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Conteúdo
Apresentação
Por que a experiência cristã é geralmente caracterizada como predominância do pecado, da
solidão, da derrota, dos relacionamentos problemáticos e da depressão? Por que tantos cristãos
estão desiludidos e sem coragem? Animem-se! O mais fraco dos fracos pode abraçar as soluções
mais simples que Deus tem para oferecer, com a certeza de que sucesso não depende de talento,
habilidade ou inteligência, mas sim de Deus.
Este livro foi escrito para o chamado "cristão comum", mas que na verdade é a alma do Reino
de Deus. Não foi escrito pensando em ofender, mas em abençoar. Não é pensando em desenraizar,
mas em semear. Este livro foi escrito com a intenção de que seja lido por inteiro; porque se não,
meu medo é de que muitas perguntas surgirão, e, deixadas sem resposta, darão uma abertura
enorme para o inimigo. Acredito que os derrotados terão vitória e esperança, e também mostrarão
o caminho da fé para outros, através deste livro, que só foi escrito com permissão do nosso
Salvador. Por essa razão, coloco-o nas mãos de Deus, para que seja usado de acordo com a Sua
vontade.
1. A Experiência Cristã
Ainda me lembro do dia em que aceitei a Jesus Cristo como meu Salvador - que dia
maravilhoso aquele! Foi realmente o que eu chamo de sair do escuro e entrar na luz. Quem pode
descrever o mistério de Deus e o prazer que a comunhão com Ele nos traz? Lembro-me de ir dormir
sorrindo tanto, que no dia seguinte, quando acordei, ainda estava sorrindo! Era tanta a alegria que
meu rosto começava a doer de felicidade. Decorar versículos era aprazível, sem nenhum esforço;
oração sem cessar, e uma adoração constante à maravilha da criação de Deus faziam parte do meu
dia-a-dia. Ansiedade, pessimismo e medo eram coisas do passado, vagamente lembradas.
Resumindo, Deus me amava e eu sabia disso, também me deleitava e aceitava a situação. Ah, a
glória de ser um filho de Deus!
De repente aconteceu. Um dia, quando andava pelo pátio da Faculdade onde eu estudava,
alguém me fez uma pergunta bem simples: "Para que você acha que Deus está te chamando, Mike?"
Até aquele momento, eu não havia pensado em tal pergunta, mas para minha surpresa tinha
uma resposta: "Deus quer que eu sirva ao cristão derrotado." Naquele momento soube que esse era
o plano de Deus para a minha vida. Não passei muito tempo questionando o plano, mas sim o fato
de que havia cristãos derrotados. Sempre considero que se naquele momento eu soubesse o que
esse chamado de Deus significava, teria argumentado com Ele e pedido outro tipo de serviço.
Também não tinha nem idéia de que para servir ao cristão derrotado, eu teria que ser um
derrotado também.
Minha queda para uma vida de cristão derrotado, que vivi durante nove anos, demorou
relativamente um tempo mínimo. Logo, logo, a oração se tornou uma labuta, as Escrituras
perderam o encanto, pecados invencíveis apareciam de todos os lados e, no meu emocional, Deus
havia desaparecido.
Lidei com minhas derrotas e faltas, de várias maneiras. Li livros que prometiam socorro
imediato, que eloqüentemente descreviam minha situação, mas sempre me levavam de volta ao
começo, sem forças para escapar. Quanto mais lia, mais frustrado, irado e depressivo me tornava.
Esses livros falavam do grande exemplo de Jesus. Como Ele orava, jejuava, ajudava ao próximo,
era devotado, deu comida ao faminto, e amou - aí, me diziam como eu teria que imitar a Jesus.
Será que não percebiam que eu queria ser como Jesus e queria muito agradar a Deus, mas
simplesmente não podia? Será que não percebiam que se eu pudesse ser igual a Jesus, Ele não teria
que ter vindo?
Ainda sob a ilusão de que o conhecimento seria a resposta, e com a dissimulada promessa de
que quando alguém vai embora, deixa todos os problemas para trás e começa tudo de novo, decidi
entrar para o Seminário e depois, fazer pós-graduação. Lá tudo seria bem simples: meu sucesso
dependeria de minha inteligência, habilidade, talentos, e da minha aparência. Se tudo isso
pudesse, de algum modo, ser aperfeiçoado, eu teria sucesso e seria aceito por Deus e seu povo.
Como eu invejava o aluno ou professor que conseguia fazer uma pregação a partir do texto grego.
Se eu tivesse habilidade natural para pregar, se fosse esperto e perspicaz, se pudesse cantar ou
tocar um instrumento, aí sim, eu teria uma vida abundante! Talvez pudesse decorar a Bíblia inteira
como alguns haviam feito: pedir à congregação para escolher um versículo, então recitar o
versículo anterior e o posterior - sim, eu teria chegado lá.
Havia sempre grande ênfase numa variedade de programas. Vários pregadores de nome
vinham e davam sua receita de sucesso. Nós todos tomávamos nota, sabendo que cada pregador
deveria ter a melhor fórmula. Eu sabia que nada poderia ser aplicado à minha própria vida, mas
pelo menos eu poderia condenar os que não estavam seguindo o programa e lembrá-los de suas
faltas. Afinal de contas, se eles eram cristãos de verdade, poderiam fazer o melhor. O que eu não
sabia era que estava à procura de algo que pudesse ser visto, algo desse mundo, algo que não
requeria fé, urna poção mágica que tirasse não só a mim, mas a outros desse estado de derrota.
Por que o cristianismo era tão difícil para mim? Por que muitos de nós nos empenhamos
durante muitos anos, em alcançar espiritualidade através de metodologias, programas, técnicas, e,
quando as normas de sucesso falham, desistimos e passamos a viver uma vida medíocre, frustrada
e lastimosa? Será que é essa a vida em abundância de que o Senhor falou? Ele se referiu a uma vida
de derrota, tumulto, esforço, súplica e escravidão às emoções, aos pensamentos e atos de pecado
para todos os que clamassem por Seu nome? Será que a vida que Ele veio dar é caracterizada por
conflito nas famílias, horas com psiquiatras, depressão tão profunda, que muitos preferem morrer
com a esperança de ter algum alívio? Terno que seja esse o tipo de vida cristã para muitos que
ouviram a mensagem mais ou menos assim: "Aceite a Jesus hoje, para que você não tenha que ir
para o inferno no futuro." Depois de ter aceitado, eles ouvem: "Jesus morreu pelos seus pecados,
agora, se esforce ao máximo para agradar-lhe."
O choro de muitos é: "Não consigo agradar a Deus, não consigo mudar. O que fazer para sair
desse inferno que é o meu dia-a-dia?" Para a maioria dos cristãos, experiência é o que não
funciona. Uma palavra chave para descrever a comunidade cristã de hoje é mudança. Queremos
mudar o que somos, o que fazemos e a circunstância em que vivemos para que sejamos aceitos por
Deus. E ainda, depois de seguir o vai-e-vem que muitos livros ensinam, nada muda; então nos
culpamos de sermos inaceitáveis e derrotados.
Não é bom saber que viver uma vida vitoriosa é tão simples quanto viver uma vida de
derrotas? Qual será a resposta? Ela só pode ser encontrada na simplicidade do Evangelho - uma
simplicidade que se perdeu nos livros, nos métodos, nas listas de como consertar as situações, nos
sintomas da descrença. A resposta não é o que devemos fazer, mas em que devemos acreditar! O
grande segredo guardado da maioria dos cristãos por muito tempo é: crescimento cristão é
simplesmente aceitar o que era desde o começo quando entregamos nossas vidas para Jesus! Uma
vida simples, uma vida vitoriosa só será alcançada, se permanecermos em Cristo. Não devemos nos
esforçar para ter uma vida em abundância, porque é algo que nos foi dado. Minha aceitação não é
baseada no que faço, mas sim em quem eu sou. Vida em abundância não requer que eu trabalhe
para Deus para que venha a acreditar, mas é que eu trabalho para Ele porque acredito. Esteja
certo disto: se a vida cristã em abundância requer grande determinação, força de vontade,
inteligência, talento e habilidade, então somos muito fracos, cegos e estúpidos para tentar.
Como posso, então, vir a gozar dessa vida abundante? Onde posso descobrir o que é vida sem
pecado? E se ela existe, como posso obter essa vida, sem qualquer esforço? A resposta de Deus vem
do fraco, do derrotado, do inaceitável, do ignorante, do frustrado, do desesperançado. A resposta
é a permanência em Cristo.
A resposta de Deus para uma vida abundante será sempre extremamente simples: O cristão
deve aprender a viver e receber tal simplicidade. A resposta de Deus requer fé - muitas vezes nem
sabemos que a temos - não requer talentos, nem habilidades, nem inteligência. Não é Deus quem
nos dá uma grande incumbência para que possamos vir depois a ter o prazer de saber o que é paz,
descanso e alegria. Pelo contrário! Nós é que nos damos as incumbências e marcamos um certo
padrão de aceitação que é super diferente do padrão de Deus. Conseqüentemente, os que
poderiam ter uma vida de fé e descanso no Senhor, primeiro têm que passar por sofrimentos e
derrotas que vêm do esforço em querer mudar. Nós só desistimos e passamos a ver as respostas
simples de Deus, depois de termos nos esgotado. A resposta de Deus é simples, mas para que
possamos chegar ao ponto de aceitá-la, Ele nos faz passar por uma série de trajetos que nos
cansam, deixando-nos num estado em que não mais podemos depender de nós mesmos mas
somente dEle, preparados para ouvir o que Ele nos tem para dizer. Só a partir do momento em que
o homem deixa de confiar em si mesmo, é que passa a confiar em Deus. Coragem, porque uma vida
de paz e alegria faz parte do plano de Deus! “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos
8.31). Em minhas viagens pelo mundo, sempre encontro vários cristãos que vivem uma vida
invejável. A primeira pergunta que faço, quando encontro alguém assim, é: “como é que você
chegou a esse ponto de tão grande espiritualidade?” A resposta é sempre a mesma: “Não sei. Foi
Deus quem me trouxe até aqui.” Nem uma só vez, o motivo foi que pertencessem a uma
denominação ou que acreditassem em uma certa doutrina. Foi Deus o autor de tudo, meu irmão!
Deus não faz acepção de pessoas e Ele o levará aonde você deve ir.
Os capítulos seguintes não contêm nenhuma lista de como consertar as coisas, nem
vão mostrar métodos de como alcançar vitória. Na verdade, não o fará fazer nada, porque foram
escritos para mostrar o que Deus tem feito e mostrar a jornada que este filho de Deus teve que
percorrer antes de aceitar as simples respostas dEle e aprender a andar pela fé. Através desta
jornada, Deus me ajudou a não confiar em mim mesmo e a passar a confiar nEle, e agora
reconquistei minha perdida simplicidade na fé e tomei possa da alegria que é minha, em Cristo
Jesus.
Jogue-se nos braços de Jesus; deixe que ele o carregue pelos caminhos que tem para você.
Todo esse sofrimento tem um propósito e mesmo que agora você não veja a mão de Deus em tudo
isso, você a verá! E quando perceber para onde Ele o tem levado e ainda o levará, você só terá de
adorá-Lo. “Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos
dentro do ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus que faz todas as
coisas” (Eclesiastes 11.5). “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com sua astúcia,
assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devida a
Cristo” (II Coríntios 11.3).
Pai, nós confiamos em que o Senhor nos levará de volta à simplicidade da fé, à simplicidade
que faz com que Abraão te deixasse tão feliz, à simplicidade que encheu a vida do teu Filho de
alegria, paz e abundância.
2. Perdido, Achado, e Perdido Novamente
Jesus faz o convite para segui-Lo, simplesmente achando que as pessoas estão realmente
procurando paz. Ele sabia que a multidão ao redor dEle era de "cansados e sobrecarregados"
(Mateus 11.28).
Se olharmos à nossa volta, veremos várias pessoas que parecem estar sobrecarregadas.
Todas as manhãs, elas se levantam e pegam umas mochilas invisíveis, carregadas de pesos com
diferentes nomes - marido, esposa, filhos, emprego, finanças - e assim vão; e essas são as cargas
que têm que carregar. Cansaço não é necessariamente ruim, porque, enquanto estivermos cheios
de vigor, nunca procuraremos a Deus para nos dar descanso. Então, estar cansado é bom sinal. Se o
pai do filho pródigo o tivesse encontrado uma semana antes do seu dinheiro acabar e tivesse dado
a ele mais dinheiro, quanto tempo demoraria para que ele voltasse para casa?
Qual será a causa da fadiga humana? Nós não estamos cansados só porque carregamos uma
carga diária de problemas, sonhos perdidos, desapontamentos, problemas familiares; mas também
porque estamos à procura de um salvador para nos ajudar com essa carga. Procuramos ajuda com
nossos pais, amigos, esposos, esposas e filhos, mas como eles também estão procurando nossa
ajuda, não funciona muito bem. O que precisamos é de um Salvador sobrenatural.
Só haverá entendimento da necessidade de um Salvador sobrenatural que pode suprir todas
as nossas carências, quando o Espírito Santo dá a convicção do pecado. O momento em que
chegamos a essa convicção, geralmente antecede à tentativa de salvarmos a nós mesmos, através
de uma variedade de métodos, resoluções e esforços. Quando alcançamos esse ponto, chegamos à
conclusão de que nós não podemos nos salvar e estamos condenados. Nós desistimos de tentar ser
o melhor! Para encurtar, nos encontramos num mundo sem esperança.
A nação de Israel chegou a essa conclusão, antes de Cristo começar seu ministério. Durante
a época de sacrifícios em Jerusalém, centenas de animais foram sacrificados; foi dito que um rio
de sangue correria saindo do templo. Cada ano, os devotos iam a Jerusalém e, cada ano, não
importava o quanto tivessem tentado, havia mais sacrifícios a serem feitos. Aquele povo tinha
consciência do julgamento que os esperava por causa do pecado. Será que foi por isso que, quando
João Batista saiu pregando batismo e arrependimento pelo perdão dos pecados, "saíam a ter com
ele toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém; e, confessando seus pecados,
eram batizados por ele no rio Jordão"? (Marcos 1.5) E ainda, o batismo de João era um batismo de
desespero. Imaginem sermos controlados por um terrível pecado, mas sendo batizados por João
sermos perdoados! Claro que correríamos para o batismo no Jordão! A alegria, porém, não duraria
muito, porque mesmo que fôssemos perdoados do pecado, não nos teria sido dado poder sobre ele,
então, nos tornaríamos escravos novamente, precisando de perdão e sem nenhuma esperança.
Quando o Espírito Santo nos ajuda a chegar à convicção de que estamos condenados e
desistimos da idéia de salvar-nos a nós mesmos, aí sim, estamos prontos e dispostos a permitir que
Cristo se torne nosso Salvador. Nós nos tornamos, de uma certa forma, dependentes. Passamos a
entender que não podemos viver sem Ele. Agora somos dEle através de uma simples confissão de
fé. O Espírito Santo, maravilhosamente, nos convenceu de que precisamos de um Salvador. Que
descoberta gloriosa! Que alívio saber que temos perdão dos nossos pecados!
Sentimos que, se Jesus pode nos perdoar, então Ele pode qualquer coisa. Ele vai cuidar de
nós e das nossas famílias, e vai aliviar nossos desconfortos e todos os problemas da vida.
Um novo convertido tem tanta fé - acreditando que Deus pode todas as coisas - que, na
verdade, Deus faz muitas coisas para ele. Sua vida nova pode ser comparada a uma lua-de-mel; a
única coisa que importa é agradar ao Salvador. Os termos esforço e labuta não fazem parte do seu
vocabulário, porque tudo acontece naturalmente, com amor, sem esforço. Deus é tudo para a
pessoa que acaba de se converter, e, porque Jesus está para voltar, ela deve compartilhar essa
nova alegria com todos; ela deve encontrar as outras ovelhas perdidas! Claro que outros vão querer
conhecer o que ela conhece. Não demora muito para essa pessoa se deparar com a rejeição do
mundo e descobrir que os outros não estão interessados na mensagem, mas e daí? O mundo é
grande e há várias pessoas que precisam ouvir. Há uma grande alegria em testemunhar, orar,
servir. E o mais bonito é que tudo é feito sem ser mandado.
Devagarinho, quase que desapercebidamente, a lua-de-mel acaba. O novo cristão tira os
olhos do Salvador e vê somente o "fazer". Suas orações são cada vez mais centralizadas em si
mesmo. De fato, antes mesmo que ele perceba, o seu "eu" torna-se a coisa mais importante.
Por mais impossível que pareça, e não importa quanto cansaço lhe traga, ele se empenha
em alcançar uma perfeição que deve ser atingida de qualquer forma. Gradativamente, focaliza
cada vez menos Jesus, e mais e mais o cristão de sucesso. Ouve falar de "cristãos de sucesso" que
seguiram os ensinos certos ou experimentaram uma correta seqüência de fatos e estão vivendo
uma vida de alegria, vitória, orações respondidas e maravilhosas experiências emocionais. Mas
tentar obter uma alegria através de ensinamentos sadios, experiências adequadas, ou, mesmo,
simplesmente estar certo não funciona. Mesmo que ele continue se empenhando, há sempre um
enorme sentimento de que perdeu algo e nunca mais vai encontrar.
