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Análise dos Indicadores de

Desenvolvimento Humano
para a Cidade de São Paulo

Daniel Guimarães/Imprensa Oficial

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Wagner Origenes

30 Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

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Fundação João Pinheiro

Análise dos Indicadores de Desenvolvimento


Humano para a Cidade de São Paulo

E ste texto tem o objetivo de apre-


sentar uma análise preliminar do
Atlas do Trabalho e Desenvolvimento
colocar lado a lado municípios de por-
tes tão distintos (de menos de 10 mil a
mais de 1 milhão de habitantes) e viabili-
da Cidade de São Paulo, centrada nos zando comparações imediatas entre eles
resultados do Índice de Desenvolvimen- para todos os indicadores, o Atlas per-
to Humano – IDH-M, nos indicadores mitia que se chegasse, em algumas ava-
1 Além das UDHs,
que o compõem e outros que dão supor- liações, a conclusões incompletas sobre o Atlas contempla ou-
te à análise nas mesmas dimensões con- as questões relacionadas às disparidades tras divisões espaciais
existentes no País. Os indicadores para do município, que
templadas pelo IDH-M, longevidade,
são agregações de
educação e renda. as grandes aglomerações urbanas brasi- UDHs – 96 distritos e
O Atlas apresenta mais de 200 indi- leiras, onde se concentra grande parcela 31 subprefeituras.
cadores de desenvolvimento humano, da população nacional, regional e esta- Adotou-se o nome
UDHs para designar
agrupados em nove temas, conforme dual, são, em geral, melhores do que os
os níveis espaciais
destaca o quadro 1, para os anos de 1991 da maioria dos municípios, mas deixam de desagregação do
e 2000, relativos ao município de São de revelar as desiguais situações dos ha- município. São apro-
bitantes desses aglomerados. Pode-se ximações de bairros,
Paulo e às 454 unidades espaciais em
agregando-os ou de-
que foi dividido, chamadas Unidades assim, estar excluindo de políticas so- sagregando-os, para
de Desenvolvimento Humano – UDH1. ciais focalizadas moradores de bairros e que se pudesse obter
Assim, este texto é apenas uma incursão favelas mais populosos que muitos mu- o maior grau de ho-
mogeneidade possível
inicial sobre os dados, sem a pretensão nicípios que vivem em condições bem
e, ao mesmo tempo,
de esgotar as inúmeras possibilidades inferiores à média e, o que é agravante, garantisse a represen-
de análise que esta rica base oferece. em um contexto onde as desigualdades tatividade da amostra
O Atlas para o município de São e a segregação são muito mais visíveis e dos censos do IBGE.
Para o entendimen-
Paulo foi construído nos moldes do abruptas. to do processo de
Atlas do Desenvolvimento Humano do A produção de um Atlas específico divisão espacial da
Brasil, publicado em 2003, com o qual para a cidade de São Paulo, desagregado cidade, ver o texto:
“Definição do terri-
foi possível retratar as diversidades e as para as 454 unidades espaciais definidas,
tório das Unidades
desigualdades presentes no País e em representa, portanto, uma possibilidade de Desenvolvimento
suas regiões, Estados e municípios. Ao de aprofundamento no conhecimento Humano”.

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QUADRO 1: TEMAS DOS INDICADORES
O Atlas contém um conjunto de cerca de 200 indicadores relacionados com desenvolvimento humano
para os anos 1991 e 2000, além do IDH-M e seus subíndices, para as diversas unidades espaciais da cidade
de São Paulo, com base nas informações dos censos demográficos. Os indicadores estão agregados em
áreas temáticas:
• Educação - Os indicadores desse bloco são tratados separadamente segundo a faixa etária da popu-
lação e abordam o nível de escolaridade (sem instrução, menos de quatro anos de estudo, menos de oito
anos de estudo e mais de 11 anos de estudo); o acesso ao sistema educacional (porcentual da população
freqüentando escola segundo o nível de ensino) e o grau de atraso escolar (porcentual de alunos com mais
de um ano de atraso escolar que freqüentam o ensino fundamental);
• Renda - Os indicadores desse bloco, referenciados na renda familiar per capita, abordam seu nível e
composição (porcentual advindo do rendimento do trabalho, das transferências do governo e do capital),
o grau de desigualdade da distribuição (índice de gini, renda média da população distribuída por quintis,
razão 10/40 e 20/40) e a pobreza (porcentual de pessoas que vivem abaixo de uma linha de pobreza esta-
belecida);
• Trabalho - Os indicadores de trabalho focalizam três temas: população e desemprego (no qual é me-
dido o tamanho da população em idade ativa, da população procurando emprego e a população empre-
gada); rendimentos do trabalho segundo faixas salariais; e características do mercado trabalho (tais como
formalização do emprego, nível educacional do empregado e participação dos setores mais dinâmicos da
economia no total do emprego). Os indicadores desse bloco são apresentados somente para o ano 2000,
devido às incompatibilidades entre os quesitos dos censos de 1991 e 2000;
• Demografia - Os indicadores demográficos podem ser tomados como uma “proxy” do estado de saúde
da população, tais como expectativa de vida ao nascer, aos 40 e aos 60 anos e mortalidade até um, e até
cinco anos de vida. Outros indicadores que compõem esse bloco tratam da fecundidade e da maternidade
precoce;
• Habitação - Os indicadores desse bloco abordam o acesso da população a serviços básicos urba-
nos, tais como água encanada e coleta de lixo, e o acesso a bens como geladeira, televisão, carro e
computador;
• Vulnerabilidade - Ressalta situações de risco social, tais como analfabetismo, crianças e adolescentes
fora da escola, maternidade precoce, crianças em famílias que vivem abaixo da linha de pobreza e pre-
cariedade do emprego. Pertencem ainda a esse bloco indicadores sobre a disponibilidade de médicos, de
professores e de enfermeiros;
• Desenvolvimento Humano – Apresenta o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH e seus subín-
dices. O IDH é um índice síntese que procura captar o nível de desenvolvimento humano alcançado em
uma localidade, levando em consideração três dimensões básicas: a saúde, a educação e a renda. O índice
é uma média simples dos subíndices encontrados para cada uma dessas dimensões. Inicialmente desen-
volvido pelo PNUD para comparação internacional, foi adaptado, no Brasil, para o nível municipal e
intramunicipal recebendo a denominação de Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M;
• Objetivos das metas do milênio: são selecionados indicadores relacionados com as 8 metas, do milênio,
visando a facilitar um acompanhamento da questão;
• População - Indicadores de população total e por faixas etárias específicas.

