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CAPÍTULO 2

MONTAGEM E ALINHAMENTO

INTRODUÇÃO utilizado porque as deflexões da estrutura, na


qual está instalado, não afetam a sua operação.
Este capítulo inclui tanto montagem Muitas aeronaves incorporam sistemas de
quanto alinhamento, uma vez que estas matérias controle que são a combinação de todos os três
estão diretamente relacionadas. A montagem tipos.
envolve o ajuntamento das diversas seções
componentes de uma aeronave, tal como seção Ferragens do sistema de controle de vôo,
da asa, unidades da empenagem, naceles e trem ligações mecânicas e mecanismos
de pouso.
Alinhamento é o ajuste final das diversas Os sistemas que operam as superfícies
seções componentes para proporcionar a reação de controle de vôo, ferragens, hastes de ligação
aerodinâmica apropriada. e mecanismos. Esses itens conectam as
Duas considerações importantes superfícies de controle aos controles na cabine.
em toda operação de montagem e alinhamento Incluídos nestes sistemas, estão
são: (1) Operação apropriada do componente conjuntos de cabos, guias de cabos, ligações,
quanto à sua função mecânica e aerodinâmica; e batentes ajustáveis, amortecedores das
(2) manutenção da integridade estrutural da superfícies de controle ou mecanismos de
aeronave, através da utilização correta dos travamento, unidades de reforço das superfícies
materiais, estrutura e dispositivos de segurança. de controle, atuadores operados por motores
Montagem e alinhamento impróprios, hidráulicos.
podem resultar na exposição de determinados
componentes em esforços, maiores do que Conjunto de cabos
aqueles para as quais eles foram projetados.
A montagem e o alinhamento devem ser Um conjunto convencional de cabos
feitos de acordo com os requisitos prescritos consiste de cabo flexível, terminais (prensados
pelo fabricante da aeronave. Esses na extremidade do cabo) para a ligação com ou-
procedimentos são geralmente detalhados no tras unidades, e esticadores. As informações
manual de serviço, ou no de manutenção com relação a construção de cabos convencio-
aplicável. nais e as terminais de ligação, estão contidas no
A especificação da aeronave ou a folha capítulo 6 do Livro de Matérias Básicas.
de dados de especificação de tipo, também Em cada inspeção periódica regular, os
proporcionam informações valiosas relativas ao cabos deverão ser inspecionados por quebra dos
controle. fios, passando um pano ao longo do seu com-
O alinhamento dos sistemas de controle primento e observando os pontos onde o pano
varia com cada tipo de aeronave, dessa forma, fica preso.
seria impraticável definir um procedimento pre- Para uma cuidadosa inspeção do cabo,
ciso. Contudo, alguns princípios aplicam-se para movemos a superfície de controle para o seu
todas as situações, e isso será discutido nesse limite extremo de curso. Isto permitirá a
capítulo. verificação das áreas do cabo na polia, guia do
É essencial que as instruções do fabri- cabo e do tambor.
cante da aeronave sejam seguidas, quando ajus- Se a superfície do cabo estiver corroída,
tando uma aeronave. aliviamos a tensão do cabo. Então,
cuidadosamente forçamos a abertura do cabo
SISTEMAS DE CONTROLE DE VÔO distorcendo os fios, e inspecionamos o interior.
A corrosão no interior dos fios do cabo é
São usados, geralmente, três tipos de sis- considerada como falha, devendo o cabo ser
temas de controle: (1) a cabo; (2) por meio de substituído.
hastes rígidas; e (3) sistema de tubo de torque. Se não existir corrosão interna,
O sistema de cabo é extremamente mais removemos a corrosão externa com um trapo de

2-1
pano grosso ou escova de fibra. Nunca devemos tensão do cabo. A parte central do esticador
usar escovas de fios metálicos ou solventes para possui rosca esquerda interna em uma das ex-
limpar o cabo. Escovas metálicas incrustadas tremidades e rosca direita, também interna, na
com diferentes partículas metálicas poderão outra extremidade. Quando ajustando a tensão
causar futuras corrosões. do cabo, os terminais são aparafusados em igual
Solventes removem o lubrificante distância, em ambos os finais, na parte central.
interno do cabo, resultando também em futuras Após o ajuste do esticador, ele deverá
corrosões. Após a limpeza cuidadosa do cabo ser frenado. Os métodos de frenagem de
flexível, aplicamos um composto preventivo da esticadores são abordados no capítulo 6 do
corrosão. Esse composto preserva e lubrifica o Livro Matérias Básicas.
cabo.
A ruptura dos fios ocorre mais Conectores de cabo
freqüentemente onde os cabos passam sobre
polias, e através dos guias de cabo. Pontos Em adição aos esticadores, conectores de
típicos de quebra são mostrados na figura 2-1. cabo são usados em alguns sistemas. Esses co-
Os cabos de controle e arames deverão ser nectores permitem que um cabo seja rapida-
substituídos, se estiverem desgastados, mente conectado ou desconectado de um siste-
distorcidos, corroídos ou com outro tipo de ma. A figura 2-2 ilustra um tipo usado de co-
avaria. nector de cabo. Esse tipo é conectado ou desco-
nectado pela compressão da mola.

Fig. 2-1 Pontos típicos de ruptura de cabos.

Cabos revestidos são usados ao longo de


algumas das grandes aeronaves. Eles consistem
de cabos de aço flexível, convencionais,
envolvidos em um tubo de alumínio prensado
para prender o cabo em seu interior. Figura 2-2 Conector de cabo do tipo mola.
A construção do cabo revestido tem
certas vantagens. As mudanças de tensão, SISTEMAS DE CONTROLE OPERADOS
devido a temperatura, são menores do que nos HIDRAULICAMENTE
cabos convencionais. Além disso, a quantidade
de estiramento em uma determinada carga, é Como a velocidade dos mais recentes
menor do que a que ocorre com o cabo con- modelos de aeronaves aumentou, a atuação dos
vencional. controles em vôo ficou mais difícil. Logo,
Os cabos revestidos devem ser substituí- tornou-se evidente que o piloto necessitaria de
dos quando a cobertura estiver desgastada, ex- auxílio para superar a resistência do fluxo de ar,
pondo fios com desgaste, quebrada, ou para controlar o movimento.
apresentando pontos de desgaste causados pelo Os compensadores de mola, que eram
atrito com os pinos guia dos cabos. operados pelo sistema de controle convencional,
eram movimentados para que o fluxo de ar
Esticadores sobre eles, realmente movessem as superfícies
de controle primário. Isso era suficiente para as
O esticador é um dispositivo usado nos aeronaves que não operavam em uma gama de
sistemas de cabo de controle para o ajuste da alta velocidade (250 - 300 m.p.h.).