Como disse Andrew Murray: "Se você se esforçar para ser algo, você prova a si mesmo que
não é nada daquilo". Nessa condição, o novo cristão passa a acreditar que está perdido novamente.
Ele sabe que Cristo é a resposta, e quer agrada-lhe, mas sente como se não pudesse fazê-lo. De
uma certa forma está pior do que estava antes de ser salvo.
Lembro-me do bêbado, quando lhe perguntaram se ele queria aceitar a Jesus. Ele abriu uma
garrafa de vinho e respondeu: "Não, obrigado! Já tenho problemas demais."
Para não desistir, em desespero o cristão passa a freqüentar mais conferências e seminários,
lê mais a Bíblia, ora, jejua e claro, promete fazer melhor, tudo na esperança de que essas voltas
lhe tragam o alívio prometido! De alguma forma, no fundo, no fundo, ele percebe ser igual a um
carro, quando o pneu está furado; toda manhã coloca ar no pneu, mas... Quando a tarde chega,
está vazio novamente e ele clama: "Alguém tampe o furo, por favor?"
A jornada de perdido para achado e de volta a perdido, pode demorar um tempo relati-
vamente curto. Você se lembra de Israel saindo do Egito? O povo ia cheio de esperança e fé em
Deus. Na pequena distância até a Terra Prometida pararam de ter esperança e fé em Deus e, ao
contrário, passaram a confiar em si mesmos. Voltaram-se para o que achavam que pudessem
efetuar. O resultado final foi exílio no deserto, onde tiveram que aprender certas lições que os
fariam mais uma vez passar a ter esperança e fé em Deus.
Poucos cristãos fazem essa jornada sem vagar; e, graças a Deus por eles. Este livro não foi
escrito para tais cristãos, mas para os que estão perdidos no deserto. A melhor lição para aprender
lá, é "o que não funciona". Lembre-se, nós progredimos quando conseguimos achar o que não
funciona e o excluímos.
3. O Que Não Funciona
Minha primeira viagem pelo mundo, visitando uma variedade de países e culturas singulares
foi extremamente cansativa. Houve ocasiões em que, cheguei a pregar três vezes num só dia. O
tempo que passei e o amor que recebi dos meus irmãos e irmãs em Cristo nesses lugares distantes
supriu muito mais do que tirou minhas energias. Foi fenomenal ser tratado como parte da família,
ter o melhor lugar, ser convidado para compartilhar o melhor jantar, e dormir no melhor quarto,
só por causa de Cristo. Nós realmente somos parte da família de Deus! Numa certa viagem, tive
oportunidade de pregar para um grupo de denominações diferentes, muitas das quais, eu nunca
tinha ouvido falar antes, e cada uma com sua peculiaridade. Enquanto compartilhava com essas
denominações, percebi derrota e desespero também. Cheguei à conclusão de que uma certa
doutrina - tão amada em sua denominação - não estava dando vida abundante como era esperado;
não funcionou! É relativamente fácil ser excluído de uma certa denominação; só é preciso
discordar dos ensinos destacados pelo grupo. Eu acredito em ensino correto e verdadeiro, mas por
que os que descansam em seus ensinos corretos, parecem estar no mesmo nível de derrota dos que
não têm tais ensinamentos?
Algumas práticas de disciplina dão uma lista do que fazer para toda e qualquer situação.
Elas funcionam sob a tese de que as pessoas erram porque não sabem o que fazer. Mas nem em
grupos bem disciplinados, os que estão no topo conseguem seguir todas as regras e listas, e caem
em derrota. A questão principal não é confrontada: a lista do que fazer para atingir espiritualidade
e mudança não funcionou!
Ao mesmo tempo que perde a percepção de Deus, o homem aumenta o número de regras e
listas em sua vida. O volume de leis só quer dizer uma coisa: nós não conhecemos a Deus. A lei do
Velho Testamento foi dada por esse motivo - o povo não conhecia a Deus. Os fariseus são um ótimo
exemplo desse princípio! Quanto mais perdiam a percepção de Deus, mais suas leis se
multiplicavam.
Recentemente, li sobre as leis da dieta judaica. Num dos artigos, o autor deixou bem claro
que nós cristãos não devemos comer certas carnes, como as de coelho e camelo. A primeira coisa
que me veio à mente foi: "Se eu não comer mais carne de coelho e camelo, será que me darei
melhor com minha esposa, meus filhos andarão sempre com Deus, e poderei vencer minha
depressão e derrota?" A resposta é absolutamente, não! Devemos discutir, refletindo sobre
qualquer idéia a nós proposta: se ela nos pode levar a atitudes proveitosas para a nossa qualidade
de vida. Quando nos deparamos com alguma maravilhosa teoria, bons ensinamentos, imposição de
leis, ou referências renovadas, eu acredito que raramente nos perguntamos se isso realmente
funciona. Nossa situação presente é tão miserável que estamos dispostos a ouvir qualquer coisa
que prometa remédio imediato. Várias vezes já ouvi que cristãos não devem ter televisão, rádios,
sandálias, roupas coloridas, ou mesmo um bateria na igreja. Mas na ala dos legalistas também
foram encontradas as piores imoralidades. Não deve funcionar!
Já houve vários debates sobre estar cheio do Espírito e falar em línguas. Eu conheci pes-
soalmente professores dos dois lados e que estavam vivendo as mesmas formas de pecado e
escravidão. A verdade é que encontramos, entre os derrotados, pessoas que falam em línguas e as
que não falam; nenhuma das duas situações deve ser a solução para derrota.
O derrotado pode ser encontrado entre os que foram batizados de maneira "correta" e no
tempo "correto", entre os que se sujeitam a autoridades espirituais, os que lideram grupos, os que
já leram e decoraram livros inteiros da Bíblia, os que têm sempre um tempo devocional, os
evangelistas incansáveis, os que fazem confissões positivas, os que só lêem a tradução da Bíblia
feita por King James, os que não comprarão um bateria de jeito nenhum, os que já leram todos os
livros sobre criação de filhos. Nós acreditamos nas palavras de Jesus, "... e conhecereis a verdade,
e a verdade vos libertará" (João 8.32). Obviamente, as coisas que mencionei não são a verdade,
porque os que as praticam não estão livres.
O cristão que está procurando um método para trazer alívio a esse estado desprezível, rara-
mente se pergunta: "Onde está Jesus no meio de tudo isso?" Na verdade, se parasse para escutar,
ele perceberia que está escutando menos e menos o precioso nome de Jesus e mais e mais o que o
homem exalta.
Quando deparado com um esquema que promete sucesso, o cristão deveria sempre pergun-
tar: "Será que o budista, o hinduísta, o muçulmano conseguiriam fazer isso? Se a resposta for sim,
então nada há de sobrenatural nesse método; é meramente ensino humano.
Algumas pessoas ouvem falar que a origem do seu problema é demoníaca. Passam horas com
alguém expulsando o(os) demônio(os), e mesmo assim, dentro de algumas semanas, continuam
escravas do pecado e de suas ações como antes. São instruídas a submeter-se a exorcismo mais
uma vez, e outra vez, mas com o passar do tempo, percebem que não mudaram.
Muito conhecimento se aplica à vida da pessoa que está ouvindo. Quando peguei minha
Bíblia de estudos, notei que há uma página inteira dedicada ao livro de Isaías. Foram dois autores
ou um só? Há outra página dedicada ao livro de Hebreus. Foi Paulo ou Barnabé? Há um guia
teológico e uma sessão especializada em escatologia e diferentes visões sobre o fim do mundo.
Com certeza, muito tempo foi gasto nessa pesquisa e sem dúvida usaram os mais brilhantes sábios.
Mas por quê? Será que tem alguma significância para o cristão oprimido que está na China, o irmão
que foi preso no Nepal por batizar um homem, a irmã indiana que não tem o que comer hoje, ou
até mesmo você?
A igreja está cheia de sábios destruídos que pensaram que a Bíblia foi escrita para ser
entendida e não perceberam que foi escrita para dar vida. Alguns pastores sugerem que as pessoas
tomem nota durante os sermões, mas nós não precisamos de mais pedaços de papel; precisamos é
de poder. As Escrituras são pesquisadas a fim de que se encontre conhecimento, mas o resultado
são casamentos destruídos, filhos rebeldes, e até falta de abundância.
Deus não é para ser sistematizado e entendido - isso é o que fazem os que não O conhecem
ao invés disso, Ele é para ser obedecido e adorado.
Penso que a coisa mais sábia que um teólogo deveria fazer é vender sua biblioteca teológica, usar
o dinheiro para comprar um telescópio, olhar para as estrelas e ficar em silêncio. Uma tarde assim
fará com que qualquer um, em sua verdadeira posição de ignorante diante do Pai, tenha a mesma
experiência de Jó: "Então Jó respondeu ao Senhor e disse: Sou indigno; que te responderia eu?
Ponho a mão na minha boca" (Jó 40.3,4). Claro que há tempo para aprender, mas quando o
aprendizado é um substituto de vida, vira calamidade. O ignorante, o talentoso e o não dotado, o
rico e o pobre estão na mesma situação, quando falamos de vida vitoriosa.
Não estou afirmando que conhecimento não é importante. Muito pelo contrário;
conhecimento que leva a vida é extremamente importante, mas repito, se tomar o lugar de Cristo
e tornar-se a solução para o dia-a-dia, é maldição. Todo conhecimento deve descer uns doze
centímetros abaixo do cérebro - para dentro do coração!
Acredito que muitas vezes a busca do conhecimento nos mantém longe da oração. De fato, é
muito mais fácil buscar o conhecimento do que o nosso Deus através da oração. Sabemos que Deus
domina o mundo através da oração dos santos e, mesmo assim, em minhas viagens, nunca vi um
Seminário ou Escola Bíblica que ofereça curso de oração. De onde mesmo vem a libertação?
Conselheiros cristãos estão multiplicando-se porque há vários cristãos machucados na igreja.
Muitos cristãos acreditam piamente que autoconhecimento obtido através de conselhos é a ajuda
concreta de que precisam para ter uma vida vitoriosa. Todavia, uma coisa que perturba sobre
aconselhamento cristão é que geralmente nosso Senhor Jesus e Seus poderes são deixados de lado;
e o conselho dado ao cristão funcionaria perfeitamente para o não-cristão também. Verdadeiros
conselheiros cristãos , fazem com que a pessoa olhe para Jesus, e não para si mesma. Sempre acho
confusa a hostilidade que pode ser criada entre os cristãos, quando eles ouvem que Jesus é a única
coisa de que precisam. Nós somos ordenados a entregar todas as nossas ansiedades ao Senhor, e
não à psicologia:
"Então apregoei ali um jejum... para nos humilharmos perante o nosso Deus, para lhe
pedirmos j ornada feliz para nós, para nossos filhos e para tudo o que era nosso. Porque
tive vergonha de pedir ao rei, exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo no
caminho, porquanto já lhe havíamos dito: A boa mão do nosso Deus é sobre todos os que O
buscam, para o bem deles; mas a sua força e a sua ira, contra todos os que O abandonam.
Nós, pois, jejuamos e pedimos isto ao nosso Deus, e Ele nos atendeu."
Esdras 8.21-23
Em algum ponto será que não estamos envergonhados por correr para o mundo, em busca
das respostas aos problemas da alma?
Continuando nosso exame do que os cristãos tentam e não funciona, quase nem precisamos
mencionar todos os métodos e programas que estão sendo empurrados sobre nós na igreja:
desenvolve-se uma campanha atrás da outra, para aumentar o número e tamanho da congregação.
De vários modos, a maneira como muitas igrejas funcionam hoje, não é nem um pouco diferente do
sistema pirâmide que várias organizações seculares adotam. A ênfase é exatamente em empilhar
mais e mais pessoas na base, mas nunca se preocupar com os que já estavam lá. Geralmente, essa
prática é meramente calculada para construir impérios: os fundadores, seguindo fórmulas básicas
alcançarão sucesso.
Várias igrejas podem ser comparadas a alguns hospitais onde faltam médicos, mas estão
cheios de doentes, e a solução encontrada é construir hospitais maiores que acomodarão mais e
mais doentes. O necessário seria um médico para tratar os doentes que já estão lá.
Como é que nossa vida cristã se tornou tão difícil? Antes andávamos no amor de Cristo, mas
agora nós nos encontramos mantendo uma variedade de "lua nova" (Colossenses 2.16). O que está
acontecendo com a simplicidade que Jesus falou quando Ele nos comparou às criancinhas?
A raiz de todos esses métodos pode ser facilmente determinada. Veja, é nos ordenado viver
como foi escrito nos capítulos 5 a 7 de Mateus. Quando tentamos, descobrimos que simplesmente
não conseguimos. Então, desenvolvemos um cristianismo em que nos exaltamos e julgamos os
outros que não conseguem chegar ao nosso nível. Se achamos que a busca de intelecto é fácil,
fazemos com que doutrinas próprias, leis e princípios da igreja, e disciplina se tornem muito
importantes. Por outro lado, se não achamos que a busca do intelecto é atrativa, então nosso
cristianismo gira em torno de emoções, e aqueles ã nossa volta, cujas experiências não se
comparam às nossas, são julgados menos espirituais.
Resumindo, o cristão derrotado está procurando uma coisa certa - vitória, uma vida
profunda, algo que irá agradar a Deus - mas está procurando nos lugares errados.
Um amigo indiano conta a história de um homem que perdeu a chave de sua casa, e,
trancado do lado de fora, começou a procurar perto do poste de luz. Os vizinhos notaram o homem
e perguntaram o que ele estava fazendo e, um a um, começou a ajudá-lo. Finalmente, um dos
vizinhos perguntou ao homem:
- "Qual foi exatamente o lugar onde você perdeu sua chave?"
- "Foi ali perto da casa", respondeu o homem.
- "Se você perdeu sua chave perto da casa, por que é que você está procurando aqui perto
desse poste de luz?"
- "Não consigo enxergar nada onde a perdi; só vejo bem aqui perto desta luz", respondeu o
homem.
O cristão que perdeu sua alegria e vitória em Deus, muitas vezes procura onde as coisas
parecem mais claras, e não na fonte de seu problema. Olhar e procurar em lugares errados nunca
traz a chave do sucesso e, só porque há um pouquinho de luz, não há nenhum motivo para con-
tinuar.
...e um grande e forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do Senhor,
porém o Senhor não estava no vento; depois do vento, um terremoto, mas o Senhor não estava no
terremoto; depois do terremoto, um Jogo, mas o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo, um
cicio tranqüilo e suave... eis que lhe veio uma voz... I Reis 19.11-13
No capítulo 2, aprendemos que o mal que praticamos nos trouxe miséria, desconforto e
derrota; mas neste capítulo, aprendemos que as manobras feitas na tentativa de fazer o bem, nos
trouxeram uma igualdade de miséria, desconforto e derrota. O mais importante é que nenhum dos
caminhos requer fé. Se consegue enxergar essas coisas, você está pronto para o próximo capítulo.
4. Cristãos Descristãos
Existe alguma derrota, falha, depressão, ansiedade, frustração ou pecado que não tenha
suas raízes em descrença? Tenho feito essa pergunta a ouvintes de todo o mundo e ainda estou por
descobrir um.
Eu estava numa pequena cidade da índia, quando uma mulher me perguntou se poderia ter
um tempo sozinha comigo, para que pudéssemos discutir seus problemas e buscar em Deus a
solução. Ela tinha escrito num pedacinho de papel vários itens, que a preocupavam, incluindo
perguntas sobre seu marido que não era cristão, seus filhos, seus parentes, e, é claro, seus
próprios conflitos com Deus. O inglês dela era muito pobre e meu hindu nem existia, então pedi a
um pastor que nos ajudasse. Para cada pergunta, abrimos as Escrituras e encontramos a resposta
que Deus nos deu, cada qual baseada em Cristo como o centro e apontando um relacionamento
momento a momento com Deus, os quais, eu tinha certeza, resolveriam o problema. Porém, para
cada resposta, ela fazia outra pergunta, imediatamente. Depois de mais de uma hora nessa rotina,
percebi que, mesmo que essa mulher estivesse lendo sua Bíblia e orando mais de quatro horas a
cada dia, ela era uma cristã descristão.
Deixe-me explicar que o cristão descristão é alguém que é cristão, é nascido de novo, e vai
para o céu; o problema é que essa pessoa nunca acre ditou no Senhor Jesus com todo o ser. Isto é,
com sua mente ela aceita e acredita o que foi dito sobre graça, cuidado, afeto e amor no Senhor
Jesus - ela é cristã. E mesmo assim, ao mesmo tempo, ela sente que está no comando de todos os
aspectos de sua vida cristã - ela deve mudar a vida das pessoas à sua volta, transformar sua própria
vida, e trabalhar duro para agradar a Deus. Quer dizer, em suas emoções ela é descristão.
