua forma planar) e conexo divide o plano em um certo número
de regiões, incluindo regiões totalmente fechadas e a região infinita exterior. Euler
estabeleceu uma relação entre o número de arestas, o número de vértices e o número de
regiões para tais gráficos que é dada pela fórmula:

n–a+r=2

onde n é o número de vértices, a é o número de arestas e r é o número de regiões.

Verificação da fórmula de Euler

Considere os tres grafos que se seguem:

1 2 3

Vamos demonstrar a fórmula de Euler por indução.

No grafo 1 o número de arestas é a = 0, consistindo o grafo de um único vértice.


Portanto:

n=1
a=0
r=1

De modo que a fórmula n - a + r = 2 se verifica.

Assumimos agora que a fórmula se verifica para qualquer grafo conexo, planar e
simples, com k arestas, e consideremos o grafo com k+1 arestas. Para dedução indutiva
devemos relacionar o caso de “k+1” com o caso de “k” arestas. Vamos considerar então
dois casos de “k+1” arestas.
Caso 1: O grafo tem um vértice de grau 1 como na figura 2. Eliminamos então a aresta
e vértice, que conecta o vertice de grau 1. Isto nos deixa com um grafo de k arestas,
algum número n vértices e algum número de regiões, r para os quais

n-a+r=2

No grafo original, antes de retirar a aresta e o nó deve também valer a fórmula, ou seja

(n + 1) – (a+1) + r = 2

que pela hipótese de indução é verdadeira.

Caso 2: O grafo não vértices de grau 1, como é o caso da figura 3 acima. Retiramos
então uma aresta que define uma região fechada. O resultado é um grafo planar simples
com k arestas, algum número n de vértices, da forma:

n – k + r =3 – 2 + 1 =2

verificando-se a fórmula de Euler. Note que antes de apagar a aresta tinhamos:

n – k + r = n-(k+1)+(r+1)=3 - (2 + 1) + (1 + 1) = 2

Existem duas consequências da fórmula de Euler, se incluirmos mais duas restrições nos
grafos. Considere que, alem de ser conexo, simples e planar, impõe-se ainda que o grafo
tenha no mínimo 3 vértices. Neste caso qualquer aresta que divida uma região interna
(ou seja, qualquer aresta que esteja totalmente dentro da região) conta com duas arestas
para delinear as fronteira da região. Por exemplo considere o grafo

Traçando a fronteira desta região interior vamos contar 4 arestas mais duas vezes a
aresta interior (ida e volta), dando um total de 6 arestas para definir a fronteira interna
da região. Portanto arestas que separam regiões contam duas vezes e assim, se houver a
arestas, o número de arestas de regiões é 2a .
Note que como restrigimos o gráfico a ter no mínimo tres vértices ficam excluídos os
grafos constituídos por uma aresta ajacente e dois nós (adjacentes a região externa).
Ficam excluídos também os grafos que tenham apenas regiões com uma aresta
adjacente por que, sendo simples, o grafo não tem laços. Como o grafo é restrito a ser
um grafo simples, não há também regiões com exatamente duas arestas adjacentes. Por
isso:

2a ≥ 3r

Substituíndo esta expressão na equação de Euler teremos

2a ≥ 3 ( 2 - n+ a), ou seja

2a ≥ 6 - 3n + 3a → a ≤ 3n - 6

Impondo ainda uma restrição adicional, de que não haja ciclo de comprimento 3
teremos

2a ≥ 4r → a≤ 2n-4

Este resultados podem ser resumidos no teorema:

Teorema sobre o Número de Vértices e Arestas

• Se um grafo conexo, simples e planar com n vértices e a arestas, então

n–a+r=2

• Se n ≥ 3, então

a ≤ 3n – 6

• Se n ≥ 3 e não existem ciclos de comprimento 3 então

a≤ 2n-4
Este teorema pode ser usado para demonstrar que certos gráficos não são planares.

Exemplo:

K5 um grafo conexo simples com 5 vértices com 10 arestas. Aplicando o teorema vemos que

10 ≤ 3.5 - 6 não se verifica. Portanto o grafo não é planar.


Considere agora o grafo k3,3

O grafo é conexo, simples, com seis vértices e nove arestas, não possui ciclos de comprimento 3
Aplicando-se o teorema para checar se o grafo é planar ou não temos

a ≤ 3n – 6 → 9 ≤ 2.6 – 6

A fórmula não se verifica portanto o grafo não é planar.

Entretanto note que a segunda condição do Teorema diz que

a ≤ 3n - 4 se n ≥ 3

9 ≤ 36 – 4

A segunda fórmula se verifica mas o grafo não é planar. Significa que esta
desigualdade é necessária mas não suficiente para a planaridade dos grafos.
Os grafos k5 e k3,3 acima ilustram uma regra básica de todos os grafos não-
planares. Para enunciarmos esta regra precisamos ainda de uma definição:

Grafos homeomorfos – Definição

Dois grafos são homeomorfos se puderem ser obtidos a partir de um mesmo grafo
por subdivisões elementares, nas quais uma única aresta x-y é substituída por duas
novas arestas, x-v e v-y que se conectam a um novo vértice/

Exemplo:

a b c

Os grafos b e c são homeomorfos porque forem obtidos de a por divisões


elementares mas não podem ser obtidos um do outro pelo mesmo
procedimento.

Teorema de Kuratowski

Um grafo é não-planar se, e somente se, contém um subgrafo homeomorfo K5 ou K3,3

e j
f b

g
i
h
d c

Você também pode gostar