2-2
Para as altas velocidades foi projetado linha reta, através, ou entre partes estruturais da
um sistema de controle auxiliado por força aeronave. Os guias nunca alteram o alinha-
hidráulica. mento do cabo mais do que 3º da linha reta.
Sistema de cabos de comando
convencionais, ou de hastes rígidas, estão
instalados e fixados a um quadrante de
transmissão de força. Com o sistema ativado, o
esforço do piloto é usado para abrir as válvulas,
direcionando, desse modo, o fluido hidráulico
para os atuadores, os quais estão conectados às
superfícies de controle por hastes de comando.
Os atuadores movem as superfícies de
controle para a condição de vôo desejada. O
esforço inverso move a superfície de controle na
direção oposta.

Controle manual

O sistema de controle da cabine é conec-


tado por uma haste através do quadrante de
transmissão de força ao sistema de controle do
atuador. Durante a operação manual, o esforço
do piloto é transmitido ao manche, e, por
ligações diretas a superfícies de controle. Os
aviões que não têm sistema de reversão manual
podem ter pelo menos três fontes de força
hidráulica: principal, secundária (standby) e
auxiliar. Alguns ou todos os controles primários
podem ser operados por esses sistemas.

Trava dos comandos

Um came no eixo do quadrante de con-


trole encaixa em um rolete, sobre pressão de
mola, para neutralizar os controles com o sis-
tema hidráulico desligado (aeronave estacio-
nada).
A pressão é bloqueada nos atuadores e
desde que os controles estejam neutralizados
pelo came e rolete, nenhum movimento das su-
perfícies de controle será permitido.

GUIAS DOS CABOS

Os guias dos cabos (figuras 2-3)


consistem primariamente de guias, selos de
pressurização, e polias.
Um guia de cabo pode ser feito de mate-
rial não metálico, tal como o FENOL, ou um
material metálico macio como o alumínio. Os
guias envolvem o cabo na sua passagem por ori-
fícios em paredes, ou qualquer outra parte metá-
lica. Eles são usados para guiar os cabos em Fig. 2-3 Guias dos cabos de comando.

2-3
Selos de pressão estão instalados onde os Os rolamentos das roldanas são selados,
cabos (ou hastes) se movem através das e não necessitam de outra lubrificação senão
cavernas de pressão.O selo agarra fortemente o aquela feita na fabricação. Braçadeiras presas à
bastante para evitar perda de pressão de ar, mas estrutura da aeronave suportam as roldanas. Os
não para impedir o movimento do cabo. cabos que passam sobre as roldanas são
mantidos no lugar por guardas bem ajustadas
Os selos de pressão devem ser para prevenir emperramento ou que os cabos
inspecionados em intervalos regulares, para escapem quando afrouxarem, devido às
determinar que os anéis de retenção estão no variações da temperatura.
lugar. Se um anel de retenção soltar-se, ele pode
escorregar ao longo do cabo e causar LIGAÇÕES MECÂNICAS
emperramento de uma roldana.
Roldanas são usadas para guiar os cabos Várias ligações mecânicas conectam os
e também para mudar a direção do movimento comandos da cabine com os cabos e as
do cabo. superfícies de controle.

Figura 2-4 Ligações mecânicas dos controles de vôo.

2-4
Qualquer desses mecanismos transmite ge da haste seja interposto entre a pista das
movimento, ou, mudança de movimento, do esferas e o terminal ancorado do pino de
sistema de comando. A ligação consiste fixação, ou parafuso, como mostrado na figura
primariamente de hastes de comando (puxa- 2 - 5.
empurra), tubos de torque, quadrantes, setores, Outra alternativa é colocar uma arruela,
articulações e tambores. de diâmetro maior do que o furo no flange, sob
Hastes de comando são usadas como co- a porca de retenção na extremidade do pino ou
nexões nos sistemas de comando de vôo, para do parafuso de fixação.
dar um movimento de puxa-empurra. Elas po-
dem ser ajustadas por um ou ambos os TUBOS DE TORQUE
terminais. A figura 2-4 A, mostra as partes de
uma haste de comando. Observe que ela Quando é necessário um movimento
consiste de um tubo com roscas nas pontas e angular ou de torção no sistema de comando,
uma haste ajustável antifricção, ou haste com um tubo de torque é instalado. A vista "B" da
esticador, fixa em cada extremidade do tubo. A figura 2-4 mostra como um tubo de torque é
haste, ou esticador, permite a fixação do tubo às usado para transmitir movimento em direções
partes do sistema de comando de vôo. A contra- opostas.
porca, quando apertada, previne que a haste ou Quadrantes, articulações, setores e
esticador afrouxem. tambores mudam a direção do movimento e
As hastes de comando devem estar transmitem movimento a peças, tais como
perfeitamente retas, a menos que projetadas para hastes de comando, cabos e tubos de torque. O
serem de outra maneira, quando estiverem quadrante mostrado na figura 2-4B é típico de
instaladas. conexões de sistema de comando de vôo usado
O braço articulado a que elas estão por vários fabricantes. As figuras 2-4C e 2-4D
fixadas, deve ser checado quanto a liberdade de ilustram uma articulação e um setor. A vista "E"
movimento, antes e depois de ser fixado às ilustra um tambor de cabos. Os tambores de
hastes de comando. cabos são usados primariamente em sistemas de
O conjunto como um todo deve ser compensação. Como a roda de comando de
checado para o correto alinhamento. Quando a compensação é movida no sentido do relógio,
haste é ajustada com os rolamentos de ou no sentido contrário ao do relógio, o tambor
alinhamento próprio, o movimento de livre enrola ou desenrola para atuar os cabos do
rotação das hastes deve ser obtido em todas as compensador.
posições.
É possível que as hastes fixadas com os BATENTES
rolamentos venham a desconectarem-se, por
causa da fixação que retém a pista das esferas na Batentes ajustáveis ou não (o que o caso
haste. requeira) são usados para limitar o percurso ou
curso de movimento dos ailerons, profundores e
leme.
Normalmente existem dois jogos de
batentes para cada uma das três superfícies de
comando principais, sendo um jogo localizado
na superfície de comando, ou nos cilindros
amortecedores, ou como batentes estruturais
(figura 2-6), e outro no comando da cabine.
Qualquer destes pode servir como real limite de
parada. Contudo, aqueles situados nas
Figura 2 -5 Flange da haste interposto entre a superfícies de controle, normalmente realizam
pista do rolamento e o terminal do esta função.
parafuso. Os outros batentes normalmente não se
tocam, mas são ajustados para uma folga
Isso pode ser evitado através da instala- definitiva quando a superfície de comando está
ção de hastes de comando, de forma que o flan- totalmente estendida de seu curso.

