PROFº: JULIO CHÁRCHAR Frente: 02 Aula: 18 ITA:03/10/07
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cidades italianas, havia a ambição de descobrir uma
EXPANSÃO ULTRAMARINA EUROPÉIA nova rota comercial que possibilitasse às demais A grande nações da Europa expansão marítima estabelecer relações européia dos séculos comerciais com o XV e XVI teve à Oriente. Com isso, elas frente Portugal e também poderiam Espanha, usufruir do lucrativo conquistando novas comércio de especiarias terras e novas rotas (cravo, canela, pimenta, de comércio, como o gengibre, noz-moscada, continente americano etc.). Uma nova rota e o caminho para as poderia, ainda, baratear Índias pelo sul da os preços demasiadamente altos dos produtos, África. intensificando o comércio europeu, já que as Desde o Renascimento comercial da Baixa Idade especiarias italianas passavam por vários intermediários Média até a expansão ultramarina, as cidades italianas no seu transporte do Oriente para o Ocidente; eram os principais pólos de desenvolvimento econômico • o acesso aos metais preciosos para cunhagem de europeu. Elas detinham o monopólio comercial do mar moedas, muito escassos na Europa e essenciais para a Mediterrâneo, abastecendo os mercados Europeus com manutenção do desenvolvimento econômico obtido nos os produtos obtidos no Oriente (especiarias), séculos anteriores; especialmente Constantinopla e Alexandria. • o aumento do poder econômico dos mercadores Durante a Idade Média, as mercadorias (burguesia) e conseqüente ambição por ampliar os italianas eram levadas por terra para o norte da negócios; Europa, especialmente para o norte da França e Países • o aumento do poder real, fundamental para a Baixos. Contudo, no século XIV, diante da Guerra dos organização das expedições marítimas; Cem Anos e da peste negra, a rota terrestre tornou-se • o desenvolvimento tecnológico europeu alcançado inviável. Neste momento se inaugurou a rota marítima, com o progresso comercial dos séculos anteriores, como ligando a Itália ao mar do Norte, via Mediterrâneo e a bússola, o astrolábio, a pólvora e a melhoria das oceano Atlântico. técnicas de navegação e construção de navios, que Esta rota transformou Portugal num importante possibilitaram o sucesso das empresas marítimas entreposto de abastecimento dos navios italianos que européias. iam para o mar do Norte, estimulando o grupo mercantil Ë importante destacar que a tomada de luso a participar cada vez mais intensamente do Constantinopla (principal entreposto comercial entre o desenvolvimento comercial europeu. Ocidente e o Oriente), pelos turco-otomanos em 1453, No início do século XV, Portugal partiu para as grandes bloqueou o acesso dos mercadores às valiosas navegações, objetivando contornar a África e alcançar especiarias orienta is. Isto veio apenas acrescentar um as Índias, para obter ali, diretamente, as lucrativas novo elemento às dificuldades comerciais que já se especiarias orientais. apresentavam. Na A expansão marítima lusa foi acompanhada, em verdade, a expansão seguida, pela espanhola e depois por vários outros marítima tivera seu Estados europeus, integrando quase todo o mundo ao início muito antes, desenvolvimento comercial capitalista da Europa. em 1415, quando os portugueses 1. MOTIVOS PARA AS EXPANSÕES tomaram a cidade de Entre as principais razões que levaram a Europa à Ceuta, no norte da expansão, destacam-se as seguintes: África. • visto que a rota do Mediterrâneo era monopólio das
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2. A expansão marítima portuguesa lentamente, recebeu um grande impulso com o afluxo dos novos produtos americanos, especialmente os Enquanto a Europa achava-se envolvida com os metais preciosos. Essa atividade passou a constituir- efeitos da crise do século XIV Portugal organizava um se no eixo da vida econômica da Europa da idade governo centralizado, forte e aliado da burguesia. A Moderna, estabelecendo o capitalismo comercial, em precoce centralização política lusitana, conjugada a que a acumulação de capital se dá, principalmente, na outros fatores, valeu-lhe o pioneirismo no processo de esfera da circulação de mercadorias . expansão marítima comercial européia. A burguesia teve, então, aumentada sua riqueza e O infante D. Henrique, filho do rei D. João, prestigio saciar e os monarcas ampliaram seus próprios compreendendo a importância de uma modernização poderes, transformando-se em governantes tecnológica para o desenvolvimento comercial absolutistas, O eixo comercial deslocou-se do mar português, fundou a Escola de Sagres, na qual se Mediterrâneo para o oceano Atlântico, com as cidades realizaram importantes avanços na arte de navegar. italianas perdendo a primazia comercial que Desfrutando de uma localização privilegiada, os desfrutavam desde a Baixa Idade Média. navegadores lusos lançaram-se ao oceano Atlântico, A difusão do cristianismo e das línguas ibéricas visando, primordialmente, romper com o monopólio (português e espanhol) foi outra importante comercial italiano sobre as especiarias orientais. conseqüência do expansionismo. Em 1415, os portugueses estabeleceram seu domínio sobre Ceuta, um importante entreposto 4. Os aventureiros do mar Tenebroso comercial árabe no norte da África. A partir de então, Portugal deu início à conquista progressiva de toda a Há muitos séculos o oceano Atlântico atraía a costa atlântica africana. Passo a passo, os portugueses curiosidade dos navegantes europeus mais ambiciosos. foram contornando a África, estabelecendo feitorias e Mas pouquíssimas expedições que se aventuraram mar fortificações milhares por toda a costa, dando início ao adentro voltaram. Essas tentativas malogradas criaram périplo africano. na Imaginação popular as mais fervilhantes fantasias Durante o reinado de D. João IP (1485-1495), acerca do oceano desconhecido: monstros marinhos, os portugueses alcançaram o extremo sul africano, o águas ferventes e pedras-ímã, que puxavam as cabo da Boa Esperança (1488), com a viagem de embarcações para o fundo, na altura do Equador. Bartolomeu Dias, definindo a rota a ser seguida para se Por volta do ano 1400 não se conhecia o real formato da atingir as índias, o principal celeiro das tão desejadas Ferra. Era senso comum considerá-la plana como uma especiarias. mesa, terminando em abismos sem fim. Mas havia Finalmente, em aqueles que a imaginavam redonda e finita. 1498, Vasco da O desconhecimento completo dos oceanos nos dá Gama uma medida dos riscos enfrentados pelos navegantes do desembarcou em século XV, que ousaram desbravá-los em precários Calicute, na índia, barcos, com aproximadamente, ente 25 metros de passando Portugal comprimento. a deter o controle As técnicas de navegação empregadas sobre o comércio tradicionalmente no mar Mediterrâneo, no Báltico e na das mercadorias costa européia eram insatisfatórias para as novas orientais. Dois circunstâncias. Foi com o objetivo de aprimorá-las que o anos depois, em infante dom Henrique, filho do rei dom João I de Avis, 1300, Pedro reuniu os mais experimentados cartógrafos, Álvares Cabral e sua esquadra chegavam ao Brasil. astrônomos, construtores navais e pilotos da Europa. Dessa forma, no limiar do século XVl, a cidade Essa reunião ficou conhecida como Escola de Sagres. de Lisboa transformara-se num dos mais importantes centros econômicos da Europa e o Atlântico Sul convertera-se numa região de predomínio português. 3. As conseqüências da expansão ultramarina A expansão marítima propiciou aos europeus o estabelecimento de contatos com todas as regiões do planeta, as quais passaram a integrar-se ao modo de vida europeu. A atividade comercial, que até então se desenvolvia