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das disparidades internas desta metró- dade, entre os municípios paulistas e
pole de mais de 10 milhões de habi- no município de São Paulo, entre suas
tantes. É importante salientar que os UDHs e entre as suas subprefeituras
indicadores apurados, embora tendo (aglomerados de UDHs), conforme
como última referência o ano 2000, mostra o gráfico 1.
têm ainda grande representatividade, Em 2000, os valores do IDH-M das
pois muitos deles se enquadram na ca- UDHs do município de São Paulo varia-
tegoria de dados estruturais, de pouca vam entre 0,689 (União da Vila Nova/
variabilidade de curto prazo. Além dis- Vila Nair) e 0,972 (Jardim Marajoara).
so, a apuração dos mesmos indicado- Essa diferença significa que União da
res para 1991 permite avaliar a evolu- Vila Nova/Vila Nair levaria 71 anos para
ção da situação nas diferentes áreas da alcançar o valor de Jardim Marajoara de
cidade durante a década. Finalmente, 2000, pressupondo-se o mesmo ritmo de
deve ser levado em conta que não há crescimento observado para o município
um conjunto de informações alterna- entre 1991 e 2000.
tivo que apresente a mesma qualidade, A diferença entre o maior e o me-
capacidade de comparação e possibili- nor IDH-M – 0,283 – é mais alta do
dade de desagregação. que aquela observada entre os municí-
Entre 1991 e 2000, o município de pios do Estado de São Paulo – 0,274 –,
São Paulo apresentou uma evolução em respectivamente, Itapirapuã Paulista
termos de desenvolvimento humano (0,645), e São Caetano do Sul (0,919).
que fez seu IDH-M passar de 0,805 para A grande distinção entre um caso e ou-
0,841 (tabela 1). Contudo, esse aumento tro está no nível do indicador: enquan-
absoluto no IDH-M não foi suficiente to as UDHs do município concentram- 2 O IDH varia
para que fosse mantida a sua posição se, em sua maioria (67%), na categoria entre 0 e 1, com a se-
relativa entre os municípios brasileiros, Alto Desenvolvimento Humano, os guinte classificação:
Baixo Desenvolvi-
passando da 15a em 1991 para a 63a em municípios do Estado concentram-se mento Humano (0 a
2000. Mas isso não aconteceu apenas (73%) na de Médio Desenvolvimento 0,49); Médio Desen-
com a capital paulista. Como mostra a Humano2. volvimento Humano
(0,5 a 0,79) e Alto
tabelas 2, as capitais do Brasil, com exce- Em 2000, as UDHs do município
Desenvolvimento
ção de Curitiba e Vitória, apresentaram de São Paulo, ilustradas nos mapas 1 e Humano (0,8 a 1).
pioras na posição relativa, indicando um 2, distribuíam-se, quanto às categorias Para efeito de análi-
melhor desempenho de municípios de do IDH-M, em: Alto Desenvolvimento se, dividiu-se o Mé-
dio Desenvolvimento
porte menor. Humano (67% das UDHs e 61% da
Humano em: Médio-
É muito grande a disparidade do população); Médio-Alto Desenvolvi- Alto (IDH entre 0,7
IDH-M entre os municípios brasileiros mento Humano, (33% UDHs e 39% e 0,79), regiões com
em 2000. Em termos absolutos, trata- da população ) e Médio-Médio Desen- tendência acentuada
para o alto desenvol-
se de uma diferença de 0,452 entre volvimento Humano (apenas uma UDH vimento; Médio-Mé-
São Cae­tano do Sul/SP, com IDH-M e 23,4 mil pessoas). dio (IDH entre 0,6 e
de 0,919, e Manari/PE, com IDH-M Mesmo entre as 300 UDHs que já 0,69), e Médio-Bai-
xo (IDH entre 0,5 e
de 0,467. Essa disparidade verificada haviam atingido o Alto Desenvolvimen-
0,59), regiões com
entre os municípios brasileiros é re- to Humano em 2000, os níveis são tam- resquícios de baixo
produzida em maior ou menor intensi- bém bastante distintos. Em 60 delas, o desenvolvimento.

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Tabela 1
Capitais do Brasil: Índice de Desenvolvimento Humano e suas dimensões e população
1991 e 2000

IDH-M IDH-M IDH-M IDH IDH-M IDH-M


IDH-M IDH-M População
Capitais Educação Educação Longevidade Longevidade Renda Renda
1991 2000 2000
1991 2000 1991 2000 1991 2000

Florianópolis 0.824 0.875 0.898 0.960 0.771 0.797 0.803 0.867 342,315
Porto Alegre 0.824 0.865 0.907 0.951 0.748 0.775 0.818 0.869 1,360,590
Curitiba 0.799 0.856 0.875 0.946 0.728 0.776 0.793 0.846 1,587,315
Vitória 0.797 0.856 0.882 0.948 0.715 0.762 0.793 0.858 292,304
Brasília 0.799 0.844 0.864 0.935 0.731 0.756 0.801 0.842 2,051,146
Rio de Janeiro 0.798 0.842 0.887 0.933 0.714 0.754 0.794 0.840 5,857,904
São Paulo 0.805 0.841 0.868 0.919 0.726 0.761 0.822 0.843 10,434,252
Belo Horizonte 0.791 0.839 0.866 0.929 0.727 0.759 0.779 0.828 2,238,526
Goiânia 0.778 0.832 0.862 0.933 0.718 0.751 0.755 0.813 1,093,007
Cuiabá 0.760 0.821 0.860 0.938 0.689 0.734 0.731 0.790 483,346
Campo Grande 0.770 0.814 0.857 0.915 0.717 0.757 0.737 0.771 663,621
Belém 0.767 0.806 0.883 0.928 0.710 0.758 0.708 0.732 1,280,614
Salvador 0.751 0.805 0.856 0.924 0.679 0.744 0.719 0.746 2,443,107
Palmas 0.696 0.800 0.755 0.934 0.649 0.712 0.683 0.754 137,355
Recife 0.740 0.797 0.818 0.894 0.676 0.727 0.727 0.770 1,422,905
Aracaju 0.734 0.794 0.832 0.901 0.666 0.729 0.703 0.752 461,534
Natal 0.733 0.788 0.808 0.887 0.693 0.730 0.699 0.746 712,317
Fortaleza 0.717 0.786 0.784 0.884 0.683 0.744 0.685 0.729 2,141,402
João Pessoa 0.719 0.783 0.803 0.885 0.660 0.720 0.693 0.743 597,934
Boa Vista 0.731 0.779 0.828 0.910 0.645 0.702 0.720 0.725 200,568
São Luís 0.721 0.778 0.845 0.901 0.670 0.737 0.648 0.696 870,028
Manaus 0.745 0.774 0.843 0.909 0.681 0.711 0.712 0.703 1,405,835
Teresina 0.713 0.766 0.793 0.870 0.708 0.734 0.637 0.695 715,360
Porto Velho 0.710 0.763 0.806 0.898 0.633 0.664 0.692 0.728 334,661
Rio Branco 0.703 0.754 0.760 0.860 0.677 0.697 0.673 0.704 253,059
Maceió 0.687 0.739 0.743 0.834 0.636 0.667 0.682 0.715 797,759
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano dos Municípios Brasileiros