2-5
Estes funcionam como batentes de "destravada". Um tarugo excêntrico é usado em
sobrepujamento para prevenir que os cabos alguns outros tipos de aeronaves para travar as
estiquem e danifiquem o sistema de comando, superfícies de controle.
durante manobras violentas. Os sistemas de travamento de superfície
Quando da montagem dos sistemas de de comando são usualmente projetados de tal
controle, consultamos o Manual de Manutenção forma, que as manetes não podem ser avançadas
aplicável, para a seqüência dos passos de ajuste até as superfícies de controle estarem destrava-
destes batentes, para limitar o percurso da das. Isso previne decolagem com as superfícies
superfície de controle. de controle na posição travada.
Uma típica trava de comando para pe-
quenas aeronaves consiste de um tubo de metal,
que é instalado para travar a roda de comando, e
os pedais do leme a um ponto de fixação na ca-
bine. Desse tipo, é o sistema ilustrado na figura
2-7.

Fig. 2-6 Batente ajustável do leme de direção.

AMORTECEDORES DE SUPERFÍCIES DE
CONTROLE E EQUIPAMENTOS PARA
TRAVAMENTO

Vários tipos de equipamentos são usados


para travar as superfícies de controle, quando a
aeronave está parqueada ou ancorada. Equipa-
mentos para travamento previnem danos às su- Fig. 2-7 Conjunto típico de trava de comandos
perfícies de controle e suas conexões dos para pequenas aeronaves.
ventos, em alta velocidade ou em rajadas. Os
equipamentos comuns que estão em uso são: Amortecedores de superfícies de controle
freio de trava interno (freio de setor) e êmbolo
atuado por mola e travas externas das Unidades de reforço hidráulico são usa-
superfícies de controle. das em algumas aeronaves para mover as super-
fícies de controle. As superfícies são usualmente
Equipamentos para travamento interno protegidas das rajadas de vento através de
amortecedores incorporados às unidades de re-
O equipamento para travamento interno forço.
é usado para segurar os ailerons, leme e profun- Em algumas aeronaves, um cilindro
dor em suas posições neutras. amortecedor auxiliar é conectado diretamente à
O equipamento para travamento é superfície para fornecer proteção.
usualmente operado através de um sistema de Os amortecedores controlam hidrau-
cabos por um êmbolo atuado por mola (pino) icamente ou amortecem o movimento da
que encaixa em um furo na conexão mecânica superfície de controle, quando a aeronave está
da superfície de controle. parqueada. Isto previne que as rajadas de vento
A mola conectada ao pino força-o de façam com que as superfícies de controle batam
volta à posição destravada quando a alavanca de violentamente entre os seus batentes e
comando na cabine for colocada na posição possivelmente provoquem danos.

2-6
Travas externas das superfícies de controle
Medição da tensão dos cabos
São travas com o formato de blocos de
madeira canelada. Os canais dos blocos encai- Para determinar a quantidade de tensão
xam-se em aberturas entre as superfícies de co- de um cabo de comando, é usado um
mando e a estrutura da aeronave, travando as tensiômetro. Quando sujeito a uma correta
superfícies na posição neutra. manutenção, um tensiômetro tem uma precisão
Quando não estão em uso, essas travas de 98%.
ficam estocadas dentro da aeronave. A tensão do cabo é determinada pela
quantidade medida de força, necessária para
Reguladores de tensão dos cabos estica-lo entre dois blocos de aço endurecido,
chamados de bigornas. Um levantador, ou calço,
Reguladores de tensão dos cabos são é pressionado contra o cabo, forçando-o a um
usados em alguns sistemas de controle de vôo, afastamento. Diversos fabricantes produzem
porque existe uma considerável diferença na ex- uma variedade de tensiômetros, sendo cada tipo
pansão da temperatura entre a estrutura de alu- destinado a uma diferente espécie de cabo,
mínio das aeronaves, e os cabos de aço de con- medida de cabos, ou diferentes tensões.
trole. Um tipo de tensiômetro é ilustrado na
Algumas das grandes aeronaves incorpo- figura 2-8.
ram reguladores de tensão nos sistemas de cabos
de controle para manterem, automaticamente
uma desejada tensão nos cabos. A unidade
consiste de uma mola de compressão e um
mecanismo de travamento, o qual permite que a
mola corrija a tensão do sistema somente
quando o sistema de cabos estiver em neutro.

AJUSTANDO A AERONAVE

As superfícies de controle devem mover-


se em uma certa distância da posição neutra.
Estes movimentos devem se sincronizados com
os movimentos dos controles da cabine.O
sistema de controles de vôo deve ser ajustado
para que estas condições possam ser obtidas.
De um modo geral, a ajustagem consiste
no seguinte:

1. Posicionamento do sistema de controles de


vôo em neutro, e temporariamente, travado
por meio de pinos de trava ou blocos; e

2. Ajustagem do curso das superfícies, tensão


dos cabos de comando, hastes de ligação, e
ajustagem dos batentes para as especificações
dos fabricantes das aeronaves.
Quando ajustando os sistemas de
controles de vôo, são necessários diversos
equipamentos de regulagem. Esses equipa-
mentos consistem principalmente de
tensiômetros, cartas de regulagem de tensão de
cabos, transferidores, acessórios de regulagem,
gabaritos de contorno e réguas. Figura 2-8 Tensiômetro.