As igrejas hoje estão cheias de cristãos descristãos: com suas mentes correm para Deus, mas
com suas emoções correm de Deus. Muito tempo e esforço são gastos persuadindo pessoas a
concordar com o que as Escrituras dizem, mas muito pouca atenção é dada às emoções, plano em
que deveriam ser convencidas igualmente; o conceito emocional de Deus é tão importante quanto
a visão intelectual. Uma percepção emocional negativa de Deus criará obstáculos à vontade de
olhar para Deus como o Caminho, a Verdade e a Vida. Muitos entendem (acreditam) que Deus cui-
dará de todas as suas necessidades, mas sentem (não crêem) que Ele não vai ajudar e que devem
fazer tudo sozinhos; então continuam numa grande tribulação.
Deve ser muito difícil um pastor pregar toda semana numa congregação cheia de cristão
descristãos, porque, não importa quanto o sermão tenha sido preparado, o quanto de poder trans-
pire, não mudará na vida dos que o escutam. Igualmente desanimada é a congregação que tem um
pastor cristão descristão, porque todo sermão tentará instigar as pessoas a agirem sob culpa, por
manipulação ou argumentos intelectuais. A lição apontará sempre para o que os membros devem
fazer para melhorar as suas condições, sem enfatizar o que Ele já fez para curar a enfermidade.
Já foi dito que a descrença ê a mãe de todo pecado! Quando sentimos o peso das
preocupações sobre nossos ombros, e uma vez mais cortejamos o pecado que pensávamos estar
longe, quando nos distanciamos dos que nos amam, e nos encontramos voltando para o mundo, não
é a descrença, a causa? Não é essa a raiz de todo o mal? "... contudo, quando vier o filho do
homem, achará, porventura, fé na terra?"
O termo fé é usado mais de 230 vezes no Novo Testamento e é o tema central para os que
viveriam a vida simples da vitória. Antes de olhar para a origem da fé, devemos entender o resulta-
do de sermos cristãos descristãos. Só então entenderemos o "eu" que deve ser negado diariamente
e a vida de fé que vem para anular o poder da trindade que não é santa: pecado, satanás e o
mundo.
A derrota da descrença
Deixe-me fazer uma pergunta bem pessoal: "Você é salvo?" Quando voltamos para a Bíblia
descobrimos três coisas que Cristo fez por nós. Primeiro, através da fé nEle, podemos nascer de
novo. Segundo, através de Seu sangue somos perdoados, e terceiro, através de Sua vida podemos
ser salvos. Há uma diferença entre as três; uma pessoa pode ter as duas primeiras, inteiramente,
sem participar da terceira! De fato, acredito que o céu estará cheio de pessoas que foram per-
doadas e nasceram de novo, mas nunca tiveram salvação no dia-a-dia. Elas são as que não viram a
Jesus como um Salvador diário dos pecados que as controlam, da culpa que vem depois, e da inevi-
tável e inescapável escravidão.
Para entender o que o termo salvo significa, devemos ir ao Velho Testamento. Na maioria
dos casos, refere-se a ser salvo dos conflitos presentes, circunstâncias e inimigos. O povo olha para
o Deus da sua salvação. Quando eles clamam, precisam de ajuda agora, e, não mais tarde, quando
chegarem ao céu.. Ser nascido de novo nos levará para o céu (João 3), mas precisamos de salvação
das coisas que nos oprimem agora..
Preste atenção nas palavras de Paulo em l Coríntios 1.18: "Certamente, a palavra da cruz ê
loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus". Ele deixa bem
claro que os que rejeitam a mensagem da cruz perecem hoje; fala do presente. O mesmo, porém,
é verdade para o cristão que aceita a mensagem da cruz: quer dizer, ele verá o poder da salvação
da cruz hoje ("que somos salvos"). Ser salvo ocorre no presente! Como pode ser? Nós já estamos
certos de que vamos para o céu, estamos perdoados e nascidos de novo. Muito simples: a cruz nos
liberta hoje, de todos os inimigos contra nós e de agonias presentes.
Paulo novamente, deixa isso claro na carta aos Filipenses 1.28 e 2.12: "...e que em nada
mais estais intimidados pelos adversários. Pois o que é para eles prova evidente de perdição, é,
para vos outros, de salvação, e isto da parte de Deus"; "...desenvolvei a vossa salvação com temor
e tremor". Vemos que salvação é algo para o aqui e agora.
Imagine um homem liberto da prisão, porque a pena de morte que ele merecia foi promul-
gada através do ato de uma outra pessoa, como um líder do país. O homem que é solto e perdoado
tem o coração cheio de alegria e gratidão; ele está, pelo menos, aliviado. Mas e as circunstâncias,
eventos, escravidão e pecado - a natureza do homem - que o colocaram nesse lugar de morte
merecida? Se isso não mudar, mesmo o homem estando perdoado, sua alegria não durará muito, e
sua constante falta fará com que seu próprio coração o condene. Esse homem não só precisa de
perdão, mas de ser livre de todas as coisas que o trouxeram a esse lugar.
O que seria a perda da minha vida, se eu acreditasse que salvação é só para um tempo ,
futuro? Seria enorme, porque eu continuaria sofrendo derrota hoje, na esperança de liberdade no
futuro quando poderia ter tido vitória o tempo todo, se tivesse visto o Salvador como Alguém que
liberta hoje e todos os dias, até a libertação final de meu corpo.
Quando entendemos o que significa salvação, as palavras do anjo em Mateus 1.21 fazem
muito mais sentido para nós: "Ela dará à luz um Filho e lhe poros o nome de Jesus, porque Ele
salvará o seu povo dos pecados deles". Salvação é para ser uma experiência diária, sobrenatural.
Devemos acreditar na exortação do Salvador em João 15.5, "...porque sem mim nada podeis
fazer". Mas se estamos cheios de incredulidade, essas palavras soarão como bênção em nossas
mentes, mas como maldição em nossas emoções. Também procuraremos um salvador além de
Cristo para nos libertar de nossa prisão. Nessas condições, procuramos em todos os lugares errados!
A idolatria da descrença.
Qual é a única coisa que você quer receber depois de ler este livro? De que é que você
precisa? Imagino que sua resposta teria um pouco do seguinte: "Preciso de amor e de que essa
profunda solidão que sinto seja coberta pela alegria de ser amado e aceito; e também gostaria de
um pouco de segurança e garantia." Todas as nossas profundas necessidades são espirituais as quais
Deus, e somente Deus, pode suprir. Se, no entanto, você é um cristão descristão, você não tem
conseguido olhar para Deus para que Ele supra suas profundas necessidades.
Onde você tem procurado suprir essas necessidades? Como você lida com o mundo à sua
volta? O que você faz no meio de severa derrota? Para quem ou o que você se volta, quando sob
extrema pressão? Onde você encontra conforto? Como você existe num mundo onde Deus só se
revela no futuro (para tirá-lo do inferno)? Como você vive no meio de uma humanidade que parece
ir contra tudo o que você faz?
Vamos examinar agora, o desenvolvimento de alguns mecanismos que usamos para
dissimular.
A criação de ídolos
Mecanismo é simplesmente a palavra que o mundo usa para descrever um ídolo, ídolo é
qualquer coisa, além de Cristo, a que se busca, quando sob pressão. Quando machucados, devemos
encontrar um jeito de lidar com essa dor. A coisa para que corremos, quando estamos em dor, é
nosso ídolo.
Uma vez, comecei a disciplinar um cristão dedicado, que trabalhava numa igreja como
evangelista. Sua esposa, resolveu fazer-lhe uma surpresa numa noite em que ele trabalhava: ela
embrulhou um monte de coisinhas gostosas e foi ao seu encontro em seu escritório particular. Che-
gando lá, ela o encontrou ao telefone, fazendo uma ligação obscena; pornografia estava espalhada
por todo canto.
O marido foi trazido a mim, por causa de seu problema sério. A primeira coisa que fiz foi
estudar a história desse homem, antes de sua conversão. Descobri que quando ele tinha doze anos,
seu pai se tornara alcoólatra, e sábado era o pior dia da semana para esse garoto. Naquele dia, seu
pai ficava em casa e começava a beber de manhã cedo; pelo meio dia já estava bêbado e
começava a brigar com a mãe do menino. Uma vez o garoto assistiu a seu pai pegar sua mãe pelos
cabelos e jogá-la contra a parede.
Imagine você nessa situação, vendo seu pai e sua mãe brigarem e não poder correr para o
Senhor Jesus com sua dor? O que você faria para lidar com tal situação? O menino correu e se
escondeu debaixo da cama de seu pai; adivinhem o que ele encontrou? As revistas pornográficas de
seu pai! Ao invés de passar as tardes com pais briguentos, ele poderia passar seu tempo com
mulheres nuas nas páginas das revistas - mulheres que nunca o rejeitaram. Descobriu que,
enquanto olhasse para as fotos, não ouviria a discussão. Logo, pornografia tornou-se o ídolo desse
garoto; afinal, era uma coisa à qual ele podia ir correndo, quando sob pressão, para tirar os
problemas de família da cabeça, e, ao mesmo tempo, oferecia prazer, aceitação, e um sedativo
para a dor que sentia.
Aos dezesseis anos o menino se converteu e colocou de lado a pornografia, e por muitos anos
não tinha nada a ver com aquilo; até freqüentou a Faculdade Bíblica e foi para o seminário.
Porém, vários anos depois, ele se encontrava sob extrema pressão: seus filhos estavam se
rebelando, as coisas não iam bem no trabalho, e estava tendo problemas em seu casamento. Se
você fosse o inimigo (satanás) e seu trabalho fosse matar, roubar e destruir, quando percebesse
que esse homem estava sob enorme pressão, como iria tentá-lo? Claro, pornografia! O inimigo não
é ignorante de nossa história pessoal, e ele a usa para desenvolver uma tentação que, nos calhe
perfeitamente, usando como isca algo que, ele sabe, vai nos atrair. Esse homem estava seduzido
com pornografia porque no passado funcionara como alívio para sua dor: desse modo, ele estava
suscetível a voltar para aquilo.
No entanto, há um grande problema quando renovamos nosso caso com os ídolos do passado.
Deus não permite que nenhum ídolo supra as necessidades do cristão! Então, geralmente,
recusamos desistir de um certo ídolo, simplesmente porque funcionava tão bem no passado; isso
permite que o inimigo fique atrás de nós, falando-nos que a razão de o ídolo não suprir nossas
necessidades como fazia antes é não estarmos fazendo ou usando o suficiente. Talvez falemos: "A
razão de pornografia não estar funcionando é porque não estou olhando o suficiente". Aí, compra-
mos mais coisas pornográficas, e, mesmo assim, Deus não permite que nos satisfaçam. Nesse
ponto, por causa da crescente pressão e da falta de habilidade de encontrar um sedativo, a pessoa
se torna furiosa. Cristãos que usam ídolos para lidar com as coisas, são facilmente reconhecidos,
porque manifestam sintomas como apreensão, incerteza, medo, aflição e depressão. Nenhum deles
acompanha uma pessoa de fé.
Em Gênesis 29, lemos a história de Jacó e seu pedido ao imoral Labão, para obter Raquel
como esposa. Jacó trabalhou para Labão durante sete anos para casar com Raquel, e ao final dos
sete anos, foi passado para trás, e, ao invés de Raquel, lhe foi dada Lia, sua irmã. Ele então,
concordou em trabalhar mais sete anos para que pudesse ter a sua amada Raquel. Ao final desse
período, Jacó foi persuadido a trabalhar durante mais seis anos para seu sogro; durante esse
tempo, Deus fez com que Jacó prosperasse e lhe deu riquezas que pertenciam ao seu sogro Labão.
Depois de vinte anos, Jacó decidiu tomar suas esposas, seus filhos, seu rebanho e partir. Raquel e
Lia estavam com Jacó durante vinte anos; viram que Deus as abençoara, dando-as a Jacó; perce-
beram que Deus transformara toda a maldade que foi feita ao seu esposo em bondade.
Presenciaram as bênçãos de Jeová em suas famílias, e era costume que servissem ao Deus de seu
esposo. Por que então, quando foram completamente libertas de seu pai, levaram consigo os ídolos
de casa (Gênesis 31.19)? Por que esconderam os ídolos e os levaram com elas na jornada que Deus
tinha para eles? Foi por causa da descrença! "No caso de Deus não nos ajudar nessajornada,
teremos esses ídolos do passado conosco, os quais nos ajudarão com certeza", deve ter sido sua
desculpa.
O mesmo é verdadeiro com cristãos hoje! Deus nos chama para a jornada da Terra Prome-
tida, mas nós temos escondido conosco os ídolos do passado: no caso de Deus não nos ajudar (na
hora em que queremos e do jeito como queremos), teremos os ídolos conosco em que poderemos
confiar. A maioria dos cristãos começa a jornada para uma vida de paz, descanso e vitória, com a
mala cheia de ídolos do passado - as coisas em que confiavam antes de conhecer a Jesus. "Os que
se entregam à idolatria vã abandonam aquele que lhes é misericordioso". (Jonas 2.8).
Já foi dito que há quatro tipos de pessoas no mundo. A primeira diz: "Eu, não Cristo!" Nesse
grupo se incluem budistas, hinduístas e ateus. O segundo diz: "Eu e Cristo!" Esses deixam que Cristo
seja o seguro contra fogo, para mantê-los fora do inferno, mas tomam conta de tudo sozinhos. O
terceiro tipo diz: "Cristo e eu!" Esses são os cristãos mais infelizes, porque querem que Cristo seja
o Senhor e, mesmo assim, se Ele não age de acordo com os planos deles, na hora deles, aí vêm os
ídolos. O quarto tipo diz: "Cristo, não eu!" Tendo aprendido o segredo de dependência e confiança
em Cristo, e somente Cristo, eles entram na paz de Deus e entregam todas as suas ansiedades para
Ele.
A variedade de ídolos
Vamos dar uma olhada nos ídolos mais comuns, lembrando que um ídolo pode ser qualquer
coisa, pois é simplesmente aquilo para que corremos, para além de Cristo, quando sob pressão ou
dor. Durante nosso crescimento, foi inevitável passar por coisas desagradáveis e, como foi dito
antes, para cada situação de dor, achar-se um ídolo para ajudar a lidar com a dor.
Considere a adolescente que está crescendo num lar onde aconteceu um divórcio; ela já
mudou de uma escola para outra e o homem com quem sua mãe mora vê a menina como um aces-
sório desnecessário. Há, geralmente, dois elementos como conseqüência de uma ferida: o primeiro
é a dor, o segundo a rejeição. Podemos dizer com certeza que essa menina irá procurar algo que
alivie os dois. Trabalhar duro na igreja vai acabar com a rejeição e, fazendo isso, várias pessoas
elogiarão seus esforços, mas não vai curar a dor que ela está sentindo. Conseguir boas notas e ter
seu nome na lista dos melhores alunos da escola trará várias coisas positivas e acabará com a
rejeição, mas não vai curar a dor. Beber ou usar drogas a livrará temporariamente da dor, mas vai
causar mais rejeição, aumentando a ferida.
De fato, existe uma coisa pronta para acabar com a dor e a rejeição, é bem popular, geralmente
não tem custo financeiro, e nos dizem que isso cura as duas coisas, livrando-nos da ferida. Essa
coisa é o sexo. Quando envolvidos num ato sexual, sentimos prazer e nos livramos da dor e, ao
mesmo tempo, alguém está nos segurando - mesmo que por alguns minutos - livrando-nos da
rejeição. Mas no outro dia, sentimos a dor e a rejeição aumentadas pelo envolvimento, mas os
comerciais, filmes, televisão e amigos, nos asseguram que sexo, logo, logo, satisfará nossas
necessidades.
Existem ídolos facilmente reconhecíveis, feios e repulsivos, os quais vêm do lado mal da
árvore da sabedoria do bem e do mal. Há, entretanto, ídolos que, a princípio, não parecem ser tão
ruins assim. São, de várias maneiras, mais astutos, porque são facilmente desculpados ou aceitos,
ou não causam nenhum dano, ou até mesmo nos beneficiam, quando não são usados como
substitutos de Deus. Nessa lista estão: comida, compras, televisão, rádio, roupas, controle,
mentiras, manipulação, fuga, contentamento, leitura, fantasias, ganância, brutalidade e difama-
ção. Uma coisa pode ser um ídolo para uma pessoa, mas não para outra, dependendo se é, ou não,
usado para satisfazer as necessidades interiores.
Há, também, os ídolos "Classe A", alguns até buscados por muitas pessoas respeitáveis da
igreja; esses são os mais perigosos de todos. Existe também, o ídolo do Ministério. Isto é, a esposa
fala para o marido que ele está fracassando como esposo e pai, em casa, então ele vai para a
igreja, onde todas as pessoas lhe dirão que está fazendo um bom trabalho. Há o ídolo da Teologia,
que se baseia em descrença, tirando Deus de todos os milagres, do trabalho pessoal na vida do
cristão, Sua presença, e qualquer outra coisa que seja um pouco sobrenatural. Vários invocam o
ídolo de posições, vocações e viagens. Não estando contentes em ser simplesmente cristãos,
devem fazer algo diferente que os separe do resto do povo. Existe, também, o ídolo da religião,
pelo qual deixamos que os que se aproximam de nós saibam, imediatamente, que temos uma linha
direta com Deus e que não somos pessoas comuns como eles.