índice é bem superior ao da Noruega Todas as 154 UDHs de Médio


(0,942), maior IDH entre os países nes- Desenvolvimento estão na subcatego-
se ano. Em 16, os níveis estão entre o ria Médio-Alto Desenvolvimento, à
da Noruega e o de São Caetano do Sul exceção de União de Vila Nova/Vila
(0,919), maior entre os municípios bra- Nair, classificada como Médio-Mé-
sileiros. A grande maioria das UDHs da dio Desenvolvimento Humano, com
categoria de Alto Desenvolvimento Hu- IDH-M de 0,689, valor que a aproxi-
mano, 31% do total, está no intervalo maria do município de Iporanga, 7 o
entre esse município e o de São Paulo IDH-M mais baixo entre os municí-
(0,841). pios de São Paulo.

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Tabela 2
Capitais do Brasil: posição no IDH-M entre as capitais e entre os municípios brasileiros
1991 e 2000
entre as entre as entre os municípios entre os municípios
capitais capitais capitais do Brasil do Brasil
1991 2000 1991 2000
Florianópolis 1 1 4 4
Porto Alegre 1 2 4 9
Curitiba 4 3 19 16
Vitória 7 3 25 16
Brasília 4 5 19 48
Rio de Janeiro 6 6 22 58
São Paulo 3 7 15 63
Belo Horizonte 8 8 34 71
Goiânia 9 9 70 111
Cuiabá 12 10 196 212
Campo Grande 10 11 102 307
Belém 11 12 121 444
Salvador 13 13 291 467
Palmas 25 14 1329 559
Recife 15 15 437 624
Aracaju 16 16 518 689
Natal 17 17 538 838
Fortaleza 21 18 845 896
João Pessoa 20 19 808 969
Boa Vista 18 20 572 1074
São Luís 19 21 767 1098
Manaus 14 22 362 1194
Teresina 22 23 941 1424
Porto Velho 23 24 997 1498
Rio Branco 24 25 1170 1744
Maceió 26 26 1522 2164
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano dos Municípios Brasileiros

É interessante observar também o avançar, pelo menos, na amenização das


comportamento do IDH-M a partir da desigualdades. O pior desempenho du-
perspectiva das subprefeituras e de seu rante a década foi da subprefeitura de So-
de crescimento durante a década de 90. corro, ainda que o nível do IDH-M dessa
De forma geral, conforme pode ser obser- subprefeitura continuasse bem acima do
vado pelo gráfico 2, exatamente naque- apresentado pela de Parelheiros que,
las subprefeituras em que o IDH-M era tanto em 1991 como em 2000, detinha os
menor em 1991 se verificaram os piores piores índices. Os desempenhos dessas
desempenhos, ou seja, justamente onde duas subprefeituras foram tão insignifi-
era necessário maior dinamismo para se cantes que, durante a década, aumentou

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Gráfico 1 Brasil, Estado de São Paulo e município de São Paulo
Disparidades noGráfico
IDH-M,12000
Brasil, Estado de São Paulo e Município de São Paulo
Disparidades no IDHM, 2000
1
Pinheiros Jardim
São Caetano do Sul/SP São Caetano do Sul Marajoara
0,9
0,841
0,841 munic. SP munic. SP
0,820 Estado SP
0,8
_ 0,766 Brasil Parelheiros
0,7
IDH-M

União da Vila Nova/Vila Nair


Itapirapuã Paulista
0,6

0,5
Manari/PE
0,4

0,3
Brasil São Paulo Subprefeituras munic. São Paulo UDHs munic. São Paulo

Fonte: Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

o número de anos que elas levariam para de 2000 é educação, renda e longevi-
alcançar a subprefeitura de Pinheiros, dade. Entre as UDHs, a maioria segue
de maior IDH-M nos dois anos em es- a seqüência: educação, longevidade e
tudo. Em 1991, Parelheiros gastaria 50 renda. Em 2000, Educação é o subín-
anos para alcançar o nível de Pinheiros dice mais alto em todas as UDHs, à
no mesmo ano e, em 2000, esse tempo exceção de 14% delas, nas quais o su-
passou para 53 anos. A subprefeitura de bíndice Renda o supera. Longevidade,
Socorro precisava de 37 anos em 1991 e embora supere a renda em 53% das
de 42 anos em 2000. UDHs, nunca é o subíndice mais alto,
O melhor desempenho foi da sub- já que, em nenhuma delas, supera ao da
prefeitura da Lapa, que passou do educação.
quinto para o quarto lugar entre 1991 Conforme mostra o gráfico 3, é na
e 2000 entre as subprefeituras, trocan- dimensão renda do IDH-M que se ob-
do de posição com a subprefeitura da servam as maiores disparidades entre as
Sé. Se em 1991 ela precisava de 11 anos UDHs, seja em 1991 ou em 2000. Note-
para alcançar Pinheiros, esse tempo re- se que, como na determinação do índice
duz praticamente para metade em 2000, renda é utilizado o logaritmo da renda
6 anos. per capita, de fato as disparidades em
No Estado e no município de São renda per capita são bem maiores que
Paulo, a ordem de importância dos su- as observadas pelo índice. Essa questão
bíndices para a composição do IDH-M será retomada mais adiante.