2-7
Com a alavanca de comando afastada, de diâmetro, e que é um cabo 7x19 (cabo com 7
colocamos o cabo a ser testado, sob as duas pernas de 19 fios), e a temperatura ambiente é
bigornas. Então, apertamos a alavanca de aproximadamente 25º C (85º F).
(movendo-a para cima). Esse movimento da Seguimos a linha de 85º F até o ponto
alavanca empurra para cima o levantador, o qual em que ela intercepta a curva de 1/8 de polegada
empurra o cabo, forçando-o contra as bigornas. (medida do cabo). Estendemos uma linha
A força necessária para isso é indicada pelo horizontal, do ponto de intercessão até o ponto
ponteiro no mostrador. Como o exemplo da extremo à direita da carta. O valor neste ponto
tabela apresentada abaixo, diferentes indica a tensão (carga de regulagem em libras) a
levantadores numerados são usados com as ser aplicada no cabo. A tensão para este
diferentes medidas de cabos. exemplo é de 70 libras.
Cada levantador possui um número de
identificação e pode ser facilmente inserido no
tensiômetro.
Além disso, cada tensiômetro tem uma
tabela de calibração (figura 2-8), a qual é usada
para converter a leitura do dial em libras (a
tabela de calibração é muito semelhante a carta
exemplo mostrada abaixo na ilustração). A
xleitura do dial é convertida em libras de tensão
do seguinte modo: usando o levantador nº 2
(figura 2-8) para medir a tensão de um cabo de
5/32 de polegada de diâmetro, uma leitura de
“30” é obtida.
A verdadeira tensão (ver a tabela de
calibração) do cabo é de 70 libras. Observando a Figura 2-9 Tabela típica de ajustagem de cabos.
carta, notamos também, que um levantador nº 1
é usado com os cabos de 1/16, 3/32 e 1/8 de Medição da amplitude das superfícies de
polegada. Como o tensiômetro não foi projetado comando
para o uso em cabos de 7/32 ou de 1/4 de
polegada, nenhum valor é mostrado na coluna nº As ferramentas de medição da amplitude
3 da carta. das superfícies, primariamente inclui transfe-
Quando tomando uma leitura, poderá ridores, gabaritos de contorno, réguas e moldes
haver dificuldade em ver o dial, devido à para ajuste. Essas ferramentas são usadas na
posição do tensiômetro no cabo. Por este regulagem dos sistemas de controle dos
motivo, o tensiômetro possui uma trava para o comandos de vôo para assegurar que o desejado
ponteiro. Empurrando essa trava, o ponteiro deslocamento será obtido.
ficará travado, indicando a última leitura. O Os transferidores são ferramentas para
tensiômetro poderá, então, ser removido, e a medir ângulos em graus. Vários tipos de
leitura da tensão ser feita em melhor posição. transferidores são usados para determinar a
Após a leitura, destravamos o ponteiro, que amplitude das superfícies dos comandos de vôo.
retornará a zero. Um transferidor que pode ser usado para medir
As cartas de regulagem da tensão de ca- aileron, leme de profundidade, ângulo de
bos (figura 2-8), são ferramentas gráficas, usa- deslocamento do flape, é o transferidor
das para compensar as variações de temperatura. universal de hélice. Esse transferidor (figura 2-
Elas são usadas, quando for necessário estabele- 10) é montado em uma moldura, um disco, um
cer a tensão de cabos dos sistemas de controles anel e dois níveis de bolhas de ar. O disco e o
de vôo, sistemas de trem de pouso, ou qualquer anel rodam independentemente um do outro e
outro sistema operado por cabos. da moldura (o nível do canto é usado para
Para usar a carta, determinamos a posicionar a moldura verticalmente quando
medida do cabo que deve ser ajustado e a medindo ângulo das pás de hélice). O nível do
temperatura do ar ambiente. Por exemplo, centro é usado para posicionar quando medindo
suponhamos que o cabo seja de 1/8 de polegada o deslocamento da superfície de controle.

2-8
Com a trava disco/anel no entalhe, girar o ajustador do disco até o travamento com o anel;
1 Mover a superfície de controle para a posição neutra. Colocar o transferidor sobre
a superfície de controle e girar o ajustador do anel até que a bolha do nível esteja
centralizada (o anel deve estar destravado da moldura do transferidor);
2 Travar o anel na moldura do transferidor utilizando a trava anel/moldura;
3 Mover a superfície de controle até o seu limite de movimento;
4 Destravar o disco do anel utilizando a trava disco/anel;
5 Girar o ajustador de disco até a centralização da bolha do nível central;
6 Ler a amplitude da superfície de controle em graus no disco e em décimos de
graus na escala Vernier.

Figura 2-10 Usando o transferidor universal de hélices para medir o curso das superfícies de
controle

A trava do disco / anel é usada para Gabaritos e moldes


assegurar que o zero do anel na escala Vernier e
o zero do disco em graus estão alinhados. Moldes e gabaritos são ferramentas
A trava do anel na moldura não permite especiais (de precisão) designadas pelo
que o anel se mova quando o disco estiver em fabricante para medir e controlar o
movimento. deslocamento de superfícies. Marcando o
Notamos que eles saem de um ponto e gabarito ou o molde, assegura-se o controle da
avançam em direções opostas. amplitude da superfície.
A escala Vernier do anel é graduada com
marcação dupla de 0 - 10. Réguas
O procedimento para uso e operação do
transferidor no controle de medida da amplitude Muitas vezes o fabricante da aeronave dá
das superfícies de controle é mostrado na figura o valor do deslocamento de um particular
2-10. controle de superfície em graus e polegadas.

2-9
Se o deslocamento for em polegadas, a aeronave deverá ser posicionada com o nariz
régua pode ser usada para medir o deslocamento contra o vento. A pesagem e o
da superfície. balanceamento da aeronave deverão ser,
exatamente, como descrito no manual do
VERIFICAÇÃO DO AJUSTE fabricante. Em todos os casos, a aeronave não
será levantada pelo macaco, antes de se
O objetivo desta seção é explanar os assegurar que o peso máximo de levantamento,
métodos de verificação do alinhamento, relativo não excedeu o especificado pelo fabricante.
ao ajuste dos componentes estruturais principais Com poucas exceções, o diedro e os
da aeronave. Não é intenção que estes ângulos de incidência das aeronaves modernas
procedimentos sejam exatamente aplicáveis a convencionais não podem ser ajustados. Alguns
uma aeronave em particular. Quando ajustando fabricantes permitem o ajuste do ângulo de
uma aeronave, sempre os procedimentos e incidência das asas, para corrigir as condições
métodos devem ser especificados pelo de asa pesada.
fabricante da aeronave. O diedro e o ângulo de incidência são
verificados após um pouso duro ou após uma
Alinhamento estrutural carga de vôo anormal, para assegurar que os
componentes não estão torcidos, e que os
A posição ou o ângulo dos componentes ângulos estão dentro dos limites especificados.
da estrutura principal é relacionado com a linha Existem diversos métodos de verificação
de referência longitudinal, paralela à linha do alinhamento estrutural e ajuste de ângulos.
central da aeronave e a uma linha de referência Quadros de ajustes especiais, os quais
lateral, paralela a linha que liga as pontas das incorporam ou podem receber os instrumentos
asas. especiais (nível de bolha ou inclinômetro) para
Antes de verificar a posição ou o ângulo determinar o ângulo usado em algumas
dos componentes principais, a aeronave deve aeronaves.
estar nivelada. O alinhamento da aeronave é verificado
As aeronaves pequenas geralmente têm usando-se um fio de prumo sobre uma placa
fixos cavilhas ou blocos, conectados a graduada ou um teodolito e uma escala de
fuselagem, paralelos ou coincidentes com as visada.
linhas de referência. Geralmente o manual do fabricante es-
Um nível d’água e uma prancha reta são pecifica o equipamento a ser utilizado.
apoiados nas cavilhas ou blocos, para a Quando da verificação do alinhamento,
verificação do nível da aeronave. Esse método uma tabela de seqüência deve ser montada e
de verificação de nível da aeronave, também é seguida para garantir que as inspeções estejam
aplicável nas aeronaves de grande porte. sendo feitas em todas as posições especificadas.
Entretanto, o método da grade é algumas As inspeções especificadas de alinhamento,
vezes usado em grandes aeronaves. geralmente incluem:
A placa de grade (figura 2-11) é fixada
no piso da aeronave ou suporte da estrutura, um
1) Ângulo do diedro da asa.
fio de prumo é suspenso de uma posição pré-
determinada no teto da aeronave sobre a placa
2) Ângulo de incidência da asa.
de grade.
O ajuste necessário dos suportes para
3) Alinhamento do motor.
nivelar a aeronave, é indicado na escala da
grade.
4) Incidência do estabilizador horizontal.
A aeronave estará nivelada, quando o fio
de prumo estiver suspenso sobre o ponto central
5) Diedro do estabilizador horizontal.
da grade.
Certas preocupações precisam ser
6) Verificação do estabilizador vertical quando
observadas a todo momento. Normalmente,
a sua correta posição (vertical).
ajustes e alinhamentos não podem ser realizados
em local aberto. Se isto não puder ser evitado, a 7) Inspeção de simetria

2-10
Figura 2-11 Típica placa de nivelamento.

