Matéria pacífica no Judiciário hoje é a que trata da possibilidade de
recuperação dos valores indevidamente retidos pela União a título de Imposto de
Renda sobre:
• o abono pecuniário de férias não usufruídas durante a vigência do
contrato de trabalho, indenizadas pelo empregador; • as férias vencidas e proporcionais, indenizadas por ocasião de rescisão contratual sem justa causa; • o 1/3 constitucional de férias (proporcional às férias não usufruídas e indenizadas); • a licença-prêmio indenizada; • a licença-prêmio vencida, indenizada por ocasião de rescisão contratual sem justa causa; • as APIP’s (ausências permitidas ao trabalho para tratar de assuntos particulares) ou abono assiduidade; • o auxílio-creche, auxílio pré-escolar ou auxílio-babá; • a ajuda de custo e o auxílio-quilometragem ou auxílio-gasolina.
As verbas acima não podem sofrer a incidência de alíquota de Imposto de
Renda. A Jurisprudência é farta neste sentido.
Conforme dispõe o Código Tributário Nacional, o fato gerador do Imposto
de Renda é a aquisição de disponibilidade econômica e jurídica, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, conforme teor do ditame insculpido no inciso I, do art. 43, do Código Tributário Nacional. Enquanto que a indenização, por sua vez, consiste em ressarcir o prejuízo sofrido, como sendo a restauração de perda patrimonial, não sendo, portanto, considerada como rendimento, mas reparação, em pecúnia pela lesão de direito, não havendo geração de renda ou acréscimo patrimoniais de qualquer espécie, sequer riquezas novas disponíveis. Assim, tratando-se de indenização, não se admite tributação.
A Ação Judicial é proposta contra a União Federal, podendo ser
recuperados os valores retidos a título de Imposto de Renda dos últimos (10) anos, anteriores ao ajuizamento da ação.
Trabalhadores que vendem parte de suas férias até o limite de 10 (dez)
dias, sofrem a incidência do IR, de forma indevida. Pois, o trabalhador deixa de usufruir integralmente suas férias para converter parte delas em abono pecuniário (uma forma de indenização). Portanto, sobre o valor correspondente aos 10 dias de venda de férias, acrescido do respectivo terço constitucional, não há incidência de imposto de renda, bem como sobre os valores de abonos, folgas, licença-creche e licençaprêmio. Neste aspecto, a matéria já restou até mesmo sumulada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, em Brasília:
Súmula 125 - “O pagamento de férias não gozadas por necessidade
do serviço não está sujeito à incidência do Imposto de Renda”. Da mesma forma, a questão relativa à incidência de IR sobre o pagamento de licenças-prêmio não gozadas também já foi sumulada pelo STJ e possui a seguinte redação:
Súmula 136 - “O pagamento de licença-prêmio não gozada por
necessidade do serviço não está sujeito ao imposto de renda”.
Assim, para os trabalhadores que, nos últimos 10 anos, tiveram
indenizados os valores destas verbas e sobre o valor recebido tiveram retenção de imposto de renda, é possível buscar a restituição do imposto pago indevidamente.
Assim, se você se enquadra em alguma das hipóteses acima enumeradas,
está legitimado a ajuizar ação judicial contra a União Federal visando obter a restituição dos valores indevidamente retidos a título de Imposto de Renda nos últimos 10 anos, devidamente corrigidos.
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