Como você pode notar, vimos uma variedade de ídolos; alguns são feios, outros aceitáveis, e
alguns parecem ser maravilhosos. Mencionamos somente alguns; muitos outros são facilmente
identificados, quando observamos para onde o cristão descristão corre, quando sob pressão.
Já apliquei esse teste em diversos países com uma variedade de culturas, e as respostas dos
cristãos que se sentem derrotados e sofridos são consistentes.
As respostas mais comuns são:
1. Quando penso em estar com Deus, sinto medo, solidão, e que Ele não está aqui.
2. Quando lenho que confiar em Deus, sinto que Ele não vai me ajudar.
3. Quando penso em Deus, desejo que possa vê-Lo ou que Ele me mude.
4. Às vezes, fico zangado com Deus, quando Ele não me ouve, quando me deixa sozinho, quando
não me ajuda.
5. É frustrante quando Deus quer que eu faça o impossível (o que Ele sempre quer). Quando me dá
ordens não consigo cumprir.
6. Eu realmente adoro a Deus, quando Ele perdoa. (Se as pessoas realmente adoram a Deus
quando Ele perdoa, e não estão tendo muita alegria, podemos, seguramente, concluir que, na
verdade, não acreditam que Ele perdoa!).
7. O que mudaria em mim para agradar a Deus seria tudo. (Essa resposta revela o sentimento de
não se sentir aceito por Deus, precisando sempre fazer mais para Ele.)
8. Quando penso nos mandamentos de Deus, sinto-me inadequado, porque, na maioria das vezes,
não consigo obedecer a eles; ou também me sinto julgado por errar.
9. Às vezes, queria que Deus me levasse para casa. (Essa pessoa está simplesmente dizendo que
sua vida com o Senhor tem sido péssima.)
1O. Não posso depender de Deus para nada.
11. Em meu relacionamento com Deus, estou sempre certo de que Ele irá me julgar, revelar para
todos as minhas falhas.
12. O que mais me amedronta sobre Deus é seu julgamento.
13. Deus me surpreende quando responde ou está perto.
14. O que tenho medo de que Deus possa Jazer é matar alguém que amo para chamar minha
atenção.
Deus, e somente Deus, supre suas mais profundas necessidades; todos nós sabemos disso em
nossas mentes, mas e em nossas emoções? Haverá alguma coisa em nossas emoções impedindo-nos
de correr para Deus, para que essas necessidades sejam supridas; nos colocando numa jornada sem
fim, tentando encontrar uma pessoa, algo especial, um lugar incrível ou aquele ídolo adorado para
supri-las? Olhe como Deus é descrito pelo cristão derrotado no teste acima. Mesmo sabendo que
Deus não tem nada a ver com o que foi descrito, o cristão derrotado sente que é esse o Deus a
quem ora, adora e a quem confia suas necessidades.
Imagine você participando de um culto evangélico e, depois de ouvir uma mensagem sobre a
vida salvadora de Cristo, ser chamado para vir à frente e aceitá-Lo como seu Salvador. Imagine o
pregador, depois do convite, descrever o conceito emocional de Cristo que tiramos do teste acima!
Ele explicaria, então, que, aceitando a Jesus em sua vida, desse momento em diante você sentiria
medo e não teria nenhuma ajuda, Deus não estaria perto de você, Ele não o ouviria, seria
impossível obedecer a seus mandamentos, Deus iria julgá-lo, você não seria aceito, e Ele até
poderia matar alguém de sua família para chamar sua atenção! Você ou os outros aceitariam tal
convite? Nós não levamos a sério que muitos rejeitam o Senhor, não baseados no que é ouvido, mas
no que estão sentindo.
Uma vez, conheci um agnóstico muito intelectual que tinha pavor de cristão; depois que lhe
falei que eu era um deles, ele imediatamente me disse que os cristãos eram ignorantes, sem
conhecimento, supersticiosos, e super fingidos em sua busca de santidade. Já que estávamos
viajando juntos e tínhamos um tempo, perguntei se ele me daria a honra de responder ao meu
teste. Ele respondeu, e suas respostas foram similares às vistas no teste acima: sua convicção
emocional era de que Deus não está perto, não ajuda, traz desgraça e nunca o escuta. Depois de
lhe mostrar seu conceito emocional de Deus, eu disse: "Se isso realmente descrevesse Deus, eu
também não ia querer nada com Ele. De fato, eu inventaria desculpas para ficar longe dEle!"
Ele então respondeu: "Bem, todos os cristãos são hipócritas." Eu disse que isso era uma
desculpa. "Eles são todos famintos por dinheiro também." Duas razões. "Tudo com que eles se
importam é com construções." Três. "Eles nunca ajudam a ninguém." Essa era a quarta desculpa
para ficar longe de Deus. Ele me deu várias explicações, e eu entendi seus motivos para fazê-lo.
Com uma certa frustração, ele finalmente perguntou por que eu não estava discutindo suas
acusações ao cristianismo. Expliquei novamente que, se Deus é como ele descreve, então, todos
nós devemos procurar boas desculpas para ficar longe dEle. Se, de fato, Deus é um ser tão
amedrontador e de coração tão frio, temos toda razão do mundo em não abrir a porta e deixar que
Ele entre para controlar nossas vidas. Aqui, novamente, o grande conflito: muitos não querem ir
para o inferno algum dia no futuro, então, um Salvador do futuro os atrai. No entanto, devido a
uma descrença emocional e ao medo do que pode acontecer se permitirem que Ele mande em suas
vidas, essa mesma pessoa deve encontrar um jeito de lidar com a vida sem Deus. As objeções ao
Cristianismo, desse homem em particular, nada tinham a ver com o intelecto; eram motivadas
simplesmente pelas emoções.
Nós sabemos que as respostas dadas ao teste não descrevem Deus; então, a quem
descrevem? Quem será que não nos ouve, não está por perto e nunca está satisfeito? Muitos vão
responder: "satanás"; outros dirão: "nosso eu". Descobri que na maioria das vezes, a pessoa descrita
é o pai terrestre. À pessoa que faz o teste pode ser perguntado: "Seu pai o escutou? Ele o ajudou?
Ele estava por perto? Ele tinha tempo para você? Ele o julgou? Você conseguia agradar-lhe, ou, não
importa o que você fizesse, ele queria sempre mais? Ele o criticou e esperava de você o que
parecia impossível? Até hoje, você se sente desaprovado por ele? Ele alguma vez tomou algo
importante seu?" Concluí que entre os derrotados com quem converso, mais de 90 por cento têm
um conceito de Deus que, na verdade, descreve seus pais (suas mães ou uma pessoa de influência
em suas vidas). Tudo o que sabemos de autoridade é o que aprendemos com os que estão ã nossa
volta. Não faz sentido, então, que, quando somos ensinados a chamar a Deus de nosso Pai do céu,
isso traga às nossas emoções o conceito do nosso pai da Terra?
Uma garota tinha muita dificuldade em confiar ou pedir algo para o Pai do céu; no entanto,
ela tinha facilidade em orar para Jesus, e o chamava de Irmão. Depois de uma breve olhada na
história de sua vida, foi descoberto que seu pai, quando ainda pequena, a tinha assediado. De uma
forma natural, ela transferiu toda a sua raiva e decepção, do seu pai da Terra para o Pai do céu!
Quando mencionei para o homem que se auto afirmava intelectual e agnóstico que suas res-
postas ao teste, talvez não descrevessem Deus, mas seu próprio pai, e lemos o teste novamente,
ele começou a chorar. Ele então me contou que seu pai fora embora e prometera voltar, mas
nunca voltara; e falou de sua dor e raiva, causadas pelos atos de seu pai.
Se existe uma palavra que pode descrever a condição das pessoas a quem foi dirigido o livro
de Hebreus, essa palavra é descrença. Eles não são capazes de confiar, e o autor luta contra o
falso conceito que têm de Deus, resultado de situações com seus pais da Terra. "Pois eles nos
corrigiram por pouco tempo, segundo...; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim
de sermos participantes de sua santidade" (12.10).
O Desenvolvimento do Eu
De acordo com I João 4.8, Deus é amor. Já que amor deve ter um objeto, Deus criou o ho-
mem para ser essa entidade. Para ter certeza de que Sua inclinação para o amor fosse cumprida,
Deus colocou no homem a necessidade de ser amado e aceito por Ele. A partir do momento em que
nascemos, somos levados a encontrar nosso Criador para suprir essas necessidades em nós.
Há, porém, um grande obstáculo para que Deus supra nossas necessidades espirituais de
amor e aceitação. Nascemos sem Deus em nossos espíritos, tornando-se impossível que esse desejo
seja consumado. Em Gênesis 2.17, Deus disse: "mas da árvore do conhecimento do bem e do mal
não comerás; porque, no dia em que come-res, certamente morrerás." É absoluto e imperativo que
se comerem daquela árvore, eles morrerão! Eles comeram, e Deus disse que estavam mortos,
mesmo que suas almas estivessem ativas (pensavam, sentiam e escolhiam) e seus corpos
estivessem funcionando. Estavam mortos, mas vivendo; onde, então, ocorreu a morte? Resta um
lugar - o espírito. Estavam mortos para Deus no espírito, e o resultado disso é que seria impossível
ter suas profundas necessidades - amor e aceitação espiritual que só vêm de Deus - supridas. Essa
condição traz três problemas em particular para o homem.
Vazio Inevitável
Primeiro, sendo criados com um propósito de receber amor e aceitação de Deus, e, como
resultado da morte espiritual, tendo que lidar com a impossibilidade de ter essa necessidade
suprida, o homem fica louco, e passa a procurar em outros lugares e coisas, além de Deus, a fim de
suprir essa deficiência. A ambição de ter essa necessidade suprida é tão grande, que consome as
energias do homem, tornando tudo o mais inútil, sem valor em relação à busca. Em resumo, tudo o
que importa é que essa necessidade seja suprida. O homem torna-se inteira e intensamente
egocêntrico em sua busca de amor e aceitação.
Uma mulher cristã, com quem eu conversava, confessou-me várias traições num período de
um mês. Perguntei-lhe porque fazia tal coisa; era porque gostasse tanto de sexo? Nem um pouco;
de fato, ela não gostava de sexo. Ela disse que simplesmente precisava de alguém dizendo que a
amava e a queria, mesmo que ele estivesse bêbado e mentindo. Para ela, sexo era uma religião, no
sentido de que estava sendo usado para suprir suas profundas necessidades.
A vida egocêntrica é uma vida miserável. Tenta atrair tudo o que há no mundo para si mes-
ma, porém, depois de experimentar cada coisa, ela é jogada fora, e a busca de algo para suprir
essa necessidade continua. Não importa se o que foi escolhido é animado ou inanimado; tudo é
jogado fora. Não importa se são seus pais, seu parceiro, filhos ou amigos; todos serão descartados
ou considerados irrelevantes, se não forem capazes de satisfazer essa sede interna. Carreira,
posses, álcool, status - a pessoa egocêntrica deve experimentar tudo o que pode, até que a
perfeita religião, a receita que trará satisfação à vontade inerente, é encontrada.
Considere a estupidez da vida egocêntrica. Parece que o zênite da criação de Deus - o ho-
mem - não tem poder de observação para julgar o resultado dessa existência. O homem não mostra
evidência de razão? Será que os que trocam de parceiros como se estivessem trocando de sapato
estão felizes? Será que a mulher está mais feliz agora que tem o controle total da casa? Será que o
homossexual está realmente feliz agora, que é assumido? Será que uma mulher está satisfeita em
saber que preservou seus direitos humanos, fazendo um aborto? Se pudéssemos ver com a razão,
concluiríamos que a vida egocêntrica resume-se em vazio, cansaço, e miséria, onde um cego guia
outro. Infelizmente, vida própria é muito maior que a razão, capaz de escravizar a humanidade.
Se um marido ou uma esposa se recusam a sair perdendo numa discussão, ou abrir mão de
um simples direito, preferindo o conflito à harmonia, deveria alguém ficar surpreso de que vizinhos
não se combinem? E se vizinhos querem proteger seus direitos, sem se importar com outros, é de
se assustar que nações não se combinem? Vida egoísta é feia, malvada e nos leva à miséria,
controlando as pessoas e dando-lhes uma existência horrível. É isso que quer dizer ser carnal: viver
como um animal.
Um animal tem alma (mente, vontade e emoções) e um corpo, mas não tem um espírito.
Todos os anos nossa cachorra tem cachorrinhos; quando estão prontos para desmamar, a mãe vai
até minha esposa e late, dando o sinal de que está na hora da minha esposa ajudar com a
alimentação. Tudo parece muito nobre e estou certo de que a cachorra está preocupada com o
estado de sua cria. No entanto, quando minha esposa leva comida para os cachorrinhos, a mãe não
resiste a seu instinto animal (vida egoísta) e empurra os cachorrinhos, dos quais ela queria cuidar,
comendo ela mesma a ração. Naquele momento, todo bom juízo vai embora, e ela se mostra não
uma mãe consciente, mas somente um animal.
Esse tipo de sentimento é visto hoje em muitos pais; quando se deitam na cama à noite ou
estão dirigindo sozinhos, suas mentes estão cheias de amor por seus filhos. Ah, o quanto querem
fazer o que é bom para seus filhos; o quanto se sentem abençoados por terem seus pequeninos!
Eles resolvem fazer mais por seus filhos, a partir de amanhã. Mas aí, quando o amanhã chega, a
vida egoísta ainda está no controle, e as necessidades de cada criança devem abrir mão às ativi-
dades dos pais, que preferem beber, assistir à televisão, ficar até mais tarde no trabalho, ou
conversar com adultos.
Em meu trabalho, estou abismado com a profundidade e extensão da horrível natureza da
vida egoísta; sempre vejo famílias destruídas, por causa de um marido egocêntrico, que acredita
que uma mulher dez anos mais nova que a sua vai, certamente, suprir suas necessidades. A
destruição e o sacrifício da vida de cada um seus filhos não vale nada; eles não são nem conside-
rados, quando comparados com a possibilidade de preencher seus próprios desejos.
Certa vez perguntei a uma mulher que estava sendo traída pelo marido, porque ela queria
que ele voltasse. Seria por causa do medo da punição a um cristão traidor? Seria por causa do
impacto que o divórcio causa nas crianças? Ou seria porque se sentisse miserável e quisesse ser
feliz novamente? O que você acha que ela respondeu? É claro, para que pudesse ser feliz
novamente! Não tinha nada a ver com o bem-estar do marido ou o dos seus filhos!
Há certas características que o egocêntrico possui. Por exemplo, querem sempre ser vistos,
ser o centro das atenções, querem atrair aplausos para suas realizações. Não conseguem suportar
críticas ou parecer inferiores. Manipulam, distorcem os atos dos outros, e mentem com freqüência.
São exageradamente sensíveis, sempre se comparam com os outros, acham as opiniões dos outros
insignificantes. Cuidado, porque sempre procuram revidar, ficam facilmente irritados, recusam a
culpa, e cobiçam as coisas que são proibidas. Revelam-se coléricos, assustadores e orgulhosos. São
jactanciosos, compulsivos, vãos, críticos, dominantes, incriminadores, inseguros, concentrados em
si mesmos, difíceis de perdoar e não aceitam ser ensinados. E quando lêem uma lista como essa,
sempre pensam em alguém que deveria lê-la e se sentir-se persuadido.
Como o homem chegou a tal ponto? Começou quando Adão pecou e caiu da vida celeste de
comunhão com Deus, para a vida do mundo. Tentou suprir sua necessidade celestial aqui na Terra,
através de uma vida de auto-suficiência. O homem egocêntrico é tão cego quanto à sua condição,
quanto ã destruição que causa, não só em sua vida, mas na dos outros. Ele passará a apresentar
desordens em sua personalidade, emoções agitadas e doença, seguidos de discórdia e divisão em
suas relações com outros.
Em Busca de Sanidade
Eu gostaria que você imaginasse sua mente, vontade e emoção como um automóvel, e o
espírito, o motorista. Os automóveis foram criados para motoristas; se não existissem motoristas,
certamente não precisaríamos de automóveis. Agora, imagine-se ao pé de uma ladeira: você
percebe que urn carro vem vindo em sua direção, sem o motorista dentro! O que vai fazer? Eu acho
que você faria o que pudesse, para sair do caminho desse carro. Porque não tem motorista e,
conseqüentemente, está fora de controle. E se o carro estivesse em linha reta, você também sairia
do caminho? E se começasse a descer, em ziguezague pela rua, você também não sairia do
caminho? Suponha que o carro comece a capotar em sua direção, você não correria do mesmo
jeito? A resposta a essas três perguntas é sim, claro. O que estou querendo dizer é que há varias
maneiras de se estar fora de controle; de fato, às vezes o carro parece estar brecando, mas
sabemos que não está e, por causa disso, não confiamos.