Inspeção do diedro pontos nas bordas dianteiras, que precisam ser


colocadas em contato com o bordo de ataque da
O ângulo do diedro é inspecionado em asa; outros são equipados com cavilhas, que
posições específicas, usando quadros especiais ficam fixadas em alguma parte da estrutura.
previstos pelo fabricante da aeronave. Se tal O propósito um qualquer em desses
quadro não estiver disponível, uma prancha, casos é nos certificarmos que o quadro está
plana e um inclinômetro podem ser usados. Os fixado na posição exata. Em muitas situações os
métodos de inspeção do diedro são mostrados quadros serão colocados na área livre do
na figura 2-12. contorno da asa, por uma pequena extensão
fixada ao quadro. Um típico quadro de
incidência é mostrado na figura 2-13.

Figura 2-12 Inspeção do diedro.

É importante que o diedro seja inspecio-


nado nas posições especificadas pelo fabricante.
Sem dúvida, parte das asas ou o estabilizador
horizontal podem, algumas vezes, ser
horizontais, ou, em raras ocasiões, um diedro Figura 2-13 Um típico quadro de medição do
negativo pode estar presente. ângulo de incidência.

Inspeção de incidência Quando usado, o quadro é colocado na


posição especificada na superfície que está
A incidência geralmente é inspecionada sendo inspecionada. Se o ângulo de incidência
pelo menos em duas posições especificadas na estiver correto, uma inclinação no topo do
superfície da asa, para assegurar que a asa está quadro indicará zero, ou dentro de uma
livre de torção. tolerância especificada do zero.
Vários quadros de incidência são usados Modificações das áreas onde o quadro de
para checar o ângulo de incidência. Alguns têm tolerância está localizado pode afetar a leitura.

2-11
Por exemplo, se um sistema de degelo estiver Inspeção de simetria
instalado no bordo de ataque, isto afetará a
posição tomada por um quadro que tenha um O princípio de uma inspeção típica de
batente no bordo de ataque. simetria é ilustrado na figura 2-15. As figuras
necessárias, tolerâncias e pontos de inspeção de
Inspeção da superfície vertical uma aeronave em particular, serão encontrados
no seu manual de serviço ou manutenção.
Após o ajuste do estabilizador hori- Nas pequenas aeronaves, as medidas en-
zontal ter sido inspecionado, a verticalidade do tre os pontos são geralmente tomadas usando
outro estabilizador, relativa a linha de referência uma trena. Quando medindo longas distâncias, é
lateral, pode ser inspecionada. aconselhável que uma escala com mola seja
As medidas são tomadas de um dado usada com a trena, para obter tensão igual.
ponto em um dos lados do topo da superfície, Umas 5lbs de tensão normalmente são
para um ponto dado na esquerda ou direita do suficientes.
estabilizador horizontal (fig. 2-14). As medidas Onde grandes aeronaves são medidas, as
devem ser similares, sem ultrapassar os limites. posições onde as medições são tomadas,
normalmente estão marcadas no solo. Isto é
feito pela suspensão de um fio de prumo nos
pontos de inspeção, e marcando o ponto do chão
sob cada prumo. As medidas são, então,
tomadas entre o centro de cada marca no solo.

Figura 2-14 Checando a verticalidade do


estabilizador vertical.

Quando for necessário inspecionar o


alinhamento das dobradiças do leme direcional,
removemos o leme e passamos uma linha de fio
de prumo através da ligação das cavernas das
dobradiças do leme. A linha deve passar centra-
lizada por todas as cavernas.
Deve ser notado que algumas aeronaves
têm o bordo de ataque do estabilizador vertical
compensado com a linha central longitudinal,
para neutralizar o torque dos motores.

Inspeção de alinhamento dos motores


Figura 2-15 Método típico de inspeção da
Os motores são geralmente montados simetria de uma aeronave.
com a linha de empuxo paralela ao plano
longitudinal horizontal de simetria. AJUSTE DAS SUPERFÍCIES DE
Entretanto, isto nem sempre é verdadeiro COMANDO
quando os motores são montados nas asas.
Inspecionamos para assegurar que a posição dos Na seqüência, para um sistema de
motores, incluindo alguns graus de controle funcionar apropriadamente, é preciso
compensação, está de acordo com o tipo de ser ajustado corretamente. As superfícies de
montante. controle movem-se através de roldanas e são
Geralmente, a inspeção acarreta uma sincronizadas com o movimento dos controles
medida da linha central do montante, até a linha da cabine de comando. Ajustes em alguns
central longitudinal da fuselagem (fig. 2-15) no sistemas requerem que os procedimentos sejam
ponto especificado no manual aplicável. seguidos passo-a-passo, como o esboço do