36 Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

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Gráfico 2 Índice de Desenvolvimento Humano 1991 e 2000
Subprefeituras doGráfico 2 Índice
município dePaulo
de São Desenvolvimento Humano 1991 e 2000
Subprefeituras do Município de São Paulo
1,000

0,950

0,900

0,850
São Paulo - 2000
0,800
São Paulo - 1991

0,750

0,700
Cidade Tiradentes

Pirituba
Parelheiros
Guaianazes
Itaim Paulista

São Miguel
M' Boi Mirim

Perus
Freguesia/Brasilândia

Socorro
Itaquera

V.Prudente/Sapopemba

Casa Verde/Cach.
V.Maria/V.Guilherme
Penha

Aricanduva
Ipiranga
Butantã
Mooca
Santana/Tucuruvi
Lapa

Santo Amaro
Vila Mariana
Pinheiros
São Mateus

Cidade Ademar

Tremembé/Jaçanã

Jabaquara
Campo Limpo

Ermelino Matarazzo


Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Município de São Paulo
Fonte: Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

Na dimensão educação houve sen- Quanto à dimensão educação, cujo


sível diminuição das disparidades en- índice é determinado pela composição
tre as UDHs no período, superando de dois indicadores, a taxa de alfabeti- 3 A taxa de alfa-
betização tem como
inclusive a dimensão longevidade, que zação da população e a taxa bruta com-
referência para o cálc-
apresentava a menor disparidade em binada de frequência foi esse último ulo a população de 15
1991. indicador o grande responsável pela di- anos e mais, e a taxa
No caso da dimensão longevida- minuição das disparidades no período, bruta de freqüência
combinada, a popu-
de, cujo índice é determinado pelo fenômeno que se observou em pratica-
lação de 7 a 22 anos,
indicador expectativa de vida ao mente todo o país3. sendo definida como
nascer, a disparidade é menor, mas No que diz respeito à avaliação do população de referên-
representa grande diferença em ex- comportamento desse indicador de cia a de 7 a 14 anos de
idade para o funda-
pectativa de vida: enquanto na UDH acesso à escola, cabem algumas obser-
mental, 15 a 17 anos
com pior expectativa de vida (Pa- vações, amparadas na avaliação do in- para o médio e 18 a 22
relheiros-Cratera) a expectativa de dicador para cada nível de ensino indi- anos para o superior.
vidualmente. No entanto, toma-
vida ao nascer é de 63,4 anos, na
se, para compor esse
UDH com o melhor indicador (Tatu- Em primeiro lugar, uma elevada indicador, o total de
apé/Vila Azevedo) é de 80,5 anos, ou taxa de freqüência pode estar es- pessoas freqüentando
seja, um habitante de Tatuapé/Vila condendo um grande atraso escolar. cada nível escolar,
independentemente
Azevedo tem expectativa de viver 17 Como se trata da taxa bruta (total
de sua idade, daí a
anos a mais do que um habitante de de pessoas freqüentando a escola em utilização do termo
Parelheiros-Cratera. cada nível – fundamental, médio e su- “bruta”.

Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo 37

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Mapa 1 Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal, 2000
Mapa 1 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, 2000
UDHs do município
UDHsde
doSão Paulo de São Paulo
Município perior – em relação à idade adequada
em cada um), ela esconde a questão
do atraso escolar. Embora isso ocor-
ra para todos os níveis de ensino, no
caso especial do ensino fundamental,
todas as UDHs atingem taxas aci-
ma de 1, o que contribui para elevar
desproporcionalmente o valor do
indicador composto e, conseqüente-
mente, o valor do índice da dimensão
Legenda
educação.
0,600 a 0,799 (150)
Segundo, o crescimento da taxa
0,800 a 0,841 (89)
bruta de freqüência do município de
0,842 a 0,918 (139)
São Paulo durante a década, que pas-
0,919 a 0,941 (16)
sa de 61,7% em 1991 para 102,4% em
0,942 a 1,000 (60)
2000, resultou em sua maior parte dos
avanços nas taxas brutas de freqüência
do ensino médio e superior, ao contrário
do ocorrido na grande maioria dos Es-
Mapa 2 Índice de Desenvolvimento Humano
tados e municípios brasileiros, onde foi
Municipal, 2000
preponderantemente a contribuição da
Mapado
UDHs 2 município
Índice de Desenvolvimento
de São Paulo Humano Municipal, 2000
expansão da freqüência ao ensino fun-
UDHs do Município de São Paulo
damental.
Finalmente, é muito relevante desta-
car a grande disparidade em termos de
freqüência ao ensino médio e principal-
mente superior. As taxas de freqüência
ao médio variavam de 38,7% (Paraisó-
polis) a 148,9% (Vila Rosária), e ao en-
sino superior de 0,44% (Jardim Mari-
lu/Sítio São João) a 131,91% (Moema)
em 2000.
Legenda Dentro das mesmas dimensões do
0,600 a 0,699 (1) IDH-M, podem ser avaliados outros
0,700 a 0,748 (34) indicadores que complementam a aná-
0,750 a 0,799 (115) lise das disparidades intramunicipais
0,800 a 0,972 (304) em São Paulo, conforme apresentado
a seguir:

38 Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

23949001 miolo.indd 38 31.07.07 15:07:33


Gráfico 3 Disparidades inter-UDHs no município de São Paulo e média do município
Gráfico 3 Disparidades Inter-UDHs no Município de São Paulo e Média do Município
IDH-M e seus componentes, 1991 e 2000
IDHM e seus Componentes, 1991 e 2000
1,100

1,000

_ 0,919
0,900
_ 0,868
_ 0,841 _ 0,843
_ 0,822
_ 0,805
0,800
_ 0,761
_ 0,726
0,700

0,600

0,500
1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000
IDH-M IDH-M-Renda IDH-M-Educação IDH-M-Longevidade

Fonte: Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

Educação anos, entendendo-se por analfabeto a


Os dados do Atlas permitem inú- pessoa que se declara incapaz de ler e
meras comparações quanto ao grau de escrever um bilhete simples, conforme a
escolaridade da população, situação que definição para a pesquisa do censo. Se
pode ser avaliada tanto do ponto de vis- fossem adotados indicadores de defini-
ta relativo (taxas) quanto absoluto (con- ção mais precisa, as carências se torna-
tingente populacional em determinada riam substancialmente maiores.
situação). Outra importante linha de Assim, enquanto a taxa de analfabe-
análise dos dados é a das diferenças en- tismo do município de São Paulo é de
tre gerações. Os gráficos 4, 5 e 6 apre- 5% e o número de analfabetos de 312
sentam uma primeira incursão sobre mil, a taxa de analfabetismo funcional
essas questões. O quadro 2, centrado na (menos de quatro anos de estudo) é qua-
riqueza dos dados educacionais, faz um se três vezes maior, 14%, e o contingente
exercício com o IDH-M, propondo a al- de analfabetos funcionais atinge 1,1 mi-
teração nos indicadores de escolaridade lhão, superior à população total de qual-
da população. quer outro município do Estado de São
O IDH-M da dimensão educação, Paulo.
quanto à escolaridade da população, Nas UDHs, a taxa de analfabetismo
leva em consideração apenas a taxa de da população acima de 15 anos varia
analfabetismo das pessoas acima de 15 entre 0,3% (Moema/Indianápolis) e

Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo 39

23949001 miolo.indd 39 31.07.07 15:07:33


Gráfico 4 Escolaridade no município de São Paulo - 2000

Gráfico 4 Escolaridade no Município de São Paulo - 2000


50
2.729.191

40

30

%
20
988.466
1.118.133

10
350.239
382.107

0
% de 15 anos ou mais % de 15 anos ou mais % de 25 anos ou % de 25 anos ou % de 25 anos ou mais
analfabetas com menos de quatro mais analfabetas mais com menos de com menos de oito
anos de estudo quatro anos de estudo anos de estudo

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Município de São Paulo

Fonte: Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

17% (Paraisópolis). O analfabetismo com 47%, é o município com a 5a me-


funcional nessa faixa etária varia entre nor taxa no país. Em 53% das UDHs,
1,7% (Moema) e 35% (Paraisópolis, a taxa é ainda mais alta. Portanto, na
novamente). Vale destacar que, além maioria das UDHs, mais da metade
de Moema, mais outras 54 UDHs têm da população adulta não tem o en-
taxas de analfabetismo funcional me- sino fundamental completo. Consti-
nores que a do município brasileiro tuem um contingente de 2,7 milhões
com melhor taxa (Bom Princípio/RS, de pessoas, ou seja, os adultos anal-
6%). Em 28% das UDHs, as taxas fabetos fundamentais do município
são melhores que a de Santos (10%), de São Paulo são mais numerosos que
o município do Estado de São Paulo a população total de qualquer outro
com a taxa mais baixa. Contudo, em município do Brasil à exceção da pró-
15 UDHs, o índice de analfabetismo pria cidade de São Paulo e do Rio de
funcional está acima de um quarto da Janeiro. O melhor resultado é o da
população de 15 anos e mais. UDH Moema (8%) e os piores, acima
Quanto à taxa de analfabetismo de 80%, estão nas UDHs Paraisópolis
fundamental da população adulta e Jardim Vera Cruz. É nessas UDHs
(pessoas de 25 anos e mais com menos também que se verificam as maiores
de oito anos de estudo), São Paulo, e menores médias de anos de estudo,

40 Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

23949001 miolo.indd 40 31.07.07 15:07:34


Gráfico 5 Nível educacional de jovens adultos (18 a 24 anos)
Gráfico 5 Nível Educacional de Jovens Adultos (18 a 24 anos)
UDHs do município de São Paulo - 2000
UDHs do município de São Paulo - 2000
80
Analfabetos
70 Analfabetos funcionais
Analfabetos fundamentais

60

50

(%)
40

SP = 27.32
30

20

10 SP = 6.69
SP = 1.47
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Porcentagem acumulada das UDHs

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Município de São Paulo


Fonte: Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

13,15 anos e 4,21 anos, ou seja, a mé- rações mais novas, como a de jovens
dia de anos de estudo da população adultos (18 a 24 anos), que tiveram
adulta em Moema é três vezes mais melhores oportunidades de acesso ao
alta do que a de Paraisópolis. ensino apresentam elevadas taxas de
Considerando os crescentes requi- analfabetismo, representando expres-
sitos mínimos para o completo acesso sivos contingentes que deverão entrar
das pessoas às disponibilidades e exi- na fase adulta despreparados do ponto
gências do mundo moderno e para o de vista educacional. Pior do que isso,
pleno desenvolvimento de suas poten- as melhores e piores taxas continuam
cialidades, os indivíduos com menos se verificando nas mesmas UDHs, com
de oito anos de estudo (ensino fun- a agravante de que naquelas com os
damental incompleto), inserido num piores resultados os patamares repre-
contexto cosmopolita como o do mu- sentam mais de 50% de seus jovens.
nicípio de São Paulo, podem ser con- Em 26% das UDHs o porcentual de
siderados praticamente analfabetos. jovens com menos de 8 anos de estu-
Sob esse ângulo, a situação da região do é maior que um terço, chegando ao
requer muito esforço, principalmente máximo de 69% na UDH União da
quando se constata que mesmo ge- Vila Nova/Vila Nair.

Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo 41

23949001 miolo.indd 41 31.07.07 15:07:35


Gráfico 6 Nível educacional da população adulta (25 anos e mais)
UDHs do município de São
Gráfico 6 Paulo - 2000
Nível Educacional da População Adulta (25 anos e mais)
UDHs do município de São Paulo - 2000
100

90 Analfabetos
Analfabetos funcionais
80 Analfabetos fundamentais

70

60
(%)
50
SP = 46.55
40

30

20
SP = 16.86
10

0 SP = 5.96
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Porcentagem acumulada das UDH’s

Fonte: Atlas do Trabalho e Desenvolvimento


Fonte: Atlas da Cidade
de Desenvolvimento Humano de SãodePaulo
do Município São Paulo

Mortalidade infantil é um pouco mais elevada que no Esta-


A mortalidade infantil é um dos fa- do, atingindo, em 2000, 21,74 por mil.
tores que influem na esperança de vida Entre suas UDHs, essa taxa varia de
ao nascer – único indicador do IDH-M 3,38 a 35,74. Como mostra o gráfico 7,
- Longevidade. Decorre, entre outras essa disparidade é inferior à observada
coisas, das condições de atendimento à entre os municípios do Estado e bem
gestante, do saneamento básico e do ní- menor que a existente entre os municí-
vel educacional da mãe. pios brasileiros, onde chega a atingir o
De acordo com o Atlas do Desen- patamar de 109,7.
volvimento Humano no Brasil, o Estado Em 16 UDHs, a TMI é inferior à
de São Paulo tinha, em 2000, uma das de São Caetano do Sul, município com
mais baixas taxas de mortalidade in- a melhor taxa do Brasil (5,38 mortes
fantil – TMI – (17,48 por mil nascidos por mil nascidos vivos). Mas, por outro
vivos) entre os Estados brasileiros, após lado, 47% das UDHs ainda apresenta-
Santa Catarina (16,79) e Rio Grande do vam, em 2000, taxas superiores ao pata-
Sul (17), tendo apresentado uma sensí- mar proposto pela ONU para o Brasil
vel queda desde 1991, quando essa taxa nas “Metas do Milênio” para 2015, de
situou-se em 27,31. 17 mortes para cada mil crianças nas-
No município de São Paulo, a TMI cidas vivas (essa meta corresponde a