Minha definição de sanidade é quando a mente, a vontade e as emoções de alguém estão
sob o controle do Espírito Santo. Tecnicamente, sanidade é estar em contato com a realidade, e o
que pode ser mais real do que estar em contato com Deus? Então, se nossos espíritos estão mortos
para Deus, quando nascemos, qual a condição de um homem ao nascer? Insanidade! Insanidade é
absolutamente estar fora de contato com a realidade, e Deus ê a única realidade absoluta. Muitas
pessoas acham esse pensamento repulsivo porque, como carro que vem vindo em linha reta, elas
não gostam de ser classificadas como carros que vêm vindo como loucos e sem controle, que batem
e pegam fogo primeiro. Mas os dois estão na mesma condição, só que em graus diferentes. Até o
cristão nascido de novo, que tem o Espírito de Cristo em si, pode criar uma parede de descrença
que não permite que Cristo governe sua alma; nesse momento, o cristão também é insano.
Muitos, escrevendo sobre a luta espiritual e as estratégias de satanás, têm notado que ele
faz com que sua voz seja igual à de uma pessoa. O propósito dele é fazer com que os humanos
achem que os pensamentos se originaram deles e que esses são desejos verdadeiramente seus.
Deixe-me ilustrar. Em lugar de sugerir: "Troque sua esposa por uma mais nova", tendo acesso aos
pensamentos do homem diz: "Acho que devo largar minha mulher." Isso ê tudo planejado para
confundir a questão, já que o inimigo gostaria que acreditássemos que qualquer tentação é, de
fato, nosso próprio desejo. Uma vez que ele conclui esse engano, toda vez que dizemos não a uma
tentação, acreditamos que estamos dizendo não ao que realmente queremos. Então perma-
neceremos nisso, até que aquilo se torne nosso, e não consigamos resistir, logo nos entregando ao
pecado. "Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.
Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá a luz ao pecado; e o pecado, uma vez consumado,
gera a morte."
Tentação é igual ao desejo? Se isso for verdade, então o pior homem que já andou na terra
foi Jesus Cristo, pois foi tentado em todas as coisas! "Porque não temos sumo sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as cousas, à nossa
semelhança, mas sem pecado." (Hebreus 4.15) Mesmo assim, sempre vemos cristãos que confessam
suas tentações como pecado.
Expliquei esse princípio a minha esposa, que concordou. Então, perguntei se ela alguma vez
havia sido tentada a cometer adultério; ela se ofendeu e respondeu: "Que tipo de mulher você
acha que sou?" Expliquei-lhe que sua resposta provava que ela ainda acreditava que tentação é o
mesmo que desejo. Mesmo que o inimigo possa colocar, absolutamente qualquer pensamento em
nossas mentes, a qualquer hora, isso não representa nossa vontade, mas o caráter verdadeiro dele.
Um amigo uma vez me disse que só existem dois tipos de pessoas que lidam com ovelhas:
matadores e pastores! Explicou que a voz do matador, mesmo parecida com a da própria pessoa,
sempre machuca, é dura, condena, critica, traz depressão, confunde, induz. Se não lidar com ela,
a pessoa que a ouve, passa a acreditar que está ouvindo sua própria predisposição. Por outro lado,
a voz do Pastor é gentil, amável e ensina; guia, levanta meu espírito (mesmo quando culpado),
traz vida e libertação. Eu acho esse simples teste das vozes que ouço, muito útil.
Certa vez, conversando com uma mulher, o Espírito Santo deu-lhe convicção de aceitar a
Jesus em sua vida. Depois que orou, pedindo para o Senhor entrar em seu coração, sugeri que abai-
xasse sua cabeça, esquecesse de tudo, olhasse bem dentro de si, onde agora Cristo morava, ouvisse
Sua voz, e me dissesse o que ele falou. Poucos minutos depois ela estava sorrindo. Ele disse que a
aceitava e que a amava. As palavras mal saíram de sua boca, seu semblante mudou e ela se pôs a
chorar. Disse a ela que parasse ali mesmo. Então falei "Isso é o que você acabou de ouvir: eu devo
trabalhar duro para agradar a Deus, mas sei que vou falhar, e Ele vai ficar triste comigo." Ela me
olhou assustada e confirmou o que eu dissera. Argumentei que não era verdade! A verdade é que
ela já agradava a Deus, e que não trabalharia para Ele para ganhar sua aprovação, porque já tinha
essa aprovação. Expliquei-lhe sobre a voz do Pastor que havia ouvido e a voz do matador; ela pôde,
facilmente, diferenciar as duas. Eu estava feliz porque ela era cristã fazia poucos minutos e
distinguira as duas vozes, algo que muitos cristãos há anos ainda têm que aprender.
Se ainda não sabemos julgar a origem de nossos pensamentos, nem preciso dizer que não
estamos julgando nossas emoções, são muito mais enganadoras e úteis ao inimigo. O problema é
que as emoções são as mesmas, independente da origem ser verdadeira ou falsa.
Por exemplo, sentimos culpa se é vinda de eventos verdadeiros ou não. Cheio de raiva, um
homem jogou um tijolo na cabeça de outro; pensando que o tivesse matado, o homem fugiu e foi
morar em outro país, onde morreu alcoólatra e cheio de culpa. Na época de sua morte, o homem
que pensara estar morto, resolveu ir atrás dele para mostrar-lhe que não tinha mágoas. O primeiro
homem sofreu uma vida sob a impressão de ser um assassino e, mesmo não sendo, esses
sentimentos permaneceram com ele.
As emoções enganam. Se alguém se sente sem valor, várias pessoas tentam convencê-lo de
que não o é, porém, mesmo assim, ele vai passar a vida sentindo-se desvalorizado. As emoções
sem supervisão do homem, são como um playground para satanás; lá, ele pode aumentar a
destruição com o mínimo de esforço.
Eu sei, por experiência própria, que a depressão, depois de ser vivida por um período, torna-
se uma coisa normal, do dia-a-dia. Quando comecei a entender as emoções mentirosas, percebi
que podia estar sentado trabalhando, quando, de repente, entrava em depressão. Não havia
nenhuma causa para a depressão. Ela simplesmente aparecia. Já que naquela época eu não sabia
que os sentimentos vagavam, não os chamava de volta, ficando abatido por vários dias. Quando o
Senhor me revelou o que estava acontecendo, Ele também me mostrou que, assim como era um
absurdo passar dias onde meus pensamentos me levavam, era igualmente ridículo ir aonde minhas
emoções mentirosas estavam me levando. Assim como podemos julgar nossos pensamentos e
rejeitá-los, também podemos identificar que emoções estão sendo lideradas pelo inimigo.
Não fomos criados para viver independentes dEle; isso traz insanidade. É só numa humilde
dependência do Criador que mente e emoção são dignas da confiança de serem ouvidas. O nascer
mortos para Deus, no espírito, faz com que sejamos egocêntricos, quando tentamos suprir nossas
profundas necessidades; e também tem nos feito existir numa condição de insanidade, em que
ouvimos e agimos através de falsos pensamentos e emoções mentirosas.
O resultado final de nascermos mortos no espírito é a perda de identidade; fomos criados
para Deus, mas não somos trazidos ao mundo possuídos dEle ou Ele por nós. Sendo assim, a razão
de nossa existência não é clara. Nascemos não sabendo quem somos, mas induzidos a descobri-lo.
O que acontece depois é incrível. Em nossa condição de egocêntricos e insanos, perguntamos a
outras pessoas egocêntricas e insanas: "Você poderia me dizer quem sou?" Você pode se imaginar
indo a um Instituto Psiquiátrico e perguntando aos loucos quem você é? O que seria mais incrível é
se alguém lhe dissesse que você é Napoleão você acreditasse nele, agradecesse, e saísse, adotando
sua nova identidade. Isso é exatamente o que o homem tem feito. Sendo nascidos sem Deus,
egocêntricos e insanos, recebemos mensagens de identidade vindas de outras pessoas na mesma
condição; acreditamos e vivemos nelas.
Mensagens de Identidade
Muitas crianças recebem de seus pais a de mensagem de que não são valorizadas ou que-
ridas, quando, por exemplo, os pais decidem se divorciar. Uma criança não consegue entender a
complexidade do divórcio; ela só pode pensar o óbvio: "Estar comigo não é importante para o meu
pai." Uma mensagem de valor é dada a uma criança quando ela percebe com o que seus pais
gastam seu tempo. Se o telefone toca, o pai deixa tudo de lado e atende, então a pessoa ao
telefone tem muito valor. No entanto, se o pai nunca tem tempo para conversar com a criança, o
pequenino só pode concluir que seu pai não tem tempo para ele. Se a mãe trabalha para sustentar
a casa, é uma coisa, mas se está trabalhando para que possa comprar mais coisas materiais e para
sair de perto das crianças um pouco, aí já é outro caso. Crianças que têm seu tempo com os pais
sacrificado, porque estes estão sempre em busca de coisas materiais, freqüentemente desprezam
as coisas tangíveis. Por quê? Porque as coisas materiais passam a ser vistas como competidores da
atenção de seus pais.
Da mesma forma, uma esposa pode gostar de uma vizinha até que descubra que seu marido
está tendo um caso com ela; a partir daí, ela passa a encontrar uma variedade de defeitos nessa
mulher. O mesmo também é verdade quanto aos hábitos de um marido de assistir televisão, ler o
jornal, trabalhar, com os quais a esposa não tem problema algum até que passam a roubar a
atenção que ela deveria estar recebendo. Ela reage à mensagem de que, coisas são mais impor-
tantes do que ela.
Duas coisas afetam intensamente a identidade de uma mulher: uma, se seu pai de repente
pára de abraçá-la e lhe dar atenção, e outra, se foi molestada. Nos dois casos, a mensagem dada
foi que ela não era amada. Existem várias mulheres com dez, vinte, ou até trinta anos de idade
que precisam ser amadas por seus pais. Afeições negadas mandam uma forte mensagem.
Existe, infelizmente, uma grande discriminação quanto às aparências em todo o mundo.
Uma vez, quando estava numa pequena vila indiana, uma mulher com o rosto marcado, dentes
tortos, baixinha e um pé virado para dentro me procurou. Ela nem queria olhar em meus olhos,
porém me entregou um pedaço de papel com uma lista do que fazia para lidar com a vida. Tinham
dito a ela que ela era a maldição da família, nunca iria encontrar um marido para ela , e também
que ela era o fardo que a família tinha que carregar. Naquele pedacinho de papel, contou que só
saía de casa pela porta dos fundos e só limpava a casa à noite para que ninguém da família a visse
durante o dia. Também disse que gostaria de se suicidar mas não tinha coragem e esperava ansiosa
a morte natural. Qual a identidade dessa pobre mulher? Só por causa de sua aparência ela foi
rejeitada e, em vários países, muitos sofrem por causa disso. Quando a olhei, o Espírito Santo me
falou: " Foi por ela, e somente ela, que o trouxe até a índia". Poderia ser que, oito semanas na
estrada, noites sem dormir, cansaço, saudades de casa, e, falando dia após dia, tenha sido tudo
por causa dessa única pessoa? Eu disse: "Se você é tão sem valor, por que o Senhor acabou de me
mostrar que Ele me trouxe dos Estados Unidos até aqui só para conhecer você?" Eu adoro o jeito
como Deus trabalha - não de acordo com os pensamentos ou planos de homens!! Essa garota hindu
entregou sua vida a Jesus naquele momento. Deve ser verdade, então, que todos os fios de cabelos
de nossas cabeças são contados, e que até mesmo o mais fraco e mais débil de todos entre nós é
olhado por Deus, que ouve nosso choro de tristeza.
Uma criança pode receber mensagens de identidade de pais que fazem muito, como dos que
fazem pouco. Se um pai ou mãe nunca ajudam a criança com seus projetos escolares, estão
querendo dizer que a criança não é digna de seu tempo. Mas se todas as vezes que a criança tem
que fazer alguma coisa, o pai já pega as ferramentas de suas mãos para "fazer certo", a criança
está sendo chamada de incompetente. Se uma filha deve arrumar sua cama, mas sempre encontra
sua mãe em seu quarto refazendo a cama, logo a filha passa a acreditar que não consegue fazer as
coisas certas.
Quando estava ensinando numa Universidade, sempre podia perceber os alunos cujos pais
faziam tudo para eles: quando chegavam lá, não tinham condição alguma de tomar decisões. O
resultado final era que, quando deparados com alternativas, faziam péssimas escolhas, pois dei-
xavam tudo para a última hora, até que eram forçados a resolver o problema impulsivamente. A
maioria das decisões apressadas trazia resultados negativos, os quais faziam com que os alunos
esperassem ainda mais para tomar uma decisão, criando assim, uma espiral sempre apertada de
decisões mal tomadas.
Sempre sugiro aos pais que, quando seu filho faz um pedido (como: "Posso passar a noite na
casa de meu amigo?"), eles devem dizer não, se não querem que a criança vá, mas se não se
importam, deveriam deixar que a criança tomasse essa decisão e dar razões para a escolha. Sem-
pre ficava surpreso se meus filhos não iam a algum lugar, quando tinham que tomar essa decisão;
eles teriam ido imediatamente, se tivesse dito que sim. Quando achamos que devemos controlar
tudo o que nossos filhos fazem, nós os deixamos com uma mensagem silenciosa de que são muito
estúpidos para tomar qualquer decisão.
Uma discussão que sempre traz uma mensagem alta e clara é quando os pais falam de um
filho ou filha que está indo tão bem em termos de posição, realização, dinheiro, e assim por dian-
te. A marca de triunfo para as outras crianças se torna conquistas semelhantes. Qualquer coisa a
menos é fracasso, o que é lembrado todas as vezes que a outra criança é elogiada.
Essas são só poucas das mensagens que recebemos, quando estamos em nossa condição
insana. Como se pode supor, existem infinitas mais, tão variadas quanto o número das pessoas que
vão absorvê-las. Uma vez que recebemos a mensagem e acreditamos nela, a nossa identidade,
quando estamos muito mal, começa a ser moldada. Pode incluir sentimentos de inferioridade,
desvalorização, depressão, rejeição, estupidez, fracasso, feiúra, culpa, ódio de si mesmo. Então,
todo erro começa a nos provar que não só sentimos dessa maneira, mas é o que realmente somos.
As tentativas (ternos de sucesso) para encobrir essa identidade tomam várias formas, in-
cluindo coisas como posições, profissões, trabalhos da igreja, roupas, posses, ser os pais ou
parceiro ideal, intelectualismo, auto-compaixão (sim, uma pessoa pode se gloriar disso), talentos,
ou fazer parte de grupos políticos ou sociais. Tudo são esforços para manter escondido o que
tememos ser verdadeiro. Em resumo, nós nos odiamos! Frustração virá de qualquer acontecimento
que provar, que somos o que temos tentado tanto não ser. O uso de ídolos é meramente uma parte
daquela escura, odiada coisa chamada vida própria. Todas as tentativas para negá-la têm falhado.
Como ser livre é a questão.
Vida Trocada
É isso mesmo, aquela vida interior irritante - a Vida de Adão, sua aliança com a trindade não
santa, e sua identidade controladora - não podem ser mudadas. Ela foi permutada. Isso não é nem
um pouco por causa dos esforços e conhecimentos do homem, mas pela promessa e sabedoria de
Deus.
Como já dissemos antes, a vida interior e a vida exterior juntas formam o "você". Se retirar-
mos sua vida interior e colocarmos outra no lugar, você não é mais "você". Você pode até parecer o
mesmo para todos, mas não é, porque a vida exterior junto com a interior compõem um "você" que
é tão peculiar. Trocando sua vida interior, você se torna algo bem diferente do que era antes.
Isso é exatamente o que acontece quando a pessoa nasce de novo; ela recebe uma nova vida
e se torna uma nova pessoa. De fato, ela não é mais o mesmo ser humano, com Vida de Adão, mas
um filho de Deus, possuindo a Vida de Cristo. A Vida de Adão que odeia os mandamentos de Deus e
é inadequada, insegura, sem valor e não aceita é trocada pela Vida de Cristo, que é aceita, justa,
santa e triunfa sobre a trindade não santa. "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem
vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus,
que me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gálatas 2.20).
O seu velho eu, com o mesmo corpo exterior mas com a Vida de Adão dentro, foi morto,
dando lugar para o seu novo eu com a vida de Cristo em você. "E assim, se alguém está em Cristo,
é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas."(II Coríntios 5.17) Você é
nova criatura, algo diferente! Agora não estamos preocupados com experiência, mas com
verdade!! Naquilo que Deus diz, nós acreditamos. Estamos livres de nossa condenação da carne
porque fomos crucificados com Cristo .