2-12
manual de manutenção da aeronave. Embora um controle, os controles devem ser operados da
procedimento de ajuste completo para muitas cabine sem mover a superfície de controle.
aeronaves, esteja fora dos detalhes naturais que Durante a checagem do deslocamento da
requerem diferentes ajustes, o método básico superfície de controle, nos asseguramos que
segue três passos: correntes, cabos, etc, não tenham chegado a
seus limites de deslocamento, quando os
1) Travar os controles na cabine de comando e controles estiverem em seus respectivos
as superfícies na posição neutra. batentes. Onde dois controles estão instalados,
deve haver sincronia para que funcionem
2) Ajustar a tensão dos cabos, mantendo o leme satisfatoriamente, quando operados de ambos as
direcional, profundores ou ailerons na posições.
posição neutra. Compensadores articulados, e outros
tipos, devem ser checados de maneira similar
3) Ajustar os batentes dos controles para o aos controles principais de superfície. O
limite do movimento da superfície, nas indicador de posição deve ser checado, para ver
dimensões dadas para a aeronave em ajuste. se funciona corretamente. Se macacos de rosca
são usados para atuar nos compensadores
A faixa de amplitude dos controles e das articulados, checamos para ver se eles não estão
superfícies de controle, devem ser estendidos mais que o limite especificado,
inspecionadas em ambas as direções, partindo quando o compensador estiver nas posições
do neutro. extremas.
O ajuste do sistema de compensadores, é Após determinar que o sistema de con-
feito da mesma maneira. O controle do compen- trole funciona apropriadamente, e está ajustado,
sador é colocado no neutro (sem compensação), ele deve ser inspecionado, para determinar se o
e a superfície é geralmente ajustada para a linha sistema está montado corretamente; assim,
de fluxo com a superfície de controle. Porém, operará livremente sobre a faixa especificada de
em algumas aeronaves, os compensadores movimento. Devemos ter certeza de que todos
podem ser ajustados um ou dois graus fora do os esticadores, terminais das hastes, porcas e
alinhamento, com a posição neutra. Após o parafusos, estão corretamente frenados.
compensador e seu mecanismo de controle
estarem na posição neutra, ajustamos a tensão AJUSTAGENS DE UM HELICÓPTERO
do cabo de comando.
Pinos, normalmente chamados pinos de As unidades de controle de vôo
ajuste, são muitas vezes usados para simplificar localizadas na cabine (figura 2-16) de todos os
o conjunto de roldanas, hastes e etc., nas suas helicópteros, são muito semelhantes. Eles têm
posições neutras. Um pino de ajuste é um pe- ainda um ou dois dos seguintes controles: (1)
queno pino metálico ou braçadeira. controle de passo coletivo; (2) controle de passo
Quando um pino de ajuste não está cíclico; e (3) pedais de controle direcional.
disponível, a posição neutra pode ser Basicamente, essas unidades fazem as
estabelecida por meio das marcas de mesmas coisas, apesar do tipo de helicóptero na
alinhamento, por um gabarito especial ou pela qual eles estão instalados. Porém, isso acontece
tomada linear das medidas. onde a maioria das semelhanças terminam.
Se o alinhamento final e o ajustamento A operação dos sistemas em que essas unidades
do sistema estiverem corretos, devemos se estão instaladas, varia de acordo com o modelo
possível, sacar os pinos de ajustagem do helicóptero. O ajuste do helicóptero coordena
facilmente. os movimentos dos controles de vôo, e
Qualquer aperto indevido dos pinos nos estabelece as relações entre o rotor principal e
furos de ajustagem indica tensionamento seus controles e, também, entre o rotor de cauda
incorreto ou mau alinhamento do sistema. e seus controles. O ajuste não é um trabalho
Após um sistema ter sido ajustado, o difícil, mas requer grande precisão e atenção aos
movimento completo e sincronizado dos detalhes. Severo detalhamento para os
controles deveriam ser checados. Quando procedimentos de ajustes é necessário. Ajustes,
checando a faixa de movimento da superfície de limpezas e tolerâncias devem ser exatos.

2-13
Figura 2-16 Controles do helicóptero e a principal função de cada um.

Os ajustes de vários sistemas de controle Esse ajuste limita o movimento físico do


de vôo podem ser separados em três grandes sistema de controle.
itens: Após o completo ajuste estático, uma
1. - O primeiro consiste da colocação do verificação do sistema de controle de vôo deve
sistema de controle numa posição particular, ser realizada, de acordo com o tipo de
mantendo-o na posição com pinos, grampos, helicóptero e sistema afetado, mas usualmente
ou guias; e ajustando as várias ligações para incluem determinar que:
consertar o componente de controle
imobilizado. 1) A direção do movimento das pás do rotor
principal e de cauda está correta em relação
2. - O item dois, consiste da colocação das su- ao movimento dos controles do piloto.
perfícies de controle na específica posição de 2) As operações interconectadas dos sistemas de
referência: usando um ajuste guia (figura 2- controle (potência do motor e passo coletivo)
73), um transferidor de precisão, ou um nível estão coordenadas corretamente.
de bolha de ar, para checar a diferença entre 3) A faixa de movimento e a posição neutra dos
a superfície de controle e uma superfície fixa controles dos pilotos estão corretas.
na aeronave. 4) Os ângulos de passo máximo e mínimo das
3. - O item três, consiste em ajustar a faixa má- pás do rotor principal, estão dentro dos
xima de deslocamento dos vários limites especificados. Isto inclui cheques de
componentes. para frente e para trás (for-and-aft), passo
cíclico lateral e ângulos das pás do passo
coletivo.
5) A trajetória das pás do rotor principal está
correta.
6) No caso de aeronave multirotora, o ajuste e
movimento das pás do rotor estão
sincronizados.
7) Quando compensadores são instalados nas
pás do rotor principal, eles estão
corretamente ajustados.
8) Os ângulos de passo máximo, mínimo,
neutro, e o ângulo de inclinação das pás do
rotor de cauda estão corretos.
9) Quando controles duplos são fornecidos, eles
funcionam corretamente e em sincronismo.

Para completar os ajustes, um cheque


Figura 2-17 Um típico transferidor de ajuste. total de todas as ligações deve ser feito, garan-

2-14
tindo pontos essenciais. Todos os parafusos, adequada incidência. Os compensadores devem
porcas, e extremidades das hastes devem estar estar em zero nas pás novas ou revisadas. Os
corretamente fixados e frenados. compensadores de pás em funcionamento não
devem ser alterados até que uma trajetória das
Trajetória da pá pás tenha sido determinada.
Um dos meios de verificar a trajetória das pás é
Quando as pás do rotor principal não o da bandeira (figura 2-19).
fazem um mesmo cone durante a rotação, é
denominado fora de trajetória. Isto pode resultar
em excessiva vibração na coluna de controle.
Trajetória da pá é o processo de
determinar as posições das pontas das pás do
rotor relativas uma a outra, enquanto a cabeça
do rotor está girando, e determinando a
necessária correção para manter estas posições
dentro das tolerâncias certas. A trajetória mostra
somente a posição relativa das pás, não suas
trajetórias de vôo. As pás devem todas seguir
uma às outras, o máximo possível.
O propósito da trajetória da pá trazer as
pontas de todas as pás no mesmo caminho,
durante o seu ciclo completo de rotação.
A fim de manter as pás do rotor na
trajetória com um tempo mínimo, e o máximo
de precisão, o equipamento correto deve ser
usado.
O equipamento geralmente usado para a
trajetória das pás inclui:
1) Bandeira de trajetória com material de
bandeira.
2) Lápis de cera ou giz colorido.
3) Material conveniente de marcação.
4) Refletores e lâmpadas de rastreamento
(figura 2-18).
5) Bastão de trajetória.
6) Ferramenta de ajuste de compensador.
7) Indicador de ângulo do compensador.

Figura 2-18 Trajetória da pá com lâmpada de


rastreamento.