42 Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

23949001 miolo.indd 42 31.07.07 15:07:37


Gráfico 7 Disparidade na taxa
Gráfico 7 de mortalidade
Disparidade nainfantil
Taxa de–Mortalidade
Brasil, EstadoInfantil
de São-Paulo e UDHs
2000 Brasil, Estado São Paulo e UDHs
2000

110
109,7
100
90
TMI (por mil nascidos vivos)

80
70
60
50
42,35
40
35,74
30
20
10
5,38 5,38 3,38
0
Brasil Estado SP UDHs

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Município de São Paulo

Fonte: Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

dois terços do valor observado para o Muitas dessas UDHs que já atingiram
País em 1990). Nas UDHs Parelheiros- a meta da ONU podem melhorar bastan-
Cratera e União da Vila Nova/Vila Nair te seus resultados, considerando-se que
será necessário reduzir pela metade os em 216 delas a TMI é maior que a de São
níveis verificados em 2000 para que a Caetano do Sul/SP, de 5,4 mortes/mil.
meta possa ser atingida. Finalmente, das UDHs que não haviam
Se a taxa de mortalidade infantil de- atingido a meta do milênio em 2000, 26%
crescesse com a mesma velocidade média estavam acima da média do município,
verificada para o município entre 1991 e chegando a um máximo de 36 mortes/mil.
2000, São Paulo atingiria o patamar pro- Em 18 delas, inclusive, as taxas continuam
posto pela meta do milênio em torno do piores que a média do município em 1991.
ano 2005. Seguindo esse mesmo raciocí- Nesses casos, exige-se um grande esforço
nio, 15 UDHs não alcançariam a meta para para que a meta seja alcançada.
2015, e aquelas em pior situação somente
atingiriam essa meta em torno de 2020. Renda
Vale distinguir a situação entre Em 2000, a renda familiar per capi­
UDHs, conforme ilustrado no gráfico 8. ta do município de São Paulo era de R$
Primeiro, em 2000, 53% das UDHs 610,04, classificando-a na 13a posição en-
já haviam atingido a meta da ONU tre os 5.507 municípios brasileiros e na 7a
para 2015, e 24% já a haviam alcança- posição entre os municípios do Estado,
do em 1991. no qual desponta o município de Águas

Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo 43

23949001 miolo.indd 43 31.07.07 15:07:37


Gráfico 8 Mortalidade infantil - UDHs e município de São Paulo
1991 e 2000 Gráfico 8 Mortalidade Infantil - UDHs e Município de São Paulo
1991 e 2000
60

Mortalidade Infantil 1991


TMI (por mil crinças nascidas vivas)

50
Mortalidade Infantil 2000

40

SP 1991 = 30.4
30
SP 2000 = 21.7

20 Meta do Milênio = 17

10

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Porcentagem acumulada das UDHs

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Município de São Paulo

Fonte: Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

de São Pedro (R$ 954,65). A renda per capital e 27%, inferior à do Brasil (R$
capita da capital era significativamente 297,23). As três UDHs com menor renda
superior à do Estado (R$ 442,67). por pessoa estavam em situação semelhan-
O gráfico 9 mostra as disparidades de te à dos 10 municípios do Estado com os
renda por pessoa dentro do município mais baixos níveis de renda individual.
de São Paulo, entre suas subprefeituras Cabe lembrar que a disparidade em
e entre suas UDHs. Neste último caso, termos de renda per capita é bem supe-
verifica-se que a maior renda individual rior àquela em termos do IDH-M-Ren-
(Cidade Jardim, com R$ 3.384,67) era da, uma vez que este índice é constru-
equivalente a 5,5 vezes a do município ído a partir do logaritmo daquela. É o
e a 25 vezes a menor renda per capita que mostra também o gráfico 9: o maior
(União de Vila Nova/Vila Nair, com R$ IDH-M-Renda entre as UDHs é somen-
135,04). Entre as subprefeituras a dispa- te 70% superior ao menor.
ridade é também grande: a maior renda Entre 1991 e 2000, o Estado de São
per capita (Pinheiros, com R$ 2.405,17) Paulo apresentou um dos mais baixos
era 11 vezes superior à menor (Cidade ritmos de crescimento da renda per ca­
Tiradentes, com R$ 218,93). pita (1,6% ao ano), bem inferior ao ob-
Destaca-se que 66% das UDHs apre- servado para o País (2,9% ao ano) e su-
sentavam renda per capita inferior à da perior apenas aos Estados de Roraima,

44 Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

23949001 miolo.indd 44 31.07.07 15:07:38


Gráfico 9 IDH-M-Renda e renda
Gráfico per capita UDHs,
9 IDHM-Renda subprefeituras
e Renda e São Paulo
Per Capita UDHs,
2000 Subprefeituras e São Paulo
2000
4000 1

0,9
3500
São Paulo - 2000 0,8
3000
0,7
Renda per capita (R$)

2500
0,6

IDH-M-Renda
RPC-UDHs RPC- subprefeituras IDH-M-UDHs
2000 0,5

1500 0,4

0,3
1000
São Paulo - 2000 0,2
500 0,1

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

% acumulado das UDH’s

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Município de São Paulo

Fonte: Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

Amazonas e Amapá. A taxa de cresci- De fato, conforme o gráfico 10, a de-


mento da renda por indivíduo do mu- sigualdade de renda entre as UDHs e en-
nicípio de São Paulo (1,4% ao ano), por tre as subprefeituras cresceu de 1991 para
sua vez, foi inferior à do Estado e à de 2000. Mais do que isso, o gráfico mostra
três quartos dos municípios paulistas. que essa desigualdade “inter” passa a res-
Dentro da capital, a renda per ca­ ponder por uma parcela maior da desi-
pita estagnou ou regrediu em 25% das gualdade de renda total do município de
UDHs, ao mesmo tempo em que crescia São Paulo (caindo, portanto, a parcela de-
acima do ritmo do país em outras tantas corrente da desigualdade de renda “intra”,
UDHs. Na verdade, como as maiores ou seja, dentro das UDHs ou das subpre-
taxas de crescimento ocorreram, de for- feituras, entre seus habitantes).
ma geral, nas UDHs de maior renda per A desigualdade de renda no municí-
capita, observou-se um aumento no grau pio de São Paulo aumentou não só pelo
de disparidade de renda per capita en- índice de Theil, como também pelo Gini
tre essas unidades. O mesmo ocorreu no e pela relação 20/40 (renda per capita dos
caso das subprefeituras: Pinheiros e Vila 20% mais ricos renda per capita dos 40%
Mariana, as de maior renda per capita, mais pobres). Considerando-se as UDHs,
estão entre as 4 com as maiores taxas de verifica-se que a desigualdade, medida
crescimento. pelo Theil, caiu ou não se alterou em

Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo 45

23949001 miolo.indd 45 31.07.07 15:07:40


Gráfico 10 Evolução e decomposição da desigualdade de renda
Gráfico
Município de São 10 -Evolução
Paulo e Decomposição da Desigualdade de Renda
1991 e 2000
Município de São Paulo - 1991 e 2000
0,80

0,70

0,60
30,3%
0,50 41,2%
Índice de Theil

26,3%
34,6%
0,40

0,30

0,20 Inter
Intra
0,10

0,00
1991 2000 1991 2000
UDHs Subprefeituras

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Município de São Paulo


Fonte: Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

26% delas, mas em 30% a desigualdade pacial foi bem empreendido (se a divisão
cresceu, em termos relativos, mais que fosse perfeita, isolando-se áreas totalmente
no município. No caso das subprefeitu- homogêneas, 100% dessa diversidade se-
ras, esses porcentuais ficaram em 10% (3 ria “inter”, ou seja, entre as UDHs). Com
subprefeituras) e 35%, respectivamente. efeito, a desigualdade de renda entre os
Em 2000, a desigualdade no município municípios brasileiros responde por ape-
era um pouco inferior à existente no Brasil, nas 30% da diferença total no País.
uma das maiores no mundo, mas superior à Outra forma de mostrar o grau de
do Estado, uma das menores do País. desigualdade na distribuição de renda
3 Assim, nas UDHs
Dado o criterioso trabalho de divisão do município de São Paulo é por meio
Vila Andrade, Parque
dos Príncipes, Cidade espacial em UDHs, buscando-se o maior da apropriação da renda por estratos
Jardim, Vila Pruden- grau de homogeneidade possível dentro da população. Conforme o gráfico 11,
te-Ford, Parelheiros delas, a desigualdade de renda nessas uni- enquanto os 20% mais pobres apropria-
e Jardim Iara/Virgi-
dades é, em média, muito menor que a do vam-se de apenas 2% da renda total do
nia Bianca, o índice
de Gini supera o da município como um todo. Mas em algu- município em 2000, os 20% mais ricos
capital. Em geral, mas delas (10, pelo índice de Theil, e 6, ficavam com 66% e os 10% mais ricos,
os maiores níveis de pelo Gini) é maior3. Mesmo assim, o fato com 49%.
desigualdade encon-
tram-se nas UDHs de
da diferença entre as UDHs responder Em função dessa elevada desigual-
maior renda per capi­ por 41,2% da desigualdade total do muni- dade de renda, mesmo um município
ta, e vice-versa. cípio indica que o trabalho de divisão es- como São Paulo, com uma das maiores

46 Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

23949001 miolo.indd 46 31.07.07 15:07:40


Gráfico 11 Renda apropriada por estratos da população, Município de São Paulo
Gráfico 11 Renda apropriada por estratos da população, município de São Paulo
2000
2000
2,01% 5,37%
49,21% 9,35%

10% mais ricos

17,36%

16,70%

65,91% 1o quinto (20% mais pobres)


2o quinto
20% mais ricos 3o quinto
4o quinto
5o quinto (20% mais ricos)
10% mais ricos

Fonte: Atlas doFonte: Atlas deeDesenvolvimento


Trabalho DesenvolvimentoHumano
dado Município
Cidade dedeSão
SãoPaulo
Paulo

rendas per capita do país, apresentava, metade delas apresentam proporção de


em 2000, uma significativa proporção pobres superior à da capital, destacan-
de pobres4, de 12%. Embora inferior à do-se Parelheiros, com 27%. No mapa
do Estado (14,4%), que é a menor entre a seguir, nota-se um padrão espacial da
os Estados brasileiros, essa proporção é pobreza em São Paulo quase concên-
maior que a encontrada em 97 municí- trico, ou seja, a proporção de pobres é
pios paulistas, entre os quais destaca-se crescente à medida em que se caminha
São Caetano do Sul, com apenas 2,9%. da área central para a periferia.
Além disso, considerando-se o tamanho Entre 1991 e 2000, a proporção de
populacional da capital, essa proporção pobres cresceu no município de São Pau-
traduz-se em um contingente de 1,1 mi- lo, passando de 8% para 12%, o que, em
lhão de pobres, maior que a população termos absolutos, representou um acrés- 4 São considera-
total de qualquer outro município do cimo de 395 mil pobres. A proporção de- das pobres as pessoas
com renda familiar
Estado e equivalente a quase um quarto les cresceu também em 70% das UDHs e
per capita inferior a
do total de pobres do Estado. Cabe des- em 80% das subprefeituras, e o número meio salário mínimo
tacar ainda que, desse contingente, 520 de pobres, em 65% das UDHs e em 77% de 2000, ou seja, R$
mil eram indigentes5. das subprefeituras. 75,50 a preços de
2000.
Em 42% das UDHs do município, o Em 2000, conforme o gráfico 12,
porcentual de pobres supera 12%, e em metade do contingente de pobres do
5 São consideradas
6% (25 UDHs) mais de um quarto da município de São Paulo concentrava-se indigentes as pessoas
população é pobre. A pior situação está em apenas 20% das UDHs e em 8 das com renda familiar
na UDH Marsilac, onde a proporção de 31 subprefeituras. Dessas últimas, 5 de- per capita inferior a
um quarto do salário
pobres atinge 38%. No outro extremo, tinham um terço do contingente: Socor-
mínimo de 2000, ou
em 10% das UDHs essa proporção não ro, M’Boi Mirim, Itaim Paulista, Campo seja, R$ 37,75 a preços
chega a 2%. No caso das subprefeituras, Limpo e São Miguel. de 2000.

Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo 47

23949001 miolo.indd 47 31.07.07 15:07:41


GráficoGráfico
12 Concentração dos pobres
12 Concentração nas UDHs
dos Pobres e subprefeituras
nas UDHs de São
e Subprefeituras dePaulo
São Paulo
2000 2000
100

90

80

70
% dos pobres

60

50

40 UDH’S
Subprefeituras
30

20

10

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

% acumulada das UDH’s e das subprefeituras

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Município de São Paulo


Fonte: Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

ConSIDERAÇÕES renda individual é no mínimo três ve-


O espaço urbano do município de zes maior que a média do município.
São Paulo, como a maioria dos municí- O porcentual mais alto é o de Moema
pios e aglomerados populacionais brasi- com 69% onde a renda per capita é de
leiros, extremamente desigual, e a per- R$ 2.902,17. Por outro lado, em 40%
versidade dessa desigualdade é que ela é das UDHs, os adultos com mais de 12
completamente explícita. Praticamente anos de estudos não chegam a 10%,
não existe barreira alguma (nem mesmo mas naquelas com rendas menores, até
ruas) que dividem esses espaços. Assim, R$ 200,00, fica em torno de 2%. Nessas
realidades em desenvolvimento huma- mesmas UDHs, com menores rendas, a
no só encontradas em países de terceiro média de anos de estudo da população
mundo convivem, lado a lado, com ou- adulta sempre é no mínimo a metade
tras que, muitas vezes, ultrapassam os das médias das UDHs com maiores
parâmetros dos países mais desenvolvi- rendas, chegam à diferença de três ve-
dos. Se são regiões desiguais em renda, zes naquelas com melhor e pior média,
são mais ainda em indicadores sociais e respectivamente Moema/Indianópolis
principalmente educação. (13 anos) e Paraisópolis (4 anos)
Assim, nas UDHs com maiores Pior do que essas constatações é não
rendas per capita, a taxa da população se vislumbrar, para as próximas gera-
adulta com mais de 12 anos de estudo ções, perspectiva alguma de mudança
supera a 50%. Em todas essas UDHs a dessa realidade de 2000. Isso pode ser

48 Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

23949001 miolo.indd 48 31.07.07 15:07:42


Mapa
Mapa 3 Proporção 3 Proporção
de pobres, 2000 de Pobres, 2000
UDHs do município de São Paulo
UDHs do Município de São Paulo

Legenda

0,24 a 2,50 (07)

2,51 a 5,00 (70)

5,01 a 12,00 (126)

12,01 a 20,00 (128)

20,01 a 37,71 (03)

fundamentado no fato de que o indi- qüentando a universidade. Ainda mais


cador de jovens-adultos (18 a 24 anos) preocupante com relação aos resultados
freqüentando curso superior ter, pra- de 2000 e que podem estar comprome-
ticamente, a mesma distribuição entre tendo seriamente as gerações futuras é o
as UDHs que a verificada para o por- fato de ser muito significativo o porcen-
centual dos adultos com nível superior. tual de adolescentes fora da escola nas
Nas UDHs com faixas de renda mais UDHs com níveis de renda per capita
altas, a participação do porcentual de mais baixos. Em 20% das UDHs, esses
jovens-adultos freqüentando universi- porcentuais são maiores que 20%, che-
dades chega a 60% (UDH Moema/In- gando a 39% na UDH Paraisópolis. Em
dianópolis). algumas UDHs até mesmo o porcentual
Contudo, a realidade é que em meta- de crianças fora da escola pode ser consi-
de das UDHs esse porcentual chega no derado alto, acima de 10%. Vale lembrar
máximo a 10%, mas em cinco delas não que nesse período houve, praticamente,
foi captado nenhum jovem-adulto fre- a universalização do ensino básico.

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QUADRO 2: UM IDH-M MODIFICADO PARA SÃO PAULO

Conforme foi observado no texto, os resultados do IDH-M para as 454 Unidades de Desenvolvi-
mento Humano – UDHs – de São Paulo, ainda que tenham uma escala de variação razoável, 0,689
(União da Vila Nova/Vila Nair), e 0,972 (Jardim Marajoara), não permitem uma grande distinção entre
elas: 304 UDHs (67%) estão na categoria de alto desenvolvimento humano (IDH-M acima de 0,800) e
150 (33%) na de médio desenvolvimento humano (IDH-M entre 0,689 e 0,800).
O IDH-M, uma adaptação do IDH aos níveis municipais, segue estritamente os princípios deste
índice que sintetiza o nível de sucesso atingido pela sociedade no atendimento a três necessidades
básicas e universais do ser humano: acesso ao conhecimento (dimensão educação); direito a uma vida
longa e saudável (dimensão longevidade) e direito a um padrão de vida digno (dimensão renda). Para
a dimensão educação os indicadores selecionados são a taxa de alfabetização da população acima de
15 anos e a proporção de pessoas com acesso aos níveis de ensino primário, médio e superior, (medida
pela matrícula bruta nestes três níveis de ensino). Para a dimensão longevidade, o indicador é a ex-
pectativa de vida ao nascer. Para a dimensão renda é utilizado o logaritmo da renda familiar per capita,
como síntese da capacidade da população em adquirir os bens e serviços que estimulem e garantam
seu desenvolvimento.
Certamente, um dos pontos mais vulneráveis do índice é a dimensão educação, exatamente a que
tem apresentado maior índice de crescimento no país. A taxa de alfabetização, além de ser um conceito
pouco objetivo por depender da resposta do entrevistado é, sobretudo, um indicador muito pouco exi-
gente para avaliar as possibilidades de acesso ao conhecimento, entendendo esse como base para com-
preender e atuar no mundo moderno, ou ainda como requerimento mínimo para competir no mercado
de trabalho. A taxa bruta combinada de freqüência nos três níveis de ensino apresenta o inconveniente
de ser bruta (leva em consideração a população total freqüentando a escola mas a mede em relação à
população de 7 a 22 anos) e dessa forma não capta a questão do atraso escolar.
Para efeitos de cálculo de um novo índice – um IDH-M modificado – para São Paulo, faz-se aqui
apenas um exercício substituindo a taxa de alfabetização de adultos pelo porcentual dessas pessoas que
têm pelo menos oito anos de estudos completos, e que concluíram o ciclo fundamental, o que pode
ser chamado de taxa de alfabetização fundamental. Calculando-se o IDH-M para as UDHs de São
Paulo com este indicador e mantendo-se os demais, obtém-se resultados significativamente diferentes,
que ampliam a escala de variação e as possibilidades de utilização deste índice como classificador das
UDHs.
De fato, ocorre mesmo a mudança de categoria do IDH-M do município de São Paulo, que passaria
do alto (0,841) para o médio desenvolvimento humano (0,747). Para todas as UDHs nota-se, também,
uma sensível queda nos valores do IDH-M inclusive com 22 UDHs passando para categoria de médio-
baixo desenvolvimento – o IDH-M de União da Vila Nova/Vila Nair chegaria a 0,545. Médio-médio e
médio alto desenvolvimento humano passariam a ser as duas categorias mais representativas com 33%
das UDHs cada uma. A participação das UDHs no alto desenvolvimento humano cairia para metade,
30%, e então Moema/Jardim Novo Mundo passaria a ter o maior IDH-M com 0,953.

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