Leia Romanos 6 e descubra a realidade espiritual de seu batismo em Cristo; somos libertos
do poder do pecado, entrando assim em verdadeira salvação. Como já foi mostrado anteriormente,
a palavra salvação nas Escrituras se refere a ser liberto no presente. O significado espiritual do ba-
tismo é que podemos participar da morte de Cristo e sermos livres da vida que é escrava do
pecado. Alguns vão dizer que isso ensina uma regeneração batismal (o que eu categoricamente
nego) e, a não ser que a pessoa seja batizada, não poderá ir para o céu. De jeito nenhum !! O que
permite a uma pessoa ir para o céu, é o fato de que ela é nascida de novo pela fé, e essa mesma fé
é pelo sangue de Jesus que retirou a penalidade do pecado. Contudo, o batismo é uma realidade
espiritual que nos liberta da escravidão, e não da penalidade do pecado. O batismo não é como um
trabalho que fazemos para que possamos ser salvos, mas sim, uma participação no trabalho que Ele
fez, o qual nos liberta, e é uma realidade espiritual. Existem centenas de cristãos batizados
andando em derrota; é óbvio que o batismo não teve um impacto espiritual em suas vidas, mas
como poderia? O batismo deve ser acompanhado de fé, e a fé não pode ser exercitada antes que,
primeiro, sejamos ensinados sobre as realidades espirituais. O batismo é uma realidade espiritual,
na qual podemos experimentar liberdade do poder do pecado e da velha natureza.
Nova Criatura
A realidade espiritual na participação da Vida de Cristo é maravilhosa, pois, através dela,
nós nos tornamos alguém novo, com a Vida de Adão fora de nós. Não só Cristo morreu naquele dia,
mas nós morremos com Ele.
Talvez você não saiba disso, não sinta, ou não tenha experimentado isso, mas no dia em que
aceitou a Jesus, sua velha natureza foi removida e, no lugar dela, colocada a Vida de Cristo. Qual o
significado disso?
Em Gaiatas 2.20 Paulo diz: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive. "De
qual "estou" Paulo está falando, do velho ou do novo "Eu"? Claro que do velho. Ele então diz, "e
esse viver que agora tenho"; ele está se referindo ao seu "novo eu". Você vê, Paulo deixa bem claro
que alguma coisa morreu; no entanto, ele está mais vivo que nunca. A vantagem de nossa vida com
Cristo é enorme, porque a Vida de Adão que era
tão egocêntrica, insana e controladora morreu. Quando o Espírito Santo nos revela essa verdade, a
libertação é tremenda.
Por exemplo, o homem que foi controlado durante toda a vida por um acontecimento em
seu passado, o ter sido molestado, percebeu que seu velho eu agora está morto. Ele não poderia
mais ser controlado por seu passado, mas viu que Deus tinha lhe dado um novo eu que nunca foi
molestado. Compreendeu a verdade de que o que aconteceu com seu velho homem não tinha
acontecido com seu novo homem.
Livre de Culpa
É também verdadeiro que, o que o "velho eu" fazia, meu "novo eu" agora não faz. Muitos
cristãos são controlados pela culpa de derrotas, pecados e até acontecimentos passados. Não é só
o inimigo que não lhes permite esquecer seus pecados, mas suas próprias famílias e outros cristãos
que continuam a lembrá-los do que aconteceu. Acho que o cristão cuja família continua se
lembrando de seus pecados passados deveria comprar uma cova e colocar nela uma placa com a
data em que nasceu de novo. Então, todas as vezes que acusado, ele deveria levar os acusadores
até o cemitério e dizer que reclamassem com a pessoa enterrada lá, mas não com a nova pessoa!
A prova de que sua vida foi trocada e de que seu "velho eu" está morto é que todas as vezes
que você se lembra ou é lembrado das atividades dele, seu estômago embrulha! Porque seu "novo
eu" não aceita tais coisas.
Não vos enganeis: nem impuros, nem idolatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem
sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores
herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vocês; mas vós vos lavastes, mas fostes
santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso
Deus. I Corintios 6.10.
É verdade que a identidade de seu "velho eu" não tem nada a ver com seu "novo eu".
Watchman Nee mostra em seu livro A vida cristã normal que, quando recebemos Cristo, tudo o que
é verdadeiro em Sua vida também passa a ser verdadeiro sobre a minha vida. Assim como tudo que
era verdadeiro sobre Adão (sua desobediência) também era verdade sobre nós. Agora que temos
ávida de Cristo, tudo de verdade sobre Ele também é verdade sobre nós. O que é verdadeiro sobre
a vida de Cristo? Ela é justa; ela tem vitória sobre a trindade não santa; ela não é desse mundo;
ela vence todos os obstáculos. Portanto, toda verdade sobre Ele também é verdade sobre nosso
"novo eu".
Você é aceito
Imagine que chegue em casa e encontre meus filhos brincando com os filhos do vizinho, no
quintal. Os filhos do vizinho, estão agindo como anjos. Não jogaram pedras, não brigaram, não
falaram nome feio. Suponha que meus filhos tenham feito tudo isso. Na hora do jantar, quem vou
chamar para dentro? Os filhos do vizinho ou meus filhos? Os meus, é claro!! Mas se os filhos do
vizinho se portaram melhor, por que não os chamo ao invés de meus filhos? Porque eles não têm
meu sobrenome e não são meus filhos.
Um dia, haverá uma grande festa no céu, e os que vão participar dela não entrarão baseados
em seus trabalhos, mas em seu nascimento. Eles devem ter o sobrenome certo, "Filhos do Altíssimo
Deus". Nossa crucificação com Cristo, sepultamento e nova vida (a vida de Cristo) nos dão esse
privilégio.
Devemos repetir: "Tudo o que é verdadeiro sobre a vida de Cristo também é verdadeiro
sobre meu novo eu". Percebe o quanto isso é importante? Cada vida interior (Vida de Adão) tomou
sua própria forma peculiar devido aos acontecimentos, tentações e pecados do passado. Uma
pessoa se tornou caluniadora, outra homossexual, outra alcoólatra, outra assassina, outra
rancorosa, e assim por diante. Mas cada um tem a oportunidade de trocar aquilo em que se tornou
pelo que Cristo sempre foi.
Certo dia, estava em um restaurante falando de Jesus com um amigo. Um homem, noutra
mesa, ouviu nossa conversa e, quando estava saindo, ele se identificou como cristão e um
recuperando do alcoolismo. Imediatamente peguei em sua mão e respondi: "Prazer em conhecê-lo.
Eu sou o Mike, um filho de Deus"! Então perguntei: "Você prefere ser um recuperado do alcoolismo
ou um filho de Deus?" Ele foi até meu escritório conversar: "Você não é desse mundo "(veja João
17.16); "você é nova criatura" (veja II Coríntios 5.17); "você é feitura dEle" (veja Efésios 2.10);
"você é justo"(veja II Coríntios 6.14,15); "você é raça eleita, sacerdócio real, nação santa. . ." (I
Pedro 2.9)
"Jogue fora as roupas do pecado, derrota, falhas, e vista as de Jesus. Quero falar mais uma
vez do menino lobo. Ele tinha vivido durante tanto tempo como um lobo que, quando o capturaram
e tentaram mostrar-lhe que realmente era um menino, nem mesmo um espelho conseguia levá-lo a
acreditar. A bagagem e os resíduos de ser lobo ainda estavam tão marcados em sua mente, força e
emoções, que ele não conseguia acreditar na verdade. Demorou anos para que suas mentirosas
emoções concordassem com a realidade. Nesse momento suas emoções podem concordar com a
mentira de satanás de que você é apenas um pecador, tentando agradar a Deus - e falha muito
nisso; mas, por favor, lembre-se do que o espelho (a Bíblia) está lhe falando: Você é nova criatura,
e o que é verdade sobre Cristo também é verdade sobre você, amigo." E conversamos sobre as
verdades da vida trocada. Novamente, existem duas maneiras de ser controlado pelo alcoolismo:
uma é precisar do álcool, e a outra é ter que estar longe dele. Nas duas maneiras, a identidade da
pessoa continua a mesma um alcoólatra.
Jesus não veio só para que pudéssemos permanecer os mesmos e simplesmente ser pecado-
res que não pecam. Ele retirou de dentro de nós uma vida que desejava o pecado e a trocou por
uma vida celestial - Sua própria vida. Temos uma nova identidade: agora somos santos, e não
pecadores. Satanás e Deus dão a palavra hipócrita definições totalmente diversas. Quando
tentamos agir de maneira santa, satanás nos chama de hipócrita, porque somos malvados e
pecadores. Por outro lado, Deus nos chama de hipócrita, quando pecamos, porque na verdade
somos santos sagrados! Mesmo com os problemas e pecados que tinham, quando Paulo escreve aos
Coríntios, ele os chama de santos. Lembre-se de que não somos santos por causa de nossas obras,
mas sim, por nosso nascimento.
Conflito Contínuo
Um dos problemas relacionados com a descrença é a tendência a proteger Deus. Quero dizer
que, se Deus falou a respeito de alguma coisa, mas ainda não tivemos a oportunidade de ter tal
experiência, não podemos admitir que a falta está em nós, mas também não podemos aceitar que
Deus seja culpado por isso. Devemos então encobrir o que Deus falou, dando um sentido diferente,
protegendo Deus e também nos livrando da acusação de estarmos falhando. Isso é verdadeiro
principalmente quando se trata de um aspecto sobrenatural do nosso relacionamento com Deus.
Acreditamos como Paulo: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim" (Gaiatas 2.20); e, "sabendo disso, que foi crucificado com Ele nosso velho
homem"; e novamente , "já morremos com Cristo..." (Romanos 6.6,8). Mesmo assim temos que
admitir que, às vezes, nos encontramos cometendo os mesmos pecados, com os mesmos
comportamentos e sentimentos que tínhamos antes de sermos crucificados com Cristo e nascidos
de novo. Por quê?
Alguns sugerem que o motivo é que a Vida de Adão e a velha natureza, na verdade, nunca
morreram. Elas simplesmente saíram um pouco de lado, dando um espacinho para que a Vida de
Cristo entrasse, e agora o cristão tem duas naturezas brigando uma com a outra.
A ilustração do homem que tinha dois cachorros, um branco e outro preto, é sempre usada.
Quando perguntaram a ele qual cachorro era mais forte, ele respondeu: "Aquele a que dou comida,
é claro". Quero dizer que agora que Cristo está em nós, temos a opção de alimentar sua vida e
andar no espírito, ou alimentar a velha natureza, ou Vida de Adão, e andar na carne. A explicação
tenta responder à pergunta: "Se meu velho eu está morto, porque ainda o sinto?" No entanto, o
conceito de termos em nós duas forças ou naturezas opostas, além de contradizer as Escrituras,
parece até novela. Encontramos essa idéia na maioria das religiões do mundo, muitas das quais se
rotulam cristãs, e muitas notáveis como o Taoísmo, que tem um ensino parecido e conhecido como
o Yin e Yang. Esse símbolo de forças boas e más lutando uma contra a outra, é um círculo metade
branco, metade preto. Se desenhássemos um tronco nesse círculo, o que teríamos? A árvore do
conhecimento do bem e do mal! Adão comeu dessa árvore, e o homem continua a comer dela; no
entanto, não é surpresa alguma encontrar elementos - que fazem sentido à mente - desse tipo de
religião.
Muitos retratam que o Cristianismo também vem daquela árvore, vendo Deus como o bem e
satanás como o mal, com a religião girando em torno dessas duas forças opostas. O ensinamento
deles é bem simples: "Isso é bom, isso é mal; faça o bem, não o mal!" Mas o Cristianismo não se
origina da árvore de que todas as outras religiões vêm; nasce da outra árvore que estava no
Jardim, a árvore da Vida, enraizada na pessoa do Senhor Jesus e baseada em algo muito mais
profundo do que uma mera luta entre o bem e o mal.
Em João 15, Jesus usa a ilustração da videira e seus ramos; é deixado bem claro, pela
natureza, que a vida velha de um ramo enxertado é completamente renovada com vida nova da
videira. Não existe guerra entre a vida velha e a nova. Mesmo que o ramo se lembre de como se
sentiu, sendo cortado e morto, agora recebe uma vida nova e diferente de outra fonte.
"Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus
e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores: e vós que sois de ânimo dobre, limpai
o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em
tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará" Tiago 4.7-10
Sim, quando você vir seu pecado e engano, ficará arrasado, e isso causará pranto, mas Deus
o exaltará. A Bíblia não diz que Deus vai restaurá-lo a uma posição mais baixa do que tinha antes;
diz que Ele o exaltará!
Se você alguma vez já teve liberdade de ver seus erros, pode tê-la novamente, pois cada
momento é momento. Se, como cristão, fechou a porta, arrependa-se, aceite o perdão de Deus,
independente de como se sinta e siga em frente. Encurtando o tempo que passa sofrendo por causa
de uma derrota, terá, ao invés, um tempo vitorioso.
Os Três Tipos de "Eu"
Quando começam a estudar sobre a crucificação com Cristo, muitos se tornam confusos a
respeito do que realmente foi crucificado com Cristo. Não só os melhores autores sobre o assunto
usam diferentes termos para descrever o que morreu e o que deve ser negado, como também a
variedade de traduções bíblicas que temos hoje. Vou tentar esclarecer um pouco isso, descrevendo
os três tipos de "EU" que aparecem nas Escrituras.
O "Eu" peculiar faz parte da pessoa que foi feita, no útero, por Deus (Salmo 139). Como Deus
não tem moldes, Ele nos fez indivíduos; e, mesmo que tenhamos o mesmo propósito na vida que é
o de comunhão com Ele, todos expressamos essa comunhão de maneira diferente. Vou, então,
definir eu peculiar, como a criação de Deus que é distinta em cada pessoa; isso inclui talentos,
habilidades, intelecto, personalidade e temperamento dados por Deus.
Você pode pensar no eu peculiar como uma ferramenta que não pode fazer nada sozinha,
mas seu valor depende de como é usada ou por quem é usada. Por exemplo, um martelo é um
martelo. O que distingue um martelo é quem o usa e o que é feito com ele. Ele pode ser usado por
um louco para matar outra pessoa, ou por um homem generoso para construir uma casa para uma
viúva. O mesmo é verdade com o eu peculiar. Ele não pode ser mudado, mas sua origem e
propósito podem ser trocados.
O primeiro tipo de Eu, então, é o eu peculiar controlado pela Vida de Adão; esse eu
pertence ao não cristão, ou ao homem degenerado, produzindo uma condição chamada carne. Um
homem poderia possuir habilidades dadas por Deus para começar negócios, persuadindo e
motivando outros a segui-lo. Entretanto, quando a velha natureza está no controle, os talentos e
habilidades que foram criados para expressar Deus, revelam uma condição da carne e o homem,
então, abre uma rede de livrarias só para adultos. Ele alterou os dons que Deus deu ao eu peculiar,
usando-os para o pecado, prazer e seus próprios propósitos.
As ordens de Deus em relação ao Eu número um é que seja crucificado (Gaiatas 2.20). O eu
peculiar em si não deve morrer, mas sim o que o conduz e sua origem. O Eu número um tem um
trajeto a percorrer em uma certa direção, e segue todos os sinais que o levam àquela direção. Seu
destino é o inferno.
O segundo dos três Eu é o eu peculiar controlado pela bagagem e resíduos deixados pela
morte e remoção da Vida de Adão e a trindade não santa. Essa pessoa é um cristão nascido de
novo, em condição carnal. Talvez use suas habilidades dadas por Deus para começar um ministério
ou negócio que seja para glória de si mesmo, sua segurança financeira e uso pessoal. Tal pessoa
tem assegurada sua ida para o céu, mas continuará vivendo num inferno aqui na Terra! A ordem
para esse Eu é que seja negado dia a dia (Lucas 9:23) pelo poder da Cruz.
O terceiro Eu é muito importante, sendo o eu peculiar controlado pela vida de Cristo em
nós. Um homem nesse estado está completo. Todos os dons, talentos, habilidades, intelecto,
personalidade e temperamento dados por Deus, funcionam como deveriam, pois manifestam uma
condição chamada andar no Espírito. Todo trabalho que esse homem faz, Cristo o faz através dele,
e ele é uma bênção para todos. Quando Cristo controla o eu peculiar, a ligação entre trabalho
espiritual e trabalho secular desaparece, pois todo trabalho passa a ser espiritual e de Cristo. O
terceiro Eu não se importa de fazer trabalhos considerados por algumas pessoas como baixos,
contanto que Cristo seja a origem. A perspectiva de Deus e do homem de um trabalho valioso são
diferentes. Quantos de nós achamos que uma coisa pequena que fazemos a outro é pouco elogiada?
"E quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este
meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão" (Mateus 10.42).
Certa vez me perguntaram: "Se pudesse fazer qualquer coisa, o que você faria para o
Senhor?" Minha resposta foi: "Se pudesse fazer alguma coisa para o Senhor, eu iria tocar a fazenda
com o meu avô". Arar a terra vendo as gaivotas vindo atrás comer as larvas que o querido Pai do
céu lhes deu, satisfazer meu desejo de estar com meu avô que me aceita sempre; se pudesse fazer
alguma coisa para o Senhor iria tocar a fazenda com meu avô! Uma vez que a linha entre o secular
e o espiritual desaparece, a pressão para fazer algo de muito especial para o Senhor some, pois até
mesmo a menor das tarefas cumpridas, quando Cristo está no controle, é maravilhosa vista pelos
olhos do Pai. A ordem dada a respeito do eu número três é que amemos, "...amarás o teu seu
próximo como a ti mesmo" (Mateus 19.19).