Antes de começar uma operação de


trajetória de pá, as pás novas ou recentemente
Figura 2-19 Trajetória da pá
revisadas devem ser checadas quanto a

2-15
As pontas das pás são marcadas com mas fora da trajetória outra r.p.m. ou potência é
gizou lápis de cera. Cada ponta de pá deve ser selecionada.
marcada com uma cor diferente de modo que O erro mais comum na trajetória da pá é
facilite determinar a trajetória de uma em trazer as pás com os compensadores somente na
relação a outra. Este método pode ser usado r.p.m. de cruzeiro. As pás devem, então, se
para todos os tipos de helicópteros que não encontrar no ponto de um cruzamento e se
tenham dispositivo de propulsão nas pontas das separar em diferentes r.p.m. e potência seleci-
pás. Um homem mantém as faces da bandeira onadas, ou velocidade à frente; o que resultará
na direção da rotação das pás, assistindo a uma condição fora de trajetória.
retração das pás. A trajetória correta é produzida
Faceando por fora, próximo as pás, mantendo uma constante separação das pás, em
permite ao homem que segura a bandeira, todas r.p.m., potência selecionada e velocidade
observar as pás quando elas entram em contato de vôo. Uma separação constante pode ser
com a bandeira. O ângulo da bandeira para a mantida somente pelo ajuste correto dos
corda da pá é importante. compensadores. Após uma separação constante
Se esse ângulo for grande, as marcas ter sido estabelecida com os compensadores, é
serão longas e a bandeira tremulará exces- necessário trazer as pontas das pás num
sivamente. Se o ângulo for estreito, a pá deve caminho único de rotação com os comandos de
cortar a bandeira. inclinação das pás. Dobrando o compensador
O ângulo mais satisfatório é de mais ou para cima, a pá subirá, para baixo, ela descerá.
menos 80º para a corda da pá. As marcas das A dobra do compensador deverá ser
bandeiras serão então de aproximadamente 3/16 mantida para um mínimo, porque o ângulo do
a 1/4 de polegada de comprimento. O método da compensador produz um excessivo arrasto nas
bandeira para trajetória, pode ser usado não pás. Os ajustes dos compensadores das pás de
somente para descobrir a posição relativa das rotor principal (se houver) deverão ser checados
pás, mas também as características de vôo das para eliminar momentos de desbalanceamento,
pás nas diferentes rotações e ajustes de potência. que aplicarão torque nas pás do rotor.
De modo que, para plotar as O ajuste do compensador é checado
características de vôo para ajustes das pás, é quanto a correção pelo giro do rotor na veloci-
necessário pegar um pouco das diferentes r.p.m. dade prescrita, e assegurando que a coluna do
selecionadas e gravar seus resultados. Um controle do passo cíclico permanece estacioná-
mínimo de três traços é necessário para produzir rio. Fora de balanceamento aparecerão movi-
um plot satisfatório. Quatro traços são mentos de vibração na coluna.
desejáveis para produzir um plot nas cabeças
tendo três ou mais pás de rotor. PRINCÍPIOS DE BALANCEAMENTO OU
Quando a trajetória delineada está REBALANCEAMENTO
completa, uma pá é escolhida como referência.
Usualmente, a pá referência é a pá central do Dos princípios que são essenciais no
plot de um sistema de rotor multipá e a pá mais balanceamento ou rebalanceamento das
baixa no sistema de rotor dessas pás. Se a pá superfícies de controle não é difícil
central ou a pá mais baixa da plot mostra uma compreender se uma simples comparação for
característica de vôo incomum, outra pá deve usada. Por exemplo, uma gangorra que está
ser escolhida como pá de referência. desbalanceada deve ser comparada a uma
A trajetória da pá que aparece com o superfície de controle que não teve pesos de
aumento do r.p.m. é uma pá elevada, outra que balanceamento instalados, como na figura 2-76.
desce com o aumento da r.p.m., ou a potência, é Pela ilustração, é fácil compreender como uma
uma pá de descida. superfície de controle tem naturalmente cauda
Quando uma pá elevada e uma pá de (bordo de fuga) pesada.
descida se encontram no mesmo ponto, é A condição de desbalanceamento pode
chamado um cruzamento. Por causa das causar uma avaria de flutuação ou vibração na
tendências de subida e descida das pás ajustadas aeronave e, portanto, deve ser eliminada. A
impropriamente, é possível ter todas as pás em melhor solução para isto, é o adicionamento de
um ponto comum em certa r.p.m. e potência, pesos, internamente, ou no bordo de ataque dos

2-16
compensadores, ailerons, ou no local apropriado apoio. Uma simples fórmula pode ser usada
nos painéis de balanceamento. Quando isto é para determinar o peso exato que a criança deve
feito certo, existe uma condição de equilíbrio, ter para equilibrar ou trazer a gangorra para uma
que pode ser comparada com uma gangorra com condição de nivelamento. Para se produzir uma
uma criança sentada na parte menor da prancha. condição de balanceamento da gangorra (ou
O efeito dos momentos nas superfícies superfície de controle), o momento no sentido
de controle pode ser facilmente compreendido anti-horário deve igualar o momento no sentido
pela observação e estudo da gangorra com duas horário.
crianças de pesos diferentes, e sentadas em O momento é encontrado multi-
diferentes posições sobre ela. plicando-se o peso pela distância. Portanto, a
fórmula para balancear a gangorra é:

P2 x D2 = P1 x D1

P2 seria o peso desconhecido da segunda


criança. D2 seria a distância (em metros) do
ponto de apoio até onde a segunda criança está
sentada (2,40m). P1 seria o peso da primeira
criança (40 kg). D1 seria a distância do ponto de
apoio até onde a primeira está sentada (1,80m).
Fig. 2-20 Condições de equilíbrio e de Para encontrar-se o peso da segunda
desequilíbrio. criança torna-se um caso simples de
substituição, aplicando-se a fórmula como se
A figura 2-21 mostra uma gangorra com segue:
uma criança de 40 quilos sentada à uma
distância de 1,80m do ponto de apoio da P2 x D2 = P1 x D1
mesma. O peso da criança tende a girar a P2 x 2,40 m = 40kg x 1,80m
gangorra na direção dos ponteiros do relógio até 72
P2 = = 30kg
que toque o chão. Para se nivelar a gangorra ou 2,40
trazê-la para uma condição de balanceamento,
uma criança é colocada na ponta oposta da P2 = 30kg
mesma. A criança deve ser colocada num ponto
igual ao momento da criança do lado esquerdo Assim, o peso da segunda criança teria
da gangorra. de ser 30kg. Isto prova a fórmula:

30 kg x 2,40 m = 40 kg x 1,80 m
72 kg . m = 72 kg . m

Isso resultaria numa condição de equilí-


brio da gangorra uma vez que o momento no
sentido anti-horário em torno do ponto de apoio
e igual ao momento no sentido horário em torno
do mesmo ponto.
O mesmo efeito é obtido numa
superfície de controle, pela adição de peso.
Uma vez que a maioria dos reparos em
superfícies de controle são feitos atrás da linha
central da dobradiça, resultando numa condição
de bordo de fuga pesado, o peso é adicionado
Figura 2-21 Momento. adiante da linha central da dobradiça.
O correto peso para o rebalanceamento
Suponhamos que a criança seja colocada deve ser calculado e instalado na posição
a uma distância de 2,40m à direita do ponto de adequada.