Estudando Melhor o Eu Peculiar
Quando discípulo pessoas que criticam os outros, sempre pergunto: "Do que é que você não
gosta em si mesmo? Na maioria das vezes acham que não são tão inteligentes, tão atraentes ou tão
talentosos quanto seus amigos. Então, já que não amam quem são, eles têm que destruir as outras
pessoas, procurando erros que diminuam sua própria inferioridade.
Devemos amar nosso próximo como amamos a nós mesmos. Se isso é verdade, então muitos
próximos a nós vão ficar desapontados. As pessoas que possuem grande talento ou habilidade em
certas áreas, têm a tendência de inferiorizar os que não conseguem ser tão bons quanto elas
naquelas áreas. Por exemplo, em sua maioria os evangelistas são, em seu eu. peculiares,
extrovertidos e esforçados; foram criados assim e, se não fossem evangelistas, poderiam ser
vendedores de carro. Eles vão para a igreja e propagam sua coragem para falar do Senhor,
condenando, não abertamente, os que não são como eles, e têm vergonha da Palavra. Não
entendem que Deus fez cada membro do corpo para usos diferentes (a teoria de "uns plantam e
outros colhem"); entretanto, continuam a se exultar em suas habilidades, proclamando alto e claro
que vivem uma vida cristã de sucesso (sendo sucesso o que eles fazem) naturalmente.
Infelizmente, quando alguém com esse tipo de eu peculiar pastoreia uma igreja, desenvolve
programas que se centralizam em suas habilidades naturais e não nas habilidades de toda a
congregação. Tem, então, que forçar as pessoas a participar, e os programas duram pouco. Se
pudesse entender a variedade de Eus que Deus criou, esse homem seria muito mais útil como líder.
Pois existem pessoas cujo eu simplesmente não consegue bater de porta em porta, argumentando
e lisonjeando. Mas é muito competente em ajudar qualquer um que esteja buscando relaciona-
mento com Cristo.
Há uma grande variedade de eus no corpo de Cristo; dos que gostam de seguir planos aos
que nunca seguem a agenda, dos que gostam de trabalhar com pessoas aos que preferem coisas.
Todos os que estão expressando a natureza do seu eu. sob o controle da vida de Cristo são grandes
bênçãos.
Será importante diferenciar os três "eu" peculiares: o que é crucificado, o que devemos
negar, e o que deve ser amado. O motivo pelo qual gastei um tempo maior explicando a bagagem,
resíduos e velha identidade é para que o segundo Eu possa ser rapidamente reconhecido e negado.
Se não, alguém poderia tentar negar seu eu peculiar, que Deus criou, e tal ato seria
desconfortante e improdutivo.
Você se ama? Deveria! Pode demorar um tempo até que se sinta feliz com o que Deus o criou
para ser, mas uma vez feito, você vai parar de se comparar com outras pessoas e passar a apreciar
o restante do corpo de Cristo.
Certa vez, estava discipulando um homem e lhe perguntei como se tornou um milionário. Ele
disse que foi bem simples: usou suas fraquezas. Isto é, ele não estava rodeado de pessoas iguais a
ele, mas daquelas que eram diferentes em seus pensamentos e atitudes. Trouxe desavenças, mas
continuou a ir ao banco com mais e mais dinheiro. Muitos evitam conflito e se cercam de pessoas
que pensem igualzinho a eles mas nunca são muito produtivas. O corpo de Cristo é produtivo por
sua diversidade, não moldando todo mundo em um só tipo de eu peculiar.
Eu sou como um irmão um dia me disse, muito fácil de se tirar vantagem. É verdade. Gosto
tanto das pessoas que, geralmente, lhes permito que me usem. Deus tem utilizado esse traço da
minha pessoa várias vezes; sendo assim, eu nunca desisto de ninguém e sempre vejo o Senhor tirar
alguém da derrota e lhe dar vitória. Por outro lado, reconhecendo essa característica, tenho
procurado meus irmãos que não a têm para me ajudar a tomar decisões. Estou grato que não sejam
como eu.
Em I Samuel 30, Davi e seus homens participaram de uma vitória sobrenatural. Os que
estavam muito cansados para lutar foram instruídos a ficar cuidando da bagagem. Ao retornar,
alguns "homens malvados" não queriam dividir o despojo com os que ficaram. A resposta de Davi foi
um não, pois os que protegeram as bagagens eram tão dignos dos despejos quanto os que lutaram.
Davi não se esqueceu de que a vitória na verdade pertencia a Deus e, além do mais, qual o
propósito de se ir lutar para ganhar mais, se existe a possibilidade de se perder o que já se tem?
Alguns de nós, Deus coloca na linha de frente para participar de Seu trabalho sobrenatural,
o qual nunca deve ser visto como nosso trabalho; e outros de nós, Deus coloca para vigiar a baga-
gem (o que já foi possuído), e vamos receber o mesmo galardão. Deus não tem parcialidade, e o
primeiro será o último, e o último será o primeiro. Deus cria pessoas com talentos, habilidades, e
intelecto - ninguém se cria sozinho - entretanto, nosso orgulho não deve estar em nossa pessoa,
mas em Deus.
Talento, habilidade, intelecto são todos relativos. Cada eu peculiar tem seu próprio propósi-
to de utilidade. Temos dons, trabalhos, manifestações, corpos e nacionalidades diferentes, mas
com o mesmo Espírito. Cada um de nós é um indivíduo diferente, mas somos todos um; juntos
formamos um todo. Paulo encoraja os que não estão felizes com seu eu peculiar (e sendo assim
julgam a Deus, seu Criador) que amem a si mesmos, e ao mesmo tempo advertiu os que são tão
orgulhosos de que Deus os fez.
Você pode perguntar o que é meu eu peculiar, como posso discerni-lo? Conhecer seu eu
peculiar é simples e não precisa de uma visão interior prolongada. Seu eu peculiar é determinado
pelas coisas que faz naturalmente e as quais você se sente bem fazendo (isso é diferente de
comportamentos como fuga, evitar pessoas, medos errôneos que foram desenvolvidos através de
falsas mensagens de identidade). Você sempre chega tarde em casa porque conversa com o
frentista do posto de gasolina ou com o vizinho? Seu eu peculiar é uma pessoa do povo, um
membro sensível. Se tem todos os parafusos, ferramentas, pregos em lugares próprios, onde devem
ser guardados, seu eu peculiar foi criado para trabalhos detalhados e para fazer as coisas certas.
Você quer um plano detalhado e o que você deve fazer em tal trabalho? Esse eu peculiar trabalha
em equipe e quer ver o projeto terminado; você é um membro interno (N.E.: aquela pessoa
introspectiva). Mas, se você fica facilmente entediado, ansioso para começar o próximo projeto.
Você é membro muscular (N.E.: aquela pessoa um pouco mais agitada).
Lembre-se, do jeito como Deus te fez: curta-se, ame-se e recuse-se a escutar os que lhe
intimidam e se gabam de suas habilidades naturais. Do que quer que seja que Ele lhe deu, goste.
Se Deus não o criou tão intelectual quanto outro, isso foi decisão dEle e, se reclamar, você estará
tomando o lugar do Criador. "Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode
o objeto perguntar a quem o fez: "Por que me fizeste assim?" (Romanos 9.20). Lembre-se também
de que os dons do Espírito raramente seguem nossos traços; eles não são como habilidades
naturais, as quais até os não cristãos possuem, mas são sobrenaturais.
Pensador - Perfeccionistas, pensadores, eles nos ajudam a pensar fundo e em detalhes em todas
as questões da igreja e do relacionamento entre membros. Voltados para fazer o que tem que ser
feito e fazer bem. Analítico, reflexivo e detalhista.
Agente / Realizador - Eles são os agentes/responsáveis pelo movimento de todo o Corpo de Cristo.
Eles são objetivos e orientados para resultado. Fazem as coisas acontecerem, dão ordens, lideram
projetos e equipes de trabalho, têm prazer em dirigir pessoas, gostam de estar no comando.
"Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais
forte do que os homens. Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação, visto que não foram chamados
muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo
contrário, Deus escolheu as cousas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as
cousas fracas do mundo para envergonhar os fortes; e Deus escolheu as cousas humildes do
mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; afim de que nin-
guém se vanglorie na presença de Deus." Coríntios 1.25-29
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois Ele, subsistindo em
forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura
humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.
Filipenses 2.5-8.
Imitar, ter Cristo só como um exemplo, é ensinamento falso. Como Jesus confronta esse
falso ensinamento? Com uma simples ilustração de uma videira, um agricultor e um ramo!
Geralmente, o Mestre usa ilustrações e analogias da natureza, mas aqui, Ele afirma : "Eu sou a
videira verdadeira"; Ele não diz ser parecido com uma videira, mas Ele é a videira verdadeira! Isso
é para dizer que, se Jesus não existisse, não haveria videiras; todas as videiras foram criadas para
ensinar e pregar sobre o Filho de Deus. Se quisermos saber mais dEle, podemos simplesmente
observar uma vinha.
Uma coisa que podemos aprender é: "todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o
corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda." Muitas vezes ouvi ser
pregado que, o que Deus limpa são as coisas impuras em nossas vidas, as quais desagradam a Deus.
Ao contrário disso, o que o agricultor limpa são os brotos que no ano passado deram mais fruto. É
verdade, o agricultor corta as coisas que eram boas do ano passado. Por que faria tal coisa? Bem
simples: se aos bons brotos do ano passado fosse permitido viver neste ano, eles precisariam de
mais seiva (vida) e produziriam menos fruto.
Essa analogia aponta para o fato de que, existem trabalhos que, começam sob a direção do
Senhor e produzem muitos frutos para o corpo de Cristo, mas às vezes, os que iniciaram tal
trabalho, tornam-se enamorados do resultado, e passam a recusar que o Senhor faça a limpeza.
Confiaram no trabalho, e não no Senhor. Muitos ministérios que começaram vinte anos atrás com
bênçãos do Senhor, agora se negam a operação limpeza do Agricultor e, como resultado precisam
de vinte vezes mais energia, para produzir vinte vezes menos fruto.
O elemento chave, esquecido nesse processo todo, foi que o fruto foi resultado do andar;
quando esses cristãos andaram em Cristo, o Senhor pôde realizar Seu trabalho. Mas o inimigo tirou
seus olhos desse andar em Cristo, para que acreditassem que as grandes bênçãos fossem resultado
do processo que Deus usou. Cortar fora o que foi bênção no ano passado permite que o cristão O
tenha como foco e lhe permita trazer aquilo de que precisa neste ano. A necessidade hoje é a
mesma necessidade do passado - Jesus - mas os métodos que Deus usa para alcançar a humani-
dade, continuam mudando. Tudo de que precisamos para ter sucesso, virá de permanecermos
Nele, momento a momento, e não de outra fonte.
O inimigo se esforça para que nossos olhos descansem nas coisas erradas. Não devemos nos
concentrar nos resultados do permanecer, porque fazendo isso, deixamos de permanecer nEle; mas
devemos sempre estar olhando para Ele, o que produzirá mais fruto. É assim que você entende
João 15.2? 'Todo ramo que estando em mim não orar todos os dias, não for à igreja, não ler a
Bíblia, não tiver um ótimo casamento, não tiver pensamentos puros, não parar de xingar, não se
tornar um pregador, não tiver ótimas experiências emocionais, e um ministério integral, Ele corta
fora". Não! Nosso único propósito na vida é dar frutos, e não fazer algo para o Senhor.
Quando estava na Austrália, uma mulher me procurou depois de uma conferência. Disse que
havia gostado muito da pregação e também tinha vindo nos anos anteriores. Acabou dizendo que,
mesmo que gostasse de estar ali, ela queria que eu soubesse que não estava funcionando. Estou
sempre interessado nesse tipo de comentários, porque estar em Cristo tem que funcionar; não há
nada que possamos fazer porque é Deus que faz o trabalho. Ela me contou que estava fazendo
terapia para parar de comer muito. Um problema que carregava há anos, e já havia tentado várias
coisas - livros, terapia em grupo, hipnotismo, hospitalização, e, é claro, meu seminário. Ela então
perguntou: "O que devo fazer?"
A resposta é bem simples: "Vá para casa e coma!"
Ela ficou me olhando e disse: "Você não está falando sério!"
Respondi: "Estou sim; vá para casa e coma." Então expliquei que se ela mesma pudesse se
livrar do problema de comer muito, ela já teria feito isso; se eu pudesse, eu também o faria. No
entanto, cada manhã eu queria que ela acordasse e dissesse: "Senhor, sem Ti nada posso fazer.
Te entrego minha gula e Te agradeço pois o Senhor já a recebeu", e então, fosse comer. Uns dias
depois ela me contou que não estava comendo muito mais! Por quê? Seus olhos não estavam mais
em comida, mas no Senhor que dá a vida, que vence a escravidão.
Numa outra ocasião, um viciado em cocaína, que não era cristão, veio se consultar comigo.
Depois de ter se convertido, ele perguntou: "O que devo fazer com o meu vício?"
Primeiro, eu perguntei se estava certo de que quisesse deixar aquele vício, Ele respondeu
que sim. Então eu disse: "vamos orar e entregar seu vício para Deus, permitindo que Ele o tenha."
Ele concordou e oramos. Logo depois, ele perguntou o que deveria fazer naquela noite, quando
sentisse vontade de usar cocaína. Respondi para usar, mas que cada manhã antes mesmo de se
levantar, ele orasse: "Senhor, sem Ti nada posso fazer; hoje Te entrego meu vício de cocaína, e Te
agradeço, porque o Senhor já o recebeu." Qualquer um pode estar determinado a não usar cocaína.
Esse homem não era idiota; ele não queria usar a droga e, se pudesse, já teria parado! O que era
preciso era uma ação sobrenatural de Deus que só acontece, quando tiramos nossos olhos do pro-
blema e os colocamos nEle, permanecendo em Cristo.
O homem me ligou três dias depois, para me contar o que havia acontecido. Na primeira
manhã orou, mas usou cocaína. Na segunda manhã, ele fez o mesmo; mas pela terceira manhã,
depois de orar, ele simplesmente não conseguia pegar na seringa! Ele estava rejubilando-se. E por
que não? Tinha sido sobrenaturalmente liberto pela mão do Deus vivo. Glórias a Deus!
O Senhor tem me libertado de todos os tipos de manifestação da carne. Mas em nenhuma
das vezes, Ele me libertou, quando meus olhos estavam nelas. Às vezes fiquei tão impaciente com
determinado problema, que resolvia ler, estudar e superar. Mas a única coisa que acontecia, era
mais derrota! Somente quando estava num relacionamento de andar em Cristo foi que o Senhor me
libertou dessas exasperações e, geralmente, não o percebi até um tempo depois, quando elas
sumiram naturalmente. Se seu foco são seus problemas, você não vai ser liberto. A Videira tem que
estar sempre em primeiro lugar. "Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu
nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer."
Assim como os ramos não têm vida dentro de si, os cristãos não são chamados para gerar
vida, mas para recebê-la. Não somos chamados para imitar a vida de Cristo, mas para participar
dela. Quando aprendermos sobre a vida plena, passaremos a fazer naturalmente as coisas que
muitos lutam e sofrem para fazer, porque temos a mesma fibra, a mesma vida e o mesmo Espírito
que a Videira, sendo um com Ele!
Minha mãe sempre teve lindas imitações de frutas em sua mesa da cozinha. Mais de uma vez
tentei dar uma mordida, mas logo fui lembrado de que não era verdadeira. Se visitássemos a
fábrica dessas imitações de frutas, encontraríamos lá máquinas barulhentas e quentes, emitindo
um cheiro ruim. Ao contrário disso, se visitássemos uma vinha, iríamos querer um travesseiro para
deitar entre as fileiras de parreiras. Poderíamos nos deitar embaixo da fresca sombra, sentir o
cheiro agradável, e ouvir barulhos que só trazem paz, enquanto víssemos as uvas crescerem. Há
uma grande diferença entre a máquina que trabalha para produzir uma imitação de vida, e a
videira que produz vida.
Encontramos a mesma dessemelhança entre o cristão que imita e o que permanece. Os que
trabalham são barulhentos e febris; seus esforços não produzem o doce aroma do Senhor. Seus
frutos, que enganam os outros na primeira olhada, são uma falsificação. Mas o cristão que
aprendeu o segredo de permanecer é calmo, refrescante e cheio de vida verdadeira - a vida de
Cristo! Ele tem um fruto de aroma agradável e revitalizador, produzido não para si mesmo, mas
para que outros possam usufruir dele, para que sejam renovados e possam viver. Sua vida é
espontânea; ele nunca enfatiza o fazer, mas o permanecer, e não tira seus olhos de sua preciosa
Videira. Ele não tem preocupações, pois o Agricultor e a Videira tomam conta de tudo. Está sempre
pronto para ser aparado, pois cada vez isso o leva mais perto de Deus e com mais vida abundante.
O ramo reconhece com alegria: "Sem Ti nada posso fazer."
Querido Pai, nós te adoramos e agradecemos pela vida da Videira. Hoje, neste momento,
escolhemos permanecer, e sendo assim, permitimos que o Senhor nos encha com a preciosa vida de
Seu Filho, a Videira Verdadeira.
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não
der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já
estais limpos pela palavra que vos tenho falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós.
Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se não permanecer na videira, assim, nem vós o
podeis dar, se não permanecer dês em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em
mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
Você consegue imaginar o impacto que esse verso teve no especialista em plantas? Ele sabia
que a videira e os ramos se tornavam um, que a fibra da videira era a fibra do ramo; ele sabia que
a vida da videira se tornava a vida do ramo, e ele também sabia muito bem que o ramos sozinhos
não podiam fazer nada! Aleluia! Ele tinha encontrado um bastão; agora tinha alguém para lhe
mostrar onde colocar o pé; estava seguro. Só mesmo Deus poderia tê-lo tornado como um botânico
e não um doutor, e convencê-lo de sua perdição através de um perdido. Oh, quanto esse irmão
testifica da abundância de viver a vida plena, o jeito mais simples de vivê-la, não mantida por
sofrimento, mas entregue a Deus.
O "como" permanecer começa não com trabalho, mas como uma posição que deve ser
mantida. Vivemos numa posição de permanecer, no fundo sabemos que Ele é nossa vida. Primeiro
devemos sempre ter em mente qual seria nossa verdadeira condição, se estivéssemos fora da
Videira. Existem poucos hoje que podem dizer que se conhecem, mas devemos passar por esse
processo desagradável. O apóstolo Pedro é um ótimo exemplo de alguém que não se conhecia. Ele
fez certas declarações como: "Nunca vou traí-lo Mestre," e no entanto, foi exatamente o que fez.
Ele não se conhecia.
Observe uma adolescente que afirma com certeza, que ela pode ir a uma festa e não se
entregar à pressão dos amigos para usar drogas e beber; que ela pode ter um namorado e que não
vai se envolver sexualmente. Tais declarações mostram, imediatamente, que não se pode confiar
nessa pessoa, porque ela não se conhece.
Chegar ao ponto de se conhecer, e aceitar o fato que dentro de nós não existe nada bom,
não é fácil, e geralmente isso só acontece depois de sofrimento. Entretanto, quando aprendemos a
lição, o que Paulo disse é alegremente aceito: "Tende em vós o mesmo sentimento que ouve
também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o
ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo..." (Filipenses 2.5-7).
O primeiro passo, então, é conhecermos a nós mesmos, e uma vez que temos esse conhecimento,
vivermos o dia todo sabendo de nossa absoluta dependência.
Segundo, cada um de nós deve viver como quem crê. Acreditar não é trabalhar, mas des-
cansar: não é desenvolver muitas atividades, mas receber; não é colher imediatamente, mas ter
paciência antes de obter. Fé é esperar com confiança que Deus vai providenciar, e isso é algo que
toda criatura entende, a não ser o homem que precisa aprender. Fé é um esperar agradável e um
fácil descansar, o que a torna tão agradável e fácil você pergunta. Sabemos que Deus providenciou
o necessário para aqueles a quem Ele criou. Os ramos têm úlceras de tanto se preocupar se a
videira vai tomar conta deles? Nunca!
Eles descansam onde estão, confiando na responsabilidade da videira e nunca tentando fazer
o trabalho dela! O cristão que anda em fé vai descansar como a criatura que não tenta fazer o
trabalho do Criador. Nossa segunda posição tem a ver com a fé. Entendemos que se o permanecer
depende de nós, ele será possível, mas temos coragem, porque aprendemos que é Deus quem
cuida de nós.
Terceiro, temos consciência que a vida plena não é baseada em sentimentos, mas em
consciência. Um dos grandes segredos da vida cristã é que, quando alguém está cheio do Espírito,
não sente nada, já que esse é o jeito natural e normal da vida. Assim como o ramo não sente nada
de extraordinário quando está recebendo a seiva da vinha, o cristão que permanece em Cristo tem
consciência de onde está, sem labutar, mas dando preferência ao Seu trabalho e sabendo que está
seguro! Permanecer é saber que estamos sendo cuidados mesmo quando não conseguimos cuidar
de nós mesmos.
Quarto, aceitamos nossa posição de criaturas e desistimos da nossa tendência e desejo de
bancar o Criador. Entendemos que somos criatura dEle e, com total convicção, esperamos que ele
nos mantenha. Vemos que a vida plena só é possível porque é Ele quem nos chama, nos guia e nos
mantém nela. Geralmente chegamos a essa conclusão, depois de termos tentado e falhado em per-
manecer em Cristo através de nosso próprios esforços.
Uma vez que resolvemos aceitar nossa posição de criatura, resolvemos viver somente um
momento de cada vez. Essa é a mais difícil realização; estamos muito acostumados a pensar no
ontem e no amanhã, sem saber que o ontem já passou e que o amanhã pertence a Deus. Você
percebe que não há nada que possamos fazer a respeito do amanhã - esse momento é tudo o que
temos?
Também não é bom ficar esperando o amanhã. Imagine que alguém lhe entregue um livro
sobre como construir um computador. A pior coisa que você pode fazer è olhar a última página do
livro para ver o computador já terminado. Sem seguir cada passo para a montagem, você se
tornaria facilmente desencorajado, se olhasse a foto do computador já terminado, e
provavelmente não iria querer terminar antes mesmo de começar.
Imagine também um livro que contasse a história de sua vida. O que aconteceria, se você
abrisse o livro ao meio e lesse que perderia um filho? Uma vez que você lesse aquilo, seria impos-
sível concentrar-se em sua vida diária, e também não iria curtir aquele filho hoje. Esse aconteci-
mento do futuro roubaria todos os seus momentos até o dia em que aquele filho morresse.
Entretanto, se você se recusasse a olhar aquele capítulo, mas escolhesse viver sua vida uma página
de cada vez, dia-a-dia e momento a momento, vividos na presença do Senhor, você perceberia
que, quando aquele dia do futuro chegasse, você teria toda a graça de que precisasse para vencer
tal calamidade. Para nós criaturas, um dia já é muita coisa. "Portanto, não vos inquieteis com o
dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados, basta ao dia o seu próprio mal" (Mateus
6.34).
A vida é para ser vivida um momento de cada vez, sendo nós fiéis em cada um deles, para
experimentar a vida de Cristo. Deus, então, nos dará continuamente, momentos onde permanece-
remos nEle, e esses momentos se tornarão dias, e finalmente, uma vida inteira vivida da alegria da
presença do Mestre. O futuro pertence a Deus! Peça somente a graça de que você precisa hoje;
quando fala com seu filho rebelde, quando precisa trabalhar em algo de que você não goste, hoje,
quando você deseja fazer de seu casamento uma bênção, quando você fala de Jesus para alguém
que não O conhece, quando deseja viver uma relação plena com o Senhor.
Essas são as atitudes de que precisamos para experimentar a vida plena. Uma vez que a
temos, saberemos que permanecer não depende de nossas forças, crescimento, sentimentos,
derrotas ou sucessos, mas em Sua habilidade em nos colocar na videira e nos manter nela. Cada dia
pode começar com uma simples confissão:
"Nesse dia Senhor, eu te agradeço porque estou em Ti e o Senhor em mim. Obrigado porque não
importa como me sinto, eu permaneço em Ti. Obrigado porque não é uma posição pela qual eu
deva lutar, porque o Senhor me colocou nela. Esse momento é tudo como que vou me importar.
Eu aceito minha posição de permanecer com alegria.”
9. Liberdade Para Falhar
O único caminho para não falhar é a fé. Não podemos mergulhar em autocompaixão e culpa,
mas permitir que nossas derrotas nos tragam a um lugar de verdadeira dependência, no qual
teremos o máximo de produtividade quando Cristo viver Sua vida através de nós. Arrependimentos
são para os não cristãos, e não para os que andam na justiça de Cristo.
Quando falhamos, devemos entender o caráter do Deus que faz com que todas as coisas
cooperem para o bem. Quando compreendemos seu caráter, há um segredo que todos os que lhe
servem deveriam aprender: Sua natureza é compaixão. O homem arrependido, não importa o
tamanho de sua queda, pode contar com certeza de que Deus vai ouvi-lo e que ele vai vencer por
causa de Sua compaixão!
Israel foi avisada de que, se esquecesse o Senhor e adorasse a outros deuses, ela seria
destruída, mas quando estivessem sofrendo por causa de tais atos, Deus então a ouviria. "Então, o
Senhor, teu Deus, não te desamparará, porquanto é Deus misericordioso..." (Deuteronômio 4.31).
No livro de Oséias, Deus acusa Israel: Eles são infiéis, sem arrependimento, malvados, rebeldes,
idolatras, enganosos e desonrados. Então, devem ser julgados por Ele e ser quebrados, oprimidos,
cortados fora, sem filhos, escravos, devastados e rejeitados. Mas escute o que Deus disse: "Como
te deixaria, ó Efraim? Como te faria como a Adma? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está
deprimido dentro de mim, as minhas compaixões, à uma, se acendem. Não executarei o furor da
minha ira; não tornarei para destruir a Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio
de ti; não voltarei em ira. (Oséias 11.8,9, itálicos adicionados). Estamos livres para falhar, porque
Deus é um Deus de compaixão; mais de sessenta vezes no Velho Testamento Ele é chamado assim.
"Foi a compaixão de Deus que perturbou Jonas; ele sabia que Deus não destruiria Nínive, se
eles se arrependessem. Jonas acreditava que Nínive deveria ser aniquilada, mesmo que eles se
arrependessem; seus erros não poderiam ser esquecidos! "Ah! Senhor! Não foi isso o que eu disse,
estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Tarsis, pois sabia que és Deus
clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do
mal" (Jonas 4.2). Nosso Pai não consegue deixar de lado um coração arrependido, não importa
quão grave tenha sido o pecado.
Uma coisa que vemos repetidamente é o que chamamos de Ciclo de Compaixão de Deus. Isto
é, todas as vezes que somos disciplinados por Deus, nosso sofrimento mexe com sua compaixão,
então ele nos traz de volta para Si. "O Senhor não rejeitará para sempre; pois, ainda que
entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza de suas misericórdias" (Lamentações
3.31,32).
Qual sua desculpa para viver assim? Com que propósito você continua a se punir por causa da
descrença depois de ter cometido um pecado? Deus é misericordioso, independente de você
acreditar ou não. O Seu caráter não depende daquilo em que você acredite ou do que sinta, mas
do que Ele diz. O rei Davi, quando dado a escolha, se queria ser punido por homens ou por Deus,
escolheu Deus, porque sabia que ali ele encontraria compaixão. Você já aprendeu a descansar na
compaixão de Deus, ou suas emoções mentirosas lhe falam que Deus não o ouve e não mostra
nenhuma compaixão?
Deus continuou a perdoar e restaurar Israel, mesmo sabendo que eles continuariam a falhar
e não cumpririam as promessas feitas a Ele. A compaixão de Deus é que nos tem trazido até aqui.
Inúmeras vezes falamos a Deus que faríamos melhor, e, mesmo, que até tentamos, mas simples-
mente não o conseguimos. Não podemos continuar a acreditar que Deus quer nos ouvir dizer que
vamos melhorar antes que Ele nos traga de volta para Sua presença; Ele na verdade quer que
cheguemos até Ele, fracos e com humildade, e não com uma força fingida a qual pensamos ter
conseguido.
Para os que já experimentaram da compaixão de Deus, Ele nos manda, "Revesti-vos, pois,
como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de
humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos, uns aos outros, perdoai-vos
mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos
perdoou, assim também perdoai vós" (Colossenses 3.12,13). Nós que conhecemos a compaixão de
Deus devemos mostrá-la para com os outros. Não importa quantas vezes alguém já falhou,
devemos mostrar misericórdia, entender as fraquezas dessa pessoa com quem estamos lidando, e
entender que se nossa vida tivesse tomado o mesmo rumo da sua vida, talvez não estivéssemos tão
bem quanto ela está. Compaixão prontamente perdoa.
Há grandes promessas para os que mostram amor e misericórdia quando ajudam alguém que
esteja derrotado. "... o amor cobre uma multidão de pecados" (I Pedro 4.8). "...a misericórdia
triunfa sobre o juízo" (Tiago 2.13), e "...aquele que converte o pecador do seu caminho errado
salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados" (Tiago 5.20). Quando andamos em
compaixão, temos liberdade para falhar, e nossa misericórdia nos livra do julgamento. Deus
realmente fez de tudo para que nossas vidas fossem abundantes.
10. O Trabalho Mais Profundo do Inimigo
Quando começamos a viver da vida de Cristo, experimentando o mais profundo andar que
vem do permanecer nEle, os trabalhos do inimigo também se intensificam. Ele não vai mais usar o
óbvio e o visível (lascívia, fofoca, difamação e todos os desejos mundanos) para nos tirar de perto
de Cristo, mas planejará novos ataques os quais consistem de mentiras (99% verdadeiras) para
impedir a produção de tantos frutos.
Sempre falo aos cristãos que estão em conflito, que saberemos se realmente descobrimos o
motivo de sua derrota, vendo quanto o inimigo trabalha duro nas semanas seguintes para tirá-lo de
sua vida plena. Já vi várias vezes, o inimigo usar tudo o que pode para levar um irmão ou irmã de
volta ao estado de salvar a si mesmo, de negar a cruz, e de descrença, só para que aquela pessoa
não permanecesse na verdade. Saberemos se estamos indo na direção certa, se as coisas piorarem
antes de melhorar. Uma pessoa andando na mentira, que não trará libertação, estará sendo
encorajada por satanás o tempo todo. Os que estão no caminho do "fazer" (buscando aceitação de
Deus baseada em suas realizações) encontrarão também facilidade, enquanto que os que estão no
caminho do acreditar encontrarão muitos obstáculos. Quando nossa luta é contra o inimigo, temos
a vontade de Deus e a vitória é nossa em Cristo. A tática de satanás é que a gente o descarte,
agindo como se ele não existisse (não fazendo a vontade de Deus), ou esteja se consumindo na luta
contra ele (indo além da vontade de Deus). Devemos ver que satanás está bem vivo e ativo, nosso
adversário (I Pedro 5.8) contra quem lutamos, cheio de ciladas (Efésios 6.11) e laços (II Timóteo
2.26), e devemos estar de pé para que não caiamos (I Coríntios 10.12).
Satanás, é claro, é um grande mentiroso - o pai das mentiras (João 8.44). Nós não vamos nos
voltar para algumas de suas mais significativas mentiras, que são mais perspicazes e, assim, as
mais perigosas.
(Ler. Veja Hebreus 2.14; l João 5. 18; Romanos 12.1; 8.14; 6.6,13; 8.23; l Pedro 1.5; II Timóteo
4.18; Colossenses 1.13,29; l Coríntios 3.6; 6.11,19,20; 7.34; 10.20,21; Gaiatas 6.8; Atos 26.18)
Não Funciona
Geralmente acreditamos que permanecer e andar pela fé trará harmonia a todas as áreas de
nossas vidas. E trará, de fato, grande paz interior; entretanto, esteja seguro de que a carne se
opõe ao Espírito. Ter essa batalha resolvida interiormente, vivendo momento a momento, não
garante que a batalha esteja resolvida do lado de fora. Pois, se decidimos andar no Espírito, e as
pessoas com quem passamos a maior parte do nosso tempo (esposo, esposa, filhos, companheiros
de trabalho na igreja e pessoas do nosso trabalho) estão andando na carne, então haverá muitos
choques. (Freqüentemente, posso notar que casais se dão muito melhor quando os dois estão
andando na carne do que quando um decide andar no Espírito). O inimigo vai usar essa situação
para derrotar o cristão que está no Espírito e fazê-lo chegar ao ponto de considerar que não
compensam os esforços para andar no Espírito. Com essa experiência, também vem o pensamento
de que isso não funciona. Entretanto, a prova de que realmente funciona está no fato de que
existe uma batalha entre a carne e o Espírito. O conflito está sendo criado através de contraste.
Andando no Espírito, você coloca pressão sobre as pessoas à sua volta, como sal que arde
numa ferida. Não se renda ao inimigo; o Senhor está usando você de maneira poderosa. Permita
que sua vida continue a ser como levedo para os que estão ã sua volta, porque o que você tem vem
sendo provado, há séculos, que é contagioso!
Devemos estar de guarda para não julgar nossos conhecidos os quais podemos ver facilmente
que estão andando na carne. É muito fácil esquecer de onde viemos e quão miserável era a vida
que levávamos. O inimigo não quer que lutemos, lado a lado, com outras pessoas, dando a elas o
que o Senhor nos deu. Iremos, então, pela Sua graça, resistir a todas as tentações de deixar de
lado qualquer cristão, não estando satisfeitos até que possamos vê-los vitoriosos em Cristo. "De
graça recebestes, de graça dai" (Mateus 10.8).
The END