2-17
Rebalanceamento de superfícies móveis sinais mostram a necessidade de peso no ponto
correto para conseguir-se uma superfície de
A matéria nesta seção é apresentada so- controle balanceada, como mostrado na figura
mente com o propósito de familiarização, e não 2-22C.
deve ser usado num rebalanceamento de super-
fícies de controle. Instruções explícitas para o
balanceamento de superfícies, são dadas nos
manuais de serviço, e deve ser seguida com
muito atenção.
Após reparos feitos a qualquer
hora em superfícies de controle, adicionando-se
peso à frente ou atrás da linha central da
dobradiça, a superfície de controle deve ser
rebalanceada.
Algumas superfícies de controle que
estejam desbalanceadas estarão instáveis e não
ficarão numa posição aerodinâmica durante o
vôo normal.
Por exemplo, um aileron que está com o
bordo de fuga pesado, se deslocará para baixo
quando as asas desviam para cima; e para cima,
quando as asas desviam para baixo.
Tais condições podem causar
inesperadas e violentas manobras da aeronave.
Em casos extremos, trepidações e oscilações
podem desenvolver-se a tal ponto, que podem
causar a completa perda da aeronave. O
rebalanceamento de uma superfície de controle
diz respeito ao balanceamento estático e ao
dinâmico.

Balanceamento Estático

Balanceamento estático é a tendência de


um objeto de permanecer parado quando susten-
tado pelo seu próprio centro de gravidade.
Existem duas maneiras pelas quais uma
superfície de controle pode estar desbalanceada
estaticamente.
Elas são chamadas de sub-
balanceamento e sobre-balanceamento. Quando
uma superfície de controle é montada numa Figura 2-22 Balanceamento estático das
posição balanceada, a tendência do movimento superfícies de controle
do bordo de fuga sob a posição horizontal indica
um balanceamento deficiente. Uma condição de cauda pesada
Alguns fabricantes indicam esta (balanceamento estático) causa indesejável
condição com um sinal de mais (+). desempenho de vôo, e, normalmente, não é
A figura 2-22A ilustra uma condição de admitida.
sub-balanceamento de uma superfície de Melhores operações de vôo são obtidas através
controle.Um movimento para cima, do bordo de de um balanceamento estático com nariz
fuga, acima da posição horizontal (figura 2- pesado. A maioria dos fabricantes defende a
22B), indica sobrebalanceamento. Esse é existência de superfícies de controle feitas
designado por um sinal de menos (-). Estes especificamente para se obter esta condição.

2-18
Balanceamento Dinâmico As superfícies, de controle para serem
rebalanceadas, devem ser removidas da
Balanceamento dinâmico é aquela condi- aeronave e apoiadas sobre um lugar apropriado,
ção na rotação de um corpo, no qual todas as um cavalete ou gabarito de montagem.(figura 2-
forças de rotação são balanceadas dentro dos 23)
mesmos, de modo que nenhuma vibração é pro- Os compensadores da superfície devem
duzida enquanto o corpo estiver em movimento. ser presos numa posição neutra, quando esta
O balanceamento dinâmico, assim superfície estiver montada num local
relacionado às superfícies de controle, é um apropriado. Este local deve estar nivelado e ser
esforço para se manter o equilíbrio quando a localizado numa área livre de correntes de ar.A
superfície é submetida a movimento durante o superfície deve ser capaz de girar livre em torno
vôo. Implica na colocação de pesos em pontos da dobradiça. Uma condição de balanceamento
corretos ao longo da longarina das superfícies. é determinada pelo comportamento do bordo de
A localização dos pesos será, na maioria dos fuga quando a superfície é suspensa pelos
casos, adiante da linha central da dobradiça. pontos da dobradiça.
Qualquer atrito excessivo resultaria
PROCEDIMENTOS PARA REBALAN- numa falsa reação causando um sub-
CEAMENTO balanceamento ou sobrebalanceamento da
superfície.
Requisitos Quando a superfície de controle é
instalada no local ou gabarito, uma posição
Reparos na superfície de controle ou neutra deve ser estabelecida pela linha da corda
seus compensadores, geralmente aumentam o da mesma, na posição horizontal (figura 2-24).
peso atrás da linha central da dobradiça, Usamos um nivelador para determinar a posição
requerendo um rebalanceamento estático em neutra antes de continuarmos com os
toda a superfície bem como em seus procedimentos de balanceamento. Às vezes uma
compensadores. simples checagem visual é o suficiente para
determinarmos se a superfície está balanceada
ou não.

Figura 2-24 Estabelecendo uma posição neutra.


Qualquer compensador, ou outras
montagens que permaneçam na superfície
durante o balanceamento, devem estar nos seus
devidos lugares. Se qualquer das montagens ou
partes precisarem ser removidas antes do
balanceamento, devem ser removidas.

MÉTODOS

Atualmente, quatro métodos de balance-


amento (rebalanceamento) de superfícies de
.
controle, são usados por vários fabricantes de
Figura 2-23 Gabarito de balanceamento
aeronaves. Os quatro métodos são comumente

2-19
chamados de método de tentativa por peso A distância da linha central da dobradiça
(tentativa e erro) e método de componentes. ao centro da área do reparo é então medida em
O método de cálculo para o balancea- polegadas. Esta distância deve ser determinada
mento de uma superfície de controle é direta- para uma medida mais próxima de um
mente mencionado, para os princípios de centésimo de polegada. (fig. 2-25).
balanceamento discutidos anteriormente. Ele O próximo passo é multiplicar a
tem uma vantagem sobre os outros métodos, distância versus o peso líquido do reparo. Isto
pois pode ser executado sem remover a resultará resposta em POL-LBS (Polegadas-
superfície da aeronave. Libras).
Se as POL-LBS resultantes dos cálculos
estiverem dentro das tolerâncias especificadas, a
superfície de controle será considerada
balanceada. Se não estiver dentro dos limites
especificados, consultamos o manual de
serviços do fabricante, a fim de sabermos
quantos pesos são necessários, materiais usados
para pesos, desenhos para fabricação e locais de
instalação para se adicionar pesos.O método
Figura 2-25 Método de calcular o
para o balanceamento de uma superfície de
balanceamento.
controle requer o uso de uma balança graduada
em centésimos de libras. Um local de apoio e
Usando-se o método de cálculo, o peso gabaritos de balanceamento para a superfície
do material da área do reparo, e o peso dos ma- são também requeridos.
teriais usados para realizar o reparo, devem ser A figura 2-26 mostra uma superfície de
conhecidos. Subtraindo-se o peso removido do controle montada para fins de balanceamento.
peso acrescido, teremos como resultado o peso O uso do método da balança requer a
líquido, do montante adicionado à superfície. remoção da superfície de controle da aeronave.

Figura 2-26 Balanceamento de superfície de comando.

